Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 13
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Título do capítulo refletindo a essência do capítulo e a reação de vocês em verem atualização em PM. ._.
E aí, como é que vocês estão? Com saudades de PM? (Perpétuas Mudanças, não Polícia Militar como vocês imaginaram...)
Hehe, é, eu sei que demorei mais do que vocês ou eu imaginava para atualizar. Mas é como me disse um leitora hoje: antes tarde do que nunca, né? Okay, parei!
Juro que passei dias inteiros com a consciência pesada por não atualizar PM, por bloqueio, ou insegurança, mas finalmente essa fase acabou (amém), e estou de volta! Tenho que agradecer a paciência, o apoio e a compreensão de todos vocês por todo esse tempo. De verdade! ♥
Falo mais lá nas notas finais com vocês, haha. Sei que tem gente doida pra ler, então não vou me estender aqui.
Para quem não se recorda do capítulo anterior, vai aí um refresco: Jessie sai do hospital depois de ter passado alguns dias no modo "Bela Adormecida" quando a H.Y.D.R.A. ataca aquela antiga base em que ela, Natasha e Steve procuram respostas do que estaria naquele pen-drive que o Fury passou para Steve. Depois Sharon Carter (a personagem que vocês amam), aparece para ajudá-los e vão direto para uma das bases secretas de Fury, e aí é que Jessie se depara com Fury vivo e o capítulo acaba... Nossa, eu sou um ser humano horrível por ter parado nessa parte ._., estou me sentindo muito mal, me perdoem, espero que esse capítulo sirva para eu me redimir por agora. kk
Boa leitura! :-D



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— Coluna vertebral lacerada, externo quebrado, fratura na clavícula, fígado perfurado e uma grande dor de cabeça. — enumera Fury com a animosidade de ter dito isso pela milésima vez, percebendo o meu olhar interrogativo e fixo sobre ele desde que me sentei.

Fury não está morto, e por mais que não tenha sido fácil acreditar em sua morte, deparar-me com ele a minha frente, vivo, não é algo que não deixa de me surpreender.

— Você está se esquecendo de falar do pulmão colapsado de novo. — uma voz desconhecida interfere advindo do canto da sala, giro ligeiramente o meu pescoço avistando a presença de um homem mediano, branco, trajando roupas formais que me dão a leve impressão de já tê-lo conhecido em outra ocasião, mas não me recordo.

O fato de Fury estar vivo me impressionou mais do que gostaria transparecer, a ponto de não observar com atenção ao meu redor. Contudo o homem desconhecido não parece estar ligando muito para a nossa conversa, apesar da sua intromissão, ele se mantém entretido mexendo em alguns objetos da mesa a sua frente.

— Quem é esse cara? — pergunto, ainda irritada com a minha desatenção.

—É o dr. Walter, médico do Fury. — Steve esclarece a minha pergunta. Volto a minha atenção para Fury arqueando minhas sobrancelhas.

— Pensei que os mortos não precisassem de um médico. — ironizei, Fury se mantém mudo e enigmático como de costume. — Como? — inquiro contida, mas certa de que ele entende a minha pergunta.

— Você sabe que a S.H.I.E.L.D. foi comprometida pela H.Y.D.R.A. E quando fui atacado tive que improvisar forjando a minha própria morte. — articula ele, resoluto em suas palavras. — As pessoas que me queriam morto, precisavam acreditar que eu havia morrido, ou cedo ou tarde elas me matariam, de verdade.

— Mas eu vi você morrer. — a confusão invade a minha mente, pouca coisa faz sentido. — Eu... Eu até chequei a sua respiração, eu... — olho para Hill atrás de mim lembrando-me de um detalhe importante e compreendo. — Eu não chequei o pulso, a Maria Hill me impediu de fazer isso. Ela sabia de todo o seu teatro, não é mesmo? — indago convicta, retornando a minha atenção para ele.

