The Mistake Of Chris escrita por Realeza


Capítulo 6
A new haircut and a flower in the window.


Notas iniciais do capítulo

*Um novo corte de cabelo e uma flor na janela
Música: People help the people - Birdy
OII AMORES MEUS! Capítulo pro leitor mais amor desse universo inteiro: Filipe (vulgo King of Norway). Muito obrigada por tudo, moço. Tu não tem noção o quanto é maravilhoso ver você comentando sobre a minha história. Fora que já comentou um milhão de vezes sobre TMOfChris naquele grupo do Nyah. Com direito até a montagem de Challie (Chris+Callie). Corações infinitos pra você.
Aproveitando para agradecer, como sempre. OBRIGADA, OBRIGADA E OBRIGADA. Eu amo os reviews que recebo, e estou respondendo super atenciosamente. Agradeço também a aqueles que leem, mesmo não deixando comentários, pois simplesmente o fato de alguém ler já me deixa super feliz. E queria de verdade saber o que vocês acham da história, leitores fantasmas, porque a opinião de todo mundo é importante pra mim. Cumpri direitinho meu prazo pra atualizar, viram? Juro que por mim eu tinha postado esse capítulo semana passada, mas não deu. Vou explicar: entre quinta e ontem, absolutamente tudo deu errado, ai simplesmente eu não conseguia escrever, e estou tentando manter sempre 10 mil palavras escritas a mais do que já está postado. Para piorar, vou ajudar uma amiga a desenvolver a história dela, sou meio que a fada madrinha da trama e tudo mais.
A música de hoje não ficou tão boa. Sorry, amores. Eu tento associar a letra com a trama, então é meio complicado achar as canções. Se tiverem alguma para me recomendar, pode deixar aí nos reviews, certo?
Uma ultima coisa é que eu sempre tenho algo para dizer nas notas e sempre esqueço. Quando to escrevendo, penso: ah, tenho que colocar tal coisa nas notas, mas ai na hora de fazer as notas eu esqueço. Sei que tinha mais algo pra falar, mas eu simplesmente não lembro.
Por ultimo, um super obrigada e um super coração pra dona Luba, que além de uma leitora linda, é uma autora maravilhosa e foi quem deu o nome do shipp que a maioria ta amando (vocês não falam de outra coisa nos reviews que não seja Challie).



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Acordar. Banho. Escovar os dentes. Não, não. Acordar, abrir os olhos, ver que ainda estou aqui. Querer morrer. Lembrar de Hannah. Lembrar que tenho um motivo para tudo isso. Levantar. Sobreviver.

No café da manhã, tenho a primeira rodada de comprimidos. Ninguém nunca sai do refeitório sem tomá-los. Tenho que dizer, as enfermeiras que trabalham de manhã são muito mais eficientes do que as que ficam no turno da tarde, PORQUE ALGUMA INFELIZ ESQUECEU MEU REMÉDIO NA SEXTA PASSADA E QUASE ME FEZ ESTRAGAR TUDO.

Estou um pouco estressado, sabe. Talvez eu precise passar um tempo com o Sr. Hughes, para esvaziar um pouco a cabeça. Quarta sempre acontece algo assim. Quarta é o pior dia. Bem no meio da semana. Como se eu estivesse preso nesse meio tempo entre o antes daqui e o depois que parece nunca chegar, mesmo que as folhas de calendário arrancadas digam o contrário. O tempo lá fora mostra um ligeiro sol saindo pelas nuvens, então decido que, já que na maior parte do tempo sou um fracassado inútil, hoje vou fazer bem aos outros.

Nos últimos dois dias, algo mudou. Sei que a doutora Lee sempre me diz que algo é totalmente relativo, mas continuo usando essa palavra. Bem, agora sentamos eu, Jeff, Callie e Emma. Sim, todos juntos numa mesa no refeitório, comendo e conversando sobre qualquer coisa. Sim, realmente essa é a parte da minha vida que se parece com o que todas as outras pessoas não esquizofrênicas da minha idade estão vivendo. Mas acho que ninguém comenta sobre um novo ataque de algum paciente ou como tem uma paciente do terceiro prédio que grita, e santo Deus, eu não me importaria se ela morresse.

Emma cortou ainda mais o cabelo. Está cada vez mais estranho, mas não digo nada. Na terapia de segunda, ela falou sobre como queria cortar mais ainda, e logo depois da sessão pediu a enfermeira que a acompanhasse até o banheiro e que trouxesse uma tesoura da enfermaria. Voltou com o cabelo tosado e totalmente irregular.

