Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 18
Mal dia


Notas iniciais do capítulo

Olá agentes, vingadores, marveleiros, asgardianos e cia!
Aqui chega mais um capítulo para vocês em tempo certo. Aleluia! E é pra glorificar mesmo, hein meu povo? Porque essa semana meu computador deu piripaque e não conseguia nem ligar, aí fuçando, jogando pragas nele e outras mandingas, ele voltou a funcionar do seu jeito habitual... Enfim, não façam isso em casa!
Bem, neste capítulo terá muitas referências e homenagens para os fãs de As Aventuras de Jackie Chan, Star Wars, do livro Fiquei Com o Seu número (oi? Quem leu vai entender), e com certeza aos fãs das hqs do Homem Aranha... E então o mistério de "Quem é essa aranha fajuta ou o que aconteceu com o Peter?" terá finalmente a sua resposta, em parte.
E acho que vai ter gente querendo arrancar o meu sangue no final do capítulo, e por isso não vou arriscar nem escrever nas notas finais. Oi? ehehe...
Boa leitura!



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A aranha fajuta tem se mantido ocupada por muito tempo disseminando uma justiça violenta com as próprias mãos, aleatoriamente, por NYC. Já é bastante tarde da noite, e sigo seu rastro de longe, averiguando se há algo que me leve a Peter, mas como eu disse, por enquanto a aranha fajuta tem se mantido ocupada apenas em fazer o papel do Homem Aranha, como se ele assim o fosse, só que de um jeito bem mais violento. Posso dizer que os hospitais da cidade recebem um bandido ferido a cada meia hora por causa dele, senão mais. É revoltante saber que esse idiota tem se vestido de Homem Aranha e manchado a imagem do verdadeiro com sangue, mesmo que esses bandidos mereçam, não é assim que o verdadeiro herói agiria.

Entro no carro, fechando a porta pego o celular no meu bolso, depois de voltar de mais uma averiguação sem receber uma pista do paradeiro de Peter, suspiro esgotada, e parece ser só o começo. Sem novas mensagens. Faz exatas três horas que mandei uma mensagem de texto para o Fury perguntando como todos estavam e até o momento ele não se dignou a responder nem com um “Ok”, ou “Depois”, como poderia ter feito, ou certamente como eu esperaria que fizesse ao menos por respeito, mas o meu chefe não é de dar satisfações ou oferecer respeito, se é, são para poucas pessoas das quais eu desconheço a existência, então enviei há uma hora e meia uma mensagem similar para a Maria Hill, e sem resposta também. Se não fosse pelo que está acontecendo, diria que estou sendo ignorada, mas isso não faz sentido nenhum, ainda deve ser cedo para eles entrarem em contato.

Coloco o celular no banco do carona e solto um suspiro ligando o carro e tratando de seguir a aranha fajuta que se move mais uma vez.

A S.H.I.E.L.D. caiu há doze horas, será que realmente é cedo para eles entrarem em contato? Ou será que algo aconteceu com algum deles, ou com todos eles? Será que Steve...

— Não pense besteiras, Jessie. — falo em alto e bom som, para espantar os pensamentos que me perturbam pelas últimas horas. — Se eu estou bem, sendo o ser mais azarado de todo o universo, por que eles não estariam? É, eles estão bem. — definitivamente. Paro o carro em um sinal vermelho, para aproveitar o tempo, pego novamente o celular, pronta para digitar uma nova mensagem:

Hey! Naty! Nat! Tasha? ou como preferir... Sabia que você é a vingadora mais linda? ;-)

Envio preparada para enviar outra. Abro um largo sorriso, sei que estou sendo apelativa e entusiasta demais, mas é uma tática para chamar a atenção ou despertar a raiva de alguém que te ignora. Droga, eu só preciso de um sms dizendo que tudo está bem! É pedir demais?

Você poderia resgatar a minha moto no meu apartamento? Pls. Estou disposta a retirar todas as pragas que roguei para você, Tasha!!!!!

O apelido mais cinco exclamações, isso com certeza chamará a atenção dela, porque absolutamente chamaria a minha. Mensagem enviada!

