Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 2
Segredos e dissimulação


Notas iniciais do capítulo

Oi! Esse é um capítulo especial que ofereço especialmente a Sabrina que foi muito legal comigo, me dando palavras de incentivo e alguma ajudinha, rs. Obrigada. E a todas as pessoas que favoritaram ou comentaram, Hunter Pri Rosen, Bells W, Queen Marie, pfvrlets e a Agente Dark Mikaelson, muito obrigada *-* comentários são importantes. Então fantasminhas, se quiserem se manifestar nem que seja com um "oi", ou um "continua. Estou analisando ainda se é boa a fic.", eu não me importo kkk ah, e aos que estão acompanhando a fic no modo invisível também. Thanks.
Boa leitura! Espero que gostem.
P.S: demorei para postar porque estava com probleminhas, mas está tudo resolvido por ora.



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Antes que o meu despertador pudesse me acordar, eu já estou desperta. De bruços sobre a pia em um frenesi jogando água gelada contra o meu rosto, é quase uma rotina, todos os dias, digo, todas as madrugadas sou assombrada pelo terror noturno: pesadelos, que me envergonho em admitir, mas é esta a verdade. Digamos que não é legal encontrar-se com fantasmas todas as noites, ou sempre que se fecha os olhos.

Coloco-me ereta em frente a pia, encaro a minha imagem que me reflete no espelho. Só posso sorrir ironicamente, eu estou um caco. Tanto por dentro, como por fora, olheiras profundas e escuras embaixo dos meus olhos, essa cara amassada de buldogue e mais este cabelo loiro desengonçado não me fazem uma bela imagem.

Noto que a água ainda sai da torneira em total escassez, e a fecho.

É disso que eu preciso,deter essa onda de pesadelos. Encontrar uma fechadura e deixar que esses fantasmas fiquem trancados onde nunca deveriam ter saído: o passado.

Meu celular toca sobre o criado-mudo no quarto, Soundgarden Tighter & Tighter, meu despertador sempre desperta depois de mim. Hilário.

Saio do banheiro e deito na cama me esparramando, não tenho sono e não estou a fim de correr como faço todas as manhãs.

Deixo que o toque soe livremente, pois eu adoro esta música, ela me acalma, e sim, eu tenho minha música preferida como toque de despertador, mas eu sempre desperto antes que ele toque, então não tenho muito motivos para passar a odiar minha música favorita. Ela balança como eu me sinto na vida.

Certamente o toque não chegará ao meu predileto momento da música que é o final. Mas a música não toca por muito mais tempo, pois o meu celular vibra juntamente com o toque de mensagem recebida. Levanto-me da cama me esticando até o criado-mudo para pegar o meu celular, a mensagem é sem remetente.

“Esteja hoje no QG às 07:30, não se atrase. F.”

Claro, sem remetente, mas já sei quem é, mesmo que não houvesse a letra de sua inicial eu saberia pela presunção de sua mensagem que é Nick Fury, meu atual chefe e diretor da S.H.I.E.L.D., então é melhor não desobedecer ao homem.

Estou na S.H.I.E.L.D. há um ano e alguns meses, saí da C.I.A. após alguns meses do ataque a NY, e não foi nada fácil sair de lá para ser sincera, há um tempo ainda que tive que servir para aceitarem a minha demissão, e mesmo assim, eles ficaram me enrolando com obrigações e mais missões, operações. Larguei tudo assim que percebi que não conseguiria sair “legitimamente” de lá. Já não era mais a minha praia. Ser uma marionete do governo, e seus podres que não beneficiavam a ninguém, a não ser a si mesmos na busca de território e notoriedade, não era o que eu queria, é claro que o meu trabalho não era ao todo ruim, ou somente de podres e manipulações... Mas, eu havia entrado naquela enganada e deixado me levar assim, porque não tinha outra opção. Só que depois de NY eu abri os meus olhos, e vi que era a hora de mudar.

