Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 11
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Olá, agentes, vingadores, ou etc!
Primeiramente, o título eu vou ter que pedir desculpas, pensei, pensei, e não achei nenhum título digno, então tive que colocar algo que já dá início ao capítulo, mas que é só o início mesmo. Prometo pensar em um título melhor e trocar depois, okay? Me perdoem, desde já. :-p
E aviso que esse é o maior capítulo que escrevi, espero que agradem vocês, porque esse bichinho deu trabalho.
Ah! Gostaria de agradecer a todas as pessoas que se manifestaram no capítulo anterior e comentaram, de verdade, eu fiquei very happy. Sejam todos bem vindos!
Agora sobre o capítulo, não queiram me matar... Oi?
E desculpe se houver algum erro, eu sempre tento betar direitinho (e tenho uma grande ajuda da Hunter Pri), mas às vezes alguns erros passam ligeiros que nem percebo kk
Well, sem mais delongas, vamos logo para o capítulo!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/556845/chapter/11

31 de março de 2004, Fallujah, província de Al Anbar - Iraque.

Estou imersa em meu pesadelo pessoal novamente. Já vivi e revivi esse dia milhares de vezes que marcou uma era de sofrimento e arrependimento, tanto que já perdi a conta. Este é o meu carma por ter sido tão ingênua e estúpida, apenas me esforço para me manter sã e inatingível, e pode acreditar, essa é a missão mais difícil de toda a minha vida.

— É um belo dia. — eu disse observando o brilho do sol naquele dia, e nos meus sonhos (pesadelos) eu não consigo evitar que essas palavras me escapem da boca, revivendo o início de tudo. Ser uma espectadora sem poder interferir no seu pior pesadelo é a pior sensação.

Era para ser mais um dia comum que apenas estaríamos concluindo o trabalho que nos tinha surpreendido positivamente ali, logo voltaríamos para os Estados Unidos e entregaríamos o nosso relatório a Casa Branca, e com um pouco de sorte teríamos alguns dias de férias. Mas aquele não foi um dia comum, foi um dia desastroso.

— Sim, tem razão, Sunshine. — a voz do fantasma chegou aos meus ouvidos, tirando a atenção que eu tinha na paisagem para virar-me para ele que me sorria, eu, inocentemente sorri para ele com um sentimento esperançoso que ele sempre me passava. O seu sorriso era o mais belo de todos para mim. — Você nem faz ideia.

Franzi o cenho com desconfiança enquanto o encarava, o conhecia bem demais para saber que suas palavras prenunciavam algo.

— O que você quis dizer com isso? — sondei-o, um sorriso mais largo se estendia em seus lábios. — Do que eu não faço ideia? Qual é a que você está apron...

A sua risada me interrompeu, apenas o olhei mais intrigada o observando. Por fim, acabei sorrindo, mas insisti:

— O que é?

— Eu estava me lembrando, de quando nos conhecemos e éramos como gato e rato. De como você era, sempre quebrando o protocolo e se colocando em risco, mas no fim, sempre tudo dava certo. Desafiava o nosso chefe Richard... — ele explicava com diversão, o meu humor estava igual ao seu ao lembrar os momentos dos quais ele falava. — É, tudo isso me deixava maluco, e de certa forma eu já era louco por você e nem sabia. — ele apertou a minha mão com carinho por um momento, desviando a sua atenção da direção para me olhar com afeição. — Nós cedemos, e ganhamos. Com o tempo eu aprendi que é preciso de luta e sacrifico para se obter o que deseja, e muita paciência. — completou. — Você entende o que eu estou dizendo? — perguntou-me com o tom mais sério me encarando.

— Sim, eu acho que sim.

— Excelente. — falou e deu um de seus rápidos sorrisos, eu já não estava entendendo onde ele queria chegar com aquela conversa. — Como você disse, Jess, hoje é um belo dia, mas pode ser além disso, muito melhor. — estreitei os meus olhos com questionamento, mas ele nada esclareceu, continuou: — Eu só quero que saiba que eu te amo, você...

— Eu também. — respondi antes que ele terminasse, já imaginando qual seria a sua pergunta. O fantasma sorriu-me radiante.

— É sempre bom ter certeza. — disse ainda mantendo o seu sorriso. — Jess, eu quero o melhor para você, para nós. Desejo um novo mundo e estar ao seu lado nele, com uma família e sermos felizes. Farei o impossível para que tudo isso se realize, eu te prometo.

— Ei, não é preciso se tornar um herói para isso, você já sabe que eu te amo. — disse e acariciei o seu rosto. A sua atenção alternava-se entra a rua e mim. — Quanto ao resto, pouco a pouco, quem sabe? Não é preciso ter pressa.

— Eu sei, Sunshine, mas não precisamos esperar mais, hoje é o dia. — eu ri brevemente ao ouvi-lo, mas não imaginava que suas palavras carregavam tanta verdade. Uma verdade dolorosa. — Me diga, Jess. Até onde estaria disposta a ir se pudesse refazer o mundo o tornando em um lugar melhor?

