Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 29
Até o fim da linha


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Aqui é a Hunter Pri Rosen, representando a dona autora e trazendo mais um capítulo para ocês!

Boa leitura! E leiam as notinhas finais, chuchus!



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Steve e eu estamos enclausurados na casa de Sam em meio às pesquisas com base nas informações que temos de Bucky, Sam saiu essa manhã, após marcar ontem para se encontrar com um conhecido seu na esperança de mais informações sobre Bucky. Passamos os três a noite em claro, pesquisando, ligando pontos onde Bucky poderia estar, ou melhor, dizendo: o Soldado Invernal. Ele nunca tivera um rosto até então, por todas as análises, informações coletadas e as que já tínhamos, ele foi apenas um mito da Guerra Fria, uma arma de guerra incutida silenciosamente que apontava e atirava nos momentos mais cruciais da história. Há ligação dele na morte de um vice-chanceler de Wakanda, de um general em 1955, e até na morte de um maioral do MI6, entre muitas outras. Um assassino fantasma que salta através do tempo para apertar o gatilho. Algo que parece fictício demais para ser real, todavia é. Descobrimos pelas informações da pasta, que Bucky fora pego pela H.Y.D.R.A., reavivado e equipado com um braço biônico que substituiu o seu perdido por uma alta queda — quando Steve não pode salvá-lo. Seu braço biônico teve uma atualização a cada ano, no mesmo momento que o deixaram em estado criogênico, desgastaram, e retiraram suas memórias no processo. Ensinado em seguida a odiar todo o Ocidente e sendo ministrados a ele implantes mentais com a doutrina de um alemão nazista, Bucky não tivera chance a não ser se tornar a lenda do assassino frio extraordinário. Tudo isso nos estimulou a raiva, e a vontade de localizar Bucky logo, e o tirar das garras da H.Y.D.R.A. Embora tenhamos dúvidas se ele está com ela, ou só desde que salvou Steve.

O conhecido de Sam é alguém de dentro do MI6, ele tem esperanças que ele possa nos apontar algumas pistas de onde Bucky pode estar. Onde a H.Y.D.R.A. poderia o manter. Suas expectativas de quando saiu daqui eram altas, esse conhecido dele é alguém que ele disse o dever alguns favores. Até fiquei curiosa a ponto de quase perguntar o que ele fez pra alguém do MI6 dever favores a ele, mas achei mais prudente não perguntar. Já tive minha quota de problemas, e segredos para administrar, não quero adicionar mais um à lista. O importante é que Sam está fazendo o que pode para ajudar. Todos estão, mas diante de um notebook de Sam que fiz algumas modificações específicas para não o rastrearem logado em um banco de informações que consegui hackear da Interpol, apenas com mais histórias do Soldado Invernal que não nos levam ao seu paradeiro, me sinto frustrada. Recosto-me no sofá, deixando um suspiro alto escapar de minha boca.

— Descobriu alguma coisa? — Steve desvia o seu olhar de alguns papéis, me olhando com expectativa. Sinto-me mais frustrada ainda por não ter nada que ajude mesmo que seja a manter uma perspectiva positiva. Fito Steve com delicadeza, meneando a cabeça negativamente.

— Só mesmo que a H.Y.D.R.A. é uma cadela mais esperta do que eu esperava. — murmuro possessa. — Merda. — Steve parece desconsertado com o meu linguajar, contudo não comenta nada. Sorrio breve, achando fofo o seu jeito, agora seria o momento perfeito para ter aquele beijo, não? Porém o semblante desconsertado de Steve cai em frustração como o meu anteriormente, olhando um ponto perdido a frente. Não, acho que seria hipocrisia dizer que é o momento perfeito. Tornando a ficar séria, pondero minhas palavras, e digo: — Desculpe, Steve.

— Não se preocupe com isso. — ele contesta calmamente. — Você talvez devesse tirar umas horas de sono.

