Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 9
Capítulo 9 - Namorando?


Notas iniciais do capítulo

Comentem! Preciso saber se continuo a escrever essa história.
“Difícil não rir e chorar com uma história de amor”



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Eu ouvi tudo. Juro que não acreditei a princípio. Mas, Bernardo estava certo. Eu era apenas uma aposta idiota. Eu nem conhecia Kevin direito, mas estava começando a me apaixonar. Como eu fui idiota, pensei. Como eu SOU idiota? Como fui acreditar em um garoto desconhecido? Eu nem ao menos conheço ele direito.

E para piorar era que a aposta era tirar minha “visível” virgindade! Como se ele achasse que eu abriria as pernas para qualquer garoto que falasse coisas fofas. Ok, sou ingênua para deixar um qualquer como ele me encantar, mas não tanto assim.

Será que seu plano era demorar um pouco? Será que eu conseguiria fazer ele ficar afim de mim? Suzanna Hestings, ousa bem o que está dizendo! ELE ACABOU DE ADMITIR PARA OS AMIGOS QUE ESSA SITUAÇÃO É APENAS UMA APOSTA! Ouvi uma voz em minha cabeça.

Olhei para onde eu estava sentada. No colo de Bernardo, me senti mais protegida do que quando passei pelo portão da casa de Zackary. Comparação esquisita, pensei.

O menino que eu julguei ser idiota no primeiro dia de aula, estava ali, comigo. O garoto que minha águia rasgou o braço, pelo meu comando. O garoto que me fez surfar pela primeira vez, desde que cheguei aqui. O garoto que me odiou no começo era quem está me mostrando a verdade. Devo acreditar nisso?

– Não sei o que dizer. – Sussurro, eu mesma quase não ouso minha voz. – Achei que ele estava começando a gostar de mim. De verdade.

– Você gosta dele? Ou gostava, até um minuto atrás?

– Sinceramente, Bernardo, não sei. – Olhei-o nos olhos. – Como eu pareço estar?

– Não parece estar acabada. O que significa que se estiver, é forte para mostrar o oposto.

– Porque está me ajudando? Porque me ajudou a ver isso? – Me levantei e sai do cubículo em que eu estava. – Isso significa que você gosta de mim ou que quer me ver com a cara no chão?

– Significa que nenhuma garota merece isso. – Ele me olhou, com muitas coisas passando pela minha cabeça. Ele parecia se importar. – Grace estava certa, Hestings. Percebeu? Ela nem gosta de você e te avisou do irmão. Já ele...

– Não quero falar dele. – Sorri. – Me diga porque me mostrou isso?

– Já falei, nenhuma garota merece um cara assim.

– Você não parece o cara que se importa com o que as garotas merecem. – Eu tentei alcançar seu olhar, mas desisti. Fui para a pia e me sentei lá. Bernardo não era mais bonito que Kevin. Nem que Logan. Mas este garoto me impressiona, de outra forma. – Você se parece muito com o Kevin. Quero dizer, parece ser igual a ele.

– Não sou.

– Não se gaba da garota que beija? Nem pela que você “tirou a virgindade”? Não se gaba quando alguma delas olha para você no corredor? Não fica falando para os amigos até que ponto já chegou com aquelas garotas? – Olhei seu sorriso, me irritando. – Nem sei se o Kevin faz isso, afinal, me disseram que ele não é de sair com garotas colégio... Mas, você deve fazer, Bernardo.

– Não faço nada dessas coisas. – Sua voz soou dura e fria, me repreendendo. - Pode me chamar de Bê. Meus amigos me chamam assim.

– Agora somos amigos... – Disse me lembrando da conversa na praia. – Certo, Bê. Contudo, que merda foi aquela de falar que estamos em um relacionamento?

– Aberto. – Completou.

– Dane-se que seja um relacionamento aberto, fechado, trancado. – Me levantei e fui para perto dele, o encarar. – Você não pode espalhar mentiras ao meu respeito.

– Estou te ajudando, Hestings.

– Suzanna.

– Su? – Perguntou ele se referindo a fazer um apelido. – Estou te ajudando. E não sou uma má ideia! Olha para mim! – Ele apontou para seu corpo definitivamente definido. – Não sou tão ruim assim.

– Mas então... – Olhei para ele, olhei para cima. – Sou o que sua?

– Submissa? - Eu ri – Relaxa, você é minha amiga, companheira e tal. Mas, na visão dos outros estamos juntos. – Ele piscou para mim e foi para a porta. – Quer chegar atrasada na aula comigo?

Isso não era um pedido para sair para um jantar nem nada. Não me pedia para perder a virgindade também. Mas, suas palavras não tinham o sentido exato. Eu sabia que não.

Segurei sua mão.

Andamos de mãos dadas até o final do corredor a direita. Aula de História. Cam estava lá, conversando toda feliz com Dylan. Quando ouvi sua voz confirmei algo em minha cabeça. Esse é um dos garotos que estava no banheiro. Camilla olhou para mim e me chamou. Fui até ela e a vi encarando minha mão. Na de Bernardo. Ela estranhou, vi isso no seu olhar, mas não comentou apenas insitiu para me sentar com ela.

