Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 6
Desesperança


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Um capítulo emblemático que marca o princípio de muitas coisas que virão a seguir...
Boa leitura!
P.S: não se esqueçam de ler as notas finais, tenho um aviso importante para vocês.



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Tarde da noite estaciono o meu carro em frente ao prédio de Steve Rogers, depois de seguir os seus passos pelo localizador que coloquei em sua moto. O velho está são e salvo.

O movimento em frente ao seu prédio é zero, não há nem um veículo que passa, nem uma alma penada, sequer um cachorro vira-lata procurando por comida. O movimento é zero. Assim que é vigiar Steve Rogers: o mais simples e puro tédio. O velho não parece ter muitos amigos e muitas coisas a fazer que não sejam sobre seu trabalho, ou algo relacionado a ele, ou então sobre remoer o seu passado indo a um museu contando a sua história. Bem, imagino que é difícil acordar em uma época totalmente diferente da sua e saber que tudo o que existia até então se tornou em cinzas, de repente todos morreram, tudo se acabou e praticamente tudo é diferente, mas a vida é assim, repleta de mudanças a cada segundo. As pessoas morrem, as coisas se acabam e nada resta além da história, por que se fechar então se a vida é sinônima de mudança? Isso é um saco, mas a vida exige mudança a todo o momento, e é melhor dançar conforme a música toca senão você está fora do baile.

— E pensar que eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa. — reclamo chegando à conclusão que esta missão é inútil.

Eu não gostaria que algo acontecesse a Steve Rogers, mas eu gostaria de ter pelo menos um pouquinho de emoção. Afinal, ele é o Capitão América, não é?

Um barulho familiar chega aos meus ouvidos, vindo da direção do apartamento de Steve. Um som extremamente conhecido: tiros.

Saio de dentro do meu carro em um movimento rápido, correndo em direção de seu prédio empunhando uma Glock em minha mão que até um minuto atrás estava inerte.

— Hey! — Exclamo ao ver uma jovem mulher loira com uma arma na mão em frente à porta do apartamento de Steve. Mantenho a mira da minha arma em sua cabeça, ela vira-se de repente e a reconheço da S.H.I.E.L.D.

— Agente 13? — pergunto estranhando sua presença. — O que você está fazendo aqui?

— O mesmo que você. — ela responde ao virar-se para a porta do apartamento de Steve. — Protegendo o Capitão Rogers.

Sem mais esclarecimentos ela dispara dois tiros contra a fechadura da porta, e finaliza a chutando e já adentrando o apartamento de Steve, eu vou bem atrás dela. Protegendo o Capitão Rogers? Que diabos mais o Fury me escondeu nessa missão?

— Capitão Rogers? — a tensão do local é palpável, não visualizo Steve em nenhum lugar. Deus permita que não tenha acontecido nada com ele. — Capitão... — A Agente 13 diz, e eu solto um suspiro de alívio ao ver o rosto de Steve, que se esconde atrás da parede que divide o cômodo.

— Sou a Agente 13, serviço especial da S.H.I.E.L.D.

— Kate? — ele pergunta surpreso. Quando entro em seu campo de visão a sua reação se agrava. — Jessie?

— Fomos designadas para protegê-lo. — esclarece a Agente 13, Sharon Carter.

— Com ordem de quem? — inquere ele um pouco aborrecido, seu olhar é acusatório para nós duas.

Sharon dá mais alguns passos e entra no cômodo em que ele está, seu olhar para em sua frente no chão, e eu sigo o mesmo caminho para ver o que tanto a intrigou.

— Dele. — responde estupefata. Eu abaixo a minha arma em choque.

O diretor Fury está estirado no chão, não sei se vivo ou morto. Não era esse tipo de emoção que eu queria.

Sharon toma as devidas providências, se aproxima de Fury colocando a sua arma no chão já verificando a pulsação. Steve parece ainda não saber o que fazer.

— Foxtrot abatido — ela comunica depois de puxar um walkie-talkie de sua cintura. —, não está respondendo. Envie paramédicos.

