Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 11
capítulo 11 - Primeira vez com Mike


Notas iniciais do capítulo

"Tudo se complica ainda mais quando você sonha”



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Duas semanas se passaram desde meu ultimo sonho. E de outros acontecimentos. Não fiquei mais perto de Logan com biquíni, pois me lembrava daquela cena estranha em seu quarto. Já o Bernardo parecia estar levando a serio o namoro. Mesmo sendo de mentira, na frente de todos até eu achava que ele gostava mesmo de mim.

Mas quando ficávamos sozinhos ele agia normalmente. Sem ser romântico de mais ou tarado. Era apenas um garoto comum. Depois que Logan olhou meu corpo fiquei despreocupada mas sempre pensava em outra coisa quando Bernardo me beijava. Apesar de ser bom e ardente não podia mostrar que eu queria. Não podia querer.

Não sei a quem eu não podia mostrar, se era a mim mesma ou alguém especifico. Como recomentado por minha tia dei mais atenção a Sofia e observei quando ela andava com o grupo de góticos. Sofi detestava quando as chamava daquele jeito.

Com a ajuda do livro do Sr. Zackary e com a ajuda de Sofia, ajudei Rob a controlar o seu dom. Ou quase. Bernardo a cada tarde resolvia algo. Uma festa. Um luau. Apenas surfar. E como de costume me arrastava junto.

A principio seus amigos não gostaram de mim por saberem que moro com o Logan e consequentemente era amiga dele. Mas após algumas festas gostaram de mim. Logan por outro lado adorava quando eu chegava em casa, pois não estava com Bernardo. Meu amigo não aturava meu novo namorado, mas “faz parte”.

Jewel, Diamante, ou qual seja o nome dela era uma parente minha, pensei, era da minha família. Sou do clã Ornatos Violetas. Mas pelo que o Pergaminho me disse não existe mais este clã. Ela não existe mais. Ela morreu. Eu tenho que esquecer isso. Pois é loucura.

Kevin está bem. Anda saindo com algumas garotas. Que não gostavam de mim, já no começo. Mas este garoto, que me fez virar uma aposta idiota não parou de me perturbar. A cada momento que me via, não importava com quem ele estava, se despedia e vinha até mim, repetir e repetir que era mentira.

Gracie como de costume não saiu do pé de Logan, nem do seu irmão. Mas também não gostava de me ver com Bê. Depois de dois dias que aturei ela “sem querer” me acertar com a comida na hora do almoço, eu bati nela.

Sem ter alguém para defende-la na hora, bati até seu nariz sangrar. Neste momento chegou o reitor de novo. Quando entrei em sua sala ele me disse que esta foi a gota d’água. Me falou que a diretora não aceitou isso mas não iria me mandar sair da escola. Mas eu teria que ir em uma orientadora da escola.

Seu nome era Amabis. Ela me afirmou que tudo que conversarmos ficará entre nós, e se o reitor me disse que ela seria me orientadora, concordei. Minha tia confia nele, pensei, devo confiar também.

– Ei! – Disse uma voz perto de mim. – Dormindo?

– Estava apenas pensando. – Olhei para seus olhos grandes me encarando. – O que houve?

– Quero aprender melhor o controle do fogo.

– Porque, Rob? – O menininho anda se esforçando tanto que nem eu tinha coragem de dar mais aulas.

– Hum... Eu queria fazer o fogo ficar na minha mão. Tipo em um truque de mágica. – Ele sorriu

– Falando em estudar temos que arranjar uma escola para crianças da sua idade – Falei olhando para o teto.

– Não estamos falando de estudar – Ele se irritou – Estou falando do meu fabuloso dom!

– Não exagere, Robert. – Ri – Tem que voltar as aulas. Não é possível você ficar longe da escola e só ficar indo ao parque ou me visitando na minha escola.

– Ok, vou a escola, se você encontrar uma.

– Encontrarei – Afirmei

– Agora me ensina?

Olhei para meu quarto escuro, caminhei até o livro em minha cômoda, abri-o e li a parte “Dons”.

