Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 10
Capítulo 10 - Ele me beijou!


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem!
"É assim que eu demonstro o meu amor
Eu criei isso na minha mente porque
Eu culpo o meu Distúrbio de Déficit de Atenção, querida"



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Colocou a mão na árvore, por cima do meu ombro.

– Posso te beijar?

– Já te disse. – Consegui sair de seu alcance. – Se precisa perguntar a resposta é não. – Ele ainda não sabia que eu o vi.

– Qual é, Vilu. – Quando ouvi o meu apelido me arrepiei e lembrei que ele sabia meu segredo. Que merda, pensei. – Você gosta de mim, sei disso. Porque não consigo um beijo? E por que você estava tão perto daquele perdedor?

– Porque quer o beijo da minha namorada? – Quando ouvi sua voz forte, e tinha que admitir sexy, me senti mais quente. E protegida.

– Ela não é sua namorada – Kevin afirmou. – O outro lutador teria mais chance que você. Ou você também pode ser corno. O que prefere?

– Não sou corno, relaxa. E você não tem mais nenhuma chance com ela. – Mesmo ele atrás de mim, senti seu sorriso. Segurou minha mão com força e beijou meus dedos.

Olhei para Kevin, eu via tudo em seus olhos, principalmente a falta de compreensão.

– Então, garoto, sua namoradinha gosta de mim.

– Não gosto. – Sorri o interrompendo.

– O que? – Kevin realmente estava com a boca aberta.

– Achei você bonito, só isso, mas você é muito sem atitude. E um babaca.

– Exatamente. Você nunca fez isto.

Bernardo tinha que me puxar pelo braço para me beijar, óbvio, não sei como não esperava. Não foi um beijo intimo nem um beijo afetuoso. Era para determinar limites, um beijo de conquista. Esse que me segurava, me beijou delicadamente. Sua boca na minha se encaixavam naturalmente, e era muito gostosa.

Kevin olhou para ele com raiva e o socou no rosto. Não sei qual o problema dos garotos, mas, bater não resolve muito! Principalmente, se você quiser brigar com um lutador. Mesmo com o soco transferido para seu rosto, Bernardo não deu um passo.

Mas me olhou com intensidade. Como se fosse apenas eu que o fazia continuar controlado.

– Posso? – Dar um soco na cara dele? A pergunta era óbvia para mim.

– Não faça isso. – Segurei seu braço. - Está doendo?

– Não.

– Suzanna – Kevin me encarou – Isso tudo é verdade? Está se preocupando mesmo com este ai? – Seu tom de voz mudou.

– Qual é, Kevin, vai dizer que se importa? – Murmurou meu namorado e eu pude sentir cheiro de sangue.

– Ele se importa – Falei com firmeza. – Se importa em perder a aposta. – O jogador ficou surpreso, impressionado e depois ficou irritado.

– Este ai – Apontando para Be – Foi quem te falou isso? Pois se foi, é um mentiroso, nunca iria apostar algo sobre você, Vilu.

– Não acredito que ele esta falando que menti. – Sua voz era baixa mas eu senti a emoção nela. Não estava magoado, nem abatido. O soco transferido ao seu rosto não tinha sido nada demais. Kevin não era tão forte quanto Bernardo.

– Relaxa – Falei – Não me importo com a aposta. –Sorri para os dois – Só queria te avisar que não estou interessada.

– Pode nos deixar a sós agora, cara pálida? – O Bernardo estava feliz. Deve ter sido a primeira vez que resolveu a briga de uma maneira diferente de bater. E ganhou. Ganhou? Murmurando alguma coisa, esse que me enganou, saiu e sumiu por entre os alunos. – Hum... Você está bem nas notas?

– Ainda estamos no começo das aulas, mas sim.

– O céu está bonito, né?

– Me pergunta sobre o tempo?

– Qual o problema? – Bê ainda olhava para as raras nuvens no céu. – Tanto faz, venha.

Ele me levou pela mão até seu carro. Sua mão era forte e um pouco áspera. Todos a nossa volta nos olhava com curiosidade. Os poucos que não encaravam, estavam ocupados. Ele abriu a porta para mim. Sem retrucar entrei na sua Picape preta.

