Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 17
Aranha fajuta


Notas iniciais do capítulo

Olá, vingadores, agentes, asgardianos, e cia!
Eu sei que muita gente está querendo satisfações, então esclarecimentos nas notas finais. :-)
Boa leitura!



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Estou parada em frente à soleira da porta da casa em que Peter Parker mora com a sua tia, a primeira coisa que eu fiz assim que Tony e eu chegamos a New York foi fazer umas compras essenciais para depois vir direto para cá, tive que agradecer mentalmente a Pepper por ter ligado para Tony novamente, senão, até agora ele estaria no meu encalço fazendo as suas piadinhas sobre Steve e mim. Mas graças a Deus, Tony foi, literalmente, voando até Pepper, e por fim eu fiquei em paz, mas não antes dele fazer mais uma de suas piadinhas.

Olho para a porta a minha frente, estou indecisa em como proceder depois de bater nela. O que devo dizer? Como devo me apresentar? Será que May Parker sabe que o seu sobrinho é o Homem Aranha? Essas divagações não me deixam, e antes que eu possa ponderar algo razoável a porta a minha frente se abre, aparecendo entre o vão dela uma senhora me olhando com desconfiança, e semblante de traços cansados.

— Pois não? — ela fala, a desconfiança impera em seu tom de voz.

— May Parker?

— Sim, sou eu. — ela responde ligeiramente, franzindo a sua fronte e entreabrindo mais a porta. — Quem é você?

Levo minha mão até a altura do bolso da minha jaqueta para pegar uma identificação de agente do F.B.I., mas paro no meio do caminho olhando à senhora Parker.

— Eu sou Jessica Wally. — resolvo me identificar sem identidades falsas, devo essa a Peter Parker, o meu melhor. Sem mentiras. — Conheci Peter alguns anos atrás na batalha de New York. Ele salvou a minha vida. — a expressão da Sra. Parker é primeiramente de surpresa com minha última frase, mas logo se suaviza em compreensão, e posso notar sua desconfiança diminuir. — Vi uma nota de seu desaparecimento no jornal.

Okay, eu disse a mim mesma que usaria do meu melhor, sem mentiras, mas eu jogo verde sobre o desaparecimento de Peter ter chegado aos jornais, porque eu não faço à mínima ideia se isso aconteceu, mas preciso de uma desculpa para falar com ela. Então torço para que sim, senão a Sra. Parker logo, logo, baterá a porta na minha cara e chamará a policia, e isso não será nem um pouco bom para mim.

Aguardo com semblante tranquilo a reação dela, e me alivio quando ela diz:

— Por favor, entre.

Ela abre a porta dando passagem para mim, eu dou um mínimo sorriso, meneando a cabeça e entrando na casa. Ela fecha a porta, e logo os seus pés se movem, depois de me fazer um gesto para segui-la que eu obedeço prontamente.

— Sente-se. — ela me aponta um sofá quando chegamos a uma sala de estar. — Aceita um café? Um chá?

— Não, senhora. Obrigada. — respondo, me sentando no sofá indicado. Ela logo se senta no outro a minha frente quando eu dou uma breve olhada ao redor.

— Oh, desculpe a bagunça. — ela diz olhando também a sala ao redor, provavelmente achando que isso é uma bagunça gigantesca, sendo apenas algumas caixas espalhadas, e jornais amontoados em um canto. — Mas é que desde que o Peter apareceu, eu...

— Não se preocupe com isso, Sra. Parker. — eu a interrompo, percebendo que o seu emocional está um pouco abalado ao falar do sobrinho. — Eu entendo completamente.

Ela balança a cabeça com os lábios apertados, e logo solta um suspiro, e volta a me fitar novamente.

— Você disse que conheceu Peter na batalha de New York? — ela pergunta, e eu faço apenas um gesto positivo vendo que ela dirá outra coisa. — Acho que Peter me falou de você... É aquela agente da C.I.A. que atirou em um daqueles alienígenas e salvou a vida de todos? Incluindo a do meu Peter...

— Peter parece ter falado muito bem de mim para a senhora. — sorrio, e acrescento confirmando: — Sou eu, mas é bem possível que tenha sido o contrário. Se não fosse pelo seu sobrinho, provavelmente eu estaria morta hoje. Ele salvou a minha vida naquele dia.

