The Mistake Of Chris escrita por Realeza


Capítulo 20
An empty room, a corpse and Mom


Notas iniciais do capítulo

*Um quarto vazio, um cadáver e mamãe
ESTE É UM CAPÍTULO TENSO. AVISO.
OUVIMOS UM AMÉM POR CHEGARMOS AO 20° CAPÍTULO???? TO ORGULHOSA DE MIM MESMA E DE VCS ♥
Olá meus amores, como vão? Meu pique de escrever tá péssimo. Eu acho que o ensino médio me estragou bastante. (sinceramente eu nunca estive tão confusa em toda a minha vida sobre tudo. e ainda assim acho esse ano melhor que ano passado. notem a problemática aqui.)
Eu tenho tido uns bloqueios só de pensar em acabar TMoC. Ai paro de escrever porque quero que isso dure pra sempre, ou quase isso. Eu não sei colocar ponto final nas coisas, e queria muito que isso fosse só uma afirmação sobre a história.
Esse capítulo tem um total de 0% de romance. 25% de tensão e 75% de melancolia. Pois é.
Eu espero que curtam.



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Na quarta seguinte, eu estou na solitária por quase ter matado o Mike. E estou com um belo olho roxo e ainda sob efeito de sedativos. É meio que engraçado, se você encarar com a perspectiva certa. Acho que Emma riria um pouco da história toda, mas ela está ocupada demais se recuperando após tentar se matar no próprio aniversário.

A frase anterior soou meio egoísta mas, sei que Emma adoraria estar aqui para presenciar isso e dar um dos seus sorrisos discretos. Estou me explicando para mim mesmo por me sentir péssimo já que uma pequena parte de mim sente culpa por hoje. Se Emma não tivesse tentado se matar, a Dra. Lee não estaria ocupada e Mike não invadiria a sala dela.

E não descobriria o que eu fiz. O meu grande erro ou sei lá o que for essa merda que eu fiz.

A Dra. Lee passou toda a manhã fora, possivelmente no hospital com Emma e tudo mais. Jeff desafiou Mike a entrar na sala dela durante esse período e achar as fichas de alguns pacientes, incluindo a minha. Claro, o garoto estranho que nem sabe o porquê de estar aqui dentro. É uma ótima conquista, na minha opinião.

Não paro de pensar no que fez Mike conseguir entrar na sala, que deveria estrar trancada, sem ser notado por nenhum outro enfermeiro ou médico ou segurança ou qualquer um. Uma parte de mim acha bem provável que Jeff tenha feito algum escândalo para distraí-los, porque Mike certamente não é o cara mais inteligente do mundo e multifunções pra conseguir o tal feito se considerarmos que quando chegou, ficava de cueca deitado com a cara enterrada na grama. É ridículo pensar nisso enquanto tenho alucinações.

Estou lidando relativamente bem com isso por conta de todos os sedativos. Num outro momento qualquer, um Mike cadáver me encarando com olhos vazios teria um efeito muito diferente em mim. É aterrorizante, mesmo que eu não me sinta aterrorizado agora. Só consigo encará-lo e encará-lo e encará-lo até que pareça que não existe mais nada além da escuridão presa em seus olhos que me preenche.

Toco o inchaço no olho esquerdo onde Jeff me deu um soco. Ou mais. Sinto que meu rosto inteiro está em pedaços no momento. Me pergunto se meu hematoma tem os mesmos tons de vermelho que as marcas de asfixia que eu deixei no pescoço do Mike-cadáver, sentado do outro lado do quarto. Não é uma alucinação muito criativa, tirando o fato de que há um verdadeiro colar de rubis em seu pescoço, acompanhando as marcas dos meus dedos.

A Dra. Lee chamaria isso de Personificação da Culpa. Ela diria que meu cérebro está tentando me mostrar algo e eu responderia que minha cabeça tá mesmo ferrada se esse algo for um cara morto.

A ironia disso tudo é que eu nem mesmo o matei, porque Jeff me socou na cara e me afastou antes que eu pudesse fazer isso de fato. Acho que ele não imaginava que o plano deles acabaria desse jeito, com nós três em quartos isolados e sedados.

— Bem, não provoque o garoto estranho que não sabe as merdas que fez, porque ele pode fazer novas merdas. — digo para o Mike-cadáver. A essa altura do meu tratamento com a Dra. Lee, eu já ouvi milhares de vezes que eu não devo, de forma alguma, conversar com o que não é real, mas dessa vez não consigo não fazê-lo já que tudo parece tão morbidamente hilário.

