The Mistake Of Chris escrita por Realeza


Capítulo 21
Cigarettes, a frustrated call and "Please, Tomorrow."


Notas iniciais do capítulo

*Cigarros, uma ligação frustrada e "Por favor, amanhã"
Músicas: Daddy Issues - The Neighbourhood | Give me love - Ed Sheeran
OI FELIZ ANO NOVO QUANDO JÁ PASSOU QUASE TODO O PRIMEIRO MÊS DE 2017. Eu sou sempre atrasada então né, nada fora do normal.
Eu tô muito feliz que apareceram leitores novos no último capítulo, tipo, com vinte capítulos eu só espero mesmo o povo sumindo porque eu demoro vinte anos pra atualizar.
Percebi que eu uso muito as notas pra desabafar as vezes. Acontece né. O mais estranho é que essa semana eu não tenho nada a dizer. Então vou usar essa linha pra falar: vocês conhecem a página no face Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente? É um amor e um vício eterno viu.
Sobre o capítulo de hoje:
TEM A EMMA. Poxa, eu escrevi essa cena a um tempo e estava relendo pra revisar e gente, é um amorzinho. Fala sobre o passado dela, acho que vão gostar. E também tem uma carta mais tensa, por assim dizer. E Callie. Muitas coisas.
Até as notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/567443/chapter/21

Emma sopra a fumaça de um cigarro de maconha no meu rosto pela décima vez em 5 minutos. Estamos no telhado do prédio ao entardecer, a luz alaranjada do sol fazendo com que seus olhos pareçam ainda mais cristalinos ao me encararem.

— Então, como foi sua estadia em observação? — me pergunta, deitando a cabeça sobre os próprios joelhos.

— Alucinações, muita terapia e tal. — Desdenho do assunto com um movimento de cabeça. — Como foi no hospital?

— Mais vontade de morrer, mais terapia e cicatrizes maiores do que eu esperava.

Não a respondo e somente a observo mais uma vez, focando na pele de dentro dos braços e das novas cicatrizes ali presentes. Os cortes atravessam o braço numa linha quase diagonal partindo do pulso até quase a parte de dentro do cotovelo. Respiro fundo, sem querer lembrar do seu sangue manchando a toalha de piquenique e impregnado nas mãos de Callie.

— Não vai seguir o roteiro de como conversar com suicidas e me perguntar o motivo?

— Acho que se quisesse me contar, já teria feito isso. Não vou repetir frases da Dra. Lee sobre superação e tudo mais.

— Acho que eu meio que quero contar para alguém.

Emma encosta a cabeça no concreto as nossas costas e traga o cigarro mais uma vez, sem me olhar. A sua frente, o sol se esconde ligeiramente por atrás dos prédios a distância. Parece se preparar em silêncio para contar, então somente a espero encarando a mesma paisagem.

— As pessoas morrem por minha causa. É algo bem complicado de carregar sem tentar suicídio algumas vezes. — declara, seu tom lento e calmo. — Deixei meu irmão se afogar na piscina quando tinha 7 anos.

— Foi um acidente. — interrompo.

— Me deixe contar tudo, ok? Pare por alguns minutos de tentar fazer me sentir melhor, porque não vai adiantar. — Faço que sim com a cabeça, hesitante. — Ele tinha menos de dois anos. Era para eu olhá-lo enquanto meus pais se arrumavam para um jantar qualquer, já que a babá estava de folga. Eu me irritei com ele e saí de perto, então ele caiu na piscina.

— Você era uma irmã exemplar. — comento ironicamente, obedecendo ao seu pedido. — Sem frases de auto-ajuda.

— Com certeza. — concorda, com um sorriso triste. — E então, ano passado, teve a Audrey.

— Quem é Audrey?

— Minha ex-namorada morta. — Viro para encará-la, bastante surpreso. Principalmente com o tom de normalidade com o qual ela me responde. — Qual é, não achava mesmo que eu era hétero, né?

Na verdade, achava sim. Mas prefiro não comentar isso, mesmo que fique claro pela minha expressão. Emma revira os olhos e troca o cigarro de mão, apenas para me oferecer a outra.

— Emma Holland Delaney, 16 anos, transtorno de personalidade Borderline, suicida e lésbica. Muito prazer. — Se apresenta, e aperto sua mão em resposta. — Posso continuar a história então?

— Claro.