— Talvez, mas não estou com sono. Pelo contrário. — respondo com honestidade, deixando um convite camuflado entre as minhas palavras. Ok, não é o momento perfeito, mas não custa tentar. Steve parece não captar a mensagem, ou se capta a ignora totalmente. Voltando o seu olhar para mim, articula:

— Eu liguei para o Bruce, ele não podia conversar no momento e disse que me retornaria a ligação mais tarde.

A sua citação ao meu heroi favorito me anima um pouco, mesmo a notícia não sendo muito animadora, e Steve tendo me frustrado um pouco. Diferente de antes, agora ele parece notar meu humor, a minha empolgação, porque franze suas sobrancelhas e questiona curioso:

— O que há com você quando falam sobre o Bruce?

Fico desconsertada, mas não desvio meu olhar do de Steve, não quero demonstrar nada que levante mais a sua desconfiança. Por que ele só nota as coisas desnecessárias? Ele espera uma resposta, mas o que posso responder sem que ele ache que sou uma fanática, louca e bobalhona quando falam do Bruce, o incrível Hulk? Steve me fita com sua curiosidade que posso sentir aumentar gradativamente, até que o barulho da porta se abrindo se faz audível, e Sam aparece tomando nossa atenção. Salva pelo gongo. Querendo manter a atenção de Steve nele, exclamo para Sam:

— Ei, Sam! Grande homem! — o olhar de Sam é desconfiado enquanto fecha a porta, noto pela minha visão periférica Steve me olhando com suspeita também. Oh, Deus, por que eu me meto nessas?

— Ahn, oi. — Sam cumprimenta de volta meio titubeante, aproximando-se. Mantendo meu entusiasmo já que é minha única alternativa tática, pergunto:

— E então, pra onde é que nós estaremos indo chutar alguns traseiros nazistas?

— Por enquanto, a lugar nenhum. — fixando seu olhar um pouco desapontado em Steve, explana: — Infelizmente não consegui nenhuma informação relevante com meu amigo, Capitão. Ele até achou bastante estranho o meu contato, e me perguntou o que eu sabia sobre ele. Acho que nós sabemos mais sobre ele do que qualquer outra pessoa.

— Mas nós não sabemos nada sobre ele. — externo meu pensamento, notando tarde demais que é insensível dizer isso em voz alta. Olho para Steve e sobreponho ligeiramente: — O que quero dizer é...

— Não é necessário medir suas palavras. — Steve me corta com sua voz neutra, antes que eu possa prosseguir. Sam e eu trocamos olhares claros da infelicidade de não poder conter a desesperança, com elementos que nos dê um gás para persistir. Steve com tom amargo, conclui: — Não temos nenhuma pista boa que nos leve a Bucky, eu sei bem disso. A H.Y.D.R.A. o escondeu bem por todas essas décadas, não seria agora que eles se descuidariam.

— Tenha fé, Capitão. — Sam fala mais esperançoso. — A H.Y.D.R.A. não é perfeita, temos o exemplo do que passamos com ela esses dias.

Balanço a cabeça em concordância a Sam. Ele continua:

— E não podemos nos esquecer que Bucky pode estar se lembrando do seu passado, de si mesmo. Nós continuaremos procurando por ele, e não iremos desistir até encontrá-lo. Eu prometo.

Concordo novamente com Sam assentindo. Steve o olha com gratidão, reverente respeito. É possível notar o seu ânimo se restaurando, a sua fé regressando com toda a força, após esse discurso de Sam. Afinal, nós começamos as buscas agora, e ainda temos muitas áreas de investigação a explorar. Olhando a nós dois, gratificado, Steve fala:

— Obrigado.

— Não por isso, Capitão. — rebato descontraidamente, apertando o seu ombro de leve, também brinco: — Vamos encontrá-lo em breve. Nem que seja por sorte, ou azar. Você sabe que eu sou um ímã que atrai confusões, certo?

