Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 30
Santo Hulk!


Notas iniciais do capítulo

Olá, agentes, vingadores, asgardianos, marveleiros e cia! Tudo bem com vocês? Espero que sim...

Well, sim, eu enrolei um pouco mais com esse capítulo porque vocês vão ver logo. Oi?

Antes de qualquer coisa, gostaria de inteirar que no capítulo anterior com o aparecimento do Bruce, o diálogo e algumas frases foram inspiradas em cenas de Capitão América 2, e algumas HQs do próprio. Inclusive o título, hahaha.

Enfim, agora focando neste capítulo, terá a aparição de alguns personagens que vocês já tinham pedido. Pode não ser como vocês imaginaram, todavia espero que gostem.

E por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer a recomendação linda, sensacional, e inspiradora da Melyssa Polly Cullen no Nyah. Obrigada de verdade, moçoila! ♥ Fiquei tão pasmem (de um jeito bom) com a recomendação que não tenho nem o que te dizer, apenas que God loves you! Então esse capítulo vai dedicado a você, e a todo mundo (pra ninguém ficar com ciúmes. Oi?).

Boa leitura!



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"Então, não vai me contar mesmo?"

"Quando nos vermos pessoalmente, eu já disse. O que está fazendo?"

Olho para TV sentada no sofá da casa de Sam ligada no noticiário que passa algo incomum que alguém possa ver: a notícia ao vivo de seu próprio enterro, nesse caso, o meu. Dadas as notícias do jornal, meu corpo foi encontrado em um dos túmulos da mansão de Kraven, e o óbito foi declarado por envenenamento. Não houve qualquer velório, foi marcado o horário do enterro com honrarias militares para amigos e familiares, com a cobertura a distância de algumas mídias jornalísticas. Por isso, posso reconhecer pelo vídeo algumas pessoas que não via há muito tempo ver em foco o rosto sério do meu irmão uniformizado, ao seu lado o rosto entristecido de sua mãe Ellen com seu marido centrado Boden, e o de minha própria mãe, visivelmente desolada e chorosa enquanto lança uma porção de terra em cima do caixão. Tudo isso me faz chegar a três conclusões, um: tenho uma família realmente muito louca. Dois: somos tão bons em serviço como poderíamos ser atores de Hollywood dignos do Oscar. E três: isso é muito estranho, jamais me acostumarei com isso. Fico curiosa em como eles conseguiram tudo isso, porque devem ter sido eles. Ou será obra de Fury? Meu pai? Ah, meu Hulk do céu, isso fica a cada minuto mais confuso.

"Estou tentando convencer o Papa que a batina está fora de moda, sem sucesso."

Respondo a mensagem de Steve sarcasticamente. Contar que estou vendo meu enterro ao vivo na TV seria uma longa e complicada história (que nem eu mesma sei por completo). Antes que Steve me responda, digito outra mensagem, e envio:

"Sério, não que eu esteja reclamando, mas que tipo de missão é essa que o permite ficar trocando SMS?"

O som de passos se faz audível, viro meu rosto para ver Sam adentrando a sala com dois pratos, um em cada mão. Comida recém preparada, tenho que admitir que o cheiro é bem agradável. Sam praticamente empurra um prato para mim, e tenho que deixar o meu celular de lado para segurar o prato, ao mesmo tempo que ele senta-se ao meu lado.

— O que é isso, Sam? — ele franze sua testa, parecendo confuso, rebate:

— Não está vendo? São biscoitos.

Reviro meus olhos para sua resposta irônica, o olhando novamente que já enche sua boca de comida, redargo:

— Tá certo, biscoitos. Mas o que aconteceu com os hambúrgueres que você disse que ia preparar?

Ele engole a comida que tem na boca, rindo a vontade.

— Sei que nós americanos adoramos hambúrgueres, e que temos estado um pouco sem tempo por causa da missão de encontrar o Bucky, mas não me leve a mal se eu quis fazer uma comida de verdade para nós comermos.

— Está dizendo que não há nenhum hambúrguer? — ele balança a cabeça negativamente, faço um muxoxo. Bem que achei que ele estava demorando demais na cozinha. Me olhando estranhamente, sonda em tom curioso:

— Você não come nada além de hambúrguer?

— É claro que como. — resmungo ignorando o seu olhar. Coloco o prato sobre meu colo e dou uma garfada na comida, levando-a a boca para mastigá-la. O gosto é bom, Sam pode ser um bom cozinheiro, todavia, me ouço acrescentando: — Eu preferiria um hambúrguer do que essa comida de coelho.