Sentada a minha frente agora, elogio o cabelo. Estamos tomando café e Callie está tentando fazer com que ela coma alguns biscoitos. Ela me dá um meio sorriso, e morde um pedaço do doce. Posso ser doente, mas não sou idiota. Talvez não o tempo todo. Sei que ela precisa saber que agrada a alguém, pelo menos.

Jeff é meu amigo, mas definitivamente é um idiota. O maior de todos. Posso dizer isso só em base no que diz a Emma:

­— Não, o cabelo está ridículo. — Ele aponta com o pão que está comendo. — Sejamos sinceros, pessoal. Emma está acabando com a própria aparência. E nosso amiguinho aqui, o Chris, ele é um bom mentiroso.

E sou um bom mentiroso mesmo, otário. E quero socar sua cara. Viu? Duas verdades sobre mim.

A reação de Emma é imediata. Ela bate a mão na mesa, fazendo-a tremer e Callie se afasta com as mãos erguidas em rendição. Emma, cujo o cabelo agora está num tamanho estranho, onde as pontas mais longas chegam a dois dedos abaixo das orelhas, joga o prato e tudo o mais o que havia em cima da mesa no chão, e sai caminhando rapidamente. A enfermeira gorda de cabelos enrolados, que um cacho sempre escapa a intercede, mas Emma toma os remédios sem reclamar antes de sair do local.

— Que porra foi essa, Jeff?! — grita Callie, batendo as mãos num estalo sobre a mesa. — Qual é, você deve ser muito otário!

— Alguém tem de começar a dizer a verdade para aquela garota, Miss Suicídio. Ela não vai estar preparada para viver lá fora se só lhe contarem mentiras.

— Se continuar sendo cruel com ela, Emma nem chegará a viver lá fora. Sabe o que eu quero dizer com isso, você sabe muito bem. — Ela respira por um momento, absorvendo a atmosfera pesada que tomou conta do lugar. Todos nós sabemos que há chances de Emma se matar. — Você é um filho da puta egoísta, Jeff. Não sei como Chris aguenta ficar perto de você.

— Ele não deveria é ficar perto de você, sua puta que faz tudo por atenção. Vai lá atrás da Emma, Miss Suicídio. Talvez vocês possam formar um grupo sobre vadias anônimas que se cortam.

Callie não é do tipo agressiva, ela é do tipo que grita. Quando seus olhos se focam por um segundo e sua expressão relaxa, espero que ela esteja se preparando para dar mais uma onda de sermão em Jeff, mas ela inclina o braço e dá um tapa forte na cara dele.

E os dois congelam por um momento.

Até que ela sai do refeitório da mesma maneira que Emma.

E então é minha vez de sair, porque serei o próximo a bater em Jeff. E não iria ser um simples tapa.

***

A enfermeira gorda do cacho de cabelo solto me entrega o meu copinho de papel com meus três comprimidos sem nenhuma pergunta, mas com um sorriso solidário. Ela se chama Betty, pelo que eu lembre. Me sorri sempre que me vê, por algum motivo que eu não compreendo. Me lembro do cacho solto em sua nuca logo nos primeiros dias quando cheguei aqui.

Jogo os comprimidos na boca e engulo todos com a água. Decidi que devo começar a tomar toda a minha medicação para o meu próprio bem. Abro a boca e levanto a língua para Betty, que move a cabeça em aprovação.

— Bom garoto, Chris.

Sorrio de volta antes de sair correndo atrás de Callie. Grito seu nome pelo corredor antes de ver o cabelo loiro descendo pelas costas dela logo adiante.

Callie não está tão longe, pois não estava correndo. Não estava correndo porque estava chorando. Ela tenta disfarçar quando me aproximo, mas é impossível não notar quando passa a mão pelo rosto num gesto meio brusco para enxugar as lágrimas.

— Estou indo atrás dela, Chris. Não quero que Emma faça alguma besteira.

Contra meu instinto de não gostar muito de Emma, mas totalmente a favor do meu instinto de proteger e amar Callie, digo que vou junto.

— Não, você não vai. Vai ficar quieto e me deixar falar com ela sozinha. É algo somente entre nós duas.

— Deveria ter defendido vocês. Desculpe por ser tão inútil. — digo, meio sem pensar. E Callie suspira fundo antes de me responder.

— Jeff é um idiota. Você não. Preciso mesmo falar com ela, Chris. Nos vemos depois, está bem?

Faço que sim com a cabeça e estico a mão, tocando seu rosto e enxugando uma última lágrima.