— Então, a Audrey morreu. Novamente, pelo meu comportamento idiota de usuária de drogas que não paga as próprias dívidas com traficantes. Então, a mataram, em vez de mim. — Faz uma pausa, absorvendo o que acabou de dizer. — Meus pais pagaram minha dívida, me proibiram de ir ao enterro da Audrey e enquanto seus pais velavam seu corpo, os meus me encontravam com um frasco de Valium vazio. Tentativa de suicídio frustrada número 1.

— E acabamos de presenciar a segunda.

— Pois é. Meu aniversário me lembra de todas essas merdas e meus pais nem mesmo ligaram para me dar os parabéns. Então foi bem ruim ver todo mundo tentando me alegrar sendo que não tenho motivos pra isso.

— Callie não sabia disso.

— Eu sei. A intenção dela foi a melhor do mundo, mas não funciona assim comigo.

No momento em que me viro para olhá-la, ela desviando dos últimos raios de sol que batem no seu rosto e fazem seu cabelo parecer quase branco, percebo. Emma está jogada na escuridão a tanto tempo que qualquer luz a incomoda.

— Me sinto realmente um lixo por tê-la deixado tão mal, Chris.

— Também não ajudei muito, se isso faz você se sentir melhor.

— Ela te ama e você é um idiota. Isso resume vocês dois muito bem, na minha opinião. — Emma me dá um tapa na cabeça, brincando. — Callie me contou sobre o maravilhoso piquenique de vocês dois.

— Foi desastroso, no mínimo. — suspiro pesadamente. — Pelo menos fui sincero com ela.

— E está sendo sincero consigo mesmo sobre não gostar dela?

Encaro Emma, absorvendo sua pergunta palavra por palavra, sem ter certeza da minha resposta por vários segundos.

— Callie merece alguém melhor do que eu. —concluo, sem de fato responde-la. Emma dá de ombros.

— Eu não vou viver pra ver vocês dois dando certo.

Quando ela termina de fumar e o anoitecer se conclui, nós descemos as escadas metálicas de volta aos dormitórios. Emma não diz mais nada sobre a nossa conversa e o seu passado. Não diz nada sobre eu e Callie. Também não contesto e a deixo ir para o próprio quarto, enquanto eu sigo para ver o Sr. Hughes.

Bato na porta, esperando que ele responda com a sua voz rouca de sempre. Quando isso não acontece, abro a porta apenas alguns centímetros a fim de vê-lo lá dentro.

Sua cadeira de balanço está voltada para a janela e o quarto está em silêncio, iluminado apenas pela luz amarelada do abajur de cabeceira. Ele não se vira na minha direção, mas me salda mesmo assim:

— Boa noite, Chris.

— Boa noite, Sr. Hughes.

E é só isso que dizemos um ao outro durante as duas horas seguintes, depois que eu coloco um disco para tocar. Ele permanece em sua cadeira, sem me olhar nem sequer uma vez, apenas com o olhar fixo entre as barras de ferro da janela. Não me pergunta sobre o ocorrido com Mike ou como foram os dias que passei em observação. Não lhe pergunto sobre o que está pensando com o olhar tão vago.

A música inunda meus ouvidos e me leva a Hannah, de um jeito não muito agradável. Sei que não vou gostar da lembrança que vai vir e balanço a cabeça tentando me livrar dela, sem sucesso. A música do ambiente continua tocando.

Saio de lá sem me despedir do Sr. Hughes. Vou para o meu quarto, sabendo que preciso escrever para Hannah nesse exato momento.

***

Querida Hannah,

Parei de pensar porque todos me abandonam. Não encontrei a resposta para a tal pergunta, mas parei de procurar, porque essa não é exatamente a questão.

A questão é: por que as pessoas não me abandonariam?

Sendo sincero comigo mesmo, eu me abandonaria, se isso fosse possível. Pensei muito nisso na última semana. Mas infelizmente, não é possível abandonar a si mesmo.

Tive uma lembrança hoje, Hannah. Sobre você. Sobre nós.

Estou deitado na grama do parque que ficava a poucas ruas das nossas casas e está nevando. Nevando pra caramba, como se todo o mundo tivesse recebido uma camada de tinta branca. Obviamente, eu estou quase congelando deitado sobre o gramado, e minhas roupas não são adequadas para tal frio.

Tiro o celular do bolso do casaco frio e úmido, meus dedos esbranquiçados procurando desesperadamente seu número na agenda. Clico para discar, colocando o celular no ouvido enquanto encaro o céu branco e os flocos de neve que caem em cima de mim.

Depois de quinze toques, cai no correio de voz. Resolvo deixar recado.