— Ele sempre foi um bom garoto, um herói. — ela sorri orgulhosa ao falar dele, sorrio concordando e imaginando se ela diz isso dele ser “herói” é no modo literal da palavra, ou se é apenas um sentimento que ela tem por ele. — Eu não posso acreditar que ele tenha sumido.

Se ela soubesse que Peter é o Homem Aranha, ela não estaria falando dele assim, ou estaria? Dado a sua deixa, eu começo a sondá-la:

— A polícia tem alguma pista sobre ele?

— Não. A polícia acredita que é uma coisa de garoto, que Peter sumiu por conta própria e que logo aparecerá.

Franzo a testa com essa informação. A polícia é uma porcaria normalmente, mas por que diabos ela seguiria essa linha de investigação?

— Por que eles pensam assim? — a questiono, não me importando de transparecer minha revolta no tom de voz.

Seu olhar se entristece, antes que ela abra a boca para dizer:

— Peter perdeu um grande amor a alguns meses de uma forma trágica. — lembrando das informações da ficha que Fury tinha me confidenciado, a memória de Gwen Stacy automaticamente se faz presente em minha mente, a namorada de Peter que morreu enquanto ele como Homem Aranha enfrentava o Duende Verde e antes tinha ajudado o seu namorado herói a derrotar uma ameaça. Pelas informações, ela era uma boa garota, apenas não teve sorte. Continuo olhando atentamente para a Sra. Parker, enquanto ela prossegue: — Ela morreu, e o seu luto foi muito doloroso, ele andou triste por algumas semanas, que eu cheguei até a me preocupar. Ele estava vivendo a dor da perda todos os dias, e eu não podia fazer nada.

Quando conhecemos os heróis, não temos a dimensão da ideia de quanto o ser humano dentro do uniforme se sacrifica. Eu, que vivo uma vida de riscos não consigo ter ideia. Eu escolhi essa vida, e se eu quiser sair dela, talvez possa até não conseguir, mas eu sei que sou substituível. Eu não sou uma heroína. Eu sou uma agente competente, mas não sou a única e dói para o meu orgulho admitir isso, mas é a verdade, apenas os heróis são insubstituíveis.

— Mas como Peter andava ultimamente? — pergunto, voltando o meu foco para a conversa, dispersando os meus pensamentos.

— Peter andava animado, ele tinha aceitado a perda, entende? — apenas balanço a cabeça positivamente, e ela continua: — Ele estava procurando um emprego fixo, mas tirava algumas fotos e vendia para um jornal e estava me ajudando em casa. Eu sei que isso pode parecer que eu esteja ilusoriamente enganada, mas não é. Eu sei que Peter não sumiria assim por conta própria, ele não faria isso comigo. — ela começa a chorar antes que eu perceba, e eu me sinto comovida com a sua situação. Levantando-me do sofá em que estou, retiro um lenço do bolso interno da minha jaqueta que eu comprei, porque já imaginava que ela choraria em algum momento, e a ofereço. — Obrigada. — ela pega, eu me sento ao seu lado a observando. — A polícia não acredita nisso, então eu tive que fazer as minhas próprias investigações pelas ruas.

Surpreendo-me com a personalidade forte da Sra. Parker e a sua fé em Peter, certamente, ele é um bom garoto, como a própria diz. E novamente eu me pergunto: será que ela sabe que Peter é o Homem Aranha?

— Ninguém sabe sobre o seu paradeiro, e ninguém viu nada. — mordo a minha língua para que eu não deixe escapar a pergunta que martela na minha mente. Não posso arriscar assim. — Eu até tentei falar com o Homem Aranha. — ela finaliza, atraindo o meu olhar intrigado sobre si quando ela diz calmamente assuando o nariz.

— Homem Aranha? — indago ansiosa por sua resposta. Ela não sabe que Peter é o Homem Aranha então, ainda bem que não falei nada sobre a sua identidade secreta. — Você falou com ele?

— Tentei. — ela responde, estendendo-me o lenço novamente. Eu hesito antes de pegá-lo, eu não sei o porquê as pessoas usam o lenço, catarram nele e depois ainda devolvem. Eu guardo no bolso do meu casaco, tratando de não deixar transparecer o meu nojo, enquanto espero ela continuar. — Tentei falar com ele duas vezes, mas ele foi embora sem ao menos me dar ouvidos. Ele não é mais aquele que víamos nos jornais.