E eu vi as notícias... Todos estão bem? Responda-me quando puder, Nat!!! Obrigada. ♥ ♥ ♥ ♥

Mensagem enviada. É vergonhoso ter que me rebaixar tanto para ganhar atenção, mas tempos de desesperos, pedem medidas desesperadas, certo? Então por precaução, mando mais uma mensagem para ela:

É sério, responda-me quando puder!!! ♥ ;-))) ;-*

O sinal abre, repouso o celular sobre o banco do carona novamente e dirijo até mais um local em que a aranha fajuta passou, para descobrir que ele evitou um assalto a um comércio e deixou mais um meliante, digamos, “impossibilitado”.

Caminho de volta para o carro, adentrando-o, fecho a porta e repouso minha cabeça sobre o banco do motorista. Expulso o ar dos pulmões vendo a droga da aranha fajuta ainda se movendo pela cidade, esse bobo sem teias está começando a me entediar seriamente, e quando isso acontece geralmente faço alguma bobagem. Fecho o aplicativo de rastreamento para ver que recebi zero mensagem. Ou seja, Natasha Romanoff não me respondeu também.

Sam Wilson, grande homem!!!!! Ou será o extraordinário Falcão? ♥3 E aí todos estão ok? ;-)

Mensagem apelativa enviada, e por mais que essa lidere o ranking dentre todas as outras, tenho a sensação que serei ignorada, outra vez.

***

O tempo passa sem pressa, e estou cansada de seguir o rastro desse bobo sem teias (lê-se também “aranha fajuta”) que finge ser o Homem Aranha. Estou realmente ponderando mudar a tática, e ir até ele, puxar a minha arma e atirar até ele ficar totalmente impossibilitado de fazer qualquer coisa, podendo assim levá-lo para um lugar secreto onde ele não terá outra opção, a não ser abrir a boca e dizer o que eu quero saber. Estou tentando me controlar, mas não estou tendo muito sucesso. Paciência nunca foi uma das minhas virtudes. E para completar o quadro, Sam também não respondeu a minha mensagem e mandei uma para Steve, da qual eu me arrependo, pois talvez ele possa achar que... Bem, melhor não pensar nisso agora porque ele também não respondeu, então é oficial, estou sendo ignorada.

O rastreador que coloquei no bobo sem teias começa a mover-se outra vez, só que agora com extrema velocidade, inumana eu diria, será então que o bobo sem teias realmente tem teias como acha que tem? Algo de muito estranho está ocorrendo, mas enfim ele está se movendo sem fazer paradas, em direção a Manhattan. Há algo aí.

— Finalmente. — murmuro pisando fundo no acelerador, depois de deixar o celular no suporte de descanso, sentindo gratidão por finalmente esse bobo sem teias quebrar o padrão.

Dirijo com velocidade e destreza pelas ruas — meu avô provavelmente discordaria, e teria outro ataque fatal do coração se me visse dirigindo assim, mas tudo bem — até que chego a uma região de casas de luxo, e mansões milionárias um pouco afastadas da grande agitação da cidade. Gradativamente, diminuo a uma velocidade normal. E o pontinho do rastreador volta a se mover, mas com lentidão. Por que diabos o bobo sem teias estaria aqui nessa região?

Paro e estaciono o carro em uma das ruas mais desertas das habitações de luxo. Saio do carro, trancando a porta e vendo que agora o rastreador teve enfim um ponto de parada em uma mansão luxuosa. Eu preciso agradecer a Sharon depois, porque ligeiramente o meu novo celular logo pesquisa e exibe todas as informações sobre o local, desde tamanho, valores históricos, antigos residentes, mas ainda assim as informações atuais são um pouco escassas, só há um nome de atual residente e nada mais: Kravinoff.

Atual residente. Paro estupefata quando me deparo com o nome do proprietário, e residente da mansão.

Kravinoff... Seria Sergei Nikolaevich Kravinoff?

Ele é alguém muito popular, não exatamente por esse nome, mas dignamente falando como Kraven, o Caçador. Ele é o melhor caçador de toda a história conhecido, não é à toa que assim o chamam, não é à toa a sua fama por toda a América que o conhece e reverencia. Ele é excêntrico, e definitivamente estranho do meu ponto de vista, e um homem difícil de encontrar, acredite, ele já foi bastante procurado nos meus tempos da C.I.A. e apenas houve um incidente que alguns agentes se depararam com ele, mas não o capturaram. Esse nome... Essa aranha fajuta de extrema agilidade e força mais os fatos e minha intuição de agente dizem que há um problema grande que estou prestes a descobrir. Será Kraven o bobo sem teias? Ou alguém próximo a ele? Eu não sei, mas preciso descobrir. Rápido.

