Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 4
Uma grande mentirosa


Notas iniciais do capítulo

AHEO!
Cheguei meu povo, podem se alegrar, lerem, e comentarem mais um capítulo! Instigo à todo mundo a fazer tudo isso, e necessariamente nessa ordem, haha.
Obrigada ao pessoal que comentou e se manifestou no capítulo anterior. >.< continuem comentando pessoal, isso me faz muito feliz e me anima sempre a escrever.
Sem mais delongas... Boa leitura!



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— Você pode começar falando o porquê estava me seguindo. — Steve Rogers me sugere sério. Na verdade, encontro muito mais ordem em sua voz do que sugestão.

Intimidante como sempre.

Estamos em uma cafeteria próxima ao museu, o Capitão voltou ao seu semblante indolente e postura de imperdoável, que demonstra que espera somente um vacilo meu para que me mande para a cadeia mais próxima.

Bem, pode parecer exagero se tratando do Capitão Porto Rico (lê-se Capitão América) em questão, mas é isso que ele me passa com seu olhar fulminante e desconfiado.

Sorrio para ele evidenciando estar constrangida.

— Bem, Capitão... Eu estava te seguindo porque eu precisava falar com você, e não via alguma forma de te abordar.

Ele ri brevemente irônico.

— Me desculpe se eu não acredito, mas você poderia muito bem ter falado comigo na S.H.I.E.L.D, nós nos encontramos lá, não?

— Eu sei, eu sei tá legal?! Eu sei disso, e foi o que eu tentei. — minto, na verdade sempre que ouvi de sua presença na S.H.I.E.L.D. eu tomei o caminho inverso do qual ele estava, apenas para não cruzar com ele. — Mas... Sei lá, eu fiquei com vergonha, não é fácil para mim.

Noto o seu olhar intrigado sobre mim, me avaliando. É a oportunidade perfeita para que eu faça a minha jogada de mestre, sem culpas. Eu estou fazendo o meu trabalho, então o que há de errado em contar uma mentirinha que não é tão mentira assim?

Encaro os seus tão sérios olhos azuis. Suspiro antes de falar:

— Você não se lembra de mim?

— Eu deveria me lembrar? — confuso ele questiona mais a si do que a mim, depois de um momento. O que quer dizer que há algum resquício de lembrança.

Espero que sua mente trabalhe e encontre logo a resposta, segundos vão passando. Sei que parece muito fanatismo esperar que ele se lembre de mim da batalha de NY, mas ele me olhou e até acenou com a cabeça para mim, okay, isso soa como fanatismo mesmo.

— Desculpe, Capitão. Seria muita presunção a minha esperar que se lembrasse de mim.

— Na verdade... O seu rosto não me é estranho. — visivelmente intrigado ele confessa, sua cabeça inclina-se um pouco em meio ao seu ar pensativo. — De onde nos conhecemos?

Sabendo que toda a sua curiosidade está desperta, resolvo despejar de uma vez:

— Ano de dois mil e doze, batalha de New York, Quinta avenida, aliens por todos os lados e uma idiota com uma arma na mão com lentíssima ação está com um pé na cova quando um Chitauri está prestes a matá-la, eis que surge o escudo do Capitão América e o derruba, consequentemente acabando com todos os outros aliens ali. Capitão América é o herói, e a mulher tinha que agradecê-lo. Obrigada, Capitão América, você é o meu herói.

Termino o relato ofegante, acho que quase me desesperei de verdade em contar tudo de uma vez. Quase.

A sorte está lançada. Volto o meu olhar para ele, que se encontra imóvel.

— Uau. — sussurra ele em seguida, estupefato. Rogers parece ter sido surpreendido como um tapa na cara que não se espera. Se não fosse proposital, talvez, eu devesse ter ido mais devagar, mas foi totalmente proposital.

E no tempo certo o café que antes pedimos chega. Não poderia ter chegado em melhor hora do que esta. Pego a minha xícara dando a maior atenção do mundo ao seu conteúdo, se assim pudesse fazer com que este momento constrangedor acabasse como se fosse apenas um terrível pesadelo.