– Desculpa ai, Cam, ela vai sentar hoje comigo. Temos coisas para conversar – Olhei para Bernardo incrédula. Ele me olhou de volta com um reluzente sorrido.

– Sim, é verdade. Cam, até depois?

– Ok, até mais tarde.

“Bê” era surpreendente. Admitia sempre que olhava seu corpo. E, principalmente, seu comportamento. Me afastei da minha amiga e fui levada por esse até o outro lado da sala. No fim da fileira. Ele juntou nossas mesas e me falou para esperar ali que ia pedir para o professor que fiquemos juntos ali.

Eu o vi andar por entre as mesas. Qual o meu problema? É só descobri que um garoto é um babaca que eu olho para outro? Me repreendi mentalmente. Admirar não tira pedaço, certo? Não ouvi o que ele falou com o professor, mas, Bê voltou satisfeito.

– Foi fácil. – Ele se sentou na ponta. Me fazendo ficar no canto, ao lado da parede. – Apenas disse que me machuquei lutando e que você se ofereceu para me ajudar e até escrever para mim.

– Está dizendo que terei que escrever tudo duas vezes? – Agora era o momento de eu repreender a ele, e não a mim mesma. – Está brincando certo?

– Relaxa, princesa. Hoje a aula passará no telão e não terá o que copiar. – Ele colocou o braço a minha volta. – Não sei nem por que ele concordou.

– Qual o problema dos garotos dessa escola? – Olhei em volta. Nem Logan nem Kevin eram dessa turma. Não tinha ninguém para discutir sobre o que estava rolando entre mim e Bernardo.

A conversa que esse garoto ao meu lado queria tanto fazer era sobre uma assunto somente: surfar. Parecia que surfe e luta eram as únicas coisas da qual ele sabia falar. Mas, Bê mentiu para mim, ou me enganou, ou se enganou. Tive que copiar cinco folhas sobre uns autores famosos e não foi apenas para mim, tive que copiar para ele também.

– Moleque abusado - Murmurei.

O papo estava ligeiramente cansativo, mas legal. Ele começou a falar da família dele. Pelo que entendi, seu pai era rico e o mimava muito. Por este motivo ele era tão abusado e não agradecia nada. Apesar de estar começando a confiar nele, eu sentia que não era verdade nada do que me falava de sua família.

– Terá que passar a agradecer! – Falei. – Pelo menos quando estiver comigo. Entendeu?

– Já quer mandar em mim? – Ele riu baixo. – Nem começamos o “relacionamento aberto” direito. – Eu fiz careta do seu comentário – Falando nisso acho “relacionamento aberto” uma palavra horrível...

– Então quer o que? – Concordava com o que ele disse, mas não tinha uma ideia na cabeça.

– Vamos namorar. – Ele afirmou e me deu um beijo na bochecha. – “namorar”.

– Não estou gostando muito disso. – Apontei para a bochecha.

– Adivinha quem estava encarando? – Ao ouvir isso olhei para os enormes olhos de Grace. Parecia que não tinha acreditado no que antes havia dito Bernardo. E apesar de meu novo “namorado” não ser Logan nem o puto do irmão dela, Grace parecia irritada.

– Hum...- Murmurei algo que nem eu mesma entendi. – Ok. Estamos namorando. “Namorados” – Fiz aspas com os dedos. – Mas tem uma regra bem importante.

– Fale

– Não pode se apaixonar por mim. – Imitei a voz de uma garotinha metida e joguei o cabelo para o lado. Enquanto tentava não me perder em seus olhos.

Bernardo riu.

– Você que não pode cair na tentação que é me amar. – Ele piscou. – Mas falando serio. Tem realmente uma regra, não contar a ninguém que isso – Ele apontou para nós. – Não é real.

– Porque? Quer que seja? – Sorri com uma boa imitação de malícia.

– É pelo fato de todos por aqui serem fofoqueiros e não adiantará insistir na mentira para Kevin, se todos souberem que não estamos realmente juntos.

Olhei a minha volta. Ele tinha razão. Será que me divertir com a situação era ruim? Assim que a cabeça de Grace virou em minha direção sorri para o garoto ao meu lado e lancei um olhar repleto de amor. Um fingido amor, mas ainda sim palpável.

Se ele entendeu ou não, eu não faço ideia. Mas, olhou para o professor, que não estava nos olhando, puxou-me pela nuca e me seu um selinho. Bem pequeno. Bem simples, quase sem nossas bocas se tocarem.

E tinha que ser neste momento que o professor nos olha. Certo?

Mas não. Continuamos a nos fitar. De perto. Bem perto. Ele me puxou de novo. Desta vez me deu um beijo longo e terno. Calmamente, me afastei. Pelo menos tentei. Ele ainda me segurava pela nuca. Me puxando de novo, deu mais um beijo e terminou por ai.

Chegando para trás o vi sorrindo presunçosamente.

– É impressão minha ou você gostou disso? – Perguntei

– Se eu repeti é porque gostei.

– Bem...

Ele riu pelo fato de me ver sem graça.