Analiso a planta da mansão, e dos arredores dela. O rastreador indica que o bobo sem teias não se moveu, então preciso de um plano para investigar, um que não envolva quebrar os meus ossos ou a minha linda face, e já tenho uma carta nas mangas que pode me servir: esgueirar-me pelo bosque de vasta área verde ao lado da mansão, para adentrar pelo jardim dela, no qual depois eu posso lançar um vírus no sistema de vigilância da mansão e me virar a partir daí em alguns minutos. É uma caminhada um pouco longa, então eu trato de apressar o passo já adentrando o bosque.

Eu ainda não acredito que ninguém respondeu as minhas mensagens, nem mesmo Sam, que sempre foi o mais polido comigo, ou Steve, que bem... Deixa para lá. Acho que prefiro que ele não responda a minha mensagem, mas eu gostaria de receber um sinal de vida de Washington D.C.

Inconformada, eu digito uma nova mensagem, simples, enviando-a para a última pessoa que normalmente eu enviaria:

Olá, agente K! Obrigada pelo celular, tem sido bastante útil! J.W.

— Medidas desesperadas, com certeza. — exponho solitária na caminhada, sentindo a falta de conversar com alguém. Eu não vou bem, mas ao menos eu sei disso, o que deve amenizar, não é?

Meu celular ressoa e vibra com uma nova mensagem, anseio com expectativa que seja Fury, Hill, Natasha, Sam, ou Steve, mas é Sharon.

OK

— Que mensagem mais sem graça. Até mesmo para você, Sharon. — é lógico que não digito essa resposta, porque finalmente eu recebi um sinal de vida em Washington D.C! Ironicamente, da única pessoa que não queria receber, mas já é alguma coisa. Finalmente! Envio a seguinte mensagem:

As notícias chegaram a NY. Mas, pode me dizer se todos estão bem? :-)

Mandei acidentalmente com uma carinha feliz, porque depois da primeira mensagem que se manda, é difícil largar o hábito. É viciante. Espero que Sharon não me ache uma doida, mas também é bem provável que ela acredite que eu seja uma, então, que se dane.

Fury irá ligar para você

Olho a mensagem, ainda caminhando pelo bosque. Definitivamente, Sharon é sem graça, mas é melhor do que nada.

“O que você quer dizer com isso? o?”

Rio com o emoticon de um bonequinho confuso que mando com a mensagem, e espero a resposta de Sharon. Olho a minha frente, e percebo logo o verde jardim da mansão de Kravinoff.

Espere a ligação

— Ela é uma boa pessoa, disse Natasha. — ironizo comigo mesma na falta de outra pessoa, como é ruim estar só. — Eu já disse que eu odeio você, Sharon? Pois é, eu odeio. — tanto externo o meu pensamento, como o digito e o mando para Sharon em mensagem de texto sem pensar duas vezes, com três exclamações e emoticons claramente bravos. Atento-me caminhando pelo extenso jardim da mansão, que curiosamente não tem flores, ou plantas, ou qualquer coisa assim do tipo, só a mais natural grama verde. — Então não posso chamar isso de jardim. — estou falando sozinha, estou começando a duvidar da minha própria sanidade mental. — Okay... Eu vou parar de falar sozinha... A partir de agora. — fecho figurativamente um zíper em minha boca.

Um dia tendo mensagens ignoradas, ganhando a única atenção da pessoa que mais hostilizo fez-me baquear um pouco. Só um pouco. Só preciso de um pouco de concentração e tranquilidade. Meu celular recebe uma nova mensagem de Sharon, e logo a abro:

:-)

Mudando de ideia, acho que preciso somente de alguém para socar a cara, alguém em específico como Sharon Carter. Será que ela me faria esse favor se eu a pedisse?