Como eu fui parar na S.H.I.E.L.D? Bem simples: no meu tempo na C.I.A. eu não fui muito profissional, e digamos que usei ferramentas para buscar respostas que envolviam o ataque a NYC. Eu precisava saber. E foi assim que cheguei a Nick Fury, não, na verdade tentei acessar alguma de suas fichas e arquivos, e ele veio até a mim. Simples assim. E quando chutei o balde na C.I.A. Nick Fury retornou me oferecendo respostas, e um emprego. Como eu poderia negar? Ele me aparecia como o gênio da lâmpada, pronto para realizar os meus três desejos: me livrar da C.I.A, ter respostas que almejava, e ainda receber um bom salário com todas essas mordomias.

Um verdadeiro sonho que na realidade não era tão interessante assim, esse manipulador jamais me deu respostas.

E essa é a minha história depois do fiasco de NY. Não muito interessante, como eu disse.

***

— E então, qual é a ordem “Capitão Tapa-Olho”? — pergunto a Nick Fury depois de adentrar o seu escritório, que fica em um dos andares altos do Triskelon, QG em DC Wasinghton. E eu não posso impedir que minhas palavras saiam como deboche.

— Deveria medir as suas palavras, agente Wally, posso a demitir, e o estresse não faz bem a ninguém. — retruca ele, em seu assento de diretor da S.H.I.E.L.D. como se fosse o todo poderoso chefão de sei lá o quê. Minha vontade é de socar a sua cara.

— Ah, por favor, corta essa, se quisesse me demitir, já teria feito isso há muito tempo, e você não fez. — digo petulante, tanto eu e ele sabemos que é verdade. Acho. Assim espero. — E eu estou estressada, sim! Estou cansada de suas dissimulações. Você havia me oferecido respostas quando eu vim para cá, e até hoje, não vi nem sombra de uma. E não venha me dizer que não, porque nós bem sabemos que é verdade! Mandar-me investigar os destroços que o Homem de Ferro, Thor ou qualquer outro vingador deixa por aí não são respostas, isso é desrespeito! Esse não foi nem de longe o trabalho que você me ofereceu.

Exponho todos os meus pensamentos em palavras aguçadas, sem médias. Ele continua sentado, apenas demonstrando impaciência pela minha ousadia, eu não dou à mínima.

— Quando terei minhas respostas? — reforço, é tudo o que eu quero, será que isso é pedir muito?

Ele me olha significativo, sério.

— Já acabou com o show? — assinto com a cabeça, apertando uma linha fina de um sorriso zombeteiro em meus lábios. — Eu a chamei aqui para colocá-la em uma operação especial, não discutir sobre suas insatisfações, não temos tempo para isso.

Ele diz tranquilo, sem dar importância as palavras que eu disse anteriormente, como todo chefe filho da... Aghr, é sério isso?

— É sério isso? — dou voz aos meus pensamentos, irritada. — Insatisfações? Eu não estou insatisfeita, estou satisfeitíssima, não vê o quanto estou feliz? – digo irônica, ampliando um sorriso forçado em meu rosto. — Tenho um chefe maravilhoso, que cumpre com a sua palavra e não me manda para lá e para cá como se faz com um cão treinado pronto para servir, porque meu chefe sabe me dar o devido valor. Meu chefe é um cara muito legal, não o trocaria por nada neste mundo.

— Como seu chefe, e diretor da S.H.I.E.L.D. fico feliz em saber disso. — diz ele em réplica, bufo enfadada. O sarcasmo deveria ser proibido para certas pessoas, principalmente aos chefes. — Agora que sabemos que você está feliz, e satisfeita, vamos ao que realmente importa. Ou tem outra observação a fazer, agente Wally?

Não respondo, o fulmino com o olhar, dando-o a certeza que não desistirei deste assunto.

—Ótimo. Você conhece o Capitão América?

— Aquele que anda por aí enrolado na bandeira de Porto Rico? — indago me lembrando de seu peculiar uniforme, me dá a vontade de rir sempre que me lembro. E eu rio, sem conseguir conter a graça. — Ahn... Sim. — respondo, recuperando-me vendo sua seriedade para o assunto. —Ele salvou a cidade de NY, é um vingador, mas quase — friso risonha. —, que ninguém sabe disso, é um fato desconhecido. Mas por que a pergunta? O Capitão está com problemas?