Fogo:

Conjurar fogo

Capturar fogo

Destruir fogo

– Tem tantos tópicos, você não pode procurar? Estou cansada

– Você me fez prometer nunca treinar sem você me ensinar – Ele comentou.

– Hunt – Murmurei – Mas... Que horas são? – Meus olhos tentavam se adaptar a luz do ambiente – Não me acorde tão cedo.

– Foi o seu despertador que acordou a mim! – Rob fez um barulho estranho.

– Então tenho que acordar... – Pensei alto – E achar uma escola para você

– E como vai pagar a escola? – Robert sabia que não tínhamos muito dinheiro.

– Terei uma conversa com o diretor e acharei um jeito – Sorri – Dará tudo certo. Agora saia do meu quarto, vou me arrumar.

– Esqueci de dizer – Rob abriu a porta – Seu namorado está aqui.

– Porque?

– Sei lá. Como eu vou saber? Sou criança – Assim como chegou, no silêncio, o garotinho sumiu.

Tomei um rápido banho, coloquei uma roupa bonitinha e sai do quarto. Mais um dia para matar aula. Entre meu quarto e a porta principal tem muita distância, pensei. Na cozinha, Logan e Sofia tomavam o café da manhã. Peguei um copo de leite e fui para a porta principal.

Bernardo estava de jaqueta preta, com uma blusa branca por dentro. Seu jeans era solto na cintura e eu podia ver um pedaço de sua cueca. Ele tinha um capacete em sua mão.

– O que está fazendo aqui? – Perguntei deixando o copo de leite em alguma mesa por perto.

– Vou te levar para a escola – Ele passou a mão no cabelo e sorriu. Eu olhei pela janela.

– Não, obrigada. – Sorri – Não quero morrer hoje. O que houve com a Picape? Você explodiu-a e comprou esta máquina?

– Não explodi nada! – Bernardo se defendeu, mas não parecia ofendido. – Eu apenas bati com o carro. Não exagere. E esta é uma moto antiga, era do meu pai – Ele me puxou pela mão pra fora de casa, mas eu não sai.

– Vou faltar a aula hoje – Contei – Buscarei uma escola para o mais novo. – Fiz um sinal com a mão para o tamanho de Rob.

– Ótimo – Bê ajeitou sua jaqueta – Avisa aos seus irmãos que você não vai a escola e eu te mostro algumas que você pode gostar para o pequeno.

– Tudo bem – Me virei, e voltei para dentro da casa e gritando que hoje veria a escola para Robert, depois me virei de novo para o Bernardo. - Podemos ir agora – Chegando à moto olhei para meu suposto namorado – A pé. Iremos a pé, certo?

– Errado. – Ele se sentou na moto – Vamos, princesa. Não é necessário ter medo – Ele esticou a mão e me sentei atrás dele, segurando-o firmemente.

Depois de um tempo, já havia visto varias escola. Porém a última foi a melhor, Bê havia dito que foi sua escola quando era menor. Conversei com a diretora Lívia. Após um bom uso do meu dom, ela ofereceu uma bolsa de 100% para Rob.

Subi na moto dele e encostei-me em suas costas. Fechei os olhos e senti o vento em meu rosto. O barulho do motor era o único som que eu percebi. Pensei que sentiria a brisa do mar. Mas não. A moto parou e eu já não senti mais a velocidade.

Olhei para o penhasco e me arrepiei

– Vai me jogar daqui? – O medo não foi demonstrado na minha voz.

– Vou – Ele falou serio e eu sai da moto um pouco assustada. Depois de um tempo, com ele ao meu lado, Bê sorriu. – Vem cá – Ele esticou a mão, mas eu não segurei-a, então ele veio até mim e se sentou na grama – Soube que você está fazendo aconselhamento – Concordei com a cabeça – Porque?

– Não sei – Dei de ombros, ainda com medo.

– Estava brincando, princesa, não vou te machucar – Ele me abraçou e beijou minha testa, depois minha bochecha e por último minha boca.