— Você tem sérios problemas. — Sam fala de forma honesta e aberta para mim. — E não falo somente por isso. — ele aponta para mim, e para a comida. — Mas por isso. — ele aponta para a TV que ainda cobre o meu enterro, entrevistando algumas pessoas.

— A gente se acostuma com o tempo. — dou de ombros, usando as palavras de Steve a Fury que se encaixam perfeitamente nessa situação. Não que eu acredite nisso. Volto a comer a comida já que não há hambúrgueres, Sam logo retorna a comer também, e ambos comemos em silêncio, até que escuto algo vibrando. Lembrando do meu celular, o tomo novamente em minhas mãos, abrindo as mensagens não lidas.

"SMS? Seja paciente. Prometo contar tudo a você depois."

"Não poderei responder mais suas mensagens, nos falamos mais tarde, lamento. Boa sorte com o Papa. :)"

Essas duas últimas chegaram há cerca de 10 minutos, e há essa última que chegou a menos de um minuto:

"Você recebeu minhas mensagens? Ainda sou um pouco confuso com essa tecnologia, não quero que pense que a ignorei."

— E isso também. — a voz de Sam ressoa novamente, quando rio da última mensagem de Steve. Penso que ele fala sobre minha troca de mensagens com Steve, mas quando levanto meu olhar para ele, vejo sua atenção outra vez na TV.

"Vídeos mostram mulher misteriosa que parou um caminhão em Washington D.C."

Esse é o entitulado da notícia que tem a narração do âncora que elucida na tela algumas imagens da mulher misteriosa que não pode ser reconhecida. Dou graças aos céus por ninguém ter filmado a placa da minha moto, ou ter pegado meu rosto em filmagens, e também pela notícia não ser muito confiável, já que falam algo sobre isso ser uma montagem, invenção bem elaborada. Mas se alguém começar a ligar os pontos... Podem chegar a mim somente pelo modelo da minha moto que não é muito popular nas estradas por aqui, basta ser um pouco esperto. E o mundo está cheio deles.

— Chega de TV por hoje. — anuncio, trocando meu celular pelo controle da TV logo a desligo. Ok, Jessie, não importa o que passam na TV, e se as coisas estão começando a apertar para o seu lado, você está morta, e tecnicamente mortos não tem problemas, minha consciência me relembra. E permanecerei assim até que provem o contrário. Sam está comendo em silêncio novamente, sem se importar nem um pouco com a situação em que nos encontramos —

ou que eu me encontro, tanto faz. Sua quietude me passa um pouco mais de tranquilidade, todavia não me encontro com vontade de comer, e deposito o meu prato sobre a mesinha de centro.

Pego alguns papeis ao lado do notebook que está praticamente inativo, desde que apitou um alerta de Bucky e nos levou ao seu encontro. Voltando meu olhar para Sam, elevo minha voz para chamar sua atenção enquanto digo:

— Desde a nossa última informação ontem no museu sobre Bucky não tivemos nada sobre ele. Nenhuma câmera de vigilância, trânsito, satélite, ou qualquer outra coisa. Então essa manhã eu tive uma ideia. — Sam finalmente para de comer, coloca o prato de comida ao lado do meu na mesinha de centro, e estende uma de suas mãos capturando os papeis que vou passando a ele. Explico: — Sabemos agora que Bucky não está com a H.Y.D.R.A., pelo visto está fugindo dela, mas continua em Washington, está aqui em algum lugar escondido. Triangulei alguns possíveis lugares onde ele poderia se esconder. Desde a escolas, casas, terrenos baldios, galpões abandonados, dormitórios públicos, motéis, pousadas e a quartos de alugueis baratos.

— É uma lista bem extensa. — Sam pontua, folheando os papeis analisando os locais da lista. Dando de ombros, concluo:

— Uma agulha em um palheiro? Provavelmente, nesse caso sugiro que use seus olhos e instintos de Falcão, porque tecnicamente estou morta, e mortos não saem por aí pelas ruas. — sorrio ironicamente, insinuando que ele percorrerá por toda a cidade sozinho, tendo um trabalho bem cansativo. De verdade espero que ele encontre Bucky, mas como disse: é como encontrar uma agulha em um palheiro.

— Obrigado, e sinto muito por você ficar de fora de toda a ação, Jessie. É uma pena você estar morta. — Sam responde sério e inabalável, sem tirar os olhos dos papeis. Meu sorriso se esmorece, e o fito séria. Ele tranquilamente volta a falar, expondo: — Alguns desses lugares eu até conheço, vai ser fácil.