Amaldiçoo a mim mesma por ter que fazer o que estou prestes a fazer. Foco, Jessie. Foco.

— Hey, tudo bem vai com calma. — aconselha-me Rogers, provavelmente notando o meu embaraço quando tomo o café de uma vez.

Minha língua queima, e é difícil sorver todo o café. Levo minhas mãos à boca, impedindo-me que cuspa o café novamente na xícara, e me envergonhe demasiadamente em frente ao Capitão Rogers.

Já passei vergonha o suficiente por hoje, e tenho mais esta, a culpa é toda minha.

Engulo o café. Sentindo-o descer por minha garganta como se fosse ácido e chegar ao meu estômago como fogo. Mas tudo bem, faz tudo parte do meu plano.

— Você está bem?

Levanto o meu olhar timidamente para Rogers que me encara.

— Sim... — murmuro reprimida, um tanto baixo demais por causa da língua um pouco queimada. — Não.

Em um segundo, estou eu com a língua para fora, abanando a mão como se pudesse esfriá-la. Uma completa idiota e estabanada aos olhos de qualquer um que vê, mas em especial aos olhos de alguém.

Steve ri abertamente, e pede água para mim de algum funcionário da cafeteria que logo traz e me entrega.

Tomo um gole d’água, minha língua parece estar morta. Isso seria engraçado, se não incomodasse tanto.

— Obrigada. — lanço um olhar de agradecimento ao Capitão.

— Agora eu entendo.

— O que?

— Você. — e agora é a minha vez de franzir o cenho. Ele continua: — O porquê de ter me seguido... Desculpe, mas notei que você é um pouco atrapa... Apressada. — conserta-se ele antes de dizer algo do qual se arrependa.

Xeque-mate.

Externamente minha expressão é de irritação, mas por dentro tenho o maior sorriso do mundo. Meu objetivo de que ele pensasse que eu era uma atrapalhada por completa para que ele não viesse a desconfiar de outra coisa por eu tê-lo seguido, foi alcançado com sucesso.

Reviro os olhos acompanhando a risada de Rogers, mas a minha sem muito humor.

— Então, você se lembra? — pergunto.

— Sim, eu me lembro... Inicialmente eu não me lembrava, tinha apenas a impressão de que a conhecia de algum lugar. Agora ouvindo você contar detalhadamente a história, acho que seria impossível não lembrar, não é?

Sorrio para ele com um misto de emoções, agradecimento, felicidade, satisfação. E fico verdadeiramente mais feliz por ver um ligeiro sorriso em seus lábios que refletem o humor de seus olhos, isso quer dizer que o meu trabalho foi bem feito. Ele não desconfia de mim. Sou uma completa idiota aos seus olhos, mas okay.

— É, é verdade. — rio. — Mas é válido também, já que você me assustou com toda essa pose de “Irei te colocar na cadeia mais próxima caso você pisque no tempo errado”. Eu me desesperei um pouco. Você é intimidante, tem que admitir Capitão.

— O que você esperava que eu fizesse? Notei você me seguindo desde a ponte. Eu não acreditaria que alguém me seguiria assim somente para me agradecer. — ele articula. — Pra falar a verdade, eu ainda nem acredito.

Meu sorriso se esvai aos poucos. Desde a ponte? Eu havia pegado um atalho só para ele não notar que eu estava o seguindo, só que pelo visto, é preciso de mais estratégia para burlar o Capitão América. Serei mais cautelosa da próxima vez.

Encaro-o agora com franqueza, aproveitando este momento de leve descontração, digo:

— Mas é verdade, Capitão Rogers. Pode acreditar, eu sempre quis te agradecer pelo que você me fez, ter salvado a minha vida, foi o melhor presente que alguém poderia me dar. De lá para cá eu resolvi mudar totalmente, uma vez ou outra, eu me lembrava de você, pensava em te contatar para agradecer. Mas sabe como é, não queria parecer uma fanática.

