The Mistake Of Chris escrita por Realeza


Capítulo 3
A new meaning of friendship and a confession late night.


Notas iniciais do capítulo

* Um novo significado de amizade e uma confissão de madrugada
OLHA QUEM TEM CAPÍTULO NOVO!
Sim, I'm back!
Eu adoro essa capítulo, adoro mesmo. Nele vocês vão conhecer mais a Callie, e vão entender porque ela é meu xodózinho. Se tiverem alguma dúvida, perguntem ai nos comentários, ok? Ah, e já quero deixar o meu MUITO OBRIGADA a todo mundo que deixou seu comentário nos capítulos anteriores, eu amei cada um e respondi com muito carinho, viu? Bem, eu nunca sei muito o que dizer nas notas iniciais, mas sei que muita gente pula os comentários finais (muito feio isso, né pessoas), então já vou avisando que não tô afim de ver nenhum cosplay de gasparzinho, então por favor tratem de comentar alguma coisa. (Sim, tô de olho nesses 18 acompanhamentos que não correspondem a quantidade de comentários.)



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Passo o tempo entre a aula e a terapia lendo “O Apanhador no campo de centeio”. Não sei como lidar com as coisas, então apenas as ignoro. O problema é que sempre elas pioram, então uma hora tenho que encarar o problema de uma vez. E isso acaba comigo.

Tomo um banho rápido antes de ir para a sessão. Visto calças cinza escuro e uma camiseta azul. A terapia é a pior parte daqui, na minha opinião. Pode ajudar alguns, mas não a mim. É terrível, porque querem me entender, quando nem eu mesmo me entendo. Ficam dizendo “ele só está confuso, vai logo passar”, quando não me sinto confuso e sei que isso não vai passar. Tenho vontade de gritar com eles, pedir para pararem “PORRA, VOCÊS NÃO SABEM COMO ME SINTO, VOCÊS NÃO VÃO ME ENTENDER!” Mas nunca grito. Só sento em uma das cadeiras de plástico e tento não ser ignorante quando respondo a Dra. Lee.

Na verdade, ela é minha terapeuta favorita. Ela pelo menos não me força a dizer coisas que não sinto, que não entendo. A Dra. Lee pelo menos respeita o que sou, e aqui dentro, isso é uma coisa muito importante e rara.

Ao chegar na sala onde acontece a sessão, as cadeiras então dispostas em um círculo mal feito, quase oval. Ás segundas e quartas, a terapia é assim. Refletir sobre nós mesmos, nossas tarefas. Ás terças e quintas, ficamos numa sala comum e falamos sobre como lidar com sentimentos. Callie bate na cadeira ao seu lado para que eu me junte a ela e Emma, que é uma garota de 15 anos de cabelos curtíssimos. Me sento e Callie me beija no rosto, pegando minha mão, entrelaçando nossos dedos por um segundo, tempo suficiente para um leve apertão antes de solta-la. Sorrio em sua direção. Não digo que tenho vontade de me tornar verdadeiramente seu amigo. Não digo que não gosto de Emma, porque ela fuma maconha. Não digo que o cabelo de Emma é ridículo, porque ela mesma corta na frente de uma enfermeira, e que Emma é um nome de gente idosa. Não digo que só me sentei ali por causa dela. Callie parece entender cada pensamento meu, porque me abraça sem nem mesmo eu pedir. E ela me abraça forte, de uma maneira acolhedora que me desejar que ela nunca mais de solte. Ela sussurra em meu ouvido, os lábios roçando em minha pele:

— Está tudo bem.

E por um segundo, eu realmente acho que está tudo bem. Esse é o efeito dela em mim.

Jeff entra na sala um segundo antes da Dra. Lee, e ela lhe lança um olhar severo. A doutora odeia atrasos em suas aulas. E odeia mentiras. E pessoas que não se aplicam. Ela nunca disse qual é seu primeiro nome, mas aparente ter uns 30 anos, com o cabelo castanho encaracolado. Quando se senta, ela arruma os óculos, antes de checar uma planilha e se virar para nós sorrindo.

— Olá pessoal, como estão se sentindo hoje? — Ela pergunta. Você pode achar que é uma pergunta que não requer resposta, mas a Dra. Lee realmente quer que respondemos.

No sentido horário, cada um fala sua resposta (confuso, contente, chateado...). Jeff diz que está estressado, e quando lhe é perguntado o porquê, ela diz que a namorada não vai poder visita-lo amanhã, então ele começa a gritar perguntando porque existem dias definidos para as visitas, e ´porque tudo é uma droga, e as coisas não dão certo para ele, até que cai no choro e sai da sala. Nós estamos acostumados com isso, então a maioria nem se move, não muda a expressão fácil enquanto Jeff grita. Emma diz que está com vontade de morrer, o que é sempre a resposta dela, a não ser que esteja drogada. Callie diz que está ótima, e lança um olhar a mim. Digo que estou incomodado, e quando a doutora me pergunta o porquê, respondo que a tarefa das cartas me incomoda profundamente.