Atingindo mais o meio do jardim, noto algo que me impressiona, será mesmo que é o que estou vendo? Apresso o meu passo sentindo-me estranha, e curiosa ao mesmo tempo, vendo que é realmente o que eu vejo: lápides. Observo uma das lápides, atentando-me aos dizeres:

“AQUI JAZ

ANA KRAVINOFF

BOA MÃE

O sentimento que Kraven, o Caçador tem algo correlacionado com esta mansão fica mais forte ligeiramente. O meu celular toca o som tema da saga de Star Wars com uma ligação de Fury quando eu ando, sem poder evitar ler outras lápides, e todos até agora Kravinoff. Sei que é rude, invadir propriedade alheia e ainda ler as lápides dos seus mortos, mas não posso evitar. E bem, isso daqui não parece ser algo dentro da lei, muito pelo contrário. Então posso dizer que estou fazendo o meu papel de boa cidadã, não?

— Ei, chefe! — exclamo entusiasmada. Sem dar a chance dele se manifestar, prossigo: — Missão cumprida, hein? Parabéns, para um morto você está impondo bastante moral. E como é que estão todos? Acho que você não deve ter visto a mensagem que eu envie a você mais cedo, mas...

— O Capitão foi levado inconsciente para o hospital com a queda dos aeroporta-aviões, mas todos estão bem. — ele me corta com o seu tom de voz genioso como sempre. Espera, o que foi que ele disse?

— O que? Você disse Capitão? — questiono temerosa. — Inconsciente?

— Não é nada grave, ele vai ficar bem. — responde simplesmente, sem esclarecer.

— Mas...

— Você se expôs, agente Wally. — ele evidencia em tom acusatório, quando eu tento questioná-lo e exigir mais informações sobre Steve. Mas diante de seu tom, franzo o cenho, dizendo a única coisa que vem a minha mente:

— O que? — me sinto novamente seu papagaio e ele o Pirata rabugento, Fury tem essa mania de me fazer sentir assim.

— Então quer dizer que você não sabe. — o seu tom acusatório não muda. Mas o que foi que eu fiz? — É pior do que eu esperava, você foi descuidada.

— Hey! Eu não sei mesmo do que você está falando, mas calma aí, Capitão Tapa-Olho, do que realmente você está me acusando?

— Você chamou bastante atenção, agente Wally. Se não me engano, no último minuto em que chequei você estava passando na ABC, CNN e é trending topics no Twitter.

O que? Dessa vez reprimo o pensamento de se externar, e levando um pouco mais de tempo, eu digo:

— Oh... Eu não esperava por essa. — murmuro, caminhando novamente, distraindo-me lendo as lápides. — Mas por que está me acusando? A culpa não é minha, a S.H.I.E.L.D. caiu, e todos foram expostos, até mesmo você que o mundo pensa que está morto. E por que diabos eu estaria passando na televisão, ou seria trending topics no Twitter? — não compreendo, não fui popular nem na C.I.A. quanto mais na S.H.I.E.L.D. para ser reconhecida agora com tal. Por que com a queda da S.H.I.E.L.D. dariam atenção a uma reles agente como eu?

— Porque você foi flagrada apontando uma arma para o Homem Aranha. Há vídeo, e fotos suas por todos os lados. — ele frisa a última parte, paro vendo o quanto ferrada eu estou. — Agora, por que é que você faria isso, quando eu dei ordem expressa para não chamar a atenção?

— Eu tentei marcar uma hora com ele, mas não consegui. Fiz o que pude. — ironizo, irritada com a repreensão e acusações dele. É minha vida que está exposta e sendo ventilada para todos os tipos de mídia, ele pensa que eu gostaria que isso acontecesse? Eu sei que poderia ter sido mais cuidadosa, mas eu não tive tempo para isso. Peter pode estar precisando de mim, e todo o tempo de cautela, pode ser um tempo precioso perdido neste caso.

Fury suspira do outro lado.

— Você o pegou? Descobriu algo?

Aperto os meus lábios em uma linha fina, voltando a ler as lápides distraindo-me, e solto:

— Não. Ele fugiu, mas eu estou seguindo o seu rastro. Ele definitivamente não é o verdadeiro Homem Aranha, ele é... Meu Deus. — eu fico estática com o que vejo a minha frente quando meus olhos recaem sobre as palavras garrafais em uma enorme lápide que tem uma cruz no alto de sua extremidade. Leio novamente atenta, isso não pode ser real.