“Abatido”, a palavra certa para que eu deixe que o choque se vá e eu entre em ação para ajudar. Sento-me no chão próxima a Nick e a Sharon, vejo bastante sangue nas típicas roupas escuras de Fury, pelo jeito que está tudo indica que ele foi baleado pelas costas, covardemente. Como em um ritual para essas situações, eu rasgo a manga da minha camisa e coloco próxima a suas costelas direitas para conter o sangramento aparente.

— Identificação do atirador? — uma voz masculina ressoa no walkie-talkie.

— Diga que estou em perseguição. — anuncia Steve quase ao mesmo tempo em que podemos ouvir o barulho de vidro se estilhaçar. O barulho que evidencia que Steve se chocou contra a janela de seu apartamento para o início de uma perseguição ao atirador.

—Não identificada. O Capitão América está em perseguição. — responde Sharon.

— Entendido. Uma equipe de paramédicos chegará em aproximadamente dois minutos. — a voz no comunicador diz, encerrando o diálogo.

Nick Fury ciente mostra-se inquieto, Sharon muda de posição, segura a cabeça de Fury para que ele não faça algum movimento brusco que traga complicações, e orienta:

— Não tente se mexer ou falar, diretor Fury. Os paramédicos já estão chegando.

O seu olho se fixa em mim, e sua boca tremula na tentativa de dizer algo.

— Sim, eu já entendi Fury, eu estou demitida. — tento brincar um pouco para amenizar a situação, mas não funciona. Olhando-o, continuo: — não tente falar, se acalme.

Tanto as recomendações da agente Carter quanto as minhas são ignoradas. Fury é impassível mesmo quando está na corda bamba.

— Quei... me... A... — Fury murmura com custo. Eu o corto antes que ele se esforce mais:

— Entendido, diretor Fury. — balanço positivamente a cabeça, Sharon fica um pouco confusa e levemente desconfiada.

— Agora o senhor trate de manter essa boca fechada, tá? — tento ordenar parecendo furiosa, e nada mais se é falado até que os paramédicos chegam.

O apartamento de Steve se enche de agentes, e reforços. Fury é colocado em uma maca especial pelos paramédicos e eles saem diretamente para um centro médico especial da S.H.I.E.L.D. no Triskelion.

— O que o diretor Fury quis dizer com aquilo? — pergunta Sharon depois de voltar de uma conversa com algum dos superiores.

— Desculpe, mas você não está autorizada a saber disso. — respondo grosseiramente sem me importar que ela se irrite, ou se ofenda.

E como palha perto ao fogo, irritação parece queimá-la de uma vez.

— Além de ser neta de Peggy Carter eu sou agente nível nove, agente Wally. Então seja o que for eu estou mais do que autorizada a saber o que o diretor Fury disse. — ela expõe em um tom muito irritado.

Eu viro-me para ela, lançando-lhe um olhar frio. Odeio essa coisa de níveis.

— Assim como eu deveria saber que eu não era a única que estava vigiando o Capitão Rogers, não é? — ela rola os olhos, cansada. — Sabe que poderiam ter evitado bastantes transtornos se tivessem tido ao menos um pouco de cortesia para me contar?

— Só pra você saber, eu não concordei com isto, mas o diretor Fury quis assim e eu não iria desrespeitar uma ordem direta dele para fazer uma “cortesia”. — fala séria. — Minha missão não era para ser amiguinha de ninguém, agente Wally, apenas proteger o Capitão Rogers. — ela informa em total altivez e profissionalismo, quase invejável.

— Dane-se. — murmuro em resposta, seu queixo cai mostrando-a perplexa com a minha resposta, acho que ninguém bateu de frente assim com ela. Se ela espera que eu diga algo a ela, ela pode esperar uma vida inteira que isso não irá acontecer. Não tão fácil assim.

Steve Rogers retorna, de jeito ofegante passa pela porta um pouco destruída de seu apartamento com o seu escudo de Capitão América em uma de suas mãos. Pela sua expressão parece não ter tido tanta sorte na perseguição. Ele avalia o local, olha cada rosto e quando vê a mim e a Agente 13, pergunta sério:

— Onde está o Nick?

— Os paramédicos o levaram para a base médica da S.H.I.E.L.D. — responde a Carter depois de me olhar recriminando mais uma vez.

Steve nos olha desconfiado, talvez notando certo clima de tensão entre nós.

— O que foi que aconteceu?