– Toma – Me deu um celular. – A senha é 8922 – Assim que coloquei a senha vi a foto de uma caveira pegando fogo, no fundo de tela. – Entra nas mensagens – Entrei – Clica no nome “Aviador”

– Porque?

– Quero que saiba como descobri sobre Kevin e a aposta – Bernardo começou a dirigir, enquanto isso, li a conversa de dois garotos

– De quem é o celular?

– Kevin.

Cliquei para ler desde o começo do ano. Por alguns minutos li apenas conversas sobre futebol, perguntas sobre dever de casa. Estava começando a me entediar quando li meu nome.

Aviador: E a Suzanna?

Eu: A Hestings? Hahahahahaha O que tem ela?

Aviador: Ela é gostosa.

Eu: Não é meu tipo

Aviador: Só porque ela não abre as pernas para você em um passe de mágica?

Eu: Não duvido nada ela abrir.

Aviador: Sério? Ela com certeza é virgem. Quase certinha demais.

Eu: Ah... Então demorará mais.

Aviador: Mas você consegue (?)

Eu: Claro.

Aviador: Aposto o que você quiser que não tira a virgindade dela.

Eu: Eu topo, Dylan.

– Quem te fez mal foi ele, para de enfiar a unha em mim. – Neste momento notei que estava com a mão no braço dele.

Ah, sinto muito – Exclamei tirando a mão e vendo uma linha de sangue sair – Sinto muito mesmo – Passei a mão pelo braço dele até parar de sangrar.

– Relaxa, princesa, não me importo com a dor – Ele deu uma pequena olhada para mim e depois de volta para rua – Se não eu estaria ferrado nas lutas.

– Onde estamos indo?

– Surfar – O sorriso dele era lindo e contagiante – Você está irritada, acho, surfe é o remédio.

– Para tudo?

– Quase tudo.

– Como conseguiu o celular dele? – Levantei o objeto em minhas mãos.

– Ele esqueceu no ginásio à alguns dias – Bê deu de ombros. – Kevin tem uns três, nem deve ter notado falta.

– E a senha? Como a descobriu?

– Sou hacher.

– Isso explica, mas não justifica – O carro parou do lado da minha casa. Será que eu disse onde era e me esqueci?

– Pega a sua prancha. – Ele piscou.

Sem discuti sai do carro e peguei minha prancha. A que ele me deu. Porque estou agindo assim? O pior: sei que ele não está usando meu poder contra mim. Voltei ao carro e Bernardo me ajudou a coloca-la na mala, ao lado da dele. Entramos no carro e durante o caminho olhei pela janela.

– Já faz tempo que uma garota nadou comigo, sem contar você. – Comentou. – A primeira que vai nadar mais de uma vez será você. Contando quando fiz natação, pois era equipe, masculina.

– O que significa?

– Que você gosta de mim – Ele piscou.

– Estamos “Namorando”. Não há problema eu gostar de você.

– Começamos hoje e já está apaixonada – Ele riu.

– Relaxa, “amor”, não está nos meus planos me iludir por um cafajeste.

– E o que está? –Já estava bem a frente perto da água, para ouvi-lo, então ele teve que gritar.

– Não sei, foi você que propôs isso. – Ao chegar perto da água, deitei na areia e o vi no escuro, pois o sol estava atrás de Bernardo – Você disse que era para ajudar a me concentrar em algo – Pisquei

– Pode ser. Foi sim o que eu falei. O que é que tem?

– E o que você ganha com isso? – Ele sentou ao meu lado – Qual seu plano?

– Enquanto estamos “juntos” posso fazer isso o quanto eu quiser – Ele se deitou, na areia, sobre mim e me beijou. Depois de um tempo o empurrei o fazendo sair.

– Não exagera, não tem ninguém por aqui.

– Ok, ok, mas além deste motivo, não ando aguentando mais as garotas no meu pé – Bernado riu.

– Você se acha muito, hein. – Falei, me sentando – Primeiro achavam que eu estava com o Logan e as garotas me perturbavam por isso, depois me irritaram por causa do Kevin e agora só faltam me torturar por sua causa.

– Quanto amor você tem por mim – Ele se levantou – Que tal irmos surfar logo? – Bê estendeu a mão para mim e eu aceitei.

