Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 15
Passado indesejado


Notas iniciais do capítulo

Olá, vingadores, agentes, marveleiros, e mishamigos!
Aqui estou eu. E aí, tudo bem com vocês? Como diria o Bob Esponja, hoje é um grande diiiiiia (estreia do filme d'Os Vingadores, people. Veremos algo beautiful logo, logo), então vocês tem que estar bem. É lei. Oi?
Desculpem a demora para postar esse capítulo, de verdade. Ah! E gostaria de dizer um muito obrigada pela recomendação maravilhosa que a Maluca Black McLean fez de PM! Muito obrigada McLean, gostei muito! E fico feliz por você gostar tanto assim da fic. :-D
Sendo assim, dedico este capítulo a você, e a todo mundo (porque sim, ehehe).
Boa leitura!



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Saindo do banheiro, me sujeito a explorar o jato de Tony que é bem grande, e diferente de qualquer outro que já me encontrei. Sei que bisbilhotar o jato do Tony é só uma desculpa para não voltar onde Steve está e ter de encará-lo, o provocando constrangimento, ou ainda encontrá-lo surpreso pela minha revelação. Não, eu não quero voltar lá e ter de encarar aqueles olhos azuis e me deparar com a rejeição neles, ou a decepção. Porque sei que será algo assim se eu retornar agora. Eu mesma talvez não tivesse uma atitude diferente. Por isso, no momento, tento não pensar nas coisas que lhe disse, ou no que quase aconteceu de novo. Não quero e nem vou perder o controle e o foco novamente, então minhas ordens são: afastar-me de Steve.

Um barulho chama a minha atenção, o qual denuncia que o jato está em fase de pré-voo, e que todos estão a bordo. Tenho conhecimento de que devem estar já se perguntando pela minha ausência, e em pouco tempo alguém deve vir me procurar para me chamar para juntar-me a eles, e como não quero isso — porque significaria estar em um ambiente com Steve, coisa que quero evitar —, eu preciso arranjar uma desculpa para não estar com eles. Com ele.

Eu entro em uma espécie de quarto, avistando uma cama de solteiro bem convidativa, e perfeita para minha futura desculpa. Tiro a tipoia de meu braço pondo-a de lado, em uma mesinha de cor branca ao lado da cama, deitando-me confortavelmente sobre a cama repouso a minha mão sobre o meu abdômen, e espero o momento que alguém apareça me procurando. É uma atitude que aparenta ser de uma pessoa medrosa covarde, mas... É, talvez eu esteja sendo uma medrosa agindo desse jeito, mesmo assim eu não consigo me forçar a agir de outro modo. O que posso fazer?

— Isso é bom. — murmuro, desviando os meus pensamentos para o conforto da cama que é bem melhor das bases flutuantes da S.H.I.E.L.D. que eu já fiquei hospedada algumas poucas vezes. Não deixo de refletir que Tony é um exibido, mas não sem razão. Essa cama é maravilhosa.

Sinto uma elevação, é o jato alçando o voo. Fecho os meus olhos querendo aproveitar esse conforto que não sinto há tempos, talvez eu nem precise dar uma desculpa falsa e durma de verdade.

Penso nos últimos acontecimentos os quais me levam a relembrar indesejados anos anteriores. Raiva, culpa, rancor, arrependimento, e vergonha reverberam por meu corpo, quase como uma droga alucinógena me remetendo ao passado. Como um flashback, o rosto dele revolve a minha memória. Eu vejo a mim anos atrás. Eu o vejo. E ele não é nenhum fantasma como eu passei a chamá-lo, ele é um homem o qual eu findei uma sentença. Uma sentença de morte.

Tenho um projétil de bala nas mãos, e uma mira certeira, no segundo seguinte tudo o que vejo é sangue. Sangue dele.

— Voc-você.... Você atirou em mim. — sua voz soa frágil e surpresa com as palavras que jamais saíram da minha mente, e cravaram-se na minha memória. Isso não é real, eu sei, é um pesadelo. Eu adormeci e me pego tentando inutilmente a acordar, não tendo sucesso. Sem poder evitar eu encaro os olhos outrora tão vividos do fantasma, ficarem gélidos e escuros, proferindo a frase de todos os meus tormentos, com seu olhar fixo em mim: — Você me matou, Jess.