— Tetrodoxina B. — diz ele, não respondendo de imediato a minha pergunta. — Diminui a pulsação a um batimento por minuto, o doutor Banner desenvolveu para o seu estresse, não funcionou muito bem com ele, mas eu encontrei uma funcionalidade para mim. — explica. — Hill sempre foi o meu braço direito, ela foi essencial para o plano.

Hill caminha se pondo ao lado de Fury, meneando a cabeça positivamente para ele. Alterno o meu olhar entre um e o outro.

Respiro fundo, é bom saber que Fury está vivo e bem, de verdade. Mas a sensação de que ele está sempre um passo a frente, arquiquetando o que irá acontecer me desagrada. Pra dizer a verdade, nunca me agradou, porque é do feitio dele fazer as piores surpresas.

— Plano. — reflito a sua última palavra. Com o meu olhar fixo em seu único olho evidente, eu deduzo: — Então você já tinha um plano... Então quer dizer que sabia sobre a H.Y.D.R.A.? Por que não contou o que estava acontecendo? Por que mandou o Capitão e a nós em busca de respostas que você próprio sabia e poderia ter nos dado?! Que inferno, Fury! — eu extravaso minha raiva, mesmo sabendo que ele pouco se importa com o que falo, mesmo parecendo uma descontrolada do ponto de vista de todos nessa sala. Dane-se. Fury precisa saber que eu não me sinto nem de longe feliz com as suas atitudes e segredos. — Nós quase morremos! Sabe disso, não sabe? E olha, vou facilitar as coisas pra você e não vou reclamar disso, porque todos aqui sabem dos riscos que correm nesse ramo e isso é uma escolha nossa. — articulo com grande seriedade para ele, que mantém a sua pose de “eu não me importo com nada, eu sou o chefe”. Enrijecendo o meu maxilar e contendo a fúria crescente dentro de mim, eu prossigo: — Mas a questão é: quando a agência é infectada por malditos nazistas querendo nossas cabeças decepadas e empaladas, eu acredito que se o diretor está ciente disso, no mínimo eu espero que ele dê um aviso. Acredito que você também esperaria por isso!

— Ela está certa. — mesmo sabendo que quase todos na sala concordam comigo, o apoio verbal vem de onde eu menos imagino: Sharon Carter. Olho-a brevemente de relance, antes de Fury se manifestar.

— Se bem me lembro, eu avisei para não confiar em ninguém. — ele enuncia sem se alterar, rio descrente de suas palavras. Ele está falando sério?

— Bastante esclarecedor, Sherlock. Aposto que disse a mim e a todos na S.H.I.E.L.D. — reviro os meus olhos. — Eu nunca deveria ter saído da C.I.A. — concluo murmurando comigo mesma, mas não o bastante para escapar dos ouvidos atentos do surpreendente Fury:

— Não há uma diferença, Wally. C.I.A., S.H.I.E.L.D., ou qualquer outra agência que você possa imaginar, não há nenhuma salva da H.Y.D.R.A. — minha atenção é chamada para este fato. Ponderando, até concordo, se a H.Y.D.R.A. encontrou um passe de entrada na S.H.I.E.L.D. quem pode garantir que não encontrou uma entrada em outras agências também? E eu que pensei que a S.H.I.E.L.D. era imune a qualquer coisa. — Mas o golpe é contra a S.H.I.E.L.D., porque eles sabem que temos grande poder de conhecimento, e armas o suficiente para detê-los.

— Junto com a famosa compartimentalização do diretor Fury para nos colocar cegos no meio do fogo cruzado, enquanto os H.Y.D.R.A. tomam as nossas armas e começam a Terceira Guerra Mundial. — ele suspira, finalmente se mostrando ao menos indisposto com as palavras que digo ao me lembrar de uma discussão dele e Steve no seu escritório. Naquelas circunstâncias eu até concordei com Fury, mas agora sabendo de todos os seus segredinhos — ou de parte deles, eu discordo categoricamente.