— É, e não é mesmo. — concordo. Esse nem mesmo é o Homem Aranha, a não ser que ele tenha enlouquecido e tenha trocado o café com leite por anabolizantes, coisa que eu não acredito. — Escute Sra. Parker. — tomo a sua atenção, me ajeitando melhor no sofá, e falando com um tom mais sereno. — Eu sei que a senhora está angustiada com tudo isso, mas eu te garanto que logo Peter aparecerá.

— É o que tenho rezado todos os dias para acontecer, faz quase duas semanas. — ela conta antes de deixar um suspiro trêmulo escapar de sua boca devido ao choro.

— Não deixe de acreditar. — tento confortá-la, no entanto, a esperança parece um pouco abalada tanto quanto o seu emocional. Quase duas semanas de agonia desestabiliza qualquer um. — Eu não trabalho mais na C.I.A., mas eu ainda tenho alguns contatos de influência e pedirei para eles verem o caso do Peter, as coisas logo se ajeitaram Sra. Parker.

— Você realmente faria isso? — seus olhos ganham um brilho de esperança a mais. Sorrio para ela satisfeita, tratando de alegar:

— Não, eu não faria, eu farei.

— Eu não sei nem como agrade...

— Hey! Isso não é preciso. — corto com bom humor antes que ela termine a sua frase. — É algo que eu devo a Peter. — e é verdade, e chega a ser o mínimo que eu posso fazer. — Agora, a senhora poderia me acompanhar até a porta?

Levanto-me com um sorriso vendo a sua expressão de esperança e agradecimento estampada em seu rosto, e eu espero não desapontar, não só por ela, não só por Peter, ou por ele como Homem Aranha, mas por mim. Essa é uma missão em que não aceito perdas. Peter tem que ser encontrado, e com vida.

— Sra. Parker — viro-me para ela quando estou prestes a partir, em frente à soleira da porta novamente. —, eu não vou descansar enquanto não o encontrar e trazê-lo sã e salvo para casa. A senhora pode acreditar nisso, vamos encontrar Peter.

É uma promessa arriscada que alimenta muita esperança, coisa que eu não deveria fazer, mas eu não posso pensar de outra forma, não posso admitir outra possibilidade. Eu não posso trabalhar nisso acreditando que Peter não retornará salvo para o seu lar depois de tudo o que ele fez por esta cidade, pelo que fez por mim.

— É tudo o que eu mais quero. Que Deus te ouça e a abençoe, menina. — ela responde, eu meneio a cabeça almejando também que Ele me ouça, e me ajude nesta missão.

***

Não entrei em contato com ninguém da C.I.A. como prometi a Sra. Parker. É fim de tarde e o mundo está em choque porque a S.H.I.E.L.D. caiu depois de ser comprometida pela H.Y.D.R.A., e informações secretas estão livres para o acesso de qualquer um na internet. Algumas pessoas devem estar surpreendidas com isso, e comigo — e não creio que em algumas delas seja positivamente, então os amigos que eu poderia contar na C.I.A., não posso contar mais, eles não confiariam em mim no momento. Tive que mentir em parte para a Sra. Parker, porque a minha missão é encontrar Peter e levá-lo a salvo para casa, mas eu sou a única pessoa que pode ajudá-lo no momento — não posso pedir reforços, não posso confiar o seu segredo a ninguém para ir a sua busca.

É uma missão solo, e a mais importante da minha vida, e ironicamente a minha última para a agora extinta S.H.I.E.L.D., não faço ideia do que farei depois de encontrar Peter, aliás, eu sei sim, voltarei para Washington e irei para aquele encontro com Steve, e depois disso, bem, aí eu não sei realmente de mais nada.

Depois de comer um lanche, eu me automediquei com um analgésico forte e descartei o uso da tipoia para alugar um carro e manter-me em posição de partida, para ir atrás do rastro do Homem Aranha quando alguma informação quente sua surgir. Mas por hoje ele ainda não apareceu, mas de acordo com as minhas pesquisas ele tem surgido nessa faixa da tarde para a noite, então é só ter paciência que ele logo aparecerá.