— Não... — eu contesto titubeante, mas sei que isso não é uma verdade. A correria acontece, uma explosão eclode, e escombros vêem abaixo. Fogo ao redor, e fumaça invadem minhas narinas e travam a minha garganta, sentindo uma emoção opressiva fazer pressão em meu coração quando fito os escombros envoltos pela fumaça, e me lembrando daqueles olhos acusatórios e gélidos com a sentença irremediável que eu o matei, e de que aquilo nem em mil anos seria perdoado.

Ergo o meu corpo da cama, ofegante, olhando ao meu redor. Eu estou no jato de Tony, foi só mais um maldito pesadelo.

“Isso não é e nunca foi um pesadelo”, me pego surpreendida ouvindo a voz conhecida dele ressoando em minha cabeça, “Isso é real. Você me matou, Jess”.

— Não! — eu grito, quando sua voz retorna a repetir como um disco arranhado as suas últimas palavras.

“Você me matou, Jess”.

Fecho os meus olhos grunhindo, e ignorando a sua voz. Aperto o meu ombro machucado, com a esperança de que se isso for um sonho, a dor irá me acordar.

Abro os olhos novamente, deparando-me com a paz, e calmaria no recinto, sem qualquer traço do fantasma, só com uma dor latente em meu ombro direito. Eu suspiro, agradecida por sentir dor, e não ainda estar em um pesadelo que me revolve a um indesejável passado. E uma nota mental para não me esquecer: não deixar nunca me ludibriar pelo conforto de uma cama, e não tomar mais aqueles remédios prescritos pela doutora do Hospital das Freiras Taradas que me deixam sonolenta e suscetível a cochilos. Eu preciso manter a minha sanidade mental, ou seja, sem mais chances de dormir por enquanto.

Estico minha mão para pegar a minha tipoia e recolocá-la em meu braço e sair deste quarto para me esconder em qualquer outro lugar que não tenha uma cama que me seduza para dormir novamente, mas antes que eu a alcance uma figura se faz presente passando pela porta do quarto, caminhando em minha direção.

— Steve. — balbucio o seu nome, com uma gigantesca surpresa por vê-lo. Não esperava que ele viesse me procurar, ou que o visse em tão breve tempo assim desde a nossa conversa. — O qu... — tento formular uma pergunta, mas ele é ágil em me interromper, segurando o meu rosto e selando os seus lábios aos meus em um simples e terno beijo, depois de sentar-se na cama.

Eu não tenho reação ao seu beijo, continuo estática quando ele se afasta um pouco e me encara com um sorriso vivido que se estende até na sombra de seus olhos azuis. Não era assim que eu imaginava o nosso primeiro beijo, digo, não que eu imaginasse... Corrigindo, é claro que eu imaginava! Já que estivemos tão perto disso algumas vezes, a questão é que não foi como o esperado. Foi...

— O que foi isso? — eu pergunto debilmente com essa palpitação esquisita e incomoda no coração que não entendo, quando vejo que ele não diz nada. — Digo, por que é que você fez isso? — reformulo a pergunta a dando mais clareza.

Em seu semblante o seu sorriso se ilumina ligeiramente.

— Porque é isso o que as pessoas fazem antes de traírem alguém. — ele responde sucinto. Eu concordo com a cabeça, mas o encaro abismada quando percebo o que ele diz. Traírem alguém? — Dão o beijo da traição, Jess.

Jess.

Ele não é Steve! Eu recuo me afastando dele rapidamente na cama. Isso ainda não é real, eu continuo presa em um maldito pesadelo, pois Steve jamais agiria assim comigo. No entanto, ele não se move, continua sustentando o sorriso em seu semblante. Um sorriso que eu diria ser lindo, se não fosse macabro dado as circunstâncias. Mas ele não é Steve, é uma ilusão, apenas um pesadelo.

— Não é real, é só um pesadelo. — eu externo os meus pensamentos para não deixar que a emoção de surpresa me envolva ao medo e eu perca o certo controle que posso ter aqui.

O falso Steve ri se aproximando de mim, eu recuo tentando permanecer afastada dele.

— Por que está se afastando? Não quer me beijar novamente?

— Isso é só um pesadelo, não é real. — repito como um mantra, uma reza para sair desse inferno dentro da minha própria cabeça que não consigo me libertar. Isso não é real. — Não! Não me toque! Isso não é real, você não é Steve! — grito com ele, sentindo suas mãos me tocarem apesar de ser um sonho, isso parece bem real. Eu tento afastá-lo de todos os modos, mas se torna algo impossível, mas não tenho forças suficientes e nem controle sobre isso.

Uma risada gutural sai de sua garganta zombando de mim.