— Vejo que andou bastante com o Capitão nesses últimos dias, já está até pensando como ele. — Fury profere em uma análise capciosa.

Automaticamente olho para Steve, mas desvio o meu olhar assim que dou de encontro com o seu sobre mim. Seus olhos são intensos demais, repilo um tremor que se espalha pelo meu corpo.

Desconfortável, olho para Fury novamente, e quase posso ver uma nuance de sorriso debochado em seu rosto, mas ele nunca sorri, bem, eu nunca o vi sorrindo, então só pode ser imaginação minha por causa da medicação. Todavia o fuzilo com um olhar bruto.

— Eu posso ter uma linha de pensamento sensata por mim própria, Fury. — rebato a sua observação com sinceridade ácida, acrescento: — Mas talvez, seria bom você andar com o Capitão um pouquinho e tentar ser influenciado a pensar direito!

A sala fica silenciosa demais por alguns segundos. Eu gritei e questionei as decisões do meu chefe que acabou de voltar dos mortos, talvez eu seja um pouco suicida, mas não me arrependo de nada do que disse, pois o seu humor “inexpressivo” parece ter sido finalmente abalado pela minha insistência nessa discussão, inclinando-o para a impaciência.

— Por favor, me lembrem de nunca irritá-la. — Sam pronuncia impressionado em seu canto.

— Entendo a sua raiva, agente Wally. — Fury expõe em um tom de discurso que sempre usa quando prenuncia que a discussão logo se encerrará. — Mas nunca pensei tão claramente na minha vida, e quando se acalmar, verá que fiz o que tinha de ser feito. O mundo não é como queríamos ou pensávamos que fosse, temos um problema real.

— Nisso você está certo. — digo com um sorriso forçado, apontando uma mão em gesto acusatório para ele.

Fury tem um problema real comigo.

— H.Y.D.R.A. é o nosso problema. — arremata Fury algo diferente do que pensei, porém sem faltar com a verdade. Faço uma careta de desgosto. — Não contei antes, porque eu nem sabia em quem poderia confiar. Agora eu sei. — ele percorre o seu olhar de um por um na sala. Eu deixo a irritação de lado. — É por isso que vocês todos estão aqui.

Levanto-me da cadeira pondo os meus pés em movimento, o assunto está claramente encerrado, meus pensamentos voltam-se para a H.Y.D.R.A. Posso discordar de Fury em muitos pontos, mas ele tem toda a razão quando diz que H.Y.D.R.A. é o nosso problema.

— O que descobriu, agente 13? — Natasha se pronuncia pela primeira vez questionando a Carter, que se aproxima mais até o centro do cômodo, comunicando:

— O Conselho Mundial de Segurança se reunirá amanhã na sede da S.H.I.E.L.D. para a autorização dos aeroporta-aviões do Projeto Insight. Exatamente como prevemos.

— Eles já estão agindo. — constato a olhando por um momento, ela assente.

— Pierce não quer perder tempo, então teremos que agir rápido. — Sharon acrescenta. Alexander Pierce é então um H.Y.D.R.A., mas isso não chega a me assustar. O pouco tempo que temos sim. É noite, e logo amanhecerá.

— Não vamos nos atrasar então. — Steve atesta como se lesse meus pensamentos e os respondesse então. Mas há outra coisa que me preocupa também.

— Somos tudo o que temos contra a H.Y.D.R.A.? — questiono, tendo a atenção de todos que em seguida olham para Steve.

Percebendo que é a sua deixa, Steve me olha descruzando os seus braços que estavam cruzados até então sobre o peito, e argumenta:

— Não sabemos quem é inimigo e quem não é. Mas quando chegarmos lá, eu farei um pronunciamento. Por enquanto, somos tudo o que temos, mas vamos torcer para que outros se juntem a nós.

— E qual é o plano?