— Nesse caso — ele me encara intransigente, casto. —, acho que prefiro não contar com sua ajuda. Ai! — ele exclama ressentido por eu desferir um tapa em seu braço. Não me importo com o seu olhar acusador sobre mim, pelo oposto, faço-me de indiferente e redargo:

— Você mereceu. — um sorriso maroto e estonteante se desenha nos lábios de Steve em diversão, embora vagaroso. Ah, meu Hulk, impossível continuar indiferente perante isso, e não me render a um sorriso tardio idêntico.

No entanto, aquela sensação chata de estar sendo observada me atormenta nesse conciso momento. Ergo meu olhar deparando-me com Sam que nos observa com um sorriso caçoador. Seu semblante parece avisar que ele está prestes a dizer algo digno de Stark. Fixo meu olhar no dele tentando transmitir uma mensagem clara: nem uma palavra, Sam!

Steve ergue seu olhar ainda sorrindo, e antes que ele pegue no rosto de Sam a zombação clara, Sam desfaz seu sorriso caçoador e questiona informal:

— Então, e vocês tiveram alguma sorte com o Dr. Banner? — me empertigo no sofá com a citação ao Dr. Banner (o Hulk), Sam pergunta isso porque na noite de ontem Steve tentou ligar para ele, mas não foi atendido. Ligou para a Torre d'Os Vingadores, e foi informado que o Dr. Banner estava incomunicável no momento. Quase surtei ontem esperando com expectativa algum retorno, para a minha sorte fui discreta, e ninguém notou, mas hoje Steve parece ter tido mais perspicácia, e percepção para notar os meus ânimos por Bruce e olhar-me de esguelha com suspeita, enquanto responde a Sam:

— Na verdade, mais ou menos. Eu consegui falar com ele, mas ele estava tão apressado que nem tive a oportunidade de falar. Disse que me ligaria mais tarde e desligou. Ainda espero sua ligação.

Antes que Steve claramente curioso ressuscite a pergunta que havia feito antes de Sam chegar, me levanto do sofá, e com animosidade digo as palavras praticamente para o ar:

— Eu não sei vocês, mas estou doida para tomar um café. Alguém mais vai querer? Estou indo fazer!

Não espero nenhuma resposta e saio rapidamente rumo à cozinha. Não costumo perceber, mas dos meus disfarces de agente, uso com mais frequência o de garota atrapalhada, tanto que já não sei mais no meu normal se estou usando a personagem para sair de situações desesperadoras, ou se sou eu mesma. Será que a essa altura faz alguma diferença? Bem, seja o que for, melhor começar a fazer o café, antes que minha desculpa sorrateira seja descoberta. Sendo que a cafeteira já está à vista, começo a procurar nos armários da cozinha de Sam o pó de café. Ouço Steve chamar por mim da sala. Fico estatelada no meio da cozinha. E agora? Talvez se eu ignorá-lo ele desista de querer perguntar sobre Bruce, o Hulk...

— Jessie? — ou talvez ele persista até que eu não possa mais ignorá-lo. Droga. Sua voz em um tom mais alto, sobrepõe: — Acho que seu computador está emitindo algum tipo de alerta...

— Steve! Não aperte esse botão... — a voz apressada de Sam se sobressalta, mas se cala abruptamente. Alguns segundos se passam até que eu ouça novamente Sam dizer: — Hm, você acaba de desligar o notebook.

Não dá pra ignorar, melhor ir checar o que está acontecendo. Retorno a sala, e encontro Sam fitando Steve prendendo o riso, enquanto este tem seu semblante meio decepcionado olhando a tela do notebook desligada.

— Perdi alguma coisa? — questiono chamando a atenção dos dois. O semblante de Steve se mescla com constrangimento, até posso o ver corando. Sam solta uma breve risada, e me solidarizo percebendo o que aconteceu. Mesmo assim tenho que reprimir minha vontade de rir — porque sinceramente é engraçado, mas Steve parece bem acanhado com a situação, e querendo ajudá-lo não comento, e apenas indago: — Você disse que o notebook tinha algum alerta?