— Isso não é real! — eu esbravejo presa, já envolta de seus braços e luto contra ele sem chances. Eu desejo me libertar dele de qualquer forma, sentindo esse pensamento ficar mais forte em minha mente do que qualquer coisa, um som familiar repercute pelos meus ouvidos. Suas mãos se afrouxam ao meu redor, e me livro de seu aperto.

Eu o vejo levando sua mão a região do abdômen, com o seu uniforme manchando-se de seu próprio sangue, causado por um ferimento parecido com o de tiro. Só então noto em minhas próprias mãos a minha arma.

— Você me matou, Jess. — a voz dele ressurge, e não é mais Steve a minha frente. É a voz do fantasma. Mas, no entanto, sua voz não está apavorante como de costume, e sim pesarosa. Eu me sinto aterrada em milhões de emoções quando me deparo com os seus belos olhos, sem a escuridão, como costumavam ser antes do grande acontecimento, antes que minha vida virasse de ponta a cabeça. Eu não deixo de desejar mudar o passado neste momento. — Você não pode. — ele fala com a voz fraca como se pudesse ler meus pensamentos, e sabendo que ele é fruto da imaginação, isso é bem verdade. — Você me matou, Jess. — ele repete com suavidade em um lamento, sem aquele tom agressivo de julgamento, com o sangue espalhando-se por seu abdômen com uma mão sobre ele. Ele eleva a sua mão livre até a altura do meu rosto o afagando.

— Adam. — eu não evito o seu toque, e permito-me dizer pela primeira vez em muito tempo o nome do homem o qual matei, e qual eu o amava. É apenas um sonho, um pesadelo, ou algo do tipo, mas eu, como se pudesse obter uma resposta para todos esses anos de tormento, pergunto: — Por que você não me deixa em paz?

Seu olhar cintila enigmaticamente melancólico como um fantasma diante da minha pergunta.

— Por que... Você me matou, Jess. — forço-me a fechar os meus olhos, balançando a cabeça em negação. — Assim como também o matará.

Eu abro os meus olhos sem entender o porquê dele ter dito isso, mas não encontro mais a sua presença. Só então entendo o que ele quis dizer quando me deparo com Steve trajado em seu uniforme, caído no chão do quarto, com uma poça de sangue ao seu redor e com seu escudo manchado com o seu próprio sangue a milímetros de sua mão estirada. Seus olhos fechados com o semblante de seu rosto completamente opaco, sem vida.

O choque finalmente me desperta.

— Ei, Jessie, está todo mundo perguntando por... — Sam aparece na porta falando ao mesmo instante, mas se interrompe quando pousa o seu olhar sobre mim. Eu o fito com total desconfiança, levantando-me da cama e indo até a sua direção. Eu não tenho certeza se isso é mais a droga de uma pegadinha da minha mente, prestes a me surpreender de novo, então o meu olhar recai sobre ele com total suspeita. — O que foi que aconteceu? — pergunta cauteloso, quando começo a rodeá-lo o examinando.

Se eu ainda estivesse tendo um pesadelo, algo terrível já teria acontecido, mas tudo o que tenho aqui é Sam me encarando com tamanha suspeita, tanta quanto eu o encaro.

Bufo, exasperada e aliviada ao mesmo tempo por não estar mais tendo um maldito pesadelo. Pelo menos é o que espero.

— Nada. — tiro o meu olhar de suspeita sobre ele, dando-lhe as costas e caminhando até a mesinha onde está a minha tipoia para colocá-la. Sinto a dor latente em meu ombro, e não sei se é real, ou psicológica pelo sonho. Eu deveria tomar o remédio de todo o modo, mas não quero correr o risco de ficar sonolenta e cair na soneca para ter pesadelos novamente. Não mesmo.

— Anda tendo pesadelos, não é? — Sam indaga, estreito o meu olhar em sua direção enquanto coloco a tipoia, ele cruza os braços sobre o peito em uma postura inquisitiva.

— Muito pior. — confirmo a sua indagação. Sam é um cara legal e posso confiar nele, mas não quero falar muito sobre isso, então apenas acrescento sem tom de importância: — Ando vendo fantasmas, mas tudo bem. Você disse que estão perguntando por mim?

Ele me lança um olhar preciso arqueando as sobrancelhas. Suspiro, voltando a minha atenção para ele.