— Hannah, preciso de você. Agora. — Minha voz falha levemente. — Preciso desesperadamente de você, Hannah. Me encontra no parque, por favor.

Finalizo o recado apenas para tentar ligar mais uma vez. Minha cabeça dói. Minha cabeça dói e tudo o que eu precisava era de você, Hannah.

Você sempre me atendia, não é? Não importa com quem estivesse ou o que estivesse fazendo, você sempre me atendia. O que aconteceu com a gente? Eu me pergunto isso agora da mesma forma que me perguntava naquele dia ao ouvir os toques da chamada que não era atendida.

Ouço sua voz do outro lado da linha 11 toques depois.

— O que foi, Chris? — Nem mesmo um “oi”. Há sons de outras pessoas ao fundo e você parece distante. — Não estou em casa e estou, bem, ocupada. — Sua frase sai cortada por uma risada sufocada. Imagino quem estava te fazendo rir naquele momento.

Também imagino como que você estava gargalhando tão distante de mim enquanto eu me afogava no frio da neve e desejava morrer, mas isso não vem ao caso.

— Ouviu meu recado?

— Não posso ouvir agora, disse que não estava em casa.

Respiro fundo e meus olhos ardem. Aperto o celular firmemente contra a orelha.

— Preciso de você, Hannah. — Minha garganta fecha ao pronunciar essas palavras mas provavelmente você nem as compreende direito.

— Realmente não posso conversar agora. Depois nos falamos, ok? — Então você desliga, sua voz sendo abafada pelos sons ao fundo de conversas e música.

Por que você desligou aquela ligação, Hannah? Eu precisava de você. Eu preciso de você ainda, eu acho.

Era realmente tão difícil assim se manter na linha mais alguns minutos enquanto o simples som da sua voz já me acalmava?

Eu não sei se isso realmente importa, afinal de contas. Olha onde estou. Nem consigo te culpar, não sou capaz disso nem de nada parecido porque não acredito que não esteja recebendo essas cartas. Não acredito que simplesmente as joga na lata do lixo com o selo de cera ainda intocado. Você não conseguiria fazer isso. Você não conseguiria me esquecer.

Eu não quero falar sobre o porquê de não escrever na última semana. Isso não importa de verdade, eu acho.

O que importa de verdade é que eu estou confuso pra cacete. Que mesmo sem te ver, você me confunde pra cacete e me deixa desnorteado.

Passei um tempo com a Emma, a garota que tentou se matar. Nós dois temos impasses passados não resolvidos que nos impedem de seguir em frente. Você é meu impasse, Hannah. E todos me dizem que eu devo superar isso.

Quero conversar com a Dra. Lee ainda, mas acho que vou parar de te escrever por um tempo, até que eu não esteja tão confuso assim. Mais lembranças significam mais terapia e menos cartas, eu acho.

Com amor,

Chris.

***

Uma enfermeira me busca pessoalmente para a aula de ioga na quinta, mesmo que eu não queira ir. Sua desculpa é que preciso pegar um pouco de ar depois de uma semana em isolamento. É uma desculpa bem ridícula.

Callie está me evitando desde que voltei, provavelmente pela meu comportamento agressivo ao tentar matar alguém. No momento em que me aproximo dos colchonetes já dispostos sobre o gramado pela manhã, ela faz questão de desviar o olhar de mim. Observo os raios de sol baterem em seu cabelo claro e sua expressão tranquila durante a aula, sem me aproximar mais do que três metros.

Mike me dá tapinhas nas costas de uma forma compreensiva quando me pega a olhando.

— Daqui a pouco vocês se resolvem.

Não respondo mas continuo olhando-a e procurando-a a cada segundo durante o dia. Assim, as sessões de estudo são interrompidas e meu dia passa em branco sem sua presença para colori-lo. Até Steve nota que tem algo em mim:

— A Dra. Lee disse que você estava relativamente bem sobre o incidente de semana passada, Chris.

— Eu tentei matar alguém. Não sei como estar relativamente bem quanto a isso. — Hoje, Gregg não está aqui. Passei uma semana sem ver meu irmão e parece que uma década se passou. Vejo a preocupação no seu maxilar tenso e no olhar baixo.

— Você não o mataria de verdade.

— Mataria. Eu sei que faria isso. — rebato, sendo sincero. Sei que naquele momento, eu facilmente apertaria mais e mais o pescoço de Mike até que sua pulsação sobre os meus dedos cessasse.