— Isso é ótimo. — respondo com o seu mesmo tom de voz, demonstrando-me nem um pouco abatida com suas palavras. Pego o meu prato na mesinha de centro, e o seu, me dirigindo a cozinha, após dizer rapidamente com escárnio: — Você não ia comer isso, né? Vou guardar na geladeira, você tem bastante ação a sua frente.

— Ei!

Sei que não sou nem um terço infantil, e vingativa enquanto coloco os pratos de comida na geladeira aos protestos de Sam que ignoro. No entanto... Tenho que admitir que posso ser uma boa mentirosa em infinitas circunstâncias, e isso muda todos os parâmetros da coisa. Posso sentir um sorriso gigante se estendendo em meus lábios, enquanto procuro algo para beber na geladeira de Sam. A campainha toca.

— Eu atendo! — grito me deslocando da cozinha numa agilidade fora do comum, chego na porta antes de Sam que me encara alarmado. Com a mão na maçaneta da porta, destranco-a. Antes de poder abri-la, sorrio ironicamente para Sam, e zombo: — À esquerda.

Dirigindo meu olhar a porta, ainda sorrindo giro a maçaneta, sem olhar no olho mágico para ver quem é.

Choque. Sinto que congelo processando quem está bem a minha frente. Não acredito.

— Dr. Santo...

— Dr. Banner, que bom que chegou! — Sam se manifesta ao meu lado por sorte camuflando o meu sussurro assustado. Sam oferece a sua mão ao real, e inigualável Dr. Bruce Banner — o Hulk, que desvia o olhar de mim, e aceita o cumprimento apertando a mão de Sam, sorrindo gentilmente, diz:

— Olá, Sam, é um prazer revê-lo. — oh, meu Deus. É ele! Mal acredito! Calma, Jessie, foco, não surte agora, mantenha o controle. — Como está?

— O prazer é todo meu. Bem, obrigado. Teve uma boa viagem? — Sam pergunta.

— Um pouco. Você sabe, o trem, as pessoas, o barulho. Tudo isso pode ser um pouco estressante para suportar.

— Entendo — posso ver pela minha visão periférica os ombros de Sam se encolherem levemente —, sinto muito por isso.

— Não. — ele redargue

Iigeiramente, e acrescenta com sinceridade: — Está tudo bem, na verdade, já estou acostumado. — santo Hul... Digo, Dr. Banner então muda o seu olhar para mim, com um sorriso simpático, agarrando uma mala preta entre seus braços, profere: — Então, você é...

— Jessica Wally, mas chame-me de Jessie, Dr. Banner. — estendo minha mão a ele, sentindo-me orgulhosa por não gaguejar, tremer, desmaiar, ou algo constrangedor do tipo.

— É um prazer conhecê-la, Jessie. Pode me chamar de Bruce. — ele aperta a minha mão levemente, mal posso sentir o seu toque. Se não tivesse ouvido as histórias, visto os vários vídeos, não acreditaria que esse homem gentil, e um pouco tímido é o mesmo homem que se transforma em uma fera verde gigante. Soltando minha mão, ele expõe soando receoso: — Me perdoe pelo atraso, recebi algumas ligações do Steve ao longo dessa semana e não pude retorná-las, estive um pouco ocupado. Mas ontem nós conversamos e ele me disse algumas coisas sobre você.

— O que ele te disse? — sondo, me esforçando para não parecer curiosa, ou medrosa diante disso. Ele é definitivamente uma pessoa introvertida, mas pela primeira vez ele me sorri de uma maneira misteriosa que me deixa mais curiosa.

— Algumas coisas. Mas principalmente que talvez você precisasse de minha ajuda.

Gentil, tímido, introvertido,e evasivo: esse é Bruce Banner. Ah, e muito fofo, admito. Encontro-me ao fitá-lo como se a adolescente dentro de mim realizasse o seu sonho, e eu poderia ficar verde pelos meus ânimos só com isso, mas felizmente não tenho essa habilidade, e sinto minhas bochechas esquentarem. Ah droga, isso também não é muito legal. Por que será que Steve, ou mesmo Sam não me avisaram que Bruce apareceria?

— Por favor, Dr. — Sam se manifesta, abrindo espaço para ele, acrescenta: — Entre.

— Com licença. — Dr. Banner murmura, passando entre Sam e mim. Sam aperta o meu cotovelo sutilmente, chamando minha atenção, sussurra:

— O que foi que houve?