— Não me olhe assim, Sam. Eu conheço bem esse olhar que diz: “não minta para mim dizendo que está tudo bem, porque eu sei que não está tudo bem. Dê-me a sua mão, e me conte todos os seus pesadelos que tudo ficará bem”... — articulo, fazendo uma voz melodramática demais, Sam que me interrompe com uma careta de agonia:

— Eu jamais diria isso. — fala com ultraje. — Dizer que tudo ficará bem? Meu Deus, eu sou otimista, mas acho que não tanto assim.

Eu rio diante disso. Sam descruza os braços, mostrando um sorriso com o seu bom e leve humor.

— Mas quanto a contar sobre os seus pesadelos. Se precisar. — propõe com sutileza, não insistindo no assunto. Agradeço a sua atitude com um leve meneio de cabeça. Fingindo ar pensativo, franzo a minha fronte e digo:

— Olha, não conseguiria te contar todos os meus pesadelos, mas tem um que me aterroriza desde o dia em que a S.H.I.E.L.D., digo, H.Y.D.R.A. me prendeu, e eu consegui fugir, mas não me libertar do trauma que ganhei.

— Pode contar, vai te fazer bem. — fala com simplicidade, descruzando os seus braços. — O que é?

— Quando eles me prenderam... Eu tinha acabado de sair de uma lanchonete, e... — minha voz falha, e Sam nem de longe percebe que isso é um drama meu, pelo contrário, ele me olha solidariedade e atenção, o que quase me faz rir dele, porém continuo: — E então aqueles bastardos apareceram de repente, me prenderam depois de me derrubarem naquele chão nojento quando eu estava distraída. Depois me levantaram, e colocaram suas armas mirando bem na minha cabeça. Eles iam me matar, Sam, eu sabia disso... Mas, isso, isso não foi o pior.

— O que aconteceu depois? — ele questiona, quando me calo com o olhar perdido de um trauma real, sem fingimento quando me lembro do que aconteceu. Pensando bem, isso não é um drama para mim, é realmente um trauma. — Jessie?

— No processo de me prender, eles derrubaram no chão o hambúrguer que eu levava nas mãos. — retorno a minha atenção a ele, o encarando. Ele me fita completamente confuso e embasbacado, eu esclareço a dúvida que vejo em seu rosto: — Eu adoro hambúrguer, Sam. E quando eles resolveram não me matar eu olhei com horror aquele delicioso hambúrguer sendo desper...

— Oh, por favor. — Sam me corta, com cansaço em sua voz para o meu lamento. — Chega.

— Sam? — eu chamo pelo seu nome não acreditando que ele não se solidarize comigo e meu trauma. Hambúrguer é o meu manjar preferido. Como ele pode desdenhar assim de meus sentimentos?

— Você é realmente muito boa no drama, pode pensar seriamente em entrar para o teatro caso fique sem um emprego. Eu realmente acreditei que você tinha um trauma real.

— Mas eu falei sério, Sam. — resmungo.

— Eu também. — ele sorri, e não tenho tempo de rebater a sua falta de camaradagem, pois nossa atenção é chamada para uma mulher por volta dos quarenta cinco anos bem vestida, de cabelo ruivo fosco a altura dos ombros que entra no quarto sem cerimônias.

— Aí está a nossa desaparecida. — ela diz com uma voz familiar, a olho com dúvida. — O que está fazendo se escondendo aqui?

— Natasha? — indago com ceticismo prendendo o riso, mas por fim sorrio, sabendo que é mesmo ela a minha frente.

— Faz parte do disfarce. — ela esclarece, e eu assinto me recordando de que ela se apresentará no Triskelion como uma dos membros do conselho.

— Ela estava dormindo. — Sam fala para Natasha.

— Então já que está acordada, pode se juntar a nós. — ela diz com sua voz peculiarmente diferente depois de pressionar dois dedos contra uma de suas têmporas, na verdade, um dispositivo que eu presumo que mude a sua voz para ficar de acordo com o disfarce da pessoa a minha frente. — Funciona. — dá de ombros pressionando novamente, voltando com sua voz ao normal. — Os outros estão te esperando, vamos.

— Diga a eles que eu estava um pouco sonolenta e voltei a dormir. — minto, voltando a cama, me sento ignorando a descrença de Sam e Natasha. Enceno um bocejo descarado, e digo: — Os remédios estão me deixando um pouco grogue, sabe. Boa sorte para vocês com a H.Y.D.R.A.

Eu deito na cama, esticando as minhas pernas e fechando os meus olhos, mas sem chances de dormir. É só um papel ridículo que eu faço, eu sei. Mas sei também que eles não me obrigarão a fazer nada que eu não queira, ainda mais quando eu me posiciono tão contra assim.