Tenho que me focar em Peter, mas confesso que estou preocupada com Steve e os outros. Se a S.H.I.E.L.D. caiu e desmascarou a H.Y.D.R.A. é porque a missão deles foi um sucesso, mas como será que eles estão? Será que Steve chegou a enfrentar o Soldado Invernal, o seu antigo amigo Bucky? Será que nenhum deles se machucou, ou? É melhor não pensar muito nisso, e eu sei que todos eles sabem se virar muito bem, mas não deixo de me preocupar com eles, de qualquer forma mais tarde eu ligarei para Fury para saber se estão todos bem e dar notícias de como está à missão por aqui.

Atenção, central. Mandem uma ambulância para a Greenwich St. imediatamente. O Homem Aranha acaba de impedir um arrombamento a caixa, mas quatro estão gravemente feridos.

Algum dos nossos? Civis?

Todos meliantes. Um deles está morto.

Entendido. Já mandamos uma ambulância para o local, e estamos mandando reforços.”

— Santo Hulk... As coisas estão fora de controle. — murmuro comigo mesma, já dando partida no carro e acelerando pelas ruas até as proximidades do local dito, por onde os prédios têm mais escadas e os prédios são mais propícios a escalada e a saltos, por onde eu acredito que essa aranha falsa que não tece teias deve ter ido. — Vamos lá, cadê você, aranha fajuta? Apareça seu desgraçado...

Começo a olhar pelos prédios dirigindo a uma velocidade moderada, dando um breve olhar pelos becos e escadas externas de incêndio. Não há nem sombra dele. Acho que estou sem sorte.

Cruzo uma rua à esquerda, e finalmente eu tenho o vislumbre de uma sombra encurvada que se esgueira como uma aranha verídica sobre um prédio. Não deixo que minha vista perca o seu rastro, e continuo dirigindo emparelhada por onde ele anda até ele descer por uma escada externa de incêndio de um prédio e colocar os seus pés no chão atravessando para o outro lado da rua. Acelero fundo até a sua direção, viro o volante com o pé no freio parando o carro e puxando o freio de mão, assim o detendo.

A rua está vazia para minha sorte, ou será azar? Não tenho tempo para pensar nisso e saio do carro agilmente puxando a minha arma e a mirando na direção da figura adotada de Homem Aranha, e com voz imponente, digo:

— Parado aí! — não sei nem o porquê eu disse isso, talvez foi pela adrenalina, porque ele não fez nenhuma menção de se mexer desde que o impedi a passagem com o carro. Embora os seus ombros estejam rijos, denunciando uma personalidade de soberba ao parecer que está me analisando. — Por que está fingindo ser o Homem Aranha? O que você fez com ele? Ou melhor: onde está o Homem Aranha? — questiono-o com convicção de minhas suspeitas antes de dar uma breve analisada nele. A sua altura, o seu porte físico e suas últimas atitudes como “Homem Aranha” só levam a um raciocino lógico: ele não é o verdadeiro Homem Aranha, é uma farsa. — Responda! — exijo, segurando a arma com mais segurança em sua direção.

Ele age rápido, saltando por cima do carro e em seguida subindo por um prédio sem ao menos me dar tempo para reagir. Na verdade, eu não posso atirar nele, se quero minhas respostas, terei que sacrificar algumas coisas ou arrancar elas dele, então, colocando minha arma no cós da calça corro atrás dele vendo-o ainda escalar o prédio, vejo a escada externa de incêndio do prédio e ligeiramente me apresso até ela, subindo os lances até o terraço do prédio. Quando consigo alcançar o terraço, o suposto Homem Aranha pula para o prédio ao lado. Oh, cara, tá de brincadeira.

— Espera! Droga! — tento chamá-lo, sem sucesso. Praguejo vendo que não terei alternativa a não ser pular. O outro prédio é mais baixo, e eu tenho experiência para pular dessa distância que deve ser quase uns dois metros, embora eu não quisesse fazer, quando percebo já tomei distância e pulo sentindo a brisa fria bater contra o meu rosto antes que eu possa alcançar o chão do terraço do prédio dobrando os joelhos e me apoiando com uma mão no chão.