Steve encarrega-se de começar a descrever todo o plano, eu escuto atentamente enquanto Natasha, Sam, Hill, saem para se arrumar e o dr. Walter desaparece juntamente com eles antes de me dar uma breve checada e reforçar as prescrições médicas que recebi anteriormente.

Steve e Sam trocarão os chips que darão o acesso e total controle dos aeroporta-aviões, enquanto a agente 13 cuidará de impedir que na base de operações lancem os dispositivos, e Natasha estará disfarçada como uma dos membros do Conselho Mundial de Segurança. Nick fará o elemento surpresa (acho muito previsível da parte dele), e mais tarde todos os bancos de dados da S.H.I.E.L.D. e H.Y.D.R.A. serão expostos na internet livre. É o único jeito de deter a H.Y.D.R.A., expondo-a e a enfraquecendo.

Se tudo der certo, no fim, poderemos viver como fugitivos internacionais, ou caçados como uns da H.Y.D.R.A. na visão do mundo, Steve e Natasha podem se sair bem dessa, afinal, eles são lendas heróicas livres de qualquer suspeita, mas não sei se o mundo verá com bons olhos e entenderá o trabalho de alguns simples agentes anônimos até então, e saber diferenciar um S.H.I.E.L.D. de um H.Y.D.R.A.

Não sei se gosto das probabilidades de ter paz depois que a S.H.I.E.L.D. cair, mas no momento estou focada em derrotar os nazistas. O depois pode esperar.

— Eu estou dentro. — pronuncio-me, quando ele chega ao fim do relato de seu plano.

— E eu estou indo me arrumar. — Sharon ri, estreito o meu olhar em sua direção a observando sair do recinto.

Você é uma vaca. — movo meus lábios em silêncio para as suas costas.

—Não, você acabou de ganhar alta do hospital. Deve descansar. — Steve enuncia decidido em tom negativo.

Olho, um pouco alarmada Fury e Steve, mas nenhum deles aparentam perceber o meu momento “odeio você” com Sharon. Menos mal.

— Eu estou bem. — digo agradecida com a sua preocupação fitando-o com simplicidade, mas decidida da minha decisão. Não ficarei de fora dessa. — E não estou fazendo um pedido, Capitão. Eu estou avisando. Irei junto.

— Não, você não vai. Você deve ficar em repouso. — ele retruca presunçoso, e convicto. Okay, agora ele passou dos limites. Encaro-o incomodada, com aspecto desafiante em meu rosto.

— Se o Fury está em condições para a missão, eu acho que também estou, Capitão.

— Nick... — Steve diz o seu nome em um pedido de ajuda, enquanto o olha e ele apenas observa o nosso embate. Eu interfiro, com irritação:

— Quem você pensa que é, velhote? Meu avô? É lógico que eu vou, e nem tente me impedir.

Por mais que eu odeie fazer isso, minhas palavras o atingem, pois noto uma ponta de desgosto quando seu olhar vacila por um instante, mas a sua postura se mantém decidida. A verdade é que ele é tão teimoso quanto eu.

— O Capitão está certo. — Fury se pronuncia, volto minha atenção ligeiramente para ele.

— O que?

— Você não vai conosco. — finda, surpreendendo tanto a mim, como Steve. O Fury que eu conheço jamais agiria assim, e antes que eu o questione por isso, ele acrescenta: — Porque eu tenho para você uma última missão em New York.

***

— Como você está? — pergunto a Natasha observando alguns hematomas pelo seu corpo e um ferimento já cuidado em seu ombro direito, já de volta a sala principal da base secreta. Encontramo-nos a sós, os outros devem ainda estar aprontando alguns detalhes para o grande golpe final.

— Foram só alguns arranhões. — responde indiferente, dando de ombros. — E você? — devolve a pergunta, enquanto carrega a sua arma com balas.

Eu ainda me sinto vítima de um atropelamento de javali, tenho vontade de dizer.