— Seu Deus?

“AQUI JAZ

HOMEM ARANHA

MORTO PELO CAÇADOR

Homem Aranha. Morto.

Meu coração para por um instante com o assombro que as palavras causam em mim, mas volta a bater disparado, descompassado. Estática, e com a expressão de total estupor, sinto como se o chão sumisse de meus pés e eu flutuasse sem sentido, ou razão.

— Agente Wally? — alguém me chama distante me acordando minimamente do meu estado de assombro. É Fury que me chama, mas não consigo formular uma palavra sequer para respondê-lo, ainda me encontro vidrada pelas letras garrafais na lápide. — Wally?

Essa é provavelmente a mansão de Kraven, o Caçador, ou alguém ligado a ele. Não tenho dúvidas. Peter Parker, o real Homem Aranha sumiu há quase duas semanas, e nesse meio tempo um falsário surgiu em seu lugar. E esse falsário teve o seu ponto de parada na mansão que tem provável ligação com o maior caçador de toda América, no qual tem um cemitério particular em seu jardim, em que se encontra uma lápide, com detalhes claros dizendo que o Homem Aranha foi morto pelo caçador. Os fatos se ligam tanto, que me assustam em como parecem real. Mas como poderia ser?

— Wally, você está me ouvindo? Quero você fora de New York, antes que comprometa ainda mais a missão.

— Oi. — respondo, ouvindo Fury soltar um suspiro pesado do outro lado da linha. O que foi que ele disse mesmo? Eu ainda estou assombrada com o que acabo de me deparar, e realmente não sei o que pensar. Olho para baixo, vendo à terra a frente da lápide como se tivesse sido mexida há não muito tempo. Isso parece ser real demais para que não seja. — Meu Deus.

— Sim, você já disse isso. — Fury zomba do outro lado da linha. — Volte para Washington D.C., sua missão em New York acabou. Preciso de você aqui.

Então era isso que Fury estava falando.

— Eu não posso fazer isso, Fury. — consigo finalmente recuperar-me, e respondê-lo. Isso não pode ser real por mais que pareça e o fato seja gritante. Eu entrei nessa missão com a possibilidade de aceitar só um fato, e não aceito nenhum outro. — Estou investigando... Algo. — não digo a Fury o que acabo de descobrir, e como eu diria isso? Eu preciso investigar mais, e saber se isso... Significa... Não, não, isso não significa o que parece. Não pode.

— Não estou te dando uma opção. — Fury enuncia, quando vejo logo ao lado uma pá e a pego, engolindo em seco. Isso parece tão real. — Esta não é mais a sua missão.

Isso. Não. Pode. Ser. Real.

Depois de colocar o celular em meu ombro, segurando-o pressionado a minha cabeça, movo a pá fincando-a na terra, sentindo-me ironicamente aterrada, e anuncio a Fury:

— Então eu me demito.

— Como? — questiona imediatamente, percebo grande surpresa em sua voz. Eu comemoraria tal façanha normalmente, mas não consigo. Retiro a terra, jogando-a do lado, e voltando ao processo ouço uma ligeira risada descrente dele, quase imperceptível, e expõe: — Essa também não é uma opção. Volte para Washington, e conversaremos.

— Bem, que eu saiba meu chefe está morto e a S.H.I.E.L.D. caiu, é, acho que você está certo. Acho que estou apenas for... — capto uma movimentação assim que termino de dizer isso, e me viro ligeiramente, deixando o meu celular cair no chão deparando-me com três homens fortes, pelas suas vestes, provavelmente seguranças da mansão, com olhares bem hostis lançados a mim. — Oh... Merda.

Eu ergo a pá segurando firmemente o seu cabo, dando dois passos cautelosos para trás colocando-me em posição defensiva. Os homens não fazem menção de se mexer, mas os seus olhares são intensamente bem hostis ainda. De repente estou pensando em como dolorida ficarei se lutar com eles, mesmo que tenha ficado esses últimos em pé a base de remédios, sei que vencerei — modestamente falando, mas algo me diz que me dará trabalho. Escuto um pequeno burburinho vindo do meu celular que se cessa, olho-o notando que Fury encerrou a ligação.