– É simplesmente demais te deixar sem fala. – Bê piscou e olhou para frente. Por um tempo trocamos olhares cúmplices. Não estávamos agindo apenas como amigos. Não éramos para agir, certo? Como simples amigos.

– Não me beije assim de novo. – Adivertiu-me.

– Foi você quem me beijou – Olhei para ele com uma mistura de emoções.

– Eu sei. Não quero que você simplesmente me deixe te beijar. – Sem que eu entenda ele continuou. – Quero que me beije de volta. - Colocando a mão em meu pescoço de novo.

–- Espera – Murmurei. – Não quero é que você me beije.

Ele me olhou tentando entender.

– Ok, somos amigos, fingindo ser namorados por um motivo maior – Não tão maior. – Mas não conheço você direito! Eu nem sei seu sobrenome, onde mora, o motivo real de você ter me alertado.

– Button.

– O que?

– Meu sobrenome, é Martes, mas aquele que eu prefiro é Button. Era da minha mãe.

– Parece botão, ou botam...

– Não sou de falar esse meu sobrenome – Piscou – Moro por lá – Apontou ele pela janela. – No bairro nobre. E o motivo eu já lhe disse.

– Ok – Disse fingindo acreditar no último detalhe.

– Então era isso? Posso te beijar? – Riu – Faz sentido porque o Kevin chegou a achar você fácil.

Aquilo me ofendeu. Doeu muito. Não sabia dizer se era por ele concordar, ou falar que sou realmente tão fácil! Afinal, ele é um dos primeiros garotos a realmente me beijar. Apesar de eu não ter correspondido muito bem.

– Ele nunca chegou a me beijar.

– Serio? – Ele sorriu triunfante. – Fui o primeiro da escola. Isso é legal, para mim. – Seu sorriso não diminuiu nem quando o professor brigou conosco sobre a nossa conversa constante.

Ao sair da sala, de mãos dadas com esse garoto, todos nos olhavam. Algumas meninas com inveja outros com dúvidas. Porque Bernardo Button iria querer a novata? Admito, era super divertido ver essas reações. Mas, não muito a de Logan.

Meu amigo me chamou, em meio a multidão de corpos, para o seu armário. Cheguei lá bem mais rápido que imaginei. Logan nos olhava com raiva, mas não só esse sentimento. Não mesmo. Na verdade seus olhos estavam tão azuis, por causa das suas lentes de contato, foi difícil entender o que passava em sua cabeça. Bernardo estava ao meu lado quando Logan falou:

– Precisamos conversar.

– Pode falar – Mantive meu olhos nos dele.

– Nós dois, precisamos conversar – Deu para entender que a conversa era sem meu recente namorado. E curiosamente o primeiro.

– Relaxa, mano, estamos tudo em família – Bernardo colocou o braço em volta de mim, pousando a mão na minha cintura. – Certo, princesa?

– Talvez... – Olhei para os olhos de Logan e mesmo sem entender falei. – Mas, Bê, você faria o favorzinho de nos deixar a sós – Dei um beijo estalado em sua bochecha e sorri. – Tenho certeza que se o Logan falou nesse tom de voz assustador tem um motivo.

– Claro, princesa. – Me deu um beijo no canto da boca – Até mais, Parafina. – Ele se dirigiu a Logan, deu um tapa em seu ombro e se foi pelo corredor.

Sem ele ali comigo não me senti fraca nem nada. Sabia que Kevin estava com sua irmã, Grace, em algum lugar e isso me deixava mais confortável.

– Você não estava com o jogador de futebol?

– Vem cá – Puxei seu braço e fomos para fora. Longe suficiente dos outros e quase entre as árvores.

Contei tudo a Logan. Bem, quase tudo. Falei até a parte que Kevin saiu do vestiário, nem pensei em dizer sobre o falso namoro. Desta vez, nas sombras, consegui enxergar um pouco melhor os seus olhos. Lentes antigas, pensei, ficava um pouco transparente.

– Você não está surpreso. – Afirmei cruzando os braços.

– Eu já sabia sobre você segurando a mão do Bernardo. Mas não entendi o motivo. – Ele encostou no tronco. – Agora entendo. Mais ou menos.

– É...

– Não é só isso, certo?

– Não, mas não vou te contar mais – Pisquei para Logan, enquanto um sorriso abria no meu rosto.

– Está irritada?

– Não sei ao certo.

– Deveria estar. Morrendo de raiva. Quer que eu bata nele? Eu não me importaria, realmente.

– Não.

– Mas, eu vou. Você sabe, né? – Ele olhou para a porta principal. Kevin estava vindo em nossa, quer dizer, minha direção.

– Hoje não. – Pisquei – Estou magoada, mas não sei o que fazer ainda. Se eu precisar de algo, aviso. – Olhei para a mão dele fechada. Pronta para um soco.

O jogador chegou mais perto. Dava para ver seu incrível sorriso. Cumprimentou o lutador e me olhou com cautela. Depois de um tempo encarando-o falei para Logan ir na frente. Kevin me encarou mais um pouco andando em minha direção.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse antes da história, comentem! Preciso saber se continuo a escrever essa história.



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