— Nada. — respondo dando passos para sair do local, passo por Steve um tanto sem graça. Agora ele sabe da verdade. — Eu estou indo ver Fury, se não tem mais perguntas, Agente 13.

— Agente Wally. — ela me chama quando estou a um passo de sair. Paro.

— Hm?

—Você ficou me devendo uma resposta — ela fala. —, terei que relatar isso aos superiores.

Era mais do que certo que eu entraria numa enrascada negando informações.

— Sem problemas. — respondo quase sem ponderar o aviso.

Saio do apartamento e volto para o meu carro dando partida em direção à base da S.H.I.E.L.D.

Mas não sem me lembrar da última ordem que Fury me deu. “Queime”, ele quer que eu queime a pasta que contém as informações sobre a identidade secreta do Homem Aranha. E automaticamente me lembro o que ele me disse no mesmo dia: “Não confie em ninguém”, bem, com certeza a lista se torna bem grande. E sinto que há um perigo enorme se aproximando de nós, o ataque à Fury é prova disso.

Compro o álcool depois de ter parado o carro em um estacionamento de supermercado 24 horas.

Já de volta ao estacionamento abro a pasta uma última vez vendo o seu conteúdo, gravando em minha mente todas as informações importantes que nela existem. Informações que não podem ser reveladas ou descobertas por ninguém. Todos sabem, um herói precisa ter a sua identidade secreta senão o perigo é iminente. Que o diga, Tony Stark.

Encharco as suas folhas com o líquido e assim jogo a pasta no chão, retiro de meu bolso da calça um caixinha de fósforos que comprei também no supermercado, e acendendo um fósforo olhando-o por um segundo antes de jogá-lo sobre a pasta. E o fogo se inflama rapidamente, consumindo assim pouco a pouco todas as informações que nela havia.

Informações sólidas sobre a identidade secreta de um herói se transformam em cinzas em poucos minutos.

Missão cumprida, diretor Fury.

Volto para o meu carro, entrando nele novamente deixando para trás apenas os restos do que um dia fora uma pasta.

Vou dirigindo até o Triskelion da S.H.I.E.L.D. imaginando em qual estado de saúde Fury se encontrará. E é claro, não posso me esquecer e deixar de lembrar também que logo me chamarão para algum interrogatório, e minha situação não é nada boa.

Identifico-me na entrada da base da S.H.I.E.L.D. e sigo esse ritual por vários pontos até chegar à área médica em que Fury está. Na área cirúrgica.

Por incrível que pareça sou autorizada a entrar na sala em que assiste a cirurgia, nessa altura eu pensava que eles já quisessem me prender por ter negado informações a uma agente nível 9.

Entro na sala e nenhum dos presentes me dá um mínimo olhar mesmo sendo evidente a minha presença, todos estão vidrados na cirurgia que é feita. Na sala se encontram Steve, Natasha Romanoff (a Viúva Negra), e a agente Maria Hill, eu diria que ela é o braço direito de Fury.

Uma agitação se forma entre os médicos, suas vozes dão ordens e instruções sobre algo errado. Eu ouço tudo, mas a situação do momento me impede de compreender o que eles dizem. O fato é: Fury não tem pulsação. O desfibrilador é pego, e posto contra o peito de Fury lhe causando um choque na esperança que seus batimentos cardíacos voltem.

Uma, duas vezes. Nada.

No monitor de pulsação cardíaca somente há uma fina linha, o que quer dizer que os batimentos de Fury não voltaram. O som constante da máquina não se altera, causando apenas a desesperança que cresce dentro do meu peito.

Fury está morto.

Saio da sala não querendo mais ver isso, dou alguns passos e apoio-me na parede do corredor que tem um constante movimento de pessoas.

Eu odeio ver as pessoas morrerem sabendo que a causa de suas mortes são pela glória de homens maus e sanguinários. É ofensivo, homens que desprezam a vida e o seu grande valor, vivem, e as pessoas que prezam, amam a vida e a defendem, acabam morrendo pelas mãos destes.

As pessoas boas não deveriam morrer assim.

O mal jamais deveria se sobressair sobre o bem, mas a cada dia que passa é o que acontece e lutar contra isso se torna totalmente sem sentido e inútil.

Lágrimas mais de raiva do que de qualquer outro sentimento escapam de meus olhos escorrendo pela minha face.