— Sem piadas e sarcasmos, agente. Tenho uma missão para você. — Okay, sua seriedade excessiva sempre desperta a minha curiosidade. O que ele está tramando? — Será que eu poderia confiar em você para a missão, ou a senhorita é rebelde demais para isso?

— O senhor pode confiar em mim. Qual a missão? — respondo prontamente, pensei em uma ou em três piadas aguçadas para dizer, mas é melhor não, estou curiosa demais para tentar fazer graça e irritá-lo.

— A partir deste momento eu quero que você fique na cola do Capitão Rogers, quero que seja a sua sombra, e que ele não saiba que você está atrás dele seguindo seus passos, ele não pode desconfiar de nada. E me mantenha informado caso algo de estranho aconteça, ou você desconfie. A sua missão é: proteja o Capitão América de qualquer ameaça.

— Proteger o Capitão América? — essa é a coisa mais estúpida que já me mandaram fazer em todos os meus anos como agente secreta. — Você sabe quem é o Capitão América? Se ele não puder se proteger sozinho, ninguém poderá protegê-lo, sinto te informar, mas é esta a verdade. Além disso, ninguém poderá se proteger.

Ele mostra-se indiferente.

— É o que parece, agente Wally. Mas as coisas são mais do que parecem ser, se não pode cumprir esta missão, eu entenderei que você não é capaz para...

— Ei, ei, ei! — o interrompo, ofendida. Quem ele pensa que é? Tá bom que ele é o meu chefe, mas pensar que eu não sou capaz, é quase pedir para morrer. — É claro que eu sou capaz, só que proteger o Capitão América, o supersoldado, é meio que risível... Mas se o Cap está frágil, e precisa de alguém na cola dele pra servir como guarda-costas, okay, eu posso fazer isto.

Geralmente quando duvidam de mim eu costumo fazer o que não quero. Ser a guarda-costas do Capitão América? Isso deve ser uma experiência e tanto, seguir por aí um velho de 95 anos preso num corpo símbolo de beleza masculina, e adoração feminina deve ser... Ah, chato. Por que eu aceitei?

Nick Fury me venceu, droga. O fito de maneira grave.

— Mas... Diga-me uma coisa, por que vigiar o Capitão? Há algo acontecendo que eu não sei, não é? — provavelmente alguma coisa muito grave está acontecendo, eu só não sei o que é.

Fury me olha, sem esboço de alguma resposta. Mas o seu olhar é cheio de segredos que me desafiam a descobri-los, e eu vou.

— Há sempre algo acontecendo que não sabemos, e a sua missão é saber o que é, se for assim. Agora, é melhor você se focar em sua missão, e parar com essas indagações. Já sabe onde Steve Rogers está?

— O que? — Fury é estranho assim, ou qual é a dele? — Qual é a sua? É lógico que não, acabei de saber da missão, eu não sou o Oráculo pra saber dessas coisas, dê-me um tempo que eu irei te informar.

— Não é necessário. — diz ele, girando a sua cadeira para o lado, em tédio, com o rosto apoiado em sua mão esquerda. — Ele entrará aqui em aproximadamente seis segundos.

— Sério? Então você é o Oráculo? Por favor, diga-me sobre o meu futuro. —debocho rindo dele, mas logo sou pega de surpresa ao sentir a presença de alguém entrar no escritório de Fury.

Exatamente seis segundos depois do que ele disse, Capitão América se faz presente.

Ele passa por mim, como se nem me notasse aqui, heróis, tão apáticos e seguros de si.

Me afasto, ficando próxima a uma luminária acesa do escritório de Fury, e isso é realmente estranho — como Fury, ter um escritório repleto de janelas, de vidros transparentes e precisar de uma luminária acesa num canto esquecido da sala em plena luz do dia, isso é curioso.

Mas prefiro não comentar, e observar esse embate que acontecerá. Capitão América parece estar furioso.

— Não consegue parar de mentir, né? — ele despeja se aproximando de Fury, em seu caminhar firme e destemido.

— Eu não menti, a agente Romanoff que tinha uma missão diferente da sua. — Fury contesta, sem qualquer alteração.

— Que não se sentiu obrigado a compartilhar. — pelo visto eu não sou a única insatisfeita no trabalho.