— Pode nos dar um momento, Sam? — ouço Natasha dizer, Sam não responde, mas presumo que ele acena positivamente quando escuto um ligeiro farfalhar e passos irem se distanciando até ficar silencioso novamente.

Quase me satisfaço de que Natasha se convenceu a sair e me deixou sozinha também, mas o som de sua risada logo repercute pelo cômodo tomando minha atenção. É, não se pode ter tudo o que se quer.

— Tá bom. — digo me sentando na cama, dirigindo o meu olhar com indisposição para ela. — O que é tão engraçado?

— Você. — responde, com um sorriso torto cessando o seu riso. Eu a encaro emburrada. — E Steve. — eu estreito os meus olhos pelo último nome. Oh. Santo. Hulk. Tony já abriu a sua boca? — Qual é — Natasha prossegue vendo provavelmente a minha cara de susto. —, subo no jato, encontro Steve pensativo e distante, e quando pergunto por você ele não responde, e Tony começa com as suas piadinhas deixando Steve vermelho feito um pimentão. Não foi preciso dizer mais nada para supor que algo aconteceu entre vocês dois.

— Droga. — resmungo, sabendo que com isso, mesmo que eu tente negar as suposições a respeito de Steve e mim, ninguém acreditará. — Eu vou arrancar aquela língua tagarela do Tony.

— Agora me diga... — Natasha faz uma pausa ignorando minhas juras a Tony, antes de dizer com gracejo: — Foi bom para você?

Se isso fosse um desenho animado, meus olhos saltariam para fora e meu queixo cairia em conjunto, mas sendo vida real, onde não há expressões exageradas, eu apenas reajo com espanto à pergunta da Romanoff. Que diabo de pergunta é essa? Tudo bem pensar algumas bobagens de vez em quando, mas pensar que Steve... Bem, esqueça. É um absurdo de todo o jeito.

— Hey, calminha. Foi só uma pergunta inocente. — ela espalma as mãos a frente do corpo, na defensiva, como se essa realmente fosse uma pergunta inocente.

— Inocente? — verbalizo meus pensamentos, antes de parecer uma completa idiota retida pela a audácia de Natasha, que tem um sorriso quase imperceptível no rosto. — Não é nada do que você está pensando, Romanoff. Me admira você pensar que Steve faria algo assim... Ou eu. Não que eu já não... Ah, você entendeu!

— Hum... Então o Stark pegou vocês no flagra e os interromperam.

Eu levanto da cama, evitando contato visual com Natasha, anunciando:

— Eu não vou abrir mais a minha boca para conversar com você, para que acabe supondo besteiras.

— É, foi exatamente isso. — ela constata ignorando o que eu falo. Retorno o olhar carregado de zanga para ela, mas ela mostra-se muito divertida com tudo isso. — Stark, sempre estragando belos momentos.

— Então quer dizer que ele já estragou algum momento seu? — sondo com uma suspeita dentro de mim pelo seu comentário.

— Eu não disse isso. — ela responde com desafetação sem vacilar, sorrio satiricamente para ela.

— Mas também não negou. — o semblante de seu rosto já não é mais tão descontraído como segundos atrás, e posso sentir meu sorriso se agigantando em meu rosto quando eu persisto um pouco empolgada: — Ouça, já ouvi alguns comentários pela S.H.I.E.L.D. de que você e o Gaviã...

— Sharon arranjou um celular para você. — ela me corta estendendo-me um aparelho celular, sem permitir que eu prossiga com meu relato, e faça a pergunta que eu tanto queria. No entanto, o seu esquivamento já responde por si, e ela sabe disso. — Tome. O número é seguro, não precisa se preocupar com isso.

Eu tomo o celular de sua mão com meu sorriso esmorecendo quando o observo. É um celular moderno e muito bom para uso, é verdade, e é um alivio não ter que me preocupar em comprar um quando chegar a NY e arranjar uma linha segura, mas fico desanimada ao saber quem me arranjou.

— Sharon...

— Qual o problema entre vocês? — Natasha logo inquire, quando me ouve murmurar o nome da famosa agente 13.

Olho para Natasha, e me lembro desde o início a minha história com Sharon. De como nos conhecemos, e de como ela foi legal comigo — sendo irônica, é claro. Apesar disso, não tenho um motivo plausível para descrever essa certa desavença que temos, ainda mais agora que ela tem mostrado o seu lado legal e prestativo para mim. Pensando assim, dou de ombros e respondo:

— Ódio a primeira vista, eu acho. De ambas as partes.