— Disse alguma coisa? — pergunta um enfermeiro, pelo vidro da porta mais adiante. Nego com a cabeça. — Vá dormir, Chris. Amanhã a Dra. Lee conversará com você. — Nego com a cabeça novamente. Nunca nem mesmo vi esse cara antes. Sei que já é de madrugada e eu deveria me deitar nessa cama horrível e dormir, mas a perspectiva de continuar sentado no chão encarando uma parede em branco e um cara que eu quase matei me parece muito melhor.

Ele bufa e desaparece do vidro. Deve pensar que não vale a pena argumentar com esquizofrênicos surtados. E dopados. E mais o que eu estiver nesse momento, que nem eu mesmo sei me definir.

Não estou bem. É uma boa definição.

Não consigo entender se o Mike-cadáver gosta da minha definição. Continuamos assim até o amanhecer, com a luz do sol batendo na sua pele pálida e no colar de rubis. Pelo menos agora eu sei que as solitárias não ficam no subsolo.

A Dra. Lee vem me ver na hora do almoço. Acho que eu quase ter matado um outro paciente é algo importante o suficiente para adiar drasticamente nossas sessões habituais. Ela traz consigo uma cadeira metálica e a posiciona na minha frente, enquanto continuo sentado no chão, a bandeja com o meu almoço intocada ao meu lado, do mesmo modo que o enfermeiro corpulento deixou a meia hora atrás.

A doutora parece exausta. Não consigo imaginar o quão cansativo é cuidar de pacientes como eu. Ou como Emma. Quando não tentam se matar, querem matar uns aos outros. Exatamente o motivo pelo qual estamos no segundo prédio. Pergunto-me porque ela não se transfere para o primeiro prédio, por conta de pacientes menos loucos e menos estressantes.

Pela sua cara, ela não está de bom humor. O mais interessante na doutora é que mesmo que não esteja de bom humor, vai continuar a ser educada e solene comigo. Ela é uma boa psiquiatra e sabe disso. Todos nós sabemos disso, e talvez esse seja o motivo irracional pelo qual eu só consigo ser tratado por ela, afinal de contas. Imagino que voltaremos ao início, com perguntas diárias sobre tudo o que me lembro. O diferencial agora é que eu me lembro de cada segundo do dia de ontem.

O Mike-cadáver parece não se alterar nem um pouco com a presença da doutora. E porque se alteraria, já que está morto. Seus dedos estão azulados, assim como os lábios. Os olhos são fundos e ainda me encaram.

— Pergunta e resposta. Alternamos. — A Dra. Lee declara, se ajeitando na cadeira metálica que ressoa um som agudo por todo o quarto. Concordo com um movimento de cabeça. — Por que estava tentando enforcar o Mike?

— Porque ele me disse que sabia o que fiz. — digo, sem a encarar mais. Sei que ela irá interpretar isso como algo relacionado a vergonha e arrependimento. — Por que demorou tanto para vir me ver?

— Estava ocupada com os outros pacientes. Incluindo o Mike. — acrescenta, dando um grau de importância a mais a minha agressão. — Como ele sabia sobre você?

— Ele invadiu a sua sala, eu acho. E leu a minha ficha. — Aparentemente, ela não sabia sobre a invasão a sala, pois suspira surpresa. — Estava ocupada com Emma?

— Ela está melhorando e terá alta em breve. — Ela é direta, me dizendo exatamente o que eu quero saber, não o que perguntei. — O que Mike te disse, além disso?

— Disse que eu era como ele. Como Jeff.

— Não vai perguntar nada de volta?

— Não sei o que perguntar, na verdade. — respondo, com um suspiro. — Acha que sou como ele?

— Acho que isso não importa.

—Importa pra mim. Importa pra cacete.

A doutora se ajeita na cadeira, cruzando as pernas para o lado contrário ao que estavam.

— Você não é um psicopata. Você e Jeff são pessoas completamente diferentes. Que fizeram coisas diferentes, diga-se de passagem.

— O que eu fiz então? — Nesse momento, eu a encaro. Sob as luzes brancas do quarto, sua pele negra se ilumina exibindo as pequenas rugas ao redor dos olhos, o castanho com um toque de melancolia. O coque já começa a soltar alguns fios que lhe caem pelo rosto, mas ela não percebe. Fica me olhando criticamente por atrás dos óculos, retorcendo os dedos das mãos.