O surfe foi simplesmente incrível. Bernardo parecia andar sobre a água. Imagina se ele tivesse o poder de Sofi? Não sairia daqui por nada! Depois de um tempo surfando com ele, vi Remendo no ar tentando chamar minha atenção. E chamou mesmo. Na sua garra tinha outro pedaço de papel.

Sai da água e deitei na areia, ao lado da minha águia. Peguei o papel. Em um lado havia códigos e referências, para onde fugir, e do outro lado era tia Rosa

Querida,

Sinto muito lhe escrever de novo. Remendo me contou que você está conseguindo se adaptar bem a escola e que teve um garoto babaca te irritando

Desde quando a minha tia fala palavrão? Bem... Não sei, não tive tempo para conviver com ela.

Sobre o seu clã, um aviso. Nada de beijos. Ok, parece que estou falando como mãe, mas não é pelo mesmo motivo. Se você beijar alguém, não será um beijo normal. Entendeu? Vão acabar se ligando. O nome disse é “O laço”. Me explicaram quando eu era menor e brincava com seu pai.

Com isso feito, o laço, você vão querer ficar juntos. Parece bom, mas nem sempre. Com seu pai foi tão intenso que se casou com a sua mãe e te teve. Mas se alguém te beijar e você não corresponder não tem problema.

Quanto ao perigo... Creio que na sua escola tem um espião. Aluno, professor, empregados. Não precisamente do clã dos olhos de fogo, mas serve a eles e com isso tem dons. Não descobri quem é. Boa parte do que lhe digo Remendo me trás a informação. Onde estou não da para arranjar boas informações.

Ensine a Rob controlar seu poder de fogo. Apenas se baseie no livro de Zack que sairá tudo bem. Sofia precisa de atenção, Remendo disse que está andando com pessoas estranhas. Procure em seu corpo algum formato de laço, caso aconteça o beijo. Se achar significa que estão ligados, mas não significa nada sobre não se ligar a outros ou que não vá sumir a marca e a ligação desaparecer.

Desde quando Rosa “ouve” Remendo?

Boa sorte Su

Beijos, R.

Ps: Lembre-se do espião.

Lembrar do espião não foi o primeiro tópico em minha mente. Foi o beijo. A ligação. Bernardo estava em uma onda linda, quando o vi. Acenei e ele veio em minha direção.

– Preciso ir – Comecei

– O que ela te trouxe? – Olhei Remendo e levantei o Papiro. – Ela virou pombo correio, coitada, tão rebaixada – Ele passou a mão nas penas dela depois me olhou – Vai aonde?

– Hum... Não sei, mas está tarde – Bê olhou para o céu e conferiu o sol. – Já é de tarde – Sorri. Será que eu estava mesmo ligada a ele? Preciso de Logan, pensei, agora.

– Tudo bem, eu te levo.

– Não - Me apresei a dizer – Vou andando, para pensar nas coisas

– E a prancha?

– Pode deixar na minha porta mais tarde? – Toquei em seu ombro pronta para sair da areia, mas senti mais força em vez de fraqueza, mais quente também. Foi como um choque, porém foi prazeroso. – Preciso ver Logan

– Logan?

– Não estamos namorando de verdade – Eu ri nervosa – E já está com ciúmes.

– Todos tem algum ciúmes do que não pertence a eles.

Com isso me virei e fui para casa.

Demorei um pouco para chegar, a pé, em casa. Não estava escuro, até estava bem claro para as seis horas da tarde. Passei pela porta e fui até o quarto do Logan. Este estava com um livro na mão, lendo-o deitado na cama.

– Eai? Agora te chamo de Suzanna Martes? – Perguntou-me ele sem tirar os olhos da cama.

– Preciso de ajuda.

– O que aconteceu?

– O Bernardo me beijou! – Quase gritei.

– E veio esfregar na minha cara?

– Esfregar? – Confusa cheguei mais perto dele – Eu preciso de ajuda! – Tirei a blusa, e fiquei de biquíni na frente dele

– O que você está fazendo? – Logan não conseguiu falar olhando nos meus olhos. Ele olhava para meu corpo. De cima a baixo, várias vezes.

– Vê se tem alguma marca. – Cheguei mais perto. – Vê se tem alguma marca!

– Marca de que? Porque?