— Foi o que me pareceu — murmura ainda constrangido. —, mas agora não posso te afirmar com certeza.

Steve é um homem inteligente e de postura. Mas por vezes seu constrangimento aparece, e seus modos, e fala educada me relembra que ele não é um homem desse tempo. Às vezes o pensamento disso costuma me assustar, até a concluir que sou uma pervertida por certos devaneios. E se me recordo bem, meu avô teria a mesma idade que a sua se estivesse vivo. Isso é estranho pra caramba; mas nesse momento, acho simplesmente encantador todos os seus trejeitos, deslumbrada com tudo o que ele me desperta. Sinto-me ainda afortunada, e preenchida de ternura só de tê-lo aqui. Seria inútil da minha parte não admitir, ante essas emoções e pensamentos, a mim mesma que no mínimo estou... Apaixonada por ele.

— Bom, vamos ver isso. — profiro rapidamente, piscando algumas vezes com a conclusão disso. Sento-me ao lado de Steve apertando o botão para ligar o notebook, tento manter-me sã e não pensar nos meus sentimentos, e no que acabei de admitir a mim. Focando no que Steve falou, avalio com seriedade, informando a ele, e a Sam: — Se você estiver correto sobre o que disse, podemos ter algo no que trabalhar. Eu coloquei o rosto de Bucky em um programa de busca por satélite que costumo usar para encontrar alguém que não é fácil de ser encontrado. Não se preocupe, é totalmente seguro. — percebendo o agito de Steve com a informação, volto minha atenção para o computador para entrar no programa digitando alguns protocolos, acrescento: — Às vezes pode acontecer de não ser o que esperávamos, mas é 90% de chance de termos algo. Enfim. — Steve meneia a cabeça levemente, mas com o caráter que mostra não deixar as expectativas saírem fora.

Não posso ser diferente, mantenho-me com expectativa positiva também, porque não há mal em manter um pouco de esperança quando não se tem nada. O programa de procura é aberto. Steve estava certo, há uma notificação de alerta, e que sem pensar duas vezes clico para ver. Abrindo a boca impressionada me afasto do notebook, logo permito um sorriso surgir em meus lábios. Sam e Steve olham fixamente para o computador que mostra uma imagem captada na Jefferson Dr SW — precisamente em frente ao Smithsonian onde há a exposição do Capitão América — onde Steve, e eu tivemos um conturbado encontro. A imagem mostra um homem com roupas despojadas, colocando um boné que talvez tivesse a funcionalidade de cobrir o seu rosto para não ser descoberto. Felizmente foi pego pelo programa de busca, porque analisando, vejo semelhanças no homem com quem procuramos. Sei que aqui está em melhor hora os 90% de acerto.

— Isso é o que estou pensando? — Steve questiona.

Olhando em retorno para ele, e Sam, me pronuncio respondendo a sua pergunta:

— 90% de certeza que sim, Capitão. E então, estão animados para uma excursão no museu?

Steve se levanta do sofá prontamente, e decidido fala:

— Não vamos ficar aqui de braços cruzados. Sam se apronte! Jessie, obrigado.

O olho desconfiada, levantando-me do sofá. Se ele espera que eu fique em casa enquanto eles saem e tem toda a diversão está erroneamente enganado.

***

— Eu não acredito que deixei vocês me convencerem a ficar no carro. — resmungo dentro do carro de Sam, próximo aos museus do Smithsonian, enquanto Sam e Steve já saíram para procurar Bucky.

— Deveria estar agradecida — Steve sussurra em resposta, pelo micro comunicador de microfone que entreguei um a ele, e outro a Sam, conjuntamente com um micro ponto para mantermos a comunicação. —, ainda não estou convencido de que ter trazido você tenha sido uma boa ideia.

