Eu não sabia como poderia ter tantos “olhos coloridos” reunidos. Porém todos aqueles adolescentes tinham. Os sete clãs estavam ali. Os com olhos das rosas, os olhos verdes, o clã dos olhos dourados, o dos olhos aboboras, o clã dos olhos da lua, acho que vi alguns, tinha também alguns do clã dos olhos mesclados e por ultimo o clã dos olhos da águia.

– Não tem ninguém do meu clã – Eu e Sofia dissemos ao mesmo tempo.

Olhei para o seu cabelo, loiro com as pontas pintadas de azul. Seus olhos eram vermelhos, apesar de no momento estarem azuis. É claro que não, aqui são todos contra o mal Uma voz falou na minha cabeça.

Mike apareceu do meu lado, e Bernardo no outro. Estavamos todos ali. Logo encontraríamos com Logan, sorri ao pensar nisso. Todos ali estavam divididos, notei que não era apenas pela cor dos olhos.

Saimos do navio e seguimos o capitão. Ele já conhecia a ilha, muito bem. Sofia me contou que este era meio que o motorista dos “olhos” para essa ilha.

– Como conheceu minha tia? – Perguntei seguindo o cara de roupa azul escura. Seus olhos estavam escondidos atrás de grossas lentes escuras.

– Bem... – Ele parou e me olhou – Quando ela tinha... por volta dos... Hum, não sei a idade... Bem, nós saimos... Ela só queria a minha amizade. Porém, só descobri isso quando a vi com o namorado. Mark, Park... algo assim

– Zack? – Perguntou Robert segurando minha mão. Mas que menino fofo. – Não acredito que a sua tia namorou o senhor Zack!

Após alguns longos minutos de caminhada o capitão, Hush, apontou para uma casa bem grande e ele disse que aqui era como um hotel. E iamos fazer o chequin. Os homens estavam carregando as malas, enquanto nós mulheres, eu, Sofia e Ash, arrumávamos os quartos.

A Srta. Kelsy, recepcionista, nos mostrou onde faríamos os “testes” para entrar para o acampamento. Eu estava meio assustada, afinal, onde me encaixo?

– Susanna? – A voz me chamou – É você? – Sinto uma mão quente em meu ombro. Uma mão tão famíliar.

– Logan – Sorrio e me viro. Ele me abraça forte

– Achei que não te veria por muito mais tempo! – Ele sussurrou no meu ouvido, ainda me abraçando. – Desde o sonho – coçamos a cabeça ao mesmo tempo.

– Saudades sua, maninho – Tento tocar em sua cabeça mas ele se afasta rindo, ou tentando. – Todos estamos aqui – Digo e seu sorriso some.

– Até o...

– Coé, Parafina – Bernardo vem para o meu lado e me abraça. Depois estende a mão para o Logan – Por essa você não esperava, certo?

– Tinha certas esperanças sobre você estar morto – Ele diz baixo, porém sério e não aperta a mão do meu “namorado”.

Parece que foi em um piscar de olhos, pois logo em seguida surgiu uma garota, morena de olhos verde claro agarrada ao braço de Logan. Garota estranha. Esta era um pouco mais baixa do que eu. Sorriu e estendeu a mão para mim. Ela era bem bonita e feliz... Acenei com a cabeça.

– Então vocês são os amigos do meu Lolinho? – Ela estava bastante sorridente.

– Lolinho? – Perguntou Sofia chegando perto com meus amigos do lado – Meu deus Logan! Que ridiculo apelido – Sem querer ofender menina.

– Que isso, mano! Já está com uma? – Ri Bê. Não gosto nada disso, mas sorrio junto.

– Com licença – Diz Mike – Sou Michael Hestings e essa é minha irmã Ashley.

Ash abaixa a cabeça com postura e Mike segura forte a mão de Logan. Porém, este me olha assustado, então ele se lembra da história que contei, depois do sonho louco com meus antepassados.

– Você trouxe eles para o presente? – Ele sem dúvida estava indignado, contudo, falou em um tom baixo. – Um minuto – Disse ele mais alto me puxando pelo punho até uma parte da grande recepção. – Em que merda você estava pensando?! – Ele quase gritou.

– Em qual parte estamos falando? – Pergunto olhando para meus pés.

– Primeiro: PORRA O QUE O BERNARDO ESTÁ FAZENDO AQUI? VOCÊ DISSE QUE ELE ERA DO MAL E ANDA CHEIA DE AMORES COM ELE!?

– Bem... Estamos ligados... Ainda não sei o que fazer quanto a ele, e foi a tia Rosa que o mandou para cá. E se o segundo for sobre meus tataratatara... avós é por que quando sonhei com eles... Bem é uma longa história. Eles disseram que o destino deles é estar aqui comigo, por enquanto. Eles viram em um oráculo e tudo – falei baixinho.