­— Nós já vamos falar sobre isso, Chris. — Ela me responde. E o restante das pessoas responde como se sente.

Não troco olhares com Callie durante a sessão, mesmo que ela esteja ao meu lado. Não sei o que ela significa para mim. Só quando a Dra. Lee volta ao assunto das cartas é que eu me indireto na cadeira e olho para a garota ao meu lado. Os cabelos louros estão soltos, e há uma na lateral da cabeça que impede a franja de cair sobre seus olhos.

— Então, como estão se saindo na atividade? Como estão suas cartas, Chris? — Ela me pergunta, muito provavelmente porque eu disse que elas me incomodavam.

— Vazias. — digo, e posso sentir alguns olhares em mim.

— Defina vazias, por favor.

— Vazias de qualquer emoção, qualquer sensação, qualquer pessoa. Não consigo me empenhar sabendo que ninguém vai ler aquilo.

— Mas essa é a proposta. Vocês deveriam se sentir mais seguros para falar sabendo que ninguém vai se fato ler. — A Dra. Lee tem um sério problema em falar gesticulando. Se fala com músculos do rosto, você não precisa usar as mãos.

— Me sinto um idiota falando para o nada. — Sei que ela está morrendo de vontade de revirar os olhos, sei que não gosta quando alguém é contrário a suas ideias. Torço para ela fazer isso. Vamos lá, seja você mesma. Não precisa se controlar, doutora. Mas ela não faz. Só respira fundo e pergunta para Callie o que ela acha.

— Não sei de fato. Quer dizer, é legal colocar as emoções pra fora, mas não para ninguém. Isso me dá vontade de falar com alguém que realmente me ousa.

— Um psicólogo? — A doutora tenta. O objetivo disso tudo é que falemos de nossos sentimentos com os psicólogos. Posso ver um lampejo de sensação de dever cumprido em seus olhos antes da resposta de Callie.

— Um amigo. Santo Deus, eu não tenho a mínima vontade de falar dos meus sentimentos com um estranho.

Ao fim da hora, a doutora pede para que eu e Callie esperarmos um minuto, que ela precisa falar conosco. Ela sai da sala, guarda sua pasta e então retorna, enquanto nós nem mudamos de posição.

— Tudo bem, meninos. Qual é a de vocês?

Não sei o que responder. E pior, não sei o que ela quer como resposta.

— Vou facilitar. Sei que não namoram. Não estão saindo juntos. Não então nem transando juntos. Então, por favor, qual é a de vocês?

Antes que eu possa pensar, Callie responde:

— Somos amigos.

E soa tão natural quanto pode soar. E isso faz com que a amizade tenha um novo significado para mim.

Somos dispensados, e então volto para o meu próprio quarto.

***

Ouço uma batida em minha porta. Checo as horas no despertador ao lado da cama antes de me levantar. São 1:34 da manhã. Se passaram dois dias desde que Callie nos definiu oficialmente como amigos.

Vou descalço até a porta, sem me preocupar em tropeçar em alguma coisa. Giro a maçaneta no escuro, me perguntando quem pode ser do outro lado da porta branca. Quando abro, vejo Callie.

— Preciso falar com você. ­— Ela diz, antes que eu possa perguntar porque ela está aqui. Não posso fazer outra coisa a não ser deixa-la entrar. Callie acende a luz, e levo alguns segundos para me acostumar com a luminosidade. Ela se senta em minha cama, com as pernas para cima cruzadas em X. Sento-me a sua frente, imitando sua posição.

Ela me olha em expectativa, e não sei o que fazer, então volta a falar.

— Acho que sabe porque estou aqui. Tipo, aqui, sanatório. —Não a corrijo dizendo que não é um sanatório, que não estamos todos loucos. — Eu não matei ninguém. E nem tentei matar ninguém. — Ela desvia o olhar e sorri para o nada. ­— Deve ser estranho eu estar te explicando isso neste exato momento, mas estava me incomodando mesmo. Você entende, não é?

Faço que sim com a cabeça, e completo:

— Sabe que pode me acordar de madrugada sempre que precisar, Callie. — Ela me dá um sorriso, um de seus verdadeiros. E tem um “obrigada” incluso silenciosamente.