— Eu já estive pior. — mas opto por dizer o mais prático. — Aliás, obrigada pelo que você e o Steve fizeram enquanto eu estava no modo Bela Adormecida.

Ela sorri brevemente e balançando a cabeça. Guardando a sua arma, sua atenção retorna para mim.

— Steve ficou bem preocupado com você.

— É, ele tem essa mania de carregar o peso do mundo nas costas. — replico, olhando-a com suspeita a sua menção a Steve, já conheço bem as suas nuances e imagino aonde ela quer chegar com esse papo. — Mas eu já falei com ele, está tudo bem.

Ela arqueia as sobrancelhas delicadamente me fitando. Suspiro, aí está a Natasha enxerida no modo operacional.

— Notei vocês dois estranhos. — ela sonda, embora com tom conclusivo. Suspiro. — Aconteceu alguma coisa entre vocês?

— Não. — respondo rápido, com o olhar fixo no dela. — Não aconteceu nada. Por que acha isso?

— Nada mesmo? — repete com insistência, fazendo outra pergunta ao invés de me responder.

— Não.

O seu semblante floresce com divertimento, com um sorriso torto se estendendo no canto de seus lábios. Eu continuo a encarando com seriedade, arqueio minhas sobrancelhas em questionamento mesmo sabendo o que se passa em sua cabeça.

— Vamos lá, Jessie. — seu tom é de com camaradagem. — Talvez um cego não perceba o clima que está rolando entre vocês, mas eu não só percebo quanto vejo claramente. E me corrija se eu estiver errada, mas tenho a impressão de que os dois também já perceberam isso. Até mesmo o atrasado do Steve.

A observo por alguns instantes, sentindo uma sensação estranha crescer dentro de mim com esse tipo de conversa, amigável? Eu não faço ideia de como rotular, mas sei de uma coisa: Natasha Romanoff pode ser um tanto curiosa e sem papas na língua quando quer, mas ela passa incentivo e confiança a quem fala. Há anos que eu não encontro alguém em quem possa confiar em ter uma conversa sem restrições. Talvez sejam suas habilidades invejáveis de Viúva Negra, ou não. Mas quem se importa?

— Quer saber? — resolvendo desabafar tudo, ou parte das coisas que vem me sufocando, puxo uma cadeira da mesa e me sento confortavelmente, continuo com a sua atenção fixa em mim: — Você tem razão, há um clima sim. Ou talvez tivesse um, mas nada disso quer dizer que vá acontecer algo. É loucura.

— Não vai me dizer que também é uma puritana como o Rogers? — ela questiona.

— O que? Não, não é isso. — contraponho, notando um sorriso reprimido em seus lábios, mas o divertimento estampado em seu rosto. — Você vai fazer graça de tudo que eu disser, não é?

Ela ri, olhando-me significativamente.

— Talvez só um pouquinho. — Fito-a aborrecida. Ela puxa outra cadeira sentando-se, apoia o seu braço esquerdo sobre a mesa, e prossegue atenciosa em mim: — Conte.

Eu pondero se é uma boa ideia desabafar. O fato é que eu nunca sei, arriscar-me é o que sempre faço, é por isso que sou uma agente. Por que então agiria diferente agora?

— A batalha de NY mexeu bastante com as pessoas, incluindo a mim. — determino contar desde o começo, Natasha assente, gesto que demanda que eu continue. — Na verdade, naquele dia eu tive bastante sorte e fui salva duas vezes, em uma delas pelo Capitão América. E eu reconheci em mim a mesma pessoa que eu era no passado e que não queria mais ser quando estive em perigo, o Capitão... Steve foi simbolicamente para mim um exemplo vivo de que eu poderia mudar. Que eu deveria. O meu passado jamais sairia da minha história, mas eu poderia buscar ser algo melhor. Mas ser um fantoche da C.I.A. não era o caminho exato para a minha mudança.

