Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 3
Sombra protetora


Notas iniciais do capítulo

Aqui chega mais um capítulo! Sem atrasos, graças a Loki, pela barba de Odin. kk
Boa leitura, espero que gostem!



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Triskelion – QG da S.H.I.E.L.D. Washington D.C., estacionamento.

Estou pensando quanto tempo Steve Rogers demorará no seu chá com o diretor Fury, e em suas trocas de confidências. Está bem que agora serei sua guarda-costas pessoal que ele mal imagina, mas isso não quer dizer que eu tenho todo o tempo do mundo para esperá-lo se mover. Ok, na verdade eu tenho, mas isso não tem qualquer graça, é tedioso. Eu até troquei de roupa, peguei algumas coisinhas, e coloquei na minha mochila, e se soubesse que o Capitão Porto Rico (lê-se Capitão América) iria ficar de papo por tanto tempo, teria até tomado um banho. Mas, eu não podia chegar nele e dizer: "Hey, Cap Rogers, eu vou ali tomar um banho, beleza? Você não saia enquanto eu não o estiver espionando, hein?", não seria uma atitude muito inteligente para esta missão.

Sempre que estou em uma espionagem, tenho muita cautela, desde os mínimos detalhes aos maiores. Uma peça fora do eixo faz toda diferença, então como espiã devo me habituar ao ambiente que cerca o elemento. Devo ser apenas mais uma pessoa dentre a multidão, ou melhor: devo ser a sua sombra. Só que neste caso do Capitão Porto Rico — digo, Capitão América, devo ser a sua sombra protetora.

De acordo com a ficha que recebi do Fury logo após sair de seu escritório, Steve Rogers é o primeiro e único supersoldado. Assim nasceu o Capitão América, por meio do sucesso de um soro de uma criação maluca de um cientista para que um simples soldado, tivesse mais força, poder e capacidade, isto é, ser um supersoldado. Rogers tivera a sorte, foi o único a ser agraciado com este experimento, já que o cientista criador do soro supersoldado morrera, e os dados do seu maior sucesso se foram junto com ele. Steve Rogers, atuara também no Comando Selvagem nos tempos da Segunda Guerra, derrotara o Caveira vermelha e a H.Y.D.R.A., salvara muitos homens e perdera também, em especial o seu melhor amigo, Bucky Barnes, no mesmo dia que ele foi dado como morto. Um velho/jovem de 95 anos, que permaneceu congelado por décadas, um vingador, ou um ex-vingador? Bem, depois de NY nunca mais se ouviu falar que eles atuaram novamente juntos, sempre separados, alguns fazendo vários estragos por aí, eu sei bem disso porque Fury me fez ir atrás de cada um desses estragos e averiguar, e pode ter certeza que não é nada divertido ir verificar os danos que os heróis fazem e deixam para trás, nunca se sabe com o que irá topar no meio dos destroços, e as consequências que isso poderia trazer.

Há pouco tempo escutei uma história por agentes da S.H.I.E.L.D. que ocorreu um caso de uma série de mortes bem estranhas, como as vítimas serem encontradas em levitação com anomalias eletrostáticas. A causa de tudo isso tinha sido um vírus alienígena alojado em um capacete Chitauri salvo na batalha de New York, por um grupo de bombeiros que atuara salvando vidas na batalha. Os caras haviam conseguido se safar com vida, mas por um erro (que ninguém poderia imaginar), morreram por causa de um vírus Chitauri que estava em um capacete! Isso só mostra o quão nunca estamos verdadeiramente cientes da verdade, e muito menos seguros do mal que pode ocorrer. E uma agente, neste caso, acabara sendo infectada também, quase morrera, mas parece descobriram uma cura antes que isso acontecesse.

Então quando eu digo que ir ver os destroços que os heróis e seus inimigos deixam por aí, não é legal, quer dizer que a coisa é muito pior do que realmente estou dizendo.

Mas o que realmente me intriga, é não saber quem é Steve Rogers.