— Eu não posso te dizer, Chris.

— Isso não deveria ser o primeiro passo do meu tratamento desde que entre aqui?

— Eu sou a pessoa que tem doutorado em psicologia aqui, pelo que eu me lembre. — sorri de canto de um modo forçado. — É o meu método para cuidar de você, Chris.

— Com todo o respeito e considerando os acontecimentos de hoje, eu acho que não está dando muito certo.

Ela tira os óculos e comprime os lábios, o batom vermelho desbotado. Sorri mais uma vez, agora como se enxergasse algo engraçado na nossa cena que eu mesmo não vejo.

— Se estivesse dando errado, você estaria lá. — declara, apontando com os óculos na direção que fica o terceiro prédio.

Não a respondo. Não tenho a capacidade de me imaginar pior do que isso, mesmo que eu saiba que é possível. Encaro o Mike-cadáver por vários segundos, minutos ou seja lá o que for, ignorando a presença da Dra. Lee a minha frente. Sua pele fica cada vez mais arroxeada, o brilho do rubi em seu pescoço mais forte. 

— Está tendo alucinações nesse momento, não é mesmo? — A vejo balançar a cabeça em negação, frustrada, antes de sair do quarto. Nem tenho tempo de afirmar com a cabeça.

***

No dia seguinte, volto a comer. Encaro a bandeja de café da manhã vazia depositava ao meu colo antes que o enfermeiro a leve do quarto. O Mike-cadáver não está mais aqui.

Penso em como está o Mike de verdade, depois de ter sido deixado inconsciente no chão enquanto os enfermeiros me levavam. Lembro da sensação das minhas mãos se fechando em volta do seu pescoço depois de jogá-lo ao chão e sua cabeça bater com força contra o piso de madeira, seu rosto de contorcendo sem oxigênio enquanto os dedos tentam em vão livrá-lo do meu aperto.

E então, a dor do choque do punho de Jeff contra meu rosto seguidas vezes do lado direito, enquanto ele me segura pelo ombro com a outra mão. Os enfermeiros me levando pelos cotovelos até um outro quarto isolado, meus pés sendo arrastados pelo chão que refletia as luzes brancas do corredor. A porta do quarto de Callie aberta somente alguns centímetros, o suficiente para que ela me espie sendo levado.

Relato tudo a Dra. Lee horas mais tarde, sem encará-la. Mentalmente, vejo o coque do seu cabelo escuro bem preso e as sobrancelhas franzidas em desaprovação, o óculos escorregando ligeiramente pelo nariz. Ela não diz nenhuma palavra a mim, nem mesmo quando vai embora.

As luzes brancas do quarto me incomodam, então enfio a cara no travesseiro, minha respiração sendo dificultada por isso. Tento me sentir como Mike durante aqueles segundos onde o enforquei, prendendo a respiração até que meus pulmões doam.

Não é uma forma muito certa de treinar minha empatia, diria a Dra. Lee. Ou não, na verdade. Porque hoje ela simplesmente não falou comigo, então não tem muito como ela ter dito algo.

Lembro de Hannah. De Callie e do que me disse na noite do piquenique. De Emma que provavelmente ainda está num hospital ou num quarto como esse. Jeff me xingando mentalmente por também ter levado algum tipo de represaria. Mike com marcas vermelhas em volta do pescoço.

Durante a noite, pela primeira vez em algum tempo, penso nos meus pais. De verdade, não só nas cartas para Hannah. Não as partes ruins.

Lembro de minha mãe de costas para mim, sua silhueta nítida por trás da poltrona. Suas mãos puxam a agulha e a linha, costurando minha fantasia para o Dia das Bruxas. Tradicionalmente, eu seria um vampiro. Dou a volta para vê-la melhor, seu cabelo castanho claro caindo delicadamente sobre os ombros e cobrindo uma parte do seu rosto. Ela me olha com uma expressão cansada, os últimos raios de sol do entardecer caindo sobre os seus olhos castanhos.

— Você estará ótimo hoje, meu querido. — declara, me puxando para perto e jogando a capa recém costurada por cima dos meus ombros. Amarra o laço em meu pescoço de uma maneira gentil, a serenidade em cada gesto seu.