— Oh, você sabe exatamente o que me dizer para me fazer sentir querida. — retruco irônica. Embora esteja acostumada com a cautela exagerada de Steve comigo, não me sinto nem um pouco feliz com o seu zelo. E não é porque admiti a mim mesma que estou apaixonada por ele, que agirei como uma idiota e ficarei submissa a tudo que ele quiser, não posso fazer muito no momento, além de irritá-lo da forma mais rápida que conheço, vingativa, alfineto cantarolando: — Capitão Porto Rico.

O seu resmungo audível me faz sorrir genuinamente. Bem melhor assim.

— Sejam menos platônicos ao menos por um instante, pessoal. — Sam interfere com a voz cansada, e sincera. Dando ouvido as suas palavras, engulo meu orgulho, me desconserto com sua honestidade e me foco no momento, mesmo que não possa ajudar em nada estando trancada nesse carro. Steve deve ponderar mesmo, pois o silêncio se instaura na linha de comunicação. A voz de Sam ressurge: — Ótimo.

Santa paciência. Realmente. Como deixei que eles fossem enquanto eu fico aqui bancando o Robin dispensável do Batman? Para não praguejar ainda mais, pergunto:

— Algum sinal do nosso amigo?

— Nenhum sinal no estacionamento, nem na entrada. — Sam informa objetivo. — Alguma sorte aí dentro, Capitão?

— Ainda não. — ele responde com a sua voz séria, porém ainda com nítida inabalável confiança.

— Seria melhor se Sam o ajudasse a procurá-lo. — tento soar solicita para que Steve não seja tão teimoso a minha sugestão de mudar algo em seu plano. Incremento: — Eu poderia ficar na entrada.

— Bela tentativa, mas não, obrigado. — ele mesmo nem se deu o tempo para pensar. Mas que inferno! Ele acrescenta: — Devo encontrar Bucky e tentar um diálogo com ele. Ele não confiaria em qualquer outra pessoa, não sei se confiaria mesmo em mim. É o plano mais seguro que temos. Sam deve ficar na sua posição caso as coisas não saiam certo. — ele tem razão, é realmente o plano mais seguro, ou o mais sensato no momento, pois sei que Steve esteve algum tempo no hospital após uma tentativa de diálogo com ele. E dentre nós três, ele seria o mais apropriado para se arriscar a tentar outro diálogo. Eu tenho meus poderes herdados da transfusão de sangue do Homem Aranha, mas todos têm estado bastante receosos quanto a eles. E talvez... Eu possa ter me contagiado um pouquinho com o receio.

— Jessie, você poderia conferir as câmeras de vigilância? — a voz de Steve me arranca dos meus devaneios. Balanço a cabeça ligeiramente dispersando qualquer desatenção.

— Já estou fazendo isso, Capitão... — me interrompo no último instante quase o chamando pelo seu apelido menos querido. Acho que quase se tornou um vício chamá-lo de Capitão Porto Rico. Com o notebook no colo, dentro da rede de sistema de vigilância do museu em exposição Capitão América: a lenda viva e símbolo de coragem, procuro com meu olhar aguçado por James Buchanan Barnes. — Nada no salão de entrada... Nem na sala de uniformes exclusivos da Segunda Guerra... Mas o que é isso? Olhe só pra isso, seu manequim está nu, Steve! Será que...

— Jessie...

— Desculpe! Foi mal, mas é que eu fiquei pensando você... Hm, esquece, voltando à checagem... Nada no segundo piso, e nada no... Espere! O encontrei! Lembra-se da sala de documentário? Ele se encontra ao leste, nove horas! Código Bravo, Quebec, Steve. Charlie? — em nosso código de comunicação combinado o informo que a situação pode não ser muito segura, e peço novamente para entrar em ação. Não custa tentar.

— November. — Ele responde simplesmente algo que quer dizer, para minha frustração: Negativo. Antes que eu possa sugerir algo, ou Sam se prontificar, no mesmo instante que Steve se dirige ao local, vendo Bucky de longe, Steve comanda: — Sam, fique a postos caso seja necessário.

— Entendido, Capitão.