Natasha dá de ombros por fim.

— Ela é uma boa pessoa, e excelente agente.

— Boa pessoa? — repito com zombaria, forçando um riso. — Acho que não, para mim ela parece mais uma vaca do que uma pe... — detenho-me ponderando, não é algo legal de se dizer de uma pessoa que salvou a sua pele. — Olha, esquece, ela tem me ajudado desde que acordei do meu sono de Bela Adormecida então não serei ingrata com ela.

— Ela é uma boa pessoa. Acredite. — Natasha fala, e eu tenho que reprimir o instinto de revirar os olhos, e concordo com ela em um gesto positivo. — E não se pode esquecer também que é uma Carter. Dê uma chance a ela, vocês podem se dar bem.

— Talvez. — respondo por educação, porque com certeza isso não vai rolar. Sharon e eu nos darmos bem? Em uma realidade alternativa, quem sabe? Mas a apatia que eu sinto por ela é algo difícil de extinguir.

— Se precisar de alguma ajuda em New York, coloquei na lista de contatos alguns números de algumas poucas pessoas confiáveis que possam te ajudar. — ela retorna ao assunto, esquecendo-se de Sharon.

— Obrigada.

— Tem também o número do Fury, Hill, Sharon, Sam e o meu. Ah! — ela exclama com se lembrasse de algo muito importante. A olho esperando ela dizer, abrindo um sorriso malicioso, ela diz: — E do Steve.

— Tem também o número de Clint Barton? — eu sou rápida no contra-ataque, abrindo um sorriso idêntico ao seu nos meus lábios. — Ouvi dizer que ele é muito bom no que faz. — eu exponho, ela não tem nenhuma reação além de diminuir o seu sorriso. — Claro, o lance com o arco, as flechas, e tal.

Atenção Dona Aranha, o Pirata requisita a sua presença para partir. E Sra. América, faça-nos o deleite de nos agraciar com a sua presença, por favor. Câmbio, desligo.”

— Eu vou matar você, Stark. — eu digo entre dentes, quando o seu aviso termina. — Diga a eles que estou dormindo. — peço a Natasha com toda a doçura que posso ter para compeli-la a fazer isso por mim.

— Vai mesmo insistir em evitar Steve? — eu não a respondo, só intensifico o meu olhar com comoção para que ela se apiede de mim e faça-me esse favor. — Eu pensei que aquela conversa que tivemos teria servido para algo.

Eu a interrompo com um riso sarcástico.

— Ah, serviu, mas veja só no que deu. — Tony está fazendo piadinhas para Deus e o mundo, sobre Steve e mim, quando não houve nada entre nós. Está certo que teria acontecido se o próprio não tivesse nos interrompido, mas não aconteceu. E não estou preparada para encarar Steve agora, não quando ele sabe do meu passado que não tenho um pingo de orgulho. — Vai dizer a eles que estou dormindo? Por favor? — eu insisto mais do que o meu orgulho me permite com Natasha, e apesar disso, ela me olha singelamente e responde:

— Sinto muito, Sra. América. Mas você ouviu, todos requisitam a sua presença.

— Espere, Natas... Não... — ela desaparece do quarto antes mesmo que eu possa tentar completar o seu nome, me deixando sem alternativas a não ser ter que segui-la para me juntar com os outros. — Espero que um dia o carma te atinja por não ter me ajudado, Romanoff! — eu exclamo para que ela ouça, e mesmo de longe posso a ouvir dando uma risada após eu falar isso.

Suspiro, só que infelizmente, agora é a minha vez de enfrentar o meu carma pelas ações de meu passado. Criando coragem e mantendo-me tranquila, eu resolvo seguir o caminho pelo qual Natasha foi, e seja o que Deus quiser.


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Notas finais do capítulo

Eitcha, que carma maravilhoso é esse, meu Odin! Hahaha
E aí, o que acharam do capítulo? Das lembranças e do pesadelo com o bandeiroso? Ah, e do trauma da Jessie que o Sam zombou? Coitada dela. :/ E sra. América? Eu gostei deste apelido, Tony. (y)
E finalmente o nome do fantasma é revelado: Adam! Guardem este nome, que mais para frente, mais revelações.
Well, acho que é isso, basicamente, então, até logo meu povo. Falem comigo sobre o capítulo que Odin abençoará vocês. Oi?
Até! ♥