É em momentos como esse que me sinto como o Jackie Chan, tendo um mal dia, mal dia, mal dia!

— Olá, garotos! — me manifesto voltando à atenção para os três grandões, sorrindo amarelo. — Eu acho que me perdi na minha caminhada pelo bosque, será que um de vocês poderia me ajudar a encontrar a saída? — nada.

Mal dia, mal dia, mal dia!

— Por favor? — pergunto incerta em uma última atitude, com tom meigo. Um deles rosna como um cão. — Ok, vamos lá então. — dou um passo à frente, erguendo a pá, prestes a desferir um golpe contra eles e iniciar uma briga, mas inesperadamente a música tema de Star Wars retine no local novamente detendo-me, e ativando um olhar intrigado do trio dirigindo-se ao meu celular, depois a mim. Dou de ombros, e digo:

— Eu gosto de Star Wars, acho meu chefe à cara do Mace Windu. — nenhum deles parece entender o que eu digo, um deles até franze o cenho. Reviro os olhos. — Não acredito que vocês não viram Star Wars. Sério? De repente estou pensando em você, Steve Rogers. — ironizo, pondo a pá ereta, fincando-a na terra, me apoio nela, e inicio: — Star Wars é uma série de filmes sensacional que... — olho para eles notando que mesmo que explique, não terá qualquer graça. — Querem saber? Deixem pra lá. O fato é que Mace Windu é a cara do meu chefe, só que com alguns, anos a menos, dois olhos, e um sensacional sabre de luz roxo. — O celular para de tocar dando-me a deixa. Desapoiando-me da pá, a seguro novamente pelo cabo, e cito: — Agora a diversão vai começar.

Porém, uma risada seca e infame faz-se presente, detendo-me. Olho para os três grandalhões para ver qual deles ri, mas a risada vem detrás deles que agora sorriem divertidos com a situação. Intrigada, e segurando com mais força o cabo da pá, um deles dá um passo para o lado, dando-me a visão de um homem do qual eu posso ver só a silhueta escura de início, e em seguida as vestes escuras e apertadas e o símbolo do Homem Aranha no peito. Levantando o meu olhar para ver o rosto do homem trajado do herói aracnídeo, deparo-me com a visão límpida do rosto rigoroso do bobo sem teias, insanamente risonho. Como eu imaginava.

— Kraven. — balbucio o seu nome, enquanto ele ainda ri secamente sem cessar vindo em minha direção.

Os fatos tornam-se reais, mas eu não compreendo ainda. Ou talvez eu não queira aceitar um deles.

Homem Aranha, morto pelo caçador.

Com raiva, trincando os dentes tento atacar Kraven juntando forças em meu braço para atingi-lo com a pá, mas ele segura o cabo com grande facilidade, impedindo que eu o faça, com a outra mão, aperta o meu ombro direito, que até então não sentia dor porque tinha tomado alguns analgésicos. Kraven força a pá tirando-a da minha mão, e arremessando-a para longe, e quando dou por conta, ele me soca no abdômen. Ele então me larga, e sinto extrema dor e a falta de ar e inevitavelmente caindo de joelhos, arfando.

Eu sei que não posso contra ele com o meu físico no momento, nem sei se em meu bom físico eu poderia contra ele, mas tenho que pensar positivo, tenho que descobrir onde está Peter. Com esse pensamento tento me levantar, contudo Kraven força-me a ficar ajoelhada dando-me um solavanco com sua força em minha nuca. Oh, eu estou ferrada, me sinto definitivamente como Jackie Chan com problemas nesse momento.

Mal dia, mal dia, mal dia!