— E então você saiu da C.I.A., e veio para a S.H.I.E.L.D. — ela conclue.

— É. — concordo, perdendo-me em meus pensamentos relembrando de toda a história até aqui. — Eu sentia que estava no caminho, e no lugar certo na S.H.I.E.L.D. Por mais que algumas vezes Fury me irritasse e me fizesse duvidar, no fundo eu sentia que a S.H.I.E.L.D. era o meu lugar.

Disperso as minhas lembranças, retornando a minha atenção para Natasha.

— E agora com tudo isso acontecendo, vejo o quanto eu estava errada. — reconhecer isso é um pouco doloroso, pois a crença na S.H.I.E.L.D. era a motivadora das minhas esperanças de fazer algo útil. — Por mais esforços que eu junte eu me sinto a mesma que era no passado, a que eu mais odeio. Minha vida parece um maldito círculo vicioso do qual eu nunca consigo me livrar. Minhas escolhas, erros... Meus fantasmas. — respiro fundo, eu já estou cansada de todo esse tormento infernal do passado em meu real presente. — A vida parece estar zombando da minha cara diariamente, e eu sempre estou caindo. Olha, não sei por que eu estou te falando tudo isso, não gosto de soar melancólica, mas já que falei, que seja.

— Sem problemas. — ela não faz crítica, e eu me sinto muito melhor por ter desabafado com ela. — No nosso ramo nos sentimos assim mais do que frequentemente.

Eu concordo balançando cabeça, e revelo:

— Eu não sei se fiz as escolhas certas, mas de todo o jeito, tudo o que sei é sobre quem eu sou no momento e que nunca deixei de ser. — ela me observa com semblante sereno e pensativo. Essa é a minha deixa para encerrar o papo, já falei mais do que deveria. — Eu sou assim, perpetuamente, sem mudanças. E me envolver com o Steve seja de qual jeito for, seria um grande problema. Steve foi o meu herói quando eu precisei, sempre será, mas algumas coisas não mudam. E não importa o que eu faça, eu sei que cedo ou tarde isso acabará. Entende? — encaro os seus olhos não obtendo resposta, continuo: — Não acredito em finais felizes, e é por isso que não quero envolver-me com ninguém e levá-lo a queda. Ainda mais um herói, alguém como Steve que não foge dos riscos... Já carrego mortes demais em minha consciência, não quero mais nenhuma.

— Você realmente disse isso? — ela se expressa subindo alguns tons com incredulidade em sua voz. Eu desvio o meu olhar do seu, dessa vez eu não a respondo. — Okay, você realmente disse, e ainda acredita. — declara ela com o seu olhar minucioso sobre mim.

Inclino-me sobre a mesa, apoiando o meu braço sem a tipóia sobre ela, respirando fundo pela quinquagésima vez no dia, evitando o olhar de Natasha. O que diabos deu em mim? Por que eu fui contar tudo isso?

— Jessica. — ela sibila o meu nome com gravidade, chamando a minha atenção para olhá-la. Relutantemente, resolvo encará-la, engolindo em seco. Seu semblante é intimidante. — Não seja tão estúpida.

Franzo minha fronte, sendo pega desprevenida por suas palavras hostis. Sem me dar tempo de questioná-la ou de perder a razão e avançar nela quando eu estou apenas desabafando, ela prossegue calmamente:

— Olha, eu vi a sua ficha, e o seu perfil não te descreve como uma derrotada, pelo contrário.

— O que? — questiono-a com incômodo, querendo desacreditar da sua informação.

— Sim, eu olhei a sua ficha, não me olhe assim. — ela reafirma percebendo o meu olhar fuzilante sobre ela. — Me desculpe por isso, mas estávamos sem poder confiar em ninguém, e eu precisava saber se você era realmente quem se dizia ser.

Eu aquiesço o meu olhar com esforço, rendendo-me a sua desculpa plausível.