— E aí resolveu me seguir. — rebate ele humorado, cruzando os braços sobre o peito. — Faz todo o sentido.

— É sério. — sigo com leve descontração, e um sorriso simples. — Desculpe por isso, e se isso te deixa melhor, prometo nunca mais segui-lo. — cruzo os meus indicadores e os beijo como se selasse uma promessa.

Ele meneia a cabeça concordando com um meio sorriso, toma agora o seu café.

— Você não precisava ter feito tudo isso. — diz ele depois. — Não precisava nem se sentir na vontade de agradecer, eu não fiz nada mais do que o meu dever.

— É, talvez. Mas eu precisava te dizer: obrigada Capitão Rogers. — agradeço novamente pela milésima vez.

— Tudo bem. — ele sorri mais uma vez, e eu reflito que ele deve ser o velhinho dono do sorriso mais lindo do mundo que eu já vi.

Sorrio de mim mesma por esses meus pensamentos, eu sou uma retardada.

— Bem, agora que as coisas estão esclarecidas eu estou liberada, ou terei que arcar com as consequências, Capitão Rogers?

Ele arqueia superficialmente as sobrancelhas, ponderando diante do meu sarcasmo.

— Eu poderia lhe dar uma lição por ter me seguido, agente Wally. Mas vou deixar passar essa, fica para a próxima.

— Não haverá próxima, eu te prometi, lembra? Não sou de quebrar promessas. — minto, minto e minto! E com o melhor dos meus sorrisos. Eu sou uma grande mentirosa, e sinto somente uma leve culpa por me sentir tão feliz por este meu dom.

— É bom saber disso.

Dado a deixa, me levanto já retirando a minha carteira para sacar uma nota para pagar o café. Mas uma mão impede-me que eu faça isso.

— Por favor, eu pago o café. — Rogers diz olhando-me, notando que ainda segura a minha mão ele a solta, um pouco sem graça.

— Se você insiste, tudo bem. — dou de ombros guardando a minha carteira, não dando tanta atenção ao seu constrangimento.

Na década de 40 um gesto como esse, de tocar a mão de uma mulher — ou senhorita, como diziam na época — era visto com bastante intimidade. O que será que ele está pensando? Olho-o de soslaio reprimindo um sorriso. Pelo visto o famoso Capitão América (que deixo claro que parece mais com um Capitão Porto Rico) não está tão habituado assim ao século vinte e um.

Ele deixa sobre a mesa uma quantia considerável para o café, e gorjeta. Como um verdadeiro cavalheiro.

Saímos da cafeteria e caminhamos sem trocarmos muitas palavras até a frente do museu onde sua moto se encontra, a minha está bem próxima do cruzamento com esta rua.

— Então, a gente se vê por aí. E me desculpe novamente, Capitão. — despeço-me dele, virando as costas e já caminhando rumo a minha moto.

— Steve. — chama a minha atenção, viro-me para ele novamente que já está montado em sua moto. — Pode me chamar de Steve.

— Bond. — sorrio displicente, complementando a minha piada. —James Bond... É de um fil...

— Eu sei, eu já assisti. — me surpreende ele. Concordo com a cabeça e com um breve sorriso, Steve Rogers é uma caixinha de surpresas.

— Jessica Wally, mas pode me chamar de Jessie.

— Prazer em te conhecer, Jessie.

— Igualmente, Steve. — lhe dou as costas novamente, depois de recomendar: — É melhor arranjar um capacete, Steve. Você pode ser multado ou até preso se for pego dirigindo sem um, não me leve a mal apenas estou te atualizando.

— Obrigado, mas acho que vou correr o risco.

***

— O que você disse? Ele descobriu você? — a voz de Nick Fury esbraveja de repreensão ao telefone. Meu plano era não ter contado a verdade sobre o ocorrido com Steve, mas cedo ou tarde ele poderia descobrir, e é melhor aguentar logo a bronca do que depois.

— Sim... Não. Digo, ele descobriu sim, mas eu consegui contornar a situação, diretor Fury. Então ele não descobriu que eu estou o vigiando.