Bem, todos conhecem a triste história do antigo soldado e atual Capitão América, mas, depois de muito tempo inanimado acho que ele já não seria mais a mesma pessoa de décadas atrás, quando vivia em seu tempo. Ou será que os costumes, jeitos, e pensamentos continuam os mesmos? É, eu não sei. Tomo a mim mesma, como exemplo, na C.I.A. de quando eu permanecia em algum local em anonimato por causa de alguma operação de espionagem, sempre que terminava a missão e eu voltava a minha “vida normal”, algumas coisas tornavam-se diferentes, nunca era a mesma. E foi numa dessas estranhas mudanças de sentimentos que eu saíra da agência, não que na S.H.I.E.L.D. não ocorra isso, mas aqui são outras histórias bem distintas.

A verdade é que sempre estamos mudando.

Com o Capitão é algo similar ou totalmente diferente? A única coisa que sei, é que o Capitão América salvou a minha vida na batalha de New York, não somente a salvou, mas também em seu ato heroico me mostrou que eu tinha que ser bem mais do que era. Eu tinha de ser. Eu precisava ser. E desde então estou em um novo caminho.

Por isso, sou extremamente grata a ele. Esse com certeza é um dos principais motivos de ter aceitado esta missão. Quitar minha dívida com ele é questão de honra, embora eu ache que o que estou fazendo seja ainda muito pouco.

Entretanto, não deixo de estar bastante irritada com ele.

Olho o meu relógio inquieta, são oito horas e dez minutos e nenhum sinal de Rogers se mexer, eram tantos segredos assim que as mocinhas tinham para compartilhar?

Meu celular soa um toque avisando-me que Rogers está em movimento neste mesmo instante (aleluia), um momento depois de sair da sala de Fury tomei a liberdade de colocar um rastreador na moto de Rogers, espero que ele não se importe. Melhor, espero que ele não descubra.

Subo e arranco em minha moto ouvindo o ronco maravilhoso dela, enquanto sigo de forma cautelosa o Capitão Rogers, após colocar o capacete e descer a viseira, não posso evitar um sorriso jubiloso no rosto.

Esta moto custou boa parte de minhas economias, mas eu nunca em minha vida reclamaria disso. Ela é uma 1199 Panigale S Senna, e é a visão do paraíso, um presente de deuses!

A pilotar é como se nada pudesse me parar, me controlar. É a liberdade.

Passo pela ponte algum tempo depois de Rogers. É melhor que eu pegue um atalho para que ele não desconfie que alguém o está seguindo. Não posso tirar os meus olhos dele, mas também não posso estar à vista dos seus. Ele pode parecer meio ultrapassado, mas tenho certeza que ele não é nenhum bobo que não perceberia algo que está acontecendo a sua volta, afinal ele é o Capitão América, o supersoldado que anda aí enrolado na bandeira de Porto Rico.

Pego um atalho.

Alguns minutos depois, paro. E já estou na Jefferson Dr SW no museu Smithsonian, seguindo os passos do Cap Rogers que neste momento coloca um boné em sua cabeça, como se fosse um disfarce. Franzo a testa intrigada, por que ele estaria se disfarçando?

Antes de qualquer coisa, averíguo se não há ninguém mais o seguindo além de mim — é claro, não encontro ninguém suspeito ou "insuspeito" demais.

Paro boquiaberta por um segundo. Adivinhe só o que está em exposição?

"Capitão América: A lenda viva e símbolo de coragem."

Então era por isso que Rogers estava colocando o boné, para ficar no anonimato. Paro-me novamente, é melhor colocar o meu boné, não quero correr o risco de que ele me reconheça.

Obrigada pelo lembrete, Capitão.

Pego o meu boné dentro da mochila e o ponho em minha cabeça, sorrio.

Aqui há tudo sobre o Capitão América, Steve Rogers. Se Fury não me enviasse a ficha dele, este seria o lugar perfeito para saber detalhes da vida do Capitão.