Sinto a presença de alguém bem próximo a mim. Não sei como sei, mas tenho a absoluta certeza que é Steve. Mantenho-me de costas para não encará-lo com as minhas emoções a flor da pele.

— Fury não deveria ter morrido. — desabafo com ele, tentando manter ao menos minha voz controlada.

— Eu sei. — ele concorda depois de um momento talvez pensando no que dizer. A raiva em sua voz é perceptível. — Mas quem fez isso pode ter a certeza que irá pagar. O assassino de Nick não ficará impune. — promete convicto.

— É, pode ser. — mesmo que seja assim, um homem bom morreu hoje, e ele jamais voltará. Eu sei que ele era um chefe chato e que me irritava 99,99% do tempo, mas ele era o meu chefe chato, eu sentirei a sua falta. Não sei se uma punição para quem causou a sua morte seja o suficiente, isso não trará de volta a vida dele.

Prendo as lágrimas que insistem em escapar de meus olhos. Steve percebendo o meu estado dá um passo à frente ficando mais próximo de mim, mas não consegue falar nada e nem tomar alguma atitude, e ele nem precisa, a sua presença é consoladora, o seu apoio também, mesmo que suas palavras sejam poucas e não prometam o que causaria alívio para mim, me sinto como se não estivesse sozinha neste barco. E sei que não estou.

— Pode ser, Capitão. — repito novamente, controlando-me. Passo as minhas mãos pelo o meu rosto limpando os resquícios do choro, é hora de encarar a realidade. Águas passadas não movem moinhos.

— Desculpe por ter mentido para você Steve... — digo finalmente mudando de assunto e virando-me, o encaro. Ele olha o meu rosto minunciosamente, e sua expressão de compaixão e camaradagem se transforma em séria em milésimos de segundos. — Digo, Capitão... Eu gostaria de ter dito a verdade desde o início, mas Fury tinha me dado ordens diretas para não deixar que você soubesse... Sinto muito.

Ele está contrariado com tudo isso e é mais do que evidente.

— Você mentiu para mim. — ele acusa, depois de se afastar de mim em um momento de julgamento.

Eu concordo com um balançar de cabeça, me sentindo talvez mais culpada do que eu sou.

— Sinto muito, Capitão. Mas eu não podia contar a verdade.

Ele bufa, antes de dizer:

— Em respeito à Fury, eu não vou dizer o que eu penso... Não é o momento e nem a hora. — ele aborrecido se contém por um momento, e continua em seguida: — Mas nunca mais minta para mim, agente Wally.

Não tenho tempo de responder já que Maria Hill e Natasha Romanoff saem juntas da sala que momentos antes estávamos. O olhar das duas cai diretamente em mim, e minha vontade é de sair correndo para me esconder desses olhares minuciosos, mas resisto essa vontade infantil.

Um senhor com roupas cirúrgicas aparece no corredor com um olhar vago sem emoção sobre nós que para diretamente em Maria Hill.

Apenas trocam um olhar de compreensão, então ela se despede de Natasha seguindo o médico.

É engraçado como nestes momentos as palavras são escassas e desnecessárias.

Afasto-me de Steve e Natasha andando pelo corredor rumo a nenhum lugar em específico sem lhes dizer também qualquer palavra, ou lançar algum olhar de entendimento, tudo o que ronda a minha mente é que Nick Fury está morto e não há volta.


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Notas finais do capítulo

Eitcha! Nick Fury está morto. Ou será que não? :-3
Bom, nem tudo será como no filme, prometo várias várias surpresas nos próximos capítulos.
Mas enfim, tenho uma notícia não muito boa para informar, eu estarei dando um tempo aqui na fanfic. E eu sei muito bem que prometi que haveria 1 capítulo por semana, mas não dá pra controlar alguns acontecimentos que nos acontecem na vida pessoal, e achei assim melhor dar um tempo para que não escrevesse nada de qualquer jeito.
Mas pretendo não demorar muito nesse tempo de afastamento, talvez só algumas semaninhas até as coisas ficarem mais suportáveis x_x
E quando eu voltar pretendo recompensar pelo tempo afastada, beleza pessoal?
É isso, nos reencontraremos em breve. Até mais! Bjs.