Eu não sinto nenhuma dor, mas tenho certeza que quando a adrenalina passar eu vou me sentir como se tivesse sido atropela por uma manada de javalis, como sempre é quando estou um pouco enferrujada. Falo isso porque sei da dor de ser atropelada por um javali, e é uma longa e triste história que contarei outra hora, pois o suposto Homem Aranha ainda no terraço corre, se antecipando a querer pular outro prédio. Ah não, isso não pode acontecer. Tomando fôlego em puro desespero, eu grito para ele:

— Ei, aranha fajuta! — isso parece pará-lo abruptadamente. Não reprimo um sorriso que se atreve estender em meus lábios. Levantando-me, caminho até certa distância dele, e digo: — Até que enfim você parou, aranha fajuta. Estava querendo conversar com você amigavelmente lá embaixo, você não viu?

Até o momento ele estava de costas para mim, como se ponderasse se realmente deveria me dar atenção. Tê-lo chamado de “aranha fajuta” pela segunda vez parece ter compelido a ele a se virar para me dar total atenção. Acho que ele não gosta do apelido.

Pegando a minha arma no cós da calça e já a engatilhando, eu aponto a arma em sua direção pela segunda vez hoje, e observando que ele apenas me analisa sem dizer nada, prossigo:

— Onde está o Homem Aranha? Eu falo sobre o verdadeiro, é claro. Sei que você tem andado por aí bancando o herói maluco faz algum tempo, mas vamos concordar que você não chega aos pés do original, não é camarada? — ele não parece nem um pouco feliz com essa minha abordagem, no entanto ele faz a menção de sair novamente me ignorando. Preciso incrementar a minha tática antes que ele fuja. — Aranha fajuta? Aranha de araque? Falso Homem Aranha? Bobo sem teias?! Puxa, são tantos adjetivos maravilhosos que nem sei qual usar. Já sei! Como é que você prefere que eu te chame já que você é uma farsa?

— Eu sou a Aranha! — aquilo que dizem que quando você está perto de morrer as coisas acontecem em câmera lenta é uma mentira, pois é imediata a reação do falso Homem Aranha depois de se proclamar o próprio aracnídeo com voz gutural, porque quando o percebo está próximo e furioso a milésimos de segundo de me atacar. Exclusivamente por ligeiro instinto eu consigo apertar o gatilho acertando o seu ombro para tentar atrasá-lo. O tiro não parece nem fazer cócegas nele, dou alguns passos atrás prestes a atirar novamente em outra região não vital, mas isso não me ajuda muito por causa do tempo, então sem poder evitar ele desfere um soco quase sobre-humano na mão em que seguro a arma, a fazendo cair de minha mão e voar longe, e para completar o ataque desfere outro na região do meu abdômen fazendo-me cair ao chão.

Essa doeu, e vai doer ainda mais depois, mas não posso dar tempo para devanear sobre isso agora porque o falso Homem Aranha está empenhado em sua nova tarefa: matar a mim.

Rolo no chão para o lado, me livrando por pouco de ser esmagada quando ele vem com tudo em um pulo animalesco e feroz. Levanto-me depressa, olhando de relance para a arma que está distante de mim.

Se antes eu tinha dúvidas, agora eu tenho certeza: estou com azar. Esse pensamento se torna mais forte agora quando o falso Homem Aranha ergue um punho tentando socar o meu rosto tão forte que consigo ouvir o som dele cortando o ar, mas eu o desvio a tempo inclinando-me para trás e juntando bastante força ao abaixar-me em contragolpe e dar uma rasteira nele. Não preciso nem relatar que não tenho muito sucesso nisso, porque ele é extremamente forte, quase uma muralha de tantos músculos e acaba somente se desequilibrando e reage dando saltos para trás.

No entanto, enquanto ele banca o exibido dando os seus saltos mortais eu corro antes de me jogar no chão e deslizar para chegar até a minha arma com mais rapidez. Quando a pego em minhas mãos, prestes a virar-me em direção dele novamente, ele me alcança segurando-me com aperto forte justamente em meu ombro machucado, e com a outra mão segura as minhas costelas esquerdas erguendo-me do chão com extrema facilidade. O seu aperto é tão forte e doloroso, que nem mesmo a adrenalina me salva de deixar de sentir, e eu acabo urrando de dor, e urro ainda mais quando ele me levanta mais alto e me joga no chão como se eu fosse um trapo.

Talvez no momento eu seja até um trapo, só consigo resmungar de dor sem me mexer.