Minha mãe ajeita meu cabelo carinhosamente, e desliza os dedos pelo meu rosto, delineando a curva da minha mandíbula. Devo ter sete anos e aprecio o gesto, assim como o sorriso que ela me oferece logo em seguida. Um dos mais raros, que chegam até seus olhos num brilho sincero de afeto ou algo do tipo. Não há nenhum hematoma em seu rosto, mas consigo localizar uma marca arroxeada em seu ombro, levemente exposta pelo caimento da blusa. Ao perceber que eu noto, ela rapidamente puxa a manga, cobrindo a pele ferida. Volta a me encarar da mesma forma afetuosa de antes, me segurando pelos ombros e ajeitando a fantasia uma última vez.

— Não volte muito tarde, está bem? E tome cuidado. — diz, passando as mãos pelo meu rosto uma última vez. Antes que eu me distancie em direção a porta, minha mãe deposita um longo beijo em minha testa.

Fico repetindo essa lembrança durante horas. O momento em si não deve ter durado mais de três minutos, mas tento multiplicar mentalmente cada um dos segundos. Os dedos longos e as unhas rachadas puxando a agulha e deslizando pela minha pele. O jeito como o sol destacava os seus cílios longos. A casa parcialmente encoberta pela escuridão, dando destaque a nós dois.

Não faço a mínima ideia do que aconteceu no restante da noite, e sinceramente, não me importo. É uma das poucas lembranças boas que tenho da minha mãe, e uma parte de mim se recusa a estragar isso. Mesmo assim, ainda fico refletindo sobre as centenas de dias que ela passou escondida em seu quarto, o corpo magro encolhido entre as cobertas encardidas, do mesmo modo que me encolho na cama nesse mesmo momento.

Minhas pálpebras pesam pelo sono que carregam, ainda fixas na imagem mental da minha mãe. De olhos fechados, consigo senti-la ao meu lado, o peso de seu corpo sobre o colchão. Respiro lentamente, o ar mais denso enchendo meus pulmões enquanto seus dedos compridos acariciam novamente meu rosto e abrem trilhas delicadas por entre os fios do meu cabelo.

Sua presença é aconchegante de uma maneira inexplicável. Durante esse curto momento, essa sensação é tudo o que existe no mundo. Minha respiração lenta. A pressão de seus lábios contra a minha têmpora. O cômodo pequeno e exageradamente genérico preenchido pela sua presença imaginada. O sono invadindo todos os espaços da minha mente.

Pelos próximos três dias, minha mãe não aparece. Nem o Mike-cadáver. Sem nenhuma alucinação, como a Dra. Lee escreve em minha ficha médica.

E eu lamento isso de uma maneira irracional.

O quarto parece mais vazio e claustrofóbico. Branco e metálico de um jeito aterrorizante. Exageradamente silencioso. Em vários momentos, me vejo desejando que alguém apareça e o preencha, como quando minha mãe estava aqui.

Enfermeiros se revezam em turnos e aparecem frequentemente para minha medicação e checagens. Digo que estou bem de uma maneira mecânica para expulsar sua presença forçada.

A Dra. Lee passa longos momentos em silêncio todos os dias, como se simplesmente não soubesse lidar comigo. Bem, eu não sei lidar comigo mesmo a muito tempo, então temos algo em comum. Seus lábios se contorcem numa linha fina e ela ajeita o óculos sem que ele esteja fora do lugar.

Tento preencher minha rotina com lembranças de Hannah, mas todas elas parecem vazias e deformadas. Tento não pensar no que realmente fiz para vir parar aqui. Tenho vontade de socar a parede como Steve fazia, por pura frustração. Me deito no centro do quarto, encarando as lâmpadas fluorescentes do teto até que a luminosidade borre a minha visão. Ando por todos os espaços possíveis freneticamente. Conto todas as pintas do meu corpo por horas e horas. Brinco com os talheres plásticos até que um novo enfermeiro venha buscar a bandeja após a refeição. Dobro e redobro a coberta fina e áspera. Encaro a câmera presa num dos cantos do quarto. Balbucio orações sem sentido. Desejo que tudo isso acabe.

E acaba, no dia seguinte. Eu não sei como meu comportamento catatônico me faz sair dali, mas faz. Para a Dra. Lee, esse já deve ser o meu normal, talvez. Uma parte de mim realmente a admira por conseguir lidar com a minha esquizofrenia catatônica, surtos agressivos, perdas de memória e uma vontade quase nula de realmente colaborar com o tratamento de uma forma mais efetiva.