Sinto-me completamente de mãos atadas, mesmo aliviada por finalmente o encontrarmos, a ansiedade e o temor tendem a ser predominantes nesse momento. Tudo o que me resta a fazer é uma prece silenciosa para que o diálogo que Steve terá com Bucky tenha sucesso, e assim nós possamos recuperar mais um soldado perdido no tempo.

Por uma das câmeras de vigilância observo Steve se postar a uma pequena distância do nosso procurado de costas para ele, que fita fixamente algo que pela minha memória lembro ser a sua própria biografia.

— Bucky. — a voz de Steve repercute pacífica, a reação do outro é veloz, para virar-se e encarar Steve. Não posso enxergar muito bem, mas pelo que posso ver, e fazer uma leitura corporal, Bucky se mostra nitidamente evasivo, desconfiado, e assustadoramente pronto para um combate. Steve ergue suas mãos em sinal de paz, e expõe com calma: — Eu não vim para brigar, eu vim como amigo.

— Como me encontrou? — Bucky se pronuncia pela primeira vez, sua voz é carregada, dura. Ele não parece querer atacar Steve no momento, mas não mostra nenhuma hesitação em sua postura caso seja necessário. Por sorte, Steve é prudente, e sem fazer algum movimento brusco que o faça perder algum tipo de confiança, diz:

— Os tempos são outros, a tecnologia avançou bastante desde a última vez que lutamos juntos em uma guerra. — explica resumido. Sem se estender muito, acrescenta: — Há muitas coisas mudadas, mas a nossa amizade não é uma delas.

— Eu não sei do que você está falando. — Bucky o retruca, seu humor é tão frígido e cortante como a ponta de uma navalha. — Você não é meu amigo, e eu não sou seu. Se você me encontrou, não deve demorar muito tempo antes que eles apareçam por aqui. Afaste-se de mim, antes que eu faça algo que você não irá gostar.

Eles. O seu comentário me atenta então para o fato que ele está fugindo da H.Y.D.R.A., e não pretende voltar para o berço dela. Sua negação a amizade com Steve aponta o fato que ele não se lembra ainda quem é, mas sua presença no local mostra que ele está em busca delas. Temos todas as cartas ao nosso favor, basta apenas saber jogá-las da maneira certa. Com essas opções, digo a Steve:

— A H.Y.D.R.A. deve estar procurando por ele. Isso quer dizer que ele está só. O convença a sair daí junto com você para um lugar mais seguro, Steve.

Quase ao mesmo instante, Steve se interpõe no caminho de Bucky quando ele tenta sair. Não precisaria nem mesmo estar assistindo pelas câmeras de vigilância, para vislumbrar a tensão de Bucky com esse encontro. Steve fala:

— Você pode me bater se quiser, mas você terá que me ouvir. Sei as coisas que a H.Y.D.R.A. fez com você, e que perdeu a sua memória. Estar aqui prova que você está se lembrando do homem que é. E você pode não se lembrar disso agora, mas nós sempre fomos amigos. Eu conheço você, venha comigo e deixe-me provar isso, posso te ajudar.

— Se você soubesse realmente quem sou, Capitão América, ou até mesmo quem fui... Não diria essas coisas... — a sua voz profunda chispa com amargo, e seriedade tenebrosa. E persiste, frio: — Eu posso dizer a você quem sou: o homem que deveria matá-lo. Um assassino. Um monstro.

Steve não responde de pronto, parece inerte absorvendo suas palavras de humor amargo, até que diz:

— Seja o que possa ter feito, a culpa não é sua, é da H.Y.D.R.A. Você não tinha o controle, ou sua consciência. Você não é o homem quem acredita ser, confie em mim. Deixe-me ajudá-lo. Você não precisa ficar sozinho. Eu estarei com você até o fim da linha, Bucky.

Antes que Steve possa perceber, ou até mesmo se defender, Bucky desfere um soco contra o rosto dele, o fazendo cair no chão. As pessoas ao redor param, fitando a cena com estupor.