— Eu sou a Aranha! — ele expressa-se outra vez como se essas fossem às únicas palavras que ele sabe dizer, abrindo os braços como um deus sádico vencedor de um duelo.

— Então você não vai dizer onde está o verdadeiro Homem Aranha, aranha fajuta? — indago com a voz rouca, ainda o provocando e ganho outra vez a atenção dele que abaixa os braços e de forma lenta caminhando alguns passos até próximo de mim. Apesar da máscara, eu posso afirmar com certeza pela sua postura, que ele me observa com prepotência, em meio a um ar de superioridade.

— Eu derrotei você — sua voz é grossa e selvagem, mas tem certa frieza convicta nas palavras de por medo em muitos por aí. É oficial, esse cara é louco. —, assim como derrotei a Aranha e me tornei ela.

Derrotou a Aranha? Ele é um maluco de pedra, é verdade, mas o que posso racionalizar com essa informação? Eu só espero que não seja o que eu estou evitando pensar.

— O que você fez com ele? — meu tom de voz sai exigente e inquiridor quando me esforço para me sentar, apoiando-me nos meus braços e olhando ainda para ele.

— Eu sou mais forte. Eu sou invencível. — ótimo, esse tem a síndrome de deus. É hora de pensar em um plano B, Jessie. — Você é fraca e não pode comigo, mas, no entanto, é uma excelente atriz na peça em que eu preparei.

Com um novo plano em mente, mesmo me causando dor, eu trato de me esforçar para rir descrente dele, descaradamente e dizer:

— Você é um louco.

Realmente rápido como um aracnídeo, ele se abaixa até a minha altura agarrando a gola da minha roupa debaixo da minha jaqueta, pressionando as minhas costas contra o chão. E aproximando seu rosto de meu ouvido, com sua voz grave, proclama:

— Eu sou a Aranha.

Da mesma forma rápida que se aproximou ele se afasta depois de soltar a gola de minha roupa, e se precipita a correr tão rápido como uma aranha de oito pernas.

Sentando-me no chão, apenas vejo-o pular para o prédio ao lado sumindo pelas sombras. Eu não corro atrás dele, porque ele é um louco que já demonstrou que tem a síndrome de se achar um deus. E então se eu quiser as respostas, o único jeito de consegui-las é seguindo os seus rastros, porque ele não irá dizer por si próprio.

Tiro do meu bolso o celular que Sharon Carter me arranjou, e deslizo o polegar sobre a tela o desbloqueando, e abrindo um aplicativo específico para rastreamento admiro um pontinho vermelho piscando em movimento pelas ruas de New York. O plano B de colocar um rastreador em seu uniforme depois de provocá-lo para chegar deu certo. Sorrindo orgulhosa do meu trabalho, constato:

— Peguei você, aranha fajuta.


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Notas finais do capítulo

HA-HA!
Alguém tem novas teorias sobre o que aconteceu com o Peter, já que ninguém acertou no capítulo passado? Primeira dica: é de elementos dos quadrinhos. Então, para quem já leu, ou tem lido, vai acertar fácil, fácil.

Segunda dica: "disseram que minha mãe era insana".
ehehehe, ok, essa é uma dica bem "nada a ver", mas eu precisava dizer isso, então... Sorry quem não entendeu, ou quem entendeu e achou ridículo. ^^
Ah, pessoal, eu fiz uma pequena confusão no capítulo passado sobre de onde eu tirei algumas referências, esqueci de citar as fics da Bells que eu também me inspirei, se quiserem conferir, só verem as antigas delas de seu perfil: http://fanfiction.com.br/u/304003/

E mudando de assunto... Atrasei uma semana, eu sei. Primeiramente eu posso culpar que quando eu estava indo revisar para postar chegou em casa (aheo! ¬¬), e aí não dava para postar com visita aqui, e nem revisar. Depois, aconteceu que eu estava escrevendo um capítulo seguinte e um enorme bloqueio me pegou... Então tive receio de postar esse, porque esse antecede o outro que vai ser bastante "emblemático", e eu precisava já ter outro para não matá-los de curiosidade. Então, depois de duas semanas de muito sofrimento, eu consegui finalizar o capítulo. E depois dessa vou ficar ouvindo We are the champions por um boooom tempo, porque acho que mereço. LOL
E enfim, é isso, espero que compreendam o ocorrido.
Até breve, pessoal! ;* ♥