— Nada. — respondo de pronto fazendo-me de desentendida com uma careta para Sam que desconfia. Eles deviam ter me avisado que meu heroi favorito apareceria para me ver — mesmo não sabendo que ele é meu heroi favorito. Caminho para a sala optando não me importar com Sam, elevando meu tom de voz: — Bruce, por favor, sente-se.

Ele se senta no sofá, ao mesmo tempo que Sam para de me encarar desconfiado, e se junta a nós na sala, pondo-se ao meu lado. Preciso falar antes que o silêncio se instaure, eu comece a pensar demais, e me embaralhe levantando a desconfiança de Sam, ou pior, possa deixar Bruce nervoso, trazendo o Hulk para a sala de Sam que duvido que ficaria contente com isso. Diante disso, olhando o Dr. Banner, digo:

— Obrigada por ter vindo, Dr. Bruce, mas confesso que estou um pouco surpresa, Sam nem Steve me disseram que você viria. Me desculpe por fazer você se deslocar de New York até aqui, mas suponho que Steve tenha dito à você por que talvez eu precisasse de sua ajuda.

— Você está certa, e por favor, não se desculpe, foi um pouco em cima da hora, fico contente em poder ajudar. — suas palavras saem com sinceridade, com um sorriso mínimo em sua face. Santo Hulk, ele é realmente muito fofo.

— Você aceita alguma coisa? Água? Café? Biscoitos? — olho atravessado Sam quando faço essa última oferta. Sam se faz de indiferente, mas entende a ironia na pergunta. Bruce franze ligeiramente suas sobrancelhas, porém responde:

— Não... Eu estou bem, obrigado. — colocando sua mala preta ao seu lado, fazendo gestos com as mãos, diz: — Mas por que você não se senta, e me diz a sua história que me traz aqui?

Solto um assobio curto, dou um meio sorriso seguindo o seu conselho. Me sentindo mais a vontade, falo:

— Olha, tenho que te dizer que é uma longa história.

O riso curto de Bruce se faz audível na sala. Tanto Sam, e eu ficamos curiosos com isso. Bruce nos olha um pouco tímido, e esclarece:

— É que avisaram que você diria isso em algum momento. Tony quis apostar dez dólares com Steve, mas ele concordou que você diria isso. — Sam dá de ombros aparentando concordar com a explicação de Bruce.

— Justo. — tenho que admitir que tendo a dizer essa frase com certa frequência, Tony nem Steve mentiram, mas poderiam ter guardado suas impressões para si mesmos...

— Bem, Dr. Banner — a voz de Sam atrai a atenção de Bruce e a minha, enquanto ele caminha até a mesinha de centro pegando os papeis que o entreguei há alguns minutos. —, você terá que me desculpar, mas tenho um trabalho a fazer que não pode esperar. Deixarei você na companhia da Jessie, não sei se voltarei a tempo de me despedir de você, mas qualquer coisa peça a Jessie. Nos veremos em breve.

— Combinado, Sam. — Bruce se levanta para apertar sua mão em cumprimento de jeito reservado. Sam meneia a cabeça, muda o seu olhar para mim e diz ainda para Bruce:

— Jessie não para de falar de Steve. E não me deixa esquecê-lo, mande meus cumprimentos à ele.

Desgraçado. Não sei se Sam sente a fuzilada que lhe dou com meu olhar enquanto sai. Se sente, ou percebe não se importa. Eu sei que ele percebeu como fiquei com a chegada de Bruce, e não bastando isso ele me abandonou aqui com ele, e disse praticamente que estou obcecada por Steve, ok, ele não disse isso, mas... Pode aguardar minha vingança, Sam.

Sinto o olhar de Bruce em mim. Deixando escapar um leve suspiro, dou de ombros mentalmente, voltando minha atenção para Bruce, pergunto descaradamente:

— Falando nisso... Como ele está?

— Ele está bem. — responde de pronto com simpatia, e um sorriso. Incrementa: — Me pareceu um pouco preocupado com toda a situação dos últimos dias, mas está bem.

Meu coração parece encolher dentro do meu peito com uma sensação melancólica. Gostaria de poder tirar o peso dos ombros de Steve que ele insiste em carregar, ou ao menos estar ao seu lado para confortá-lo, dizer que tudo está bem, ou que ficará... Deus do Céu, definitivamente estou apaixonada por esse Capitão Porto Rico para devanear coisas tão sentimentais assim.