Ele bufa do outro lado do telefone, posso imaginar a sua cara de tédio e seu único olho bom de forma inexpressiva, quase rio ao se formar em minha mente uma cena do Capitão Tapa-Olho irritado, xingando um papagaio em seu ombro.

— Espero que tenha sido assim, agente Wally. Se o Capitão desconfiar da verdade, eu terei muita dor de cabeça, e serei obrigado a descontar em alguém. Não quer ser rebaixada de nível, não é?

Infelizmente o papagaio na triste realidade é eu.

— Não, chefe. — crepito irritada com a língua, sentindo-a ainda estranha por causa do café quente de mais cedo.

— Então cumpra direito o seu trabalho. — até porque eu adoro cumprir da maneira errada o meu trabalho, não é?

— Sim, chefe.

— Me mantenha informado se algo acontecer. Não quero tomar conhecimento de falhas em seu trabalho novamente, agente Wally. Não serei um cara legal da próxima vez. Entendido?

— Não, chefe. — digo automática. — Quer dizer, sim, chefe. Entendido. Isso não irá se repetir.

A irritação de Fury é quase palpável.

— Não o siga mais por hoje, ele pode ainda estar em alerta e desconfiado.

— Se me permite dizer, Fury. Você está exagerando nessa de me mandar seguir o Capitão América, não tem ninguém tentando matar ele, sequer tem fãs o seguindo por aí. E ele saberia se defender caso ocorresse algo assim. Bem, pelo menos de alguém tentando matar ele, sim.

Rio, esperando que o mal humorado do meu chefe ria junto comigo. Isso não acontece, eu já deveria saber disso. Mas não custa tentar, certo?

— Está reclamando da missão, agente Wally? — inquere ele.

— Não.

— Então siga as ordens. — e desliga o telefone sem ao menos dar um simples “tchau”.

— Dane-se. — xingo à ele, encarando o meu telefone que coloquei sobre a mesinha de centro da sala do meu apartamento.

O que ele diria se soubesse que eu já tinha parado de seguir Steve antes mesmo que ele me mandasse fazer isso? Me rebaixaria de nível? Como se o 3 fosse grande coisa, detesto essa coisa de níveis.

Talvez ele já até soubesse e tivesse dado ordens apenas para dar o recado do tipo: “Sou eu quem manda aqui, me obedeça”. Provavelmente ele sabe, ou não. Aghr, tentar entender o que se passa na cabeça de Nick Fury não é simples, ele sempre consegue me surpreender.

Caminho até a cozinha indo procurar algo para comer, se Nick Fury sabe algo ou não, que se dane. O safado com ar de superioridade me irritou tanto que eu até esqueci-me de reclamar sobre mais cedo ele ter ido compartilhar segredinhos com o Capitão Porto Rico, e não me dar às respostas que há meses eu venho cobrando dele.

O que é que ele tanto esconde assim a ponto de me enrolar e não me contar o que se passa?

Quanto mais ele me nega e desconversa, mais curiosa eu fico para saber quais segredos ele esconde. E se ele pensa que desistirei fácil assim está muito enganado, quando eu entro em uma briga é para sair vitoriosa.

Depois de devorar as poucas coisas que encontro na cozinha — devorar mesmo, pois estava cheia de fome —, tomo um banho para em seguida deitar-me na cama desejando que esta noite eu não seja atormentada por meus velhos e conhecidos fantasmas e pesadelos, deixo que minhas pálpebras pesem e se fechem.

Amanhã será um longo dia.


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Notas finais do capítulo

O que ela quis dizer foi que no próximo capítulo ela viverá um longo dia. Oi?
kkkk então, o que acharam? Bom? Ruim? Devo ir fazer cursinho no pronatec pra me aperfeiçoar? Digam sinceramente o que acham!
E não deixem de atualizar o acompanhamento de vocês. Me gusta quando atualizam.
Até a próxima!
P.S: Fantasminhas e novos leitores são sempre muito bem vindos a se manifestarem.



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