— Steve!

— O que aconteceu, Jessie? — Sam questiona.

— Eu não sou Bucky. — o próprio Bucky cospe essas palavras com fúria, antes de fugir entre a multidão, ou que Steve possa se recobrar para interceptá-lo.

— Sam, ele bateu no Steve, e está fugindo. Ele está indo na sua direção, o detenha!

— Entendido.

— Não, Sam, não faça isso!

— O que? — ambos dizemos em uníssono a ordem peculiar de Steve. Destaco: — Steve, nós o perderemos se não fizermos isso. Ele...

— Bucky não é nosso inimigo, mas ele não sabe em quem confiar, e sabemos que se defenderá com toda a força que tiver de quem tentar se aproximar. Deixe-o ir, Sam.

— Tem certeza, Steve?

— Não. — Steve suspira abaixo de sua voz, acrescentando: — Mas vou ter fé que ele encontre o caminho da sua verdadeira identidade por si próprio.

Nenhum de nós diz qualquer coisa dentre esses segundos, mas posso afirmar que nenhum de nós queria esse desfecho, talvez tenhamos que esperar que Bucky sozinho possa recuperar sua memória, ter fé que ele voltará a ser o heroi dos Estados Unidos da América, o amigo que Steve tinha, não o homem que o próprio se diz ser. É um momento em que temos que manter a esperança.

Em menos de um minuto vejo Steve e Sam aparecerem no meu campo de visão enquanto divago em pensamentos, saio do carro imediatamente. Lançando um olhar e sorriso solidário a Steve, falo:

— Seja do jeito que for, não vamos desistir. Eu vou retornar às buscas dele pelos meios que posso. Também posso fazer algumas ligações e colocar algumas pessoas confiáveis em alerta para ajudar.

— Eu também. — Sam meneia a cabeça em concordância, olhando para Steve, adiciona: — Nós estaremos com você, conte com a nossa ajuda.

— Não sei nem o que dizer. — Steve diz com honestidade, notavelmente afetado com o que aconteceu, apenas diz sucinto: — Obrigado.

Seu celular toca antes que algum de nós possa falar algo. Ele retira o celular do bolso, pedindo licença para atender.

— Dr. Banner? Eu estava esperando por sua ligação. — tenho que me controlar para não forçar a minha recente audição apurada, para não ouvir a conversa dele ao telefone. Só posso ouvi-lo dizer: — Eu precisava pedir a você um favor... O que? Tudo bem... Não, não há problema, pode ser melhor... Certo. Até logo.

Seguro minha curiosidade para questioná-lo assim que encerra a chamada, mas para a minha sorte Sam não tem a mesma habilidade, e sem rodeios, logo pergunta:

— Era o Dr. Banner?

— Sim. — Steve responde, olhando para nós. Segurando minha curiosidade mais uma vez, espero até que ele se sinta a vontade para compartilhar o que conversou com ele, ou até o momento que o indiscreto Sam questione:

— Você conseguiu pedir a ele para vir até Washington?

— Não, ele me pediu para ir até New York para que conversasse com ele. — Sam e eu trocamos olhares confusos, que só se suavizam quando Steve nos esclarece: — Tenho um chamado d'Os Vingadores.


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Notas finais do capítulo

Well, antes de mais nada, dona Debora mandou avisar que no próximo capítulo um moço que costuma esmagar tudo vai aparecer por aqui. Isso mesmo, Bruce/Hulk na área!

Essa semana PM ganhou um trailer muito divônico feito pela menina Bells W. Aqui está o link, mas devido aos direitos autorais da música, o YouTube só permite que você assista o vídeo pelo computador ou versão desktop. https://www.youtube.com/watch?v=2GW-nwz24VQ

Não se esqueçam de dar aquele joinha no vídeo, hein?

E não se esqueçam de dizer o que acharam deste capítulo, a autora está esperando ansiosamente pelas opinions de vocês!

Por hoje é só! Inté!