Balanço ligeiramente a cabeça, e com o foco em Bruce, sondo:

— Soube que houve um chamado d'Os Vingadores...

Em seu olhar aparece uma seriedade que não havia visto até o momento. Mordo minha língua internamente, me esforçando para não demonstrar a apreensão de talvez ter irritado o Hulk. Mantenha-se calma, Jessie, se ele se transformar no Hulk você curte os 3 segundos de euforia por vê-lo antes de partir para as colinas em desespero.

— Sim. — sua voz ainda está tranquila, e sem sinal de pele verde pelo meu olhar minucioso sobre ele.

— E trata-se do que? — sou uma cara de pau, e doida. Ainda sem sinal do Hulk.

— Me desculpe, mas acho que não estou autorizado a contar isso à você. — pouco ligo para o olhar e tom sério de Bruce, estou curiosa demais para me preocupar em evocar Hulk na sala de Sam. Bruce sem mais rodeios, esclarece: — Foi um pedido de Steve.

— Tudo bem, será um segredo nosso.

Ele solta um sorriso tenso, incrédulo diria.

— Lamento, Jessie, tenho uma tendência a evitar todo tipo de estresse, seja meu ou de outra pessoa. Não quebrarei minha palavra com Steve. Quando vocês se encontrarem tenho certeza que ele contará tudo o que você quiser.

— Qual é, Bruce, Steve nem vai ficar sabendo. E tudo bem quebrar uma promessa, ou se esverdear um pouquinho de vez em quando...

Bruce fita os meus olhos, arqueando uma de suas sobrancelhas suavemente.

— É impressão minha, ou você está tentando me irritar?

Imito o seu semblante, com ar inocente, retruco:

— Por quê? Está dando certo?

— Não. — responde categórico, abrindo um sorriso amplo, sem qualquer nuances de tensão com anteriormente. É, não foi dessa vez. — Eu tenho um certo autocontrole, e também trabalho com o Tony há algum tempo, o que é quase um teste diário de controle. Você não chegou nem perto.

— Nossa! — exclamo arregalando meus olhos, levando uma mão ao coração. — Essa magoou. Tudo bem, tudo bem, devo admitir que o Tony tem mais talento do que eu para irritar as pessoas.

— Você não imagina o quanto. — seu sorriso diminui um pouco, tranquilo. Por fim, sorrio também. — Então, adoraria poder continuar falando dos talentos do Tony, mas estou mesmo interessado em ouvir a sua história com o Homem Aranha em NY, o que acha?

Solto um suspiro alto dramaticamente, em conjunto com uma célebre frase de desenho animado:

— E lá vamos nós.

***

— Odeio retirar sangue. — murmuro, sentada no braço de um dos sofás de Sam, colocando um adesivo entregue por Bruce a mim, no local onde ele injetou uma agulha para colher amostras de sangue, e guardou em sua mala. Após contar a minha longa história com o Homem Aranha até a transfusão de sangue feita, e ainda do aparecimento dos "poderes" em mim.

— Acredito que ninguém goste. — comenta simpaticamente, fechando sua mala, retorna o seu olhar atento em mim. — Tudo bem? Você parece um pouco... Verde? — impossível não rir com sua pergunta bem humorada.

— Engraçadinho. — apesar do jeito tímido de Bruce, um pouco pacato, reservado (e por não ter nem se esverdeado em demonstração para mim), me identifiquei com ele, e nos introsamos bem. Ele me encara esperando uma resposta. Ele é inteligente também, percebeu que algo tem me incomodado. Ponderando que há mais prós do que contras, desabafo: — É só que... Sabe, fiquei grata pelo Homem Aranha ter feito o que fez, ele salvou minha vida. Só que quando contei a Sam e Steve... Por exemplo, Steve, ele reagiu um tanto nervoso, e me fez ver perceber que talvez isso... Eu não sei, mas e se...

— Entendi. — Bruce me interrompe antes mesmo que eu formule uma frase decente. Olho para ele encarando seu olhar pacífico, que faz par com a sua fala suave: — Fique tranquila, tenho certeza que está tudo bem com você, Jessie. Certamente a transfusão deu certo, e salvou a sua vida, e se isso fosse te matar, acredite, já teria feito nas primeiras horas, e você disse que foi há uns cinco dias, estou certo? — balanço a cabeça positivamente. Não parece que faz uma semana que escapei da morte, e vivi os dias mais exaustivos e cheios de reviravoltas da minha vida. — A única preocupação, se é que pode ser considerada assim no momento, é saber a extensão e mudanças dos poderes do Homem Aranha no seu sistema sanguíneo, ou o quanto isso pode durar.