— Tudo bem, vamos lá. É só que, ninguém se importava de fato comigo. É estranho viver como se você fosse invisível. E Chris, eu não quero ser invisível. Meu Deus, parecia que se eu morresse, meus pais não se importariam. E não se importariam mesmo, eu provei isso. — Ela me mostra os pulsos. Duas linhas horizontais na parte de dentro dos braços, em relevo, marcando as cicatrizes da sua tentativa de suicídio. — Então eles me mandaram para cá. Mas não me deram atenção. Aqui eu era só mais uma louca que tentou se matar. E ai eu comecei a transar com qualquer um. E deixei de ser só mais uma. Até que minha irmã veio me visitar, e bem, ela me disse que eu ficar com vários caras não me faria única. Me faria mais uma. Mais uma puta. Isso foi um pouco antes de você chegar. Não posso mentir, quando te vi, só queria fazer com que você me comesse. Mas ai, um dia, na biblioteca, enquanto eu estava estudando, você chegou até mim e perguntou sobre o que era. Era Revolução Russa, se lembra, Chris? — Eu me lembrava sim, que me sentei e então começamos a discutir aquilo como se fosse a coisa mais legal do universo. — Você me fez visível, Chris. E, puta merda, isso é importante pra cacete. — Ela faz uma pequena pausa. — Então a gente começou a estudar juntos, e as vezes eu tinha vontade de começar a me insinuar para você, mas você, Chris, você nunca me tratou como qualquer uma, você me fez única. E eu queria te agradecer por isso. E só estou dizendo isso agora, neste exato minuto, a 1:39 da manhã, porque estou a dois dias com a cabeça nas nuvens pensando que disse que somos amigos. E tenho que ser sincera com o meu novo amigo.

Então ela me abraça. Do mesmo jeito que me abraçou na segunda. E eu sinto novamente que está tudo bem, e que tudo vai ficar tudo bem.

***

No dia seguinte, é a visita de Steve. Os dias em que se permitem visitas são terças, quintas e sábados. Mas meu irmão só vem durante os dois primeiros dias. Assim, levanto cedo o suficiente para me arrumar, tomar café e meus três comprimidos matinais, e varrer o chão retirando todo e qualquer vestígio restante do relógio quebrado a dias atrás. Sei que tenho que mentir para ele sobre o porquê do relógio não ter mais a proteção de vidro, mas vou dizer que o prego que o prendia na parede se soltou e ele caiu. Assim, por livre e espontânea vontade, sem eu ter surtado e o jogado no chão.

Ele chega pontualmente ás dez da manhã. No começo dos meus dias aqui, as visitas do meu irmão eram um alivio, mas hoje são somente mais um evento cotidiano. Não é como se fossemos totalmente próximos ou distantes, apenas convivemos um com o outro.

Quando Steve bate à porta, me levanto e abro. Assim, sem surpresa, sem toda a expectativa de vê-lo. Mesmo assim, o abraço. Fico feliz por ele nunca ter deixado de vir me visitar pelo menos uma vez na semana.

Steve parece feliz, e quando nos sentamos, faço questão de perguntar o porquê. Ele diz que foi promovido no emprego, e então ele começa a falar sobre o quanto o novo chefe é exigente, mas o quanto não se importa, porque vai ganhar mais e poder comprar um carro. Estou feliz pelo meu irmão, mas é que isso não faz diferença para mim. Simplesmente é algo que muda a vida dele, e não a minha.

Steve pergunta para mim como vão as coisas, e eu digo que estou bem. Ele pergunta como está a tarefa desse bimestre, e eu digo que as cartas me irritam, por que eu estou escrevendo para o grande nada. Então ele fica pensativo, e diz se eu não gostaria de escrever para alguém especial, que eu me sentisse próximo. Posso ver em sua expressão que Steve espera que eu escreva para ele, mas meu cérebro me leva automaticamente para outra pessoa. Um endereço tão conhecido como o meu próprio, já que era a casa vizinha. A garota da casa amarela. Hannah.

Digo que já sei para quem escrever, e peço para ele entregar as cartas para mim. Ele responde um ‘sim, claro, faria qualquer coisa por você’, e então volta a falar sobre o novo cargo e como está a reforma da casa, e quanto os juros do cartão de crédito estão aumentando, e eu finjo ouvir, finjo prestar atenção, mas minha mente está junto a garota de olhos verdes brilhantes. Digo a Steve que preciso de mais meias. Ele me diz que traz na quinta-feira, e então diz que precisa ir, eu lhe desejo boa sorte no emprego, ele agradece e diz para eu me cuidar, e então, quando está prestes a fechar a porta, digo para que ele não se esqueça que tem que entregar minha carta depois da próxima visita, e Steve promete não esquecer.

Assim que ele sai, me sento na escrivaninha e começo a escrever para Hannah.


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha ficado confuso, mas a carta que o Chris escreve agora no fim do capítulo é aquela do prólogo, entenderam?
Agora que conhecem mais a Callie, o que acharam dela? Acho que mais pra frente vou acabar fazendo alguns capítulos mais dedicados ao passado dela, o que vocês acham?
Ah, e por ultimo, eu vou sempre colocar o título de cada capítulo desta forma, acham que eu deveria colocar a tradução nas notas iniciais? É isso, espero realmente por comentários para saber se estão gostando. Já sabem que qualquer erro no capítulo é só me avisar.