E ficamos assim por um tempo, nos beijando e a cada instante eu evitava pensar se estava gostando. Bernardo me segurava com força e delicadeza ao mesmo tempo

– Tenho que admitir uma coisa – Me disse – Estou quebrando a sua regra. Estou apaixonado – Ao ouvir suas palavras eu já sabia que ia dar merda.

– Nossa, mano. – Ouvi uma voz – Nunca te vi assim, que depressão.

Me levantei tão rápido que quase cai. Sua voz era fria e me deu calafrio. Olhei para o garoto, este era um pouco mais alto que meus amigos. Seus olhos eram tão escuros quanto o de qualquer humano.

– Ei, Harry, que susto, mano. – Levantou Bernardo – O que faz aqui? Devia estar em Londres.

– Fui demitido e voltei

– Harry? – Perguntei – Harry o que? – Minha curiosidade triplicou de tamanho.

– Harry Wegel, esse ai nunca falou de mim?

Este é o garoto! Um alarme exclamou em minha mente! O novo garoto do clã dos olhos de fogo. Eu estava ferrada.

– Anjo – Olhei para meu suposto namorado – Tenho que ir para casa, hoje é dia da minha mãe ligar, me leva para casa?

– Eu han... Tudo bem... – Ele olhou para seu amigo – Mano, depois me liga, então.

– Tranquilo – Falou Harry deixando seu rosto coberto pelas sombras. – Te vejo depois menina.

Bernardo subiu na moto, logo em seguida subi atrás dele. Ao chegar em casa conto o Rob solo sua nova escola, começando amanha. Quando digo que é perto do parque, sua felicidade multiplica. Olho para a felicidade de Robert, depois para o rosto de Logan.

– O que você viu? – Me perguntou

– Harry Wegel – Contei – Mas seus olhos eram preto, não faz sentido, eram normais.

– Os seus parecem azuis, não significa nada – Sofia entrou na sala com um livro de capa laranja em suas mãos. Era o livro que Zack nos deu. Tia Rosa disse que ele haveria respostas, mas não todas. – Alguns sobrenaturais podem ter o dom de metamorfose – Ela tocava o cabelo enquanto pensava – Mas no relatório, não diz nada sobre. Ele não é um.

– O que ele é então?

– Não sei, quando eu descobri, te conto. – Ela voltou para o quarto. Junto com Rob. Me deixando sozinha com Logan.

Me sentei no sofá, perto da lareira. Por algum motivo aquele calor me fazia sentir melhor. O fogo subia e descia. Ficava calmo, depois ativo. Se movimentava quase tanto quanto minha calma diminuía.

– Qual é o outro problema, Susanna? – Perguntou Logan sentando-se ao meu lado

– Harry, mesmo sendo um desconhecido, acho que sei quem é... Acho que já o vi antes... – Olhei para o fogo, sentia um frio em meu pescoço. Logan olhava para ali. – Paris, França. – Lembrei de uma das ferias que tive. – Foi há algum tempo, mas me lembro dele. Sei que o vi em um museu.

– Ele é tão velho assim? – Logan sorriu – Pensei que tivesse apenas vinte, ou trinta anos.

– Ele é apenas um pouco mais alto que você, Logan! E não me parecia tão velho – Olhei para ele – Era até bonito

– Fala sério...

– Se você não reparar na cicatriz perto do rosto. – Digo – Ai ele fica bonito. – Sorri – Era um momento inconveniente para este cara nos interromper, eu tinha que ver se ele pelo menos bonito, certo?

– Interromper?

– Eu estava conversando com o Bernardo – Dei de ombros – Apenas.

– Cuidado, Su – Ele me encarava – Não pode beija-lo com afeto ou sei lá o que ela quis dizer. - Sabia que ele estava falando da tia Rosa.

– Relaxa – Eu falei olhando para baixo.

– Você beijou ele de novo... Ai deuses...