— Tem certeza, Bruce? — não sei de onde vem toda essa apreensão, só sei que não consigo repreendê-la, expulsá-la de mim. É como um alarme que não se desliga, e fica apitando incessantemente. É um saco.

— Tenho. — ele responde com firmeza, tomando sua bolsa em suas mãos, olhando-me com sinceridade em seu olhar, sorri, acrescentando: — E não dê muita importância ao que Steve disse, tenho certeza que ele só estava preocupado com você. Não é como se o Homem Aranha fosse um idiota que injetou radiação em si mesmo, e ainda faria uma transfusão em alguém com consciência disso.

Tenho vontade de rir, mas vejo a indireta na frase direcionada a si mesmo, e não posso concordar com essa mágoa direcionada a si.

— Você é um bom homem, Bruce. — expresso-me com verdade, Bruce me olha, como se tivesse sido pego de surpresa com minhas palavras. Reforço: — É, acredite. E o outro cara também. Confesso que sempre fui bastante fã do outro cara, acho que pelo lado esverdeado heroico, mas conhecendo você, agora posso afirmar que ele é só a sombra do bom homem que você é.

E fofo. Mas é lógico que não digo isso em voz alta, não pegaria bem, e pelo que vejo de Bruce, ele trocaria a sua pele verde de heroi, por uma vermelha de constrangimento.

— Agradeço as palavras gentis, não sei se posso concordar com você, mas gosto de pensar que sim.

— Eu vi os jornais, e li os arquivos na S.H.I.E.L.D. da Batalha de NY sobre Os Vingadores. E seja quais demônios você já teve em seu passado, você os expulsou e tornou-se um heroi, Bruce. Dê-se um crédito, homem! — ralho empurrando um dos seus ombros.

— Okay, tudo bem. — Bruce apenas sorri estando pouco surpreso, levanta as palmas das mãos em sinal de rendição. Sem sinal de pele verde. Esse homem tem um autocontrole invejável. Segurando sua mala entre os braços ele olha seu relógio de pulso, em seguida me fita, e inicia: — Bem, acho que está na minha hora, preciso pegar o trem.

— Nada disso, Dr. Banner, você pode pegar o trem uma hora mais tarde, mas não deixarei você partir sem comer alguma coisa.

— Que isso, eu falei sério quando disse que não queria nada, eu...

— Não! — o interrompo deixando que minha voz se sobressaia sobre a dele. Pondo-me em pé, pego a mala de seus braços, sem cerimônias coloco-a sobre o sofá. Agarro o seu pulso e saio arrastando-o até a cozinha. Advirto: — Você não vai pegar um trem barulhento, cheio de pessoas e de estômago vazio. Você pode dizer que está bem, mas aposto que o outro cara não vai se sentir tão confortável se não comer nada. Vou te preparar um hambúrguer, sente-se no banco, e não ouse sair daí! — tenho um instinto suicida para ter um pouco de adrenalina, poderia negar a mim mesma, mas dar ordens ao homem que se transforma em um grande cara verde e raivoso discordaria com veemência. Dane-se, ele não ficará verde mesmo. Vou até os armários de Sam procurando nos mantimentos algo para preparar os hambúrgueres, porque é claro que farei um para mim também.

— Desculpe... Você disse hambúrguer? — viro-me, encaro Bruce com semblante um tanto curioso sobre mim.

— Sim. — Bruce não consegue esconder sua surpresa, e levo menos de um segundo para entender o motivo disso. Mas que diabos, Steve...?

— Por acaso Steve te deu uma ficha completa sobre mim, ou algo do tipo? — pela expressão de Bruce foi exatamente isso. Ele assente com a cabeça, um pouco hesitante. Ignorando a sensação de corar, instigo meu descontentamento, e questiono em zanga: — O que mais aquele velhote te contou?

— Ele gosta de você. — minhas sobrancelhas se erguem em surpresa pela sua resposta. Não exatamente pela sua resposta, mas pela sua fala inesperada. Disfarçando rapidamente, engolindo em seco, pergunto sutilmente:

— Ele te disse isso? — não tão sutilmente assim, Jessie, até um papagaio perceberia sua real intenção aqui.