Minha dose de sedativos foi reduzida com o passar dos dias ao ponto que eu já não durmo por horas. Um enfermeiro questiona a Dra. Lee sobre me sedar novamente para garantir que eu vá me readaptar junto aos demais pacientes de uma forma mais pacifica.

— Não vou tentar matar mais ninguém, se é isso que o incomoda. — me intrometo, mostrando que me incomodo em falarem como se eu nem estivesse lá.

O enfermeiro assente, e me guia para fora do quarto. A primeira vez que saio em uma semana. As luzes do corredor parecem mais claras enquanto ele me leva pelas escadas em passos silenciosos e rápidos, como se fosse uma grande tarefa só me guiar de volta a minha ala.

É estranho e um tanto amedrontador voltar. Parece que um milhão de anos se passaram ou apenas uma hora, de um jeito louco que faz meu estomago se revirar. Na última porta, estou de volta ao balcão das enfermeiras, com Betty, cujo um cacho de cabelo castanho sempre escapa do coque na altura da nuca, me encarando com um sorriso simpático, como faz desde que entrei aqui.

— Está de volta, Sr. Campbell. — anuncia o enfermeiro, antes de retornar todo o caminho.

Por um momento, permaneço de pé diante da porta, sem saber exatamente o que fazer. Vasculho o lugar com o olhar, passando pelas paredes cor de creme e as poltronas de couro levemente desgastadas. Dou um longo suspiro.

— Precisa de ajuda, Chris? — indaga Betty, me oferecendo outro sorriso simpático. Eu tentei matar alguém e mesmo assim ainda tem gente que me trata bem. Sinceramente, eu não consigo entender como isso pode acontecer.

Faço que não com a cabeça. Talvez ela ache que estou sedado demais para sequer lembrar onde fica meu quarto.

Mike aparece no corredor e para bruscamente ao me ver. As marcas das minhas mãos ainda aparecem ligeiramente no seu pescoço em tons que passam do vermelho para o roxo claro. Uma bela paleta de cores para uma aquarela, no caso, mas não comento nada disso porque estou ocupado demais o encarando de volta, seus olhos fixos em mim como Jeff já fez.

As linhas do seu maxilar se tencionam enquanto ele se aproxima de mim, os passos pesados sobre o piso sem carpete e os punhos cerrados. Pronto para deixar novos hematomas no meu rosto. Ótimo, penso, vou voltar para aquele maldito quarto por mal comportamento.

Permaneço parado. Permaneço parado mesmo quando seus braços se lançam contra mim, num abraço apertado e brusco.

Pisco algumas vezes antes de passar os braços ao seu redor de volta. Questiono novamente qual o problema de Mike para que ele arranque as mãos de pessoas com uma enxada e abrace caras que tentam mata-lo. Quando me solta, sorri enquanto ainda me segura pelos ombros, parecendo radiante ao me ver novamente, sendo que a última vez que nos encontramos, eu o via se retorcer em busca de ar enquanto o sufocava.

Então fala desesperadamente sobre tudo o que aconteceu na última semana. Incluindo, é claro, a volta de Emma alguns tons mais pálida do que o normal e com cicatrizes verticais nos antebraços por uma tentativa de suicídio mal sucedida, Jeff reclamando imensamente e dizendo que se arrependera de me impedir de matar Mike, Callie se exilando no quarto e ele ter passado duas noites em observação, jurando que não invadira realmente a sala da Dra. Lee.

— Mas você invadiu.

— Não, eu não invadi lugar nenhum. — declara, se virando em minha direção nas escadas, e piscando de forma suspeita. Exatamente como Jeff faria.

Reviro os olhos. Entro no meu quarto. Tento não pensar no que realmente fiz, escapando da minha mente como fiz durante últimos dias. Desenho folhas e mais folhas, manchando as mãos de grafite. Passo o restante da manhã lá, estranhamente feliz por estar de volta.


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Notas finais do capítulo

Um capítulo bem longo, né?
Têm palpites sobre o Erro do Chris dessa vez? Mike deu a dica de que ele é como o Jeff, e considerando que o Jeff matou pessoas....
Fica aí no ar.
Soltem críticas de como foram as cenas com alucinações. É bem complicado escrever coisas assim e eu nunca fico 100% segura sobre, então me deem um help.
É isso, até mais.



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