Não posso deixar de me deslumbrar com a sua história, um herói de guerra, e resgatador de soldados, como não admirá-lo? Paro ao ver outras informações sobre Bucky Barnes. O museu ecoa com detalhes dos atos do soldado, o único do Comando Selvagem a perder a vida. Isso me deixa um pouco consternada, por ele, e pelo Capitão.

Foco, Jessie”, ouço meus pensamentos me coordenando.

Levanto o meu olhar fitando o ponto onde estava Rogers segundos atrás, ele não está mais lá, nem próximo de lá. Corro o meu olhar pelo local não vendo nenhum vislumbre sequer de sua sombra. Meu coração dispara. Será que...?

Não! Isso eu não aceito, Rogers não pode ter sido pego enquanto eu me distraía por um segundo, ele não pode ter sido pego e... Não, ele não pode.

Ando pelo local a procura da figura viva do herói, e não a encontro, a culpa se apodera de mim a cada passo que dou.

E paro ao ver uma placa acima de uma porta de uma sala, com os dizeres:

"Documentário: Steve Rogers, o herói da Segunda Guerra".

Será que ele estaria aí?

Empurro a porta que dá para o local adentrando, respiro aliviada, ao ver Rogers bem ali, sentado, assistindo o seu próprio documentário.

Minha preocupação não é tanta com Rogers, mas com a sua segurança, okay, o que dá no mesmo, mas encontrá-lo aqui, nesta sala parecida com a de um cinema assistindo ao seu documentário, me deixou um tanto aliviada, quanto também aborrecida comigo mesma.

Se alguém estivesse o seguindo e querendo atentar contra a sua vida, uma sala escura como esta, seria o local perfeito. Testemunhas não enxergam nas sombras.

E eu teria falhado na minha missão. Devo ser mais vigilante e cuidadosa, devo isso a ele.

Peggy Carter está no telão falando sobre o herói que Rogers foi, ela foi uma das fundadoras da S.H.I.E.L.D. qualquer agente sabe disso, mas nenhum imagina o quão amiga foi de Steve Rogers, mas eu sim. Reconheço de longe quando alguém é mais do que aparenta, ou se diz ser. Mas não precisa ser um mestre da espionagem para saber que os dois tinham um laço bem mais forte do que uma singela amizade, pois quando ela conserta-se ao dizer o nome "Steve" para "Capitão Rogers" e seus olhos mostram-se emocionados, assim como a sua fala, qualquer um que tenha um pingo de perspicácia notaria, que eles foram bem mais do que amigos.

Olho para Rogers, um pouco compadecida, ele aparenta ser apenas um espectador assistindo, enquanto distrai-se com algum objeto em suas mãos. O que será que ele está pensando? Se eu estivesse em seu lugar acho que teria no mínimo enlouquecido.

O documentário acaba, e algumas pessoas começam a sair da sala, mas Rogers nada de se mexer. Eu também sairia da sala, mas dado o momento anterior não quero correr o risco de perdê-lo de vista novamente. Me escondo em um canto onde as sombras não me denunciem. O tempo passa, e a sala fica vazia, mas um insistente Capitão continua sentado, como se não tivesse qualquer outra coisa para fazer na vida — talvez até não tenha, mas até quando ele pretende ficar vegetando aí?

Mexa-se velho.

Como se captasse a minha ordem pelos pensamentos, Rogers se levanta e caminha, até parar a poucos passos da porta da sala. Ah, de novo não.

— Olá, agente Wally. — ele diz em um tom de humor e deboche na sua voz. O que? — Se divertindo muito nas sombras?

Ele vira-se, encarando justamente o lugar onde estou, com um leve sorriso em seus lábios que não demonstra alegria ou algo do tipo, mas cansaço e irritação. Fury vai me matar.

Bufo derrotada, dando um passo à frente, onde posso ser vista claramente, digo:

— Eu posso explicar.