— Acho que não teria sido nem necessário isso, mas sim, ele me disse isso. — algo se agita dentro de mim, percebo que é meu coração batendo mais forte. Steve gosta de mim, está certo que ele não me odiava, ele me protegeu, se preocupou comigo, me abraçou, me beijou, e eu poderia estar devaneando, mas sei que vi em algum momento desejo em seus olhos quando me fitou, ninguém olha assim a quem se odeia, mas saber que Steve admitiu a alguém que gosta de mim é outra coisa que mexe comigo, e me faz questionar: por que ele não me disse isso? Esses pensamentos são dispersados quando ouço novamente a voz de Bruce: — O que quero dizer é que ele só queria ter certeza que daria tudo certo quando nos encontrássemos, não fique brava com ele. — o cara que se transforma no Hulk me pedindo para não ficar brava é um tanto incomum. Sorrio diante disso, olhando para Bruce ele parece perceber o que disse, ele faz uma careta engraçada que desponta um pequeno sorriso em seus lábios. Finda: — Bem, acho que você entendeu o que quis dizer.

— Sim. — respondo sorrindo mais amplamente. Ouço o toque do meu celular na sala, dando uma olhada para Bruce. — É o meu celular, vou atender. Se você puder pegar a carne de hambúrguer, e as outras coisas necessárias na geladeira para agilizar as coisas seria ótimo.

Bruce balança a cabeça afirmativamente, e eu corro indo até a sala, pegando o celular em minhas mãos, vejo no visor o nome de quem me liga. Abrindo um sorriso, atendo:

— Peter.

— Olá, Jessie! Como você está?

Sentando-me no sofá, pondero contar a ele que adquiri alguns poderes por causa do seu sangue, me lembro da sua preocupação quando me contou o que tinha feito. Contar isso a ele poderia despertar a sua preocupação, e elevar o seu senso de culpa desnecessariamente. Sendo assim, respondo:

— Eu estou ótima, e você? E sua tia May, como está?

— É ela? Peter, quem está falando? — identifico a voz de May Parker ao fundo, com um pouco de agitação. Peter responde:

— Sim, tia May, espera um pouquinho... Jessie, sim, eu estou bem, e tia May também. Só estávamos um pouco preocupados porque vimos o noticiário hoje, e a tia May me pediu pra ligar pra você, sabe, hm, pra ter certeza que você estava viva.

Solto uma risada.

— Bem, sim, diga a ela que eu estou, mas por segurança é melhor não espalhar isso para o resto do mundo.

— Claro. — ouço um burburinho inteligível ao fundo que não consigo definir com clareza o que dizem.

— Peter?

— Oi! Desculpa, estava falando com a tia May, ela te mandou um abraço.

— Mande um outro a ela por mim.

— Claro. — responde. Levanto-me do sofá, ando até a cozinha encontro Bruce preparando dois hambúrgueres, faço um gesto para ele apontando o telefone, ele devolve um gesto balbuciando que posso levar o tempo que eu quiser. Me afastando um pouco da cozinha, volto a falar:

— Ouça, Peter, obrigada pela sua ligação, mas agora eu pre...

— Você mentiu para mim. — ele me interrompe. Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. — Meu sangue mudou algo em você. — oh, droga. A minha decisão de contar a ele para que não se preocupasse foi em vão, ele já sabia, mas como? E como se lesse meus pensamentos, sua voz me responde: — Digamos que eu assisti e prestei bastante atenção nos noticiários de hoje, e reconheci uma loira que supostamente parou um caminhão com as mãos. As pessoas estão dizendo que é montagem, mentira, invenção, mas o meu senso aracnídeo me aponta com certeza que não é uma mentira. Então me diga, é você, certo?

— Se eu dissesse que não, você acreditaria?

— Não sei, talvez se você parecer bastante convincente.

— Então não, não era eu. — afirmo com toda a sinceridade fingida em meu tom de voz.

Ouço um leve suspiro do outro lado da linha, antes de Peter falar:

— Puxa, você é boa, mas esquece, nem assim eu acredito. — dou de ombros, bom eu tentei.

— Olha, não se preocupe com isso, Peter. Eu estou bem, de verdade.

— Não, Jessie, você não entende. Isso não era pra estar certo, e ter dado certo, é o que me preocupa.

— O que você está querendo dizer com isso?