— Foi um erro, Chris. Não é você de verdade, é apenas...

— A minha esquizofrenia, eu sei. — completo, de uma forma metódica como Steve sempre diz. — Minha esquizofrenia sou eu. O erro sou eu.

— Sua doença não é tudo o que você é.

Não respondo. Pela primeira desde que chegou, Steve me encara e é a minha vez de desviar o olhar. Remexo as mãos no meu colo, esperando que ele mude o assunto e conte sobre o chefe chato, como o trabalho é estressante e as provas da faculdade. Em vez disso, ele conclui o pensamento:

— Você é meu irmão, Chris.

Nem mesmo consigo erguer os olhos para ele. Não consigo me mover nem um centímetro e nenhuma das palavras que se formam na minha mente parece conseguir ser pronunciada. Meu irmão suspira, como se estivesse largando a tensão presa em seu maxilar desde que entrou pela porta do meu quarto, antes de ir embora:

— Nunca se esqueça disso.

Não quero ir para a terapia mas sei que uma nova enfermeira virá pessoalmente me buscar caso seja necessário. Chegar atrasado não irá me ajudar em nada, e já estou prestes a sair quando Mike bate na minha porta.

— Precisamos ir. — assinto com a cabeça, imaginando Mike substituindo a função da enfermeira.

Encontramos Jeff na escada, e bebe um último gole de vinho de uma caneca antes de escondê-la atrás de um vaso. Se aproxima de mim e me dá tapinhas amigáveis nas costas exatamente como Mike tinha feito mais cedo.

— Foi mal pelo soco na semana passada. — Ele aponta para o meu rosto, onde o hematoma já desapareceu quase por completo.

— Sem problemas. — respondo, sabendo que na verdade deveria de certa forma agradecê-lo por não me deixar matar alguém.

Ainda não estou no nível de agradecer a psicopatas, eu acho.

Nos sentamos nas mesmas cadeiras dispostas num círculo mal feito de sempre. Callie já está lá, e nem ao menos guardou lugar para mim. Me posiciono a sua frente, de modo que consiga vê-la durante toda a sessão.

A Dra. Lee ajeita os óculos e a prancheta no seu colo. Todos permanecem em silêncio. Alguém se ajeita na cadeira. Ninguém se encara ou fala algo. Quase dá pra ouvir o relógio marcando os segundos do outro lado da sala. É terrível.

— Hoje vamos falar sobre aceitação. — declara a doutora.

— É um tema bem vago. — Emma rebate. Me preparo para fugir mentalmente do lugar que me cerca durante a próxima hora.

— Adapte à sua situação. Aceitar a si mesmo, ao seu passado, a sua situação atual.

— Aceitar sua situação atual é fugir da própria melhora. Se eu aceitar toda a merda que tá acontecendo agora e me conformar, nunca vou sair disso. — fala Beatrice, brincando com mechas do cabelo cacheado entre os dedos. Há maquiagem azul em seus olhos combinando com o vestido de babados da mesma cor.

— Mude o que não pode aceitar, aceite o que não pode mudar, não é? — Nathan responde. Ele é uma das pessoas que eu não faço questão de notar a existência. Rodeio a sala com os olhos, parando em seu rosto e na cicatriz que cruza a metade esquerda da sua face.

A Dra. Lee concorda com o que ele diz, mesmo que seja uma citação bastante clichê.

— Mas ainda assim muito válida. — argumenta.

Olho na direção de Callie do outro lado da sala e a flagro me encarando. Suspiro pesadamente, ciente da distância incomoda entre nós e em como eu odeio isso. Ela ergue o queixo e não desvia o olhar, não me sorri.

Sei que a decepcionei. Sei que ela tem um milhão de motivos para simplesmente desviar os olhos de mim e nunca mais se permitir olhar na minha cara. Na real, não existem muitos motivos para que ela não faça isso. Então agradeço mentalmente por ela pelo menos me encarar pelo restante daquela hora.

Parece que ninguém realmente quer estar aqui de verdade hoje e todos falam o mínimo possível e da forma mais superficial possível. Estamos todos cansados. As respirações são lentas e as olhadas para o relógio em busca de minutos passados são frequentes.

Noto pessoas que eu nem mesmo me recordo o sobrenome. Noto Elizabeth desfazendo e refazendo a trança em seu cabelo comprido, os dedos acostumados com a tarefa enquanto ela pergunta em voz alta para a Dra. Lee se como faz para simplesmente aceitar que três caras a atacaram a cinco anos quando voltava do colégio. Noto a Dra. Lee engolindo a seco antes de responde-la de forma vaga.