– Não fala assim, ele é meu namorado! Posso beija-lo o quanto eu quiser – O que eu disse irritou-o muito.

– Como você aparece de um dia para o outro namorando eu não sei... Ainda mais o Bernardo?! Quer me prejudicar na luta? – Sim, ele estava irritado.

– Eu? Te prejudicar? Eu nem fiz nada com você, Logan. – Me levantei brutalmente – Qual seu problema, se comporte como o que todos pensam de você? “Meu adorável irmão”

– “Irmão”? Todos sabem que moramos juntos mas não somos parentes. – Ele segurou meu ombro. – Quero ver seu corpo de novo – Falou.

– Oi?

– Quero ver se tem um laço – Afirmou – Vai, tira a roupa – Me puxou para a escada, e depois seu quarto.

– Qual seu problema? OK, me sinto mais ... Hum... Me sinto conectada a ele, mas é normal, certo? Até com amigos, isso é normal.

– Ai, santa criatura! – Ele exclamou – Vem cá – Me puxou com força e tirou minha blusa. Ficar com sutiã não era algo que eu queria fazer perto dele. – Agora a saia! Você não pode se ligar a ele!

– Para de enlouquecer – Ele puxou minha saia um pouco para baixo, consequentemente um pouco a calcinha. Assim ele viu, e eu também. O laço estava embaixo da calcinha, não tão embaixo. – Que merda...

– Eu falei, você gosta daquele merda! – Ele se afastou devagar de mim

– Não gosto... Mas hoje ele disse que está apaixonado por mim... – toquei na minha pele. - Isso arde. Não gosto dele, sério.

– Mas correspondeu ao beijo

– Isso não significa tanto...

– Se você continuar com ele, você vai se ligar, realmente – Logan me jogou a blusa – Tem que parar de namorar aquele merdinha – Seus palavrões faziam mais sentido ele do que para mim. Fui para o meu quarto um pouco abalada com a situação. Deitei na cama, e não percebi quando enfim dormi.

Antes da minha ida

Meus pêsames, digo, te amo, repito. Se eu me forçar a dizer que não voltarei a você, significa que tudo tentei, nunca o maltratei. Jamais pensei em ir embora. Embora nunca foste a hora. Ir além das fronteiras, testando as minhas barreiras.

Meus pêsames, digo, te amo, repito. Se eu me forçar a dizer que não voltaremos a nos ver. Acredite, ou não, em minhas palavras. Foram ditas e repetidas, até eu grava-las. Eu olho adiante. Me vendo partir, acredite em mim, amante, sentirei saudades de ti.

Meus pêsames, digo, te amo, repito, Se eu me forçar a dizer, tudo o que vejo em você. Será tudo verdade, era em mim esta felicidade. Esboço seu sorriso em meu caderno, tu eres o mais lindo dos mais belos.

Meus pêsames, digo, te amo, repito. Antes de minha ida espero que isto esteja em suas belas mãos. Sofrerei com tudo que vier. Sabes para aonde vou. Não me sigas por favor, é perigoso. Morro de amor por ti.

Diamante

Jewel! Pensei, ao olhar esta folha em sua mesa. Ela deveria estar em perigo para esquecer de dar isso ao príncipe. Eu sabia, tinha certeza que o príncipe não me veria o jeito dele ler seria deixar em sua cama.

Com cuidado andei pelos corredores, já familiares, e o vi deitado no chão perto da janela. Coloquei a folha em sua cama e bati na porta. Eu sabia que não precisava me esconder mas me encolhi mesmo assim quando ele chegou perto.

– Que diabos! – Ele exclamou – Meu amor só pode estar brincando comigo! Ela foi atrás do irmão mesmo sabendo o perigo! – Ao vê-lo assim a única coisa que desejei era que ele me visse. Assim poderia ajuda-lo. Por favor, por favor, por favor. – Santa mãe de Deus! Você já estava ai, donzela?

– Eu? – Apontei para mim mesma sabendo que não estava usando roupa local e todos os outros empecilhos.