— Fiquem bem, vocês duas. — No caso, quero mais é que Callie fique bem, mas a visão do sangue de Emma manchando o chão e dos machucados profundos nos pulsos me perturba. Talvez isso me faça uma pessoa menos ruim, então cancelo esse pensamento e volto a parte que prometi que faria algo de bom as pessoas hoje.

E com um sorriso meio forçado, continua andando com passos apressados pelo corredor.

— Ei! — grito, e ela se vira de volta. — Não deixe que ela se machuque, não quero ver nenhuma de vocês duas chorando.

Não tenho nada melhor a fazer a não ser ir falar com Jeff. Já estou suficientemente calmo para não bater até que escorra sangue do seu nariz, mas ainda tenho que dizer o quando ele é um otário.

Volto ao refeitório, e ele ainda está sentado em sua mesa, agora sozinho, terminando seu café.

— Ei Chris! — Ele acena para que eu me aproxime. — Já acalmou as vadias loucas?

— Vai se ferrar, Jeff. Não quero que fale assim delas.

— Tudo bem então, cara. Defenda suas vadias. — Jeff joga as mãos para o alto. — Aposto que só está fazendo isso porque quer comer a Callie.

— Cale a boca, Jeff! — grito, um pouco mais alto do que o necessário, mas pelo menos ele cala a merda da boca. Respiro fundo por um segundo. — Consegue não agir como um idiota?

— Sou um idiota por dizer a verdade a elas? Por estragar toda a linda ilusão em que vivem, Chris? Oh, me desculpe por ser um idiota então. — Ele se levanta e agora me encara de frente.

Jeff é mais alto que eu, mais velho. Jeff tem uma barba meio mal feita. Jeff matou os pais. É tudo em que meu cérebro pensa.

Jeff matou os pais. Jeff é um louco lunático que matou os pais. Jeff matou os pais. Matou os pais com um machado.

E ele está bem na minha frente agora.

E simplesmente não sei como agir.

Porque não quero agir.

Fico esperando que ele me dê um soco na cara.

— Você é um otário, Chris.

Quero entender porque sou um otário, mas empurro essa pergunta para o fundo da mente, e tento me agarrar a pontinha de coragem que tem dentro de mim. Ele fez Callie chorar, porra. Ele merece se sentir pelo menos um pouquinho mal.

— E você é um assassino, seu maldito. Matou seus pais. Matou sem a porra de um motivo. E é um drogado filho da puta. É isso o que você quer ouvir? A verdade? — grito, porque quero deixá-lo mal. Ele fez com que duas garotas com as quais eu me importo ficassem mal, então merece se sentir pelo menos um pouquinho mal também. — Eu sei da porra da cocaína que você arruma, junto com o vinho. — Há pacientes me olhando e um dos enfermeiros me encara. — O que foi? Podem ir lá no quarto dele agora mesmo, vão achar. — Volto a olhar para Jeff. — É essa a verdade sobre você, Jeff. Parece um cara gente boa, mas é um idiota drogado e assassino, e nunca será nada além disso.

A parte mais extraordinária é que ele ainda não me bateu. Espero mais um pouco, mas não, não recebo nem mesmo um soco. Bem, isso é surpreendente. Por medo de que eu esteja abusando da sorte, saio do refeitório novamente, antes que Jeff mude de ideia sobre não me socar.

Volto para o meu quarto contando os passos que dou até chegar. Estou com 43 passos, e tenho plena consciência que ferrei com Jeff. 44 passos. 45. Irão encontrar a droga no seu quarto, e ele vai para a solitária. 47. 48. Ficará numa sala, isolado por alguns dias. Talvez mais. E algemado. 50 passos. E não sinto a mínima pena dele, porque ele é estúpido pra caralho e merece isso. Não entendo porque me importo com Emma, já que ela foi estúpida comigo.

Quero escrever para Hannah e o dizer o quanto estou uma bagunça nesse momento, mas não posso dizer isso sem que ela saiba de Callie ou Emma. E realmente não quero que ela saiba. Por simplesmente não querer.

Preciso fazer o tempo passar. Preciso ocupar a mente. Falta muito pouco para isso aqui virar um Dia Ruim.

Muito.

Pouco.

Minha mente trava quando tento pensar no que eu fazia para ocupar a mente antes disso aqui. Quer dizer, antes de eu fazer alguma merda e vir parar aqui. Não consigo me lembrar de nada, além de que eu costumava ler. E desenhar.

Eu e Hannah, na verdade.

Poderíamos passar tardes inteiras sentados juntos, sem trocar mais do que algumas palavras, escutando música clássica. Ela amava música clássica. E tinha vergonha disso.