— Você é fraca, assim como ele é. — ele diz, e eu entendo a quem ele se refere. Volto o meu pescoço olhando para a lápide mais uma vez. Homem Aranha, morto pelo caçador. Isso é real. Eu falhei em minha missão. Eu falhei com May Parker, não posso cumprir a promessa que a fiz, é tarde demais. A risada seca de Kraven me aborrece enquanto ele me circula, ergo-me do chão planejando um soco com toda a força em sua direção, porém ele se desvia com destreza, fazendo-me cair com as mãos espalmadas no chão. Ele ri olhando-me. Agarro a terra com raiva, puxando o meu braço ligeiramente para atingir os seus olhos, mas antes mesmo que eu alcance o meio do processo, ele captura o meu pulso impedindo a minha tentativa. A terra escorre de minha mão vagarosamente, só agora vejo que foi uma jogada estúpida da minha parte, mas a única que consegui pensar até o momento. Kraven é um adversário nato, do qual eu temo não conseguir derrotar, ou sendo realista sobreviver. Eu estou fisicamente devastada, é inútil tentar lutar com ele. Kraven, com a sua fisionomia insana e risonha, aproxima o seu rosto do meu declarando com a sua voz seca e carregada: — No entanto, ainda é uma bela atriz.

É imediata a picada dolorosa de algo pontiagudo em meu torso. Kraven me solta com suavidade, afastando-se quando eu me reprimo ofegar da dor lacerante. Levo a minha mão até a minha coluna focando-me para ainda ficar de pé, meus joelhos começam a fraquejar, e a dor se alastra por toda a minha coluna que mal posso suportar, sinto uma haste de seringa cravada em minha pele por baixo de minha roupa, com os dedos vacilantes a retiro deixando-a cair no chão. Meus sentidos começam a embaralhar-se.

— O que você fez? — esforço-me para perguntar em um fio de voz, olhando para os homens de Kraven como fiéis cães de guarda, volto meu olhar para Kraven, notando sua expressão de puro contentamento sombrio sem proferir uma palavra. — Onde ele está?

A dor preenche sumariamente em todo o meu corpo, eu caio de joelhos no chão não suportando. Ouço como se um tambor batesse em meus tímpanos questionando minha sanidade, eu não vou suportar, eu preciso de ajuda. Lembro do meu celular a minha frente no chão, e em desespero o busco, tomando-o em minhas mãos.

— Deixe. — Kraven diz detendo um de seus seguranças que tenta tomar o celular de minhas mãos, mas quando ergo o meu olhar para fitá-lo encontro a imagem fantasmagórica de Adam em seu lugar, o celular inevitavelmente cai ao chão. É Adam! Um sorriso tenebroso se estende em seus lábios.

Eu estou morrendo? Não, devia ter algo alucinógeno naquela seringa que Kraven inseriu que está me fazendo ver coisas, e a dor não me deixa raciocinar direito. Esses batuques em minha cabeça me enlouquecem. Pisco os meus olhos algumas vezes, me recusando a ouvir e ver essas ilusões, então vejo Kraven novamente, insanamente sorridente, e empunhando um rifle em suas mãos apontado em minha direção.

Oh, droga.

Levanto em uma última tentativa de luta e sobrevivência, mas meu corpo para quando meus ouvidos recebem o barulho do rifle sendo disparado mesclando-se com os batuques, e algo atinge o meu peito. Meu corpo cai para trás duro no chão em instantes, mas não sinto o impacto. Eu mal posso sentir. A risada seca ecoa malignamente bem distante, embora eu saiba que está tão perto. Ele atirou em mim, eu falhei, e estou morrendo sem conseguir fazer nada para evitar. Eu me esforço para tentar alcançar o meu celular novamente a poucos centímetros de minha mão esquerda, mas eu não tenho o controle sobre meu corpo.

Mal dia.

Então é assim que é morrer, ver e não sentir, sentir e não poder. Retraio o meu corpo ansiando recuperar o controle, tentando manter o anelo da vida, mas tudo soa como um espasmo. Eu não tenho poder, eu estou perdendo. Uma chuva fina começa a cair com as gotas batendo contra o meu rosto, e eu não posso senti-las. Isso é a morte. Minha visão vai ficando opaca. Eu não tenho tempo. Meus olhos giram e tenho uma última visão assustadora da lápide sendo açoitada pela chuva que fica mais forte, com os dizeres do meu maior insucesso. Homem Aranha, morto pelo caçador. É tarde demais. Uma lágrima escapa de meu olho em conjunto com o meu último suspiro, e eu já não tenho mais o sopro da vida, e a escuridão se faz presente deixando-me sentir apenas o temível abraço da morte. Eu já não sou mais nada.


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