— Eu não sou obrigado a nada.

— Os reféns podiam ter morrido, Nick. — o papo é sério, e apesar da curiosidade me sinto uma intrusa no meio desta discussão.

Pigarreio chamando a atenção dos dois. Fury me dá um mínimo olhar, e o Capitão finalmente me nota, assustado? Ele quase me derrubou ao passar por mim, tá certo que não foi bem assim, mas eu não sou exatamente uma ninja da invisibilidade.

— Pode se sentar, agente Wally. — pronuncia Fury, Steve ainda me encara, no momento um pouco desconfiado. Sento-me na poltrona, sem dizer algo, e ignorando o olhar do apático Capitão Porto Rico sobre mim.

Nick Fury também não dá explicações sobre mim, e acho que é melhor assim. Ele prossegue com a discussão:

— Enviei o melhor soldado de todos para garantir que isso não acontecesse.

O Capitão volta a sua atenção para ele, e não parece nada contente com a resposta bajuladora de Fury.

— Soldados confiam uns nos outros. É o que os torna um exército. — evidencia, e ele tem razão, mas na prática as coisas não são assim. E não somos um exército, somos uma agência de espionagem. Steve Rogers é um homem antigo que acredita que os velhos hábitos jamais devem ser mudados. — Não um bando de caras atirando por aí.

— Da última vez que confiei em alguém, perdi um olho. — Fury fala quando levanta de sua cadeira, encarando Rogers que o enfrenta firme da mesma maneira. — Não queria que fizesse nada com que não estivesse à vontade. A agente Romanoff fica à vontade com tudo.

— Não posso liderar uma missão... — fala Rogers. —Em que meus comandados tem suas próprias missões.

— Isso se chama compartimentalização.

Sorrio, é verdade, e isso é um saco. Ninguém gosta disso, por isso sempre preferi trabalhar sozinha, sem encenações com os seus próprios.

— Ninguém revela segredos, porque ninguém sabe todos eles.

— Exceto você. — aponta Rogers para Fury.

Fury parece pensar algo controverso, se põe de forma alinhada, e prossegue:

— Está errado sobre mim. Eu compartilho. Eu sou um cara bem legal.

Sou tomada pela raiva ao ouvir sua última frase e me levanto de prontidão, encarando Fury que apenas me dá um singelo olhar, antes de dizer:

— Está dispensada, agente Wally. Pode ir, eu e o Capitão Rogers temos coisas a ver.

Ele caminha para sair da sala, sem mais nada a me dizer, minha boca está aberta em um “o”. Ele compartilhará segredos com esse... Esse, Capitão que se diz defender a bandeira americana, e que se enrola na bandeira de Porto Rico? Sério? Minha surpresa não me permite tomar nenhuma ação para parar Fury. Mas tudo o que sei, é que ele terá que me dar algumas explicações da próxima vez que nos encontrarmos.

— Desculpe, agente Wally... Não a percebi quando entrei. — ouço a voz do Capitão Rogers dirigindo-se a mim, engulo em seco.

Estava tão ocupada em sentir raiva do meu chefe, que não notei que Steve Rogers voltara a sua atenção para mim. Essa é a primeira vez que o encontro desde NY, e a primeira vez que falo com ele. Um encontro que eu sempre evitei.

— Tudo bem, eu reparei que você estava centrado demais em destilar verdades ao diretor Fury para reparar a sua volta. Está perdoado. — dou um sorriso “sinceramente” forçado, depois de proferir palavras ousadas. Ele sorri minimamente para mim, com uma expressão confusa em seu rosto. Eu tenho esse poder de confundir as pessoas.

Mas... Será que ele se lembra de NY? Seria constrangedor caso ele se lembrasse, e confuso. Eu não gostaria de lhe dar explicações, acho que tampouco eu saberia como começar.

Então antes que ele se lembre de algo ou estenda a uma conversa prolongada, um pouco apressada, digo por fim antes de sair da sala de Fury:

— Bom dia, Capitão Rogers, diretor Fury.


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Notas finais do capítulo

Deem a opinião de vocês sobre o capítulo ._.
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