— E foi difícil conseguir a sua ficha, mas acabei descobrindo que você era bem mais do que se dizia ser. — ela prossegue pausando por um instante, eu gelo sentindo o meu coração disparar.

A lembrança de um passado que me envergonho e me aterroriza se faz presente em minha memória. Será que ela sabe? É impossível, mas ela é a Viúva Negra, não devem existir muitos segredos que ela não possa descobrir. Fecho os meus olhos afundando-me silenciosamente em mártir, preparada para o pior.

— Você é uma sobrevivente. — eu recuo minha atenção a ela, abrindo os meus olhos de imediato. Com o olhar fixo em mim, continua: — A vida que nós levamos cobra a nós um alto preço, fazemos o melhor que ninguém mais pode ou se arrisca a fazer. É inevitável algumas vezes sentir-se com um fardo maior do que se pode carregar, mas Jessie. Se você não fosse capaz, não teria conseguido as coisas que conseguiu, nem ao menos teria chegado aqui, então acredite em você. Algumas tragédias são irremediáveis, mas desistir não é um extra que vem com elas, isso vem de nós.

Recebo calada, as suas palavras com o seu olhar carregado de franqueza, tudo o que eu penso é que seja o que for que ela pensa que sabe, ela não sabe da verdade, contudo o efeito de suas palavras em meu âmago é de que ela está mais certa do que nunca. Como isso pode ser?

— Sinto muito pelo que aconteceu em seu passado. — ela adiciona, notando meu silêncio. — Você fez o certo, não sabe? Não é culpa sua o que aconteceu, mas aconteceu. Ele também fez o certo, e morreu como um herói.

Fito Natasha esforçando-me para não contestá-la, ela não sabe da verdade. Ele não morreu como um herói.

— Obrigada. — agradeço engolindo as palavras que gostaria de dizer, eu falei mais do que deveria e sei a hora em que devo me calar.

Ela assente com um dos seus típicos sorrisos, eu devolvo-lhe um sorriso do mesmo modo.

— Jessie, só mais uma coisinha. — ela se manifesta, quando eu me levanto da cadeira querendo deixar o papo por encerrado. — Não pense muito, se houver uma chance com Steve, tente. Vocês dois são presos demais ao passado, quer um conselho?

— Não. — eu a corto firme, ela abre um sorriso largo ignorando a minha resposta, e prossegue com ousadia:

— Esqueça o passado. Ele quase nunca nos deixa viver com tranquilidade o presente.

Ela está certa, lembrar o passado não é um lance que traz tranquilidade, pelo contrário.

Abro a minha boca para agradecê-la, mas não tenho a chance porque o silvo de alarme espalha-se pela base. Eu a olho buscando uma explicação para o ocorrido, mas o seu olhar diz que ela sabe tanto quanto eu pondo-se em é apressada já com a arma em mãos, e Hill, Sam, Sharon e Steve então surgem prevenidos também.

— O que é isso? — questiona Steve olhando para Hil, ajeitando o seu escudo em seu braço. — Estamos sendo atacados?

Estrondos de coisas sendo destruídas do lado de fora nos invadem os ouvidos quando chegamos à vista da porta principal da base secreta, parando em uma distância apropriada.

— Eu creio que não. — quem responde é Fury que surge de modo enigmático. Todos olhamos para ele sem compreender, esperando esclarecimento. Ele olha para mim, e anuncia: — Pelo alarde, creio que a sua carona para New York chegou.

Eu arqueio as minhas sobrancelhas levemente, os outros alternam os seus olhares confusos entre ele e mim que nada respondemos. Porque Fury adora surpresas, e porque eu realmente não faço à mínima ideia do que ou quem é essa a minha carona.

Um clarão se estende pelas bordas da porta de aço da entrada tomando a atenção de todos, e aparentemente desconjuntando as suas partes para derrubá-la.