– De um laço - Cheguei perto dele. – Vê se tem uma em algum lugar.

Sem entender muito, e já olhando para meu corpo. Logan me rodeou passou a mão pela minha pele algumas vezes e por fim ficou na minha frente. Olhou meu pescoço. Levantei o cabelo para que ele visse melhor. E então me encarou.

– Porque teria um laço?

– Tem ou não? – Gritei

– Não, não tem. – Ele olhou de novo para meu corpo

– Olha para meu rosto seu idiota – Eu ri e empurrei-o na cama.

– Calma, calma. – Ele riu comigo. – Mas... porque teria um laço em você? - Ele se ajeitou na cama

– O Bê me beijou – Eu repeti e ele assentiu – E na carta dizia que se alguém do meu clã beijar alguma pessoa, eles criam um laço. E ele é mostrado na pele. – Falei alto, mas rápido.

– Como assim?

– Ele me beijou, se eu correspondi significa que estou ligada com ele. Na carta da tia Rosa estava escrito isso! – Logan me encarou – E se eu tiver correspondido significa que ficaremos juntos, tipo, até a morte sabe?

– Você correspondeu?

– Não sei.

– Gosta dele?

– É complicado – cosei a cabeça – Mas, que bom que não tem. Vou para o meu quarto, se ele aparecer não me avisa, apenas pegue minha prancha com ele.

– Tudo bem – Ele concordou e eu fechei a porta e me encaminhei ao meu quarto.

Me sentei, quer dizer, taquei na cama. E como em outras noites eu voltei para o palácio.

– O que está fazendo aqui? – Ela me perguntou, enquanto gritava – O que faz aqui? – Diamante me olhava com raiva. Olhei em volta, notei que não estava mais em meu quarto, estava no dela. Cheguei um pouco para trás. – Não finge que não ouviu! Eu estou falando com você mesmo, garota.

– Eu? – Sussurrei, com medo da resposta.

– Quem mais poderia ser? Você é a única aqui. – Eu cheguei mais para trás – Está fugindo do que? Afinal não me respondeu. O que faz aqui?

– Sou Su- Suzanna. – Gaguejei – Apareci do nada aqui...

– Então não é Beatrice? – Ela chegou mais perto. Me encarando.

– Não sei quem ela é. – E eu não sabia mesmo.

– Essa é a provável mulher que raptou meu irmão! Ele não deve ter fugido por vontade própria! Tem muitas obrigações e eu o conheço, não fugiria.

– Qual o nome da moça?

– Beatrice, já lhe disse. – Diamante chegou mais para trás, agora a procura de algo. Pegou um livro. O livro de Zack, o qual continha não só sobre os olhos de fogos, mas de muitos outros clãs.

– Conheço esse livro. – Falei

– É? Eu o tenho desde sempre. É raro encontrar um desses. Acredito que exista apenas nove.

– Qual o seu nome?

– Pode me chamar de Jewel.

– Mas este não é seu nome. – Afirmei.

– Não, não é. – Ela me encarou – Mas você também não é quem diz ser. – Ela me encarou de novo. – Cadê meu irmão?!

– Não o conheço.

– Como chegou aqui?

– Dormi – Simplesmente disse o que veio na minha mente, e me esmurrei, internamente, por falar assim.

– Então você é do tipo que viaja no tempo pelo sonho? – Ela me encarou pensativa – Beatrice não sabe fazer isso.

– O que ela é? – Perguntei, percebendo o sentido da minha frase.

– Uma mestiça. Não sei o que ela é exatamente. Ela é o laço de meu irmão.

– Isso é ruim?

– Sou da parte nobre do meu clã, claro que é ruim.

– Qual o seu clã? - Perguntei

– Ornatos Violetas, você é idiota? É tão óbvio.

– Mas você tem olhos brancos, devia ser do clã da lua, não é?

– Isso não chega a ser um dom, mudar de cor, minha mãe me ensinou quando era menor. Escolhi a cor branca porque é rara e bonita, e combina comigo.

– E qual a cor dos seus olhos? – Perguntei e ela me mostrou rapidamente. Ela tinha a mesma cor dos meus olhos.

Violetas


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Notas finais do capítulo

Logo teremos próximos capítulos! comentem!



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