– Não há mais ninguém aqui – Disse ele – Sim, você.

– Não a tempo de explicar quem sou. Sabe onde está Jewel? – Apontei para a carta

– A Diamante? – Ele olhou a carta e suspirou – Sei. Ela esta no castelo sombrio e acha que seu irmão está preso lá. Não sei o motivo mas tudo indica que ela acredita que pode salva-lo.

– Ou morrer tentando – Disse baixo – Posso ajudar. Sempre que estou aqui consigo ... – Pensei no que iria dizer “me tele transportar” e mudei de pensamento – Quer saber. Tem uma. Pintura deste castelo?

– Sim... – Ele me mostrou. O castelo era de pedra. Sem duvida “Beatrice” era boa em se esconder, pensei.

– Fique aqui a trarei de volta

– Ou morrerá tentando? – Perguntou-me – Mal te conheço mas sei que não é o certo, irei com você.

– Sabe lutar?

– Sou quase um rei, me poupe. – Ele se gabou

– Ótimo, pois não sei – Pensei mais um pouco – Terá que acreditar em mim 100% - Ele concordou. Fixei minha mão em seu braço. – Eu não sei bem o que vai acontecer mas vamos lá... – Olhei para o desenho do castelo sinistro e desejei.

Foram realmente poucos segundos que demorei para notar a mudança de cenário. Olhei em volta, havia uma vila dentro desse castelo.

– Mas que diabos! – Ele afirmou – Você é uma bruxa?

– Bruxas nessa época existem? – Perguntei incrédula – Em que século estamos?

– Você não sabe em que séculos estamos? – Agora ele que estava incrédulo – Estamos em pleno século XIV, faça favor.

– Certo... – Olhei em volta – Já esteve aqui?

– Não... Então... Você é uma bruxa?

– Não existe isso, seu idiota – Reclamei e notei que o príncipe ficou irritado de não chama-lo de majestade ou algo assim. – Ache-me uma sala. – Olhei em volta. – Tem uma foto da Jewel?

– Foto? – Ele parecia não saber o que é

– Uma imagem, desenho, pintura, alguma coisa?

– Aqui ? – Ele pareceu vasculhar sua roupa e tirou um desenho de Diamante olhando para o lado. Esse cara devia ser louco... – Toma. Isso adianta?

– Espero que sim – Vamos lá tempo, vamos, pensei. Onde ela está, me leve a ela, vamos.

– Qual o seu problema? – Me perguntou. Mas dessa vez não era a voz do príncipe. Um homem, talvez garoto, estava nas sombras e falava comigo. Olhei para Nathan e ele não estava muito bem. Parecia tonto.

– Quem está ai? – Perguntei chegando mais perto. – Mike...?

– Quem é você? – Eu cheguei mais perto a ponto de ver seus olhos, agora na luz. Seus olhos eram normais. Seu pé estava acorrentado. – Donzela, me diga seu nome e como surgiu aqui.

– Estou a procura da sua irm... – Nathan me puxou e me virei, atrás de mim Diamante estava largada no chão acorrentada ao pulso e com sangue escorrendo de alguns cortes – Ela não esta morta, está?

– Você veio aqui com um propósito - Falou o príncipe indo até a garota – Me ajude a solta-la, temos que leva-la. Meu amor está muito machucada, cuidado com ela – Disse ele ao toca-la mas fiquei imóvel vendo a cena.

Não estava e nem sabia se era possível estar acostumado a ver isso. Uma garota ensanguentada, presa, acorrentada. Quem fez isso ainda devia estar por aqui.

– Não faça isso – Disse o garoto atrás de mim – É suicídio! – Notei que estava pensando em Beatrice, em mata-la. Em acha-la primeiro.

– Você está falando do que camponês? – Camponês? Quem ainda fala assim? Pensei – Você é o irmão dela? De Diamante?

– Ela mostrou os olhos brancos? Que traíra! – Ele afirmou – Ela sabe que se quiser ser diferente tem que tentar parecer normal.

Eu sabia bem o que ele estava tentando dizer.