Qual tipo de carona Fury me arranjou? O fito com desconfiança, esperando ver alguma explicação em seu rosto, mas sei que é mais fácil descobrir os segredos do universo do que descobrir os segredos do Fury.

Uma fumaça se espalha pelo lugar, e o clarão se cessa.

Ponho-me atrás de Steve, agarrando o seu braço livre. Lembrando-me de todo o papo com a Natasha a pouco, eu vejo o quanto controversa eu sou. Mas talvez, eu esteja um pouquinho temerosa em descobrir o que, ou quem é essa tal carona, e é como eu disse: Steve é o meu herói. Ele me encara um pouco surpreso, em tempo curto e eu só o ofereço um sorriso trêmulo não me desprendendo por nada dele, retornando sua atenção para frente vemos a porta sofrer um baque.

Todos nos afastamos alguns passos para trás em precaução quando a porta sofre outro baque e é derrubada ao chão, e uma fumaça se levanta expansivamente pelo local. Steve põe o seu braço protetoramente a minha frente colocando-me mais atrás dele para em seguida ficar em uma posição defensiva.

— Mas o que diabos é isso... — murmuro em meio a uma tosse quando a fumaça me alcança.

— Oh, meu Deus. — Sam sibila com deslumbramento palpável em sua voz, estreito meu olhar em sua direção, mal o enxergando por conta da fumaça. — Incrível.

— Ah, não. — Steve diz em tom quase deprimido, olho-o e avisto seu olhar vidrado a frente igualmente ao de Sam, só que o seu com um grande diferencial: desgosto.

Dirijo curiosamente o meu olhar à frente não vendo nada inicialmente ainda por causa da fumaça. Avisto somente alguns pontos luminosos, que se aproximam a passos ruidosos.

Arregalo os meus olhos surpresa quando as luzes transformam-se em uma figura bastante conhecida a nossa frente.

— Tony. — pronuncia Natasha polidamente.

— Essa armadura é incrível. — destaca Sam mais uma vez maravilhado, vendo o inigualável Homem de Ferro caminhando e parando próximo a nós.

Tombando a armadura de sua fronte, ele revela o seu rosto com o seu característico semblante irreverente no rosto, diz:

— O que posso dizer? Visto-me para impressionar. — dirigindo sua atenção para Fury, continua: — Fury, fiquei sabendo que havia morrido alguns dias atrás. E não sabe que surpresa agradável foi receber a sua mensagem e saber que continuava vivo, e usando esse tapa-olho de pirata ainda...

O incorrigível Stark continua as suas observações sarcásticas e comentários inoportunos, quando Steve queixa-se depois de sair da defensiva:

— Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto.

— Capicolé!


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Notas finais do capítulo

Eitcha lelê, e aí, eu me redimi?
O incorrigível Stark está na área, por essa vocês não esperavam, não é mesmo? Amei trazê-lo e estava doida para que ele aparecesse, confesso. Espero que tenham gostado da ideia. :-p
Ah, e essa frase: "O que posso dizer? Visto-me para impressionar", é uma frase própria do Tony que ele diz em uma animação, e eu curti e quis colocar.
O roteiro da fic muda a partir daqui, mas acho que vocês vão curtir pelo que está vindo aí!
Well, acho que é isso pessoal, ah! Gostaria de fazer um megahipersuperultraagradecimento a Hunter Pri Rosen que me ajudou bastante nessa volta. Obrigada, mishamiga, mishatudo!
E também um agradecimento especial Miss Queen que fez uma capa maravilhosa para PM. Eu amei, obrigada moça! ♥ E também a Beatrice do Prado que recomendou a fic nesse tempo em hiatus. ♥
Enfim, acho que é isso pessoal. O que acharam do capítulo e das surpresas? Qual o palpite de vocês sobre a missão da Jessie em NY?
Espero o retorno de vocês, e como é bom ter voltado! o/