Noto Callie cutucando a cutícula quando não está me encarando. Noto Emma mexer a perna roboticamente e mudar de posição na cadeira a cada cinco minutos. Jeff brinca com os próprios cadarços desamarrados e dá leve sorrisos sarcásticos a cada nova história passada ou problema relatado com uma voz entediada e distante.

Quando finalmente acaba e a Dra. Lee anuncia isso com uma voz que denuncia seu alívio, nos levantamos prontos para seguir de volta aos quartos ou sei lá o que. Atravesso a sala rapidamente, antes que Callie consiga chegar até as portas duplas. Seus passos aumentam de velocidade quando notam minha aproximação, sem me olhar diretamente. Seguro seu pulso entre os dedos e chamo seu nome baixinho:

— Por favor. — peço, sem nem ao menos saber o que eu estou implorando.

Por favor, olhe para mim.

Por favor, fale comigo.

Por favor, vamos voltar ao que éramos antes.

Por favor, vamos reinventar o que somos.

Por favor, não me abandone.

Ela nega com a cabeça uma vez, soltando um suspiro. Sei que deveria soltar seu pulso nesse momento e deixa-la ir, mas não consigo. Novamente, eu me recuso a deixar que Callie vá embora. Acaricio sua pele com o polegar, sentindo o relevo da sua cicatriz.

Nesse momento, ela se vira para mim com os olhos azuis cheios d’água e prestes a transbordar. Quero abraça-la, mas sei que isso só a faria socar meu peito e se afastar de mim.

— Eu não estou falando com você. — diz, tentando não deixar a voz tremular. — Não sei se consigo fazer isso.

— Não fale comigo então, mas não se afaste de mim. — Ainda seguro seu braço e tento puxá-la ligeiramente para mais perto, mas Callie não cede. Ergue a cabeça para as luzes brancas do teto e pisca repetidas vezes tentando se livrar das lágrimas acumuladas.

— Você não entende, Chris. — declara, tentando puxar o braço de mim. Eu tenho um longo histórico sobre não entender as coisas ao meu redor, então não nego. — Você tentou matar alguém. Eu não sei se posso lidar com isso.

— Não sei o que aconteceu. Foi um erro, está bem? Mais um para a minha lista. — Dou um sorriso cínico e ela não faz o mesmo. — Eu não sei se posso lidar com isso sem você.

Ela ajeita o cabelo e olha para o outro lado. Percebo que o que eu disse é uma verdade irrefutável.

— Foi horrível semana passada. Eu queria muito simplesmente morrer dentro daquele quarto. ­— continuo, me explicando.

— Não diga isso. — me corrige bruscamente, a voz dura por um segundo. Depois, fica em silêncio. A sala está vazia. Emma a espera perto da porta e Callie lança um breve olhar em sua direção. As cadeiras de plástico tortas nos rodeiam. — Amanhã. — Callie diz, e soa como uma promessa.

— Amanhã. — reafirmo, me apegando a isso. Amanhã. Repito todos os “por favor” mentalmente antes de soltar seu braço suavemente. A simples possibilidade de que amanhã ela vai ficar perto de mim parece inacreditável, mesmo que eu deseje o agora, seus braços ao redor do meu pescoço enquanto me abraça ou que me arraste para o quarto para conversar sobre qualquer assunto.

Amanhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

VAMOS AS PERGUNTAS:
1- O que acham da Emma pós incidente suicida? Notaram algo de mais estranho nela ou sei lá. Juntem isso com as informações do passado dela.
2- REVELAÇÕES DE MENINA EMMA AQUI HOJE. Quem já esperava por isso da Emma ser lésbica ou foi surpresa só pro lerdo do Chris mesmo?
3- Teve uma frase/termo nessa cena que vai servir de ponte para acontecimentos futuros. Alguém arrisca o que foi?
4- Essa lembrança do Chris foi um pouquinho tensa né? Ajudou sobre a Hannah?
5- O que acham que o levou a tomar a decisão de maneirar nas cartas agora?
6- Apareceram personagens novos pela visão do Chris. Sejam criativos sobre eles, quem sabe com o comentário de vocês eu não encaixo alguma coisa nova.
7- FALEM SOBRE CHALLIE AQUI. ESPAÇO RESERVADO.
É isso, pessoas. Eu espero muito que tenham curtido, de coração.
Até mais ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Mistake Of Chris" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.