— Eu não nasci com esses poderes que hoje tenho, de certa forma os ganhei, pela mutação genética de uma aranha ra... Só um minuto, tia May está me chamando. — retorno à sala me afastando totalmente da cozinha para não correr o risco de que Bruce ouça a conversa. Ele me fez muitas perguntas sobre o ocorrido, e sobre o Homem Aranha, algumas respostas tive que omitir para preservar a identidade secreta de Peter, não conheço Bruce totalmente, mas sei que ele é de confiança, mas prometi a Peter guardar segredo sobre sua identidade, e não sou do tipo que quebra promessas. — Jessie, você ainda tá na linha?

— Sim, estou.

— Desculpe, tia May estava reclamando por eu lavar meu uniforme na máquina e tingir todas as roupas de azul de novo. — franzo meu cenho, sorrio enfim imaginando a cena. — Por favor, esqueça isso, eu e minha língua grande.

— Ok. — reprimo uma risada, não posso o ver, mas aposto que ele está bem constrangido por ter dito o que disse, de qualquer forma, ele volta ao assunto anterior com seriedade:

— Estou preocupado com você, Jessie, de verdade. Saber que você está de pé, e que ganhou poderes como os meus chega a ser assustador para mim, mas dos males o menor. Eu fui picado por uma aranha há alguns anos, ganhei esses poderes, mas por incrível que pareça aquela aranha de alguma forma era destinada a mim, ela me escolheu...

— E talvez o seu sangue tenha escolhido a mim, Peter.— murmurou não deixando que ele prossiga com as suas preocupações, para que ele mesmo não coloque mais peso sobre os seus ombros, e para que nada mais some em preocupações para mim. — Vamos manter a esperança, certo? Eu também me preocupei, mas tenho agora alguém que estará vendo se isso pode ser de alguma forma prejudicial à mim. Mas, Peter, sinceramente estou cansada disso, o que tiver de ser, será. Chega de me preocupar, ou preocupar os outros, e até que se mostre o contrário, trato isso como um milagre, não uma maldição. Sei que era pra eu estar morta, mas recebi uma segunda chance, e não vou desperdiçá-la com temores, e dúvidas.

Alguns segundos passam sem que ele diga algo, ou eu. Mas então ele diz:

— Ok.

— Eu estou bem, não se preocupe. — asseguro.

— Tudo bem, Jessie, me desculpe se fui um chato, é que...

— Não se importe com isso, conheço alguém como você que costuma querer levar o peso do mundo nas costas. Típico de herois. Mas lembre-se: você é um heroi, não Jesus.

— Meu tio Ben teria se dado bem com você. — ele murmura baixinho, como se fosse para si mesmo, mas o escuto, embora não entenda o que raios ele quis dizer com isso.

— Como é?

— Nada, só estava pensando alto. — Peter fala ligeiramente, acrescenta: — Eu não vou tomar mais o seu tempo, foi bom falar com você, Jessie.

— Foi bom falar com você também, Peter.

— Você precisa de algum favor? Alguma coisa? Saiba que Peter Parker está sempre disposto a ajudar os amigos, e se ele não puder, conheço um cara bem legal que pode ajudar. Chamam ele também de amigão da vizinhança, sabia?

Eu rio abertamente pelo bom humor contagioso de Peter. Seu ego é tão gigante como sua mania de se culpar, todavia não posso discordar que ele é um cara bem legal. Penso em sua pergunta, e me lembro de Bucky. Analisando, talvez não seria uma boa ideia confiar tal segredo a ele para abranger as buscas, mas a H.Y.D.R.A. e muitos outros inimigos sabem sobre Bucky, e estão no seu encalço, enquanto somente Steve, Sam, e eu estamos atrás de Bucky para realmente ajudá-lo.

— Quer saber? Acho que posso precisar de um favor do amigão da vizinhança. Peça pra ele verificar o e-mail dele mais tarde.

Encerro a ligação ao estilo Nick Fury: sem despedidas. Passo meu polegar no visor do celular até chegar a caixa de mensagens, sentindo-me corajosa, pelas conclusões da conversa com Bruce, e Peter, digito uma mensagem, e envio para Steve:

"Sinto sua falta."

Idiota apaixonada, minha consciência acusa. Que se dane. Guardando o celular no bolso, com o coração batendo acelerado, faço meu caminho de volta a cozinha até Bruce.


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Notas finais do capítulo

Eitcha lelê! E aí, o que acharam dos biscoitos? Do Bruce? Do Peter? Da idiota apaixonada? E o que é SMS mesmo? Oi?

Sei que todos estão ansiosos pelo retorno de Steve, então... Próximo capítulo haverá o retorno do Capitão Porto Rico!

Ieba! E um pouquinho de ação. :-D

Por hoje é isso, pessoal, até breve!