— Certamente que sim. — ele diz pingando ceticismo em sua voz. — Vai inventar mentiras ou vai dizer a verdade? Sabe, eu não gosto muito de ser seguido, e que ainda me digam mentiras, as pessoas pensam que só por eu ser mais velho não entendo as coisas.

— Ahn... Capitão Rogers, não pense mal de mim. — me mascaro de inocente e envergonhada, não que isso esteja tão longe da verdade. Preciso sair dessa. — Eu estava te seguindo, é verdade, não tenho como negar isso, eu... Poderia ter ido conversar com você antes, da maneira convencional, mas não sabia como então...

— Fury mandou você me vigiar, não é? — ele me corta, e indaga convicto, sem conter que sua voz saia feroz. Intimidante.

Eu o encaro enigmática, por um segundo.

— O que? — esquadrinho como se isso fosse o maior absurdo. — Não! Não, não, não, o diretor Fury não sabe de nada disso, eu é...

— Então está aqui para pedir um autógrafo? — ele ri, em deboche ensejado. — Você não tem cara de ser uma fã maluca, que me seguiria arriscando-se assim por nada.

— Quer calar a boca? — disparo as palavras antes que eu pudesse contê-las. — Estou tentando te dizer o real motivo de ter te seguido e você fica aí me cortando. Quem diria, você nem me parece tão velho assim com essa sua falta de educação.

Ele me encara, um pouco nervoso e visivelmente ofendido pelas minhas palavras pontiagudas. Solto um longo suspiro e recomeço:

— Desculpe... Olha, o diretor Fury não me mandou te seguir, se ele souber que eu fiz isso provavelmente serei rebaixada para o menor nível possível, não que o três seja grande coisa, mas não gostaria de ter que começar tudo de novo. — falo com o máximo de sinceridade que posso, imaginando que isso ocorreria caso Fury soubesse que eu havia sido descoberta no primeiro momento, estragando toda a missão. — E não vim atrás de um autógrafo, por favor, eu não sou tão maluca assim. E antes que pergunte: não estou aqui para te matar. — digo ao notar que ele soltaria mais um comentário, mas ele diz:

— Muito obrigado, fico feliz em saber disso. — sarcasmo detectado, respiro fundo ignorando. Ele não está nem um pouco acessível. — Então qual o motivo de me seguir?

Ele pergunta requerendo uma resposta, a qual não posso responder sem faltar com a verdade, ou omiti-la.

— Eu o segui porque precisava conversar com você. Agradecer. — digo depois de fechar os olhos e abri-los encarando os de Rogers, me sinto ligeiramente culpada, mesmo que o que esteja dizendo não seja totalmente falso. Vejo que a expressão de seu rosto é de surpresa e questionamento, isso só quer dizer uma coisa: consegui desviar a sua atenção da verdade.

— Será que poderíamos conversar em outro local?

Ainda um pouco surpreso, mas sério, e ainda com leve desconfiança ele parece pensar.

— Por favor?

Por um momento penso que ele irá negar e dizer que sou uma grande mentirosa, ou que irá virar uma espécie de Hulk e sair esmagando tudo em fúria atrás de mim. Sim, minha mente é bastante fértil. Mas seus ombros outrora tensos relaxam, sua expressão se suaviza um pouco, e ele ainda me encarando, fala:

— Há uma cafeteria perto daqui onde podemos conversar.

— Obrigada.

— Não por isso. — ele diz. E continua quando me dá as costas, e caminha para fora da sala:

— Espero que esteja realmente dizendo a verdade, agente Wally, senão terá que aguentar as consequências.

Lidar com o Capitão América está sendo mais difícil do que eu imaginava. Engulo em seco, e o sigo.


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Notas finais do capítulo

Eitcha lelê.
E aí, o capítulo foi bom? Regular? Ruim? Devo voltar pro primário? Oi?
Deem suas opiniões, não deixem de comentar. E fantasminhas podem se manifestar à vontade que eu não tenho medo. u_u
bjs
P.S: Boa sorte a quem for fazer o enem.