­— Parece que sou uma velha de cinquenta anos quando digo que escuto música clássica, Chris. — Posso escutar ela dizendo, em minha memória. — As pessoas ficam tipo: “gente, como a Hannah é esquisita. Ela é mesmo a mesma garota que eu conheço?”

A voz dela é tão clara na minha mente que sinto meus olhos marejarem. Sinto falta disso, dessa voz. Dessa garota. De tudo o que tive com ela.

Eu a ensinei a desenhar. Hannah era o tipo de garota teimosa que vai te obrigar a dizer sim. Ela gostava dos meus desenhos, e sempre acaba vendo-os antes de estarem acabados. E eu raramente gostava do resultado final, então simplesmente amassava e arremessava o papel em qualquer lugar. Quando Hannah me perguntava sobre tal desenho, ficava aborrecida, dizendo que estava ótimo e eu não tinha o mínimo motivo de ter jogado fora. Então me obrigou a ensina-la. E me fez prometer que lhe daria qualquer coisa que eu desenhasse, mesmo que não achasse que estava bom o suficiente.

Nunca desenhei nada depois que entrei aqui. Não parece o lugar certo, não sem música clássica e sem estar do lado da pessoa mais incrível do mundo. Meio que não faz nenhum sentido eu desenhar sem que possa dar para ela depois.

Mas posso enviar junto com a próxima carta.

Pego uma folha em branco e o lápis. Preciso pedir a Steve que me compre materiais para desenho, pois é quase impossível fazer algo minimamente descente só com um lápis.

Estou sentado com as pernas cruzadas no chão, encarando o branco a minha frente. Não faço a mínima ideia do que desenhar, porra. Quero desesperadamente fazer algo bom para ela, algo que ela possa gostar e prender no seu mural de cortiça no quarto, e parar para observar quando estiver passando para pegar o casaco antes de sair de casa.

Quero desesperadamente agradá-la, porque isso nos leva ao Objetivo Final. E porque Hannah é importante pra caralho para mim. E isso basta, não é mesmo? Bastava uma flor para alegrar seu dia, então eu lhe dava uma todos os dias, sem falta. Mesmo quando ela pegou catapora e ficou uma semana sem poder sair de casa. Eu a imaginava sozinha em seu quarto, sem nada para fazer e ninguém para conversar. Nós tínhamos dez anos. A mãe de Hannah não quis me deixar vê-la, pois seria grande o risco de que eu também ficasse doente, então pensei ela ficaria sem flores. Eu não poderia deixa-la, era quase uma tradição. Todos os dias, pegava uma flor e colocava na janela do seu quarto. Batia duas vezes no vidro e corria para me esconder. Vamos lá, toda criança já fez isso. Me escondia e a olhava abrir a janela e alcançar a flor com a ponta dos dedos. Hannah olhava para os dois lados, me procurando. Ela sabia que era eu que deixava as flores, cada pedacinho dela sabia disso. Eu a olhava sorrir antes de fechar a janela e voltar para dentro.

Quero desesperadamente desenhar a cena, mas meus dedos tremem pela lembrança. Um soluço escapa dos meus lábios antes que eu possa pensar em sufocá-lo. Respiro fundo tentando me acalmar. Encosto a cabeça para trás, apoiando na cama. Olho para o teto branco como a folha de papel ao meu colo, tentando colocar as peças no lugar. A imagem da janela de Hannah surge no branco do teto, com uma flor qualquer apoiada na borda. Antes que eu possa perceber, os mesmos contornos começam a aparecer no papel. Logo, estou totalmente concentrado em terminar o desenho, em fazer com que tudo fique suficientemente bom.

Para Hannah.

Por Hannah.


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Notas finais do capítulo

Uma coisa sobre esse capítulo: eu escrevi ele a um tempo, e acho que no dia eu esqueci que existia a quebra de cena. Sério gente, quando fui ver, o capítulo tinha umas 5 mil palavras até a primeira mudança de cena. Ou seja, tive que editar. E esse final nem estava planejado, foi uma coisa de momento porque eu precisava encerar o capítulo por ai para postar.
A minha pergunta é: o que acharam?
O que acham da Emma? E da onde vem essa proteção da Callie pela Emma? Por que o Jeff agiu dessa forma?
Pronto, acabou por hoje. E por essa semana, na verdade. Também quero saber pra onde foram as lindas pessoinhas que comentaram no capítulo 4 e não no quinto. Pois é, adeus leitores amados que sempre comentavam.
De qualquer forma, até o próximo capítulo, amores ♥