– Me responda, por favor – Eu disse e cheguei muito mais perto dele do que antes. – Quem é você e porque esta aqui?

– Beatrice. Ela acha que pode roubar meus dons. Só por que sou príncipe. Ela acha que com um anel conseguirá suga-lo para ela.

– Qual o clã dela? – Perguntei

– Olhos de fogo. – O garoto parecia impaciente – Qual é o seu?

– Sou do mesmo que sua irmã.

– Porque acha que é? Tem algum dom? – Ele me olhou – Porque acha que esta ai é minha irmã?

– Porque você tem olhos violetas – Eu sorri, sabendo que eu não tinha certeza do que eu estava dizendo. A cor que eu via era um castanho claro.

– Você ... Não tem como saber disso. Sou eu que leio aqui, você apenas viaja, ou acha que é apenas isso. Qual o seu clã?! – Perguntou irritado.

– Sobre o que estão falando? Que clãs são esses? – Perguntou Nathan

– Como sabe que eu “viajo”? – Perguntei calmamente

– Dá para me ajudar a carrega-la – Perguntou Nathan – Solta esse ai, ele pode ajudar.

– Estou fraco, sou peso morto

– Não para mim – Eu disse sem saber o que significou – Só me responda qual o seu nome? Qual sua família?

– Meu nome é Michael Hestings – Ele me olhou com cautela – Sou irmão da Ash

– Ash?

– Quem vocês chamam de “Diamante”. O nome verdadeiro dela é Ashley Hestings – O garoto não parou de me encarar. Eu estava soltando o calcanhar dele – Obrigado. Qual o seu nome?

– Sou... Sou Susanna. – Afirmei – Susanna Hestings

– Nossa, encontro de família? – Perguntou uma voz amarga perto da porta de ferro. Eu a vi. Beatrice. Se seu cabelo fosse loiro e não preto desse jeito diria que é muito parecida com a Grace. Ou até mesmo a Grace. – Oi, Susanna. Achei que iria te encontrar.

Tocando nos dois príncipes fechei os olhos um segundo e pensei no castelo de Nathan. Olhei em volta e estava no quarto de Ashley. Nathan estava caído no chão com ela deitada ao lado. Michael estava ao meu lado me encarando.

– Quem é você de verdade? Não conheço ninguém como você. Nem nunca ouvi o seu nome – Ele não parecia assustado. - Você não é do palácio.

– Eu preciso acordar – Informei – Sou Susanna Hestings como eu disse, sou do século XXI. – Olhei para os dois ao lado desmaiados e cobertos de sangue – Ajude-os e não deixe sua irmã quase se matar de novo.

– Porque acha que eu faria isso? – Perguntou-me – Como tem certeza de como sou?

– Porque você não só é da minha família, mas também do meu clã. – Agora na luz, seus olhos eram extremamente roxos. Como os de meu pai. – E para de usar o dom da troca de olhos comigo.

– Sinto muito. Queria te ver de novo. – Ele passou a mão pelo meu cabelo. Perto demais, consegui identificar farias cicatrizes antigas

– Hello? – Eu disse – Somo da mesma família, da para parar de dá em cima de mim?

– Dar em cima? – Ele riu – Hum... Desculpe por ser cortes. Você apenas é algo que eu gostaria de ter por aqui.

– Não, valeu. Só salva ela, por favor. Hum, volte pro seu castelo. E acorde a Bela adormecida – Ele não deve ter me entendido mas sorriu.

– Um dos meus dons não é ler pensamentos – Me informou – E sim expressões. – Colocou um anel, que eu não havia visto antes, em meu dedo. – Cuidado com isso, os olhos de fogo estão procurando. Este é o anel da nossa família, e como você não está com ele suponho que possa ter se perdido no tempo.

– Até mais, meu possível avô distante.

– Até mais – Ouvi sua voz bem baixa quando enfim abri os olhos.


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Notas finais do capítulo

E logo teremos outro capítulo sobre essa aventura.



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