– E você não notou que trazendo eles para o futuro vai dar merda? – Meu punho já estava começando a doer de tanta força que ele apertava. – Eles são de que época? Século quinze? Quatorze? É um perigo eles estarem aqui!

– Relaxa, não deu nada errado até agora – Sussurrei.

– “Até agora”?! Não notou que se a sua tatara avó morrer, você morre? – Ele me olhou com preocupação. – Devolva eles para o presente DELES!

– Ok... Quando acabar nossa missão eu os levo...

– E tire o Bernardo de perto de mim se não ele não vai aguentar muito tempo nesta vida... – Logan estava realmente muito irritado.

– Ele é meu namorado! – Afirmo

– E ? – Ele estava me assutando.

– Não estou falando nada da sua namoradinha. Certo, Lolinho? – Pergunto fria.

– O nome dela é Valentina – Ele diz rispido – E ela é legal

– Tenho certeza que nenhuma garota gosta de ouvir apenas “você é legal”. Porém, tanto faz – Dou de ombro e nosso grupo chega perto. Mike me segura pela cintura com delicadeza.

– Vamos ao testes? – Ele me perguntou

Mike tinha cachos bem bagunçados, ele nem parecia ser um principe com essas roupas modernas. EU ATÉ ESQUECI QUE ELE ERA PRINCIPE! E O REINO DELE? COMO FICA? Voltei minha atenção para a pergunta. Sem olhar para os olhos dourados de Logan, concordo e em seguida vou com Mike.

Estando meio longe do resto do grupo, fiz Mike parar de andar. Olhei para a floresta densa em volta de nós. Melhor puxar assunto antes que me esqueça de falar...

– Então... Vossa alteza... Qual o plano? – Tentei ser bem discreta. Estavamos atrás do grupo.

– Plano? – Perguntou-me

– É! Estratégia...? Você disse que vieram por uma missão! Com quem deixaram o reino? – Pergunto – Estou bem inconformada de conhecer um principe, quase rei...

– Você é tão linda – Ele coloca meu cabelo atrás da orelha. Pega minha mão e a beija.

– Não começa Mike! Você é da família – Tiro minha mão da dele – E estou ligada ao Bernardo

– Ah! É por isso que você não da um “não começa” para ele? – Eu ri. Era tão hilário o ver tentando falar como nós.

– Deve ser – Dou de ombros – Com quem ficou o reino?

– Com o conselheiro chefe – Ele sorriu e pegou minha mão de novo e traçou ela por dentro com o polegar – O Mago, ele é confiavel. Posso lhe confeçar algo minha princesa?

– Já vi que vai dar merda...

– Eu não consigo me conter...

– Ah, mas vai se conter – Eu tiro minha mão da dele e coloco em seu ombro – Vamos encarar os fatos... você tem uns sete séculos a mais que eu... Não rola “nós” dois... Vamos ser amigos, ok?

– Não, princesa, mas posso fingir por enquanto se você quiser. Posso até te dizer o feitiço de tirar o laço...

– Talvez me seja útil – Coçei a cabeça e depois ri. – Certo, principezinho, vamos andando. Não faço idéia como funciona os testes.

– A Srta. Kelsy me explicou um pouco... Ela é uma senhorita bem agradável. – Ele sorriu.

– Hum... O que ela explicou?

– Me disse que os que ficam juntos sempre tem poderes diferentes. E não é dividido em acampamentos como sua tia falou que era. É apenas um acampamento. Ele é dividio em cabanas, porém, não como eu imaginava... A senhorita Kelsy me mostrou em um desenho mais elaborado... E são casas fantasticas.

– Cabanas hoje em dia não significa o que significava a seis séculos atrás... Certo... E como dividimos isso? – Pergunto observando o resto do grupo na nossa frente.

– Os nossos poderes tem que se completar – Ele dobrou o braço e entendi que era para a minha mão estar ali, no braço forte dele. – Ela disse que não tem uma quantidade específica.

– Então não precisamos ser do mesmo clã? – Pergunto – E quanto aos dons. Eu não sei bem quais são os meus...

– É? Eu também não. Sei melhor do que você sobre nosso clã, pelo menos. – Mike deu um sorriso cativante – Somos bons em dominações... Ainda está com o nosso anél?

– Sim – Mostrei – E como anda o seu simbolo?

– “Anda” sendo refeito e está virando um lindo anél – Ele sorri.

Chegamos ao grande chalé pouco tempo depois de ficarmos em silêcio. Olhei em volta, não vi as águas, devemos estar no centro da ilha, pensei. Tudo parecia tão caseiro, até passarmos pela enorme porta.