— Com você? — questionei com divertimento arqueando as sobrancelhas para ele.

— Comigo. — confirmou-me com um leve sorriso. Fitei-o sorrindo do mesmo modo, suspirei, antes de dizer sem hesitar:

— Até o fim.

Em um gesto brusco e sem aviso, ele freou o carro parando e deixando que os outros carros a frente do qual seguíamos se distanciarem de nós, eu tive de me segurar no painel devido ao impulso que ganhei em sua parada precipitada. A pior parte do pesadelo chega. Quando pude o olhar ele ainda sorria, de um jeito diferente que eu só o identificava quando ele pretendia surpreender. Não tive nem tempo de questioná-lo, pois ele retirou o seu celular do bolso, discando já algum número, ele disse:

— Jessie.

Como um verdadeiro fantasma a sua imagem desfalece em minha frente, tudo se transforma em uma névoa cintilante até tornar-se repentinamente escura, me causando completa confusão. O que está acontecendo?

— Jessie, acorde. — uma voz suave, porém carregada de preocupação chama-me novamente.

O meu primeiro sentido capta apenas um som que me familiarizo com o tinido de uma máquina de batimentos cardíacos, o meu outro sentido capta levemente um cheiro irritante hospitalar.

Forço os meus olhos a se abrirem querendo investigar onde estou e quem me chama, obtenho a resposta da segunda dúvida primeiro.

— Steve. — sussurro o seu nome, fitando os seus olhos tanto preocupados quanto azuis sobre mim me analisando. Ele suspira por fim dizendo:

— Você acordou, estava bastante agitada.

Olho em volta vendo que estou em uma espécie de quarto hospitalar, deitada em uma maca, com roupas ridículas de paciente e com um fino lençol me cobrindo. Há também a monitoração cardíaca ligada a mim, e uma agulha instilada em meu braço direito me transmitindo algo que deduzo como soro. Volto minha atenção novamente para Steve, pergunto:

— O que aconteceu? — minha voz sai rouca, e de um jeito desajeitado tento me levantar.

— É melhor não se levantar. — Steve me adverte, porém sou teimosa e não acato o seu conselho, por fim ele acaba me auxiliando. O meu corpo inteiro dói, embora sinta mais a minha cabeça e o meu ombro esquerdo, tento absorver e controlar a dor sem querer demonstrá-la para Steve. Caramba, o que foi que aconteceu? — Tudo bem? — parece que ele nota o meu estado, meneio a cabeça, e digo:

— Sim. — exceto a sensação de ter sido atropelada por um javali. — O que foi que aconteceu? — pergunto novamente, com a voz mais firme.

— Você não se lembra mesmo de nada? — questiona, balanço a cabeça negativamente. Estreitando os meus olhos para ele noto em suas expressões o sentimento de culpa. — A culpa foi toda minha, eu não devia ter deixado você se envolver nessa.

— Você... Nós nos beijamos. — lembranças tentam se firmar em minha mente, mas são um tanto complexas. — Não... Eu te beijei. — agarro as lembranças tentando consolidá-las, mas nada parece ter sentido. — Espere, aquilo foi um beijo?

Steve fica um tanto constrangido com o que eu digo, quase retraído. Mas ignorando tudo o que eu disse, ele prossegue:

— Se lembra de mais alguma coisa?

— Eu acho que não. — fecho os olhos tentando ignorar a dor em minha cabeça provavelmente devido ao esforço. — Mas parece que eu fui ao cinema ver uma sessão de filmes nazistas e o céu caiu sobre mim. Ou seja, nada faz sentido. — murmuro com convicção.

— Talvez faça mais do que você imagina. — ele murmura com a voz arrastada. O encaro com questionamento, e como um clique todas as minhas questões se sanam ao tentar me lembrar mais uma vez. Lembro-me da equipe S.T.R.I.K.E. atrás de mim, depois em perseguição a Steve e a Romanoff e nós em fuga. Depois a base militar antiga, da briga com Steve, o cientista maluco reencarnado em um computador ultrapassado, das suas informações, e depois de tudo, literalmente, desabar sobre nós e eu perder todos os sentidos. Lembrar de tudo de uma vez não me causa só espanto, mas também um considerável aumento na dor de cabeça.

— Calma, é melhor você se deitar. — Steve aconselha-me novamente notando o meu estado, desta vez eu não faço objeção e o deixo que me ajude a me deitar. — Se sente melhor agora?

— Sim... — na verdade não, mas dizer a verdade sobre isso só o deixaria preocupado e não o faria responder de imediato as perguntas que tenho. — É que eu me lembrei de tudo. Aquele computador desgraçado nos enganou. — resmungo irritada. — Eu apaguei depois que tudo caiu sobre nós. A Romanoff — lembro-me preocupada, encaro Steve, ansiosa por uma resposta. —, ela está bem? Onde ela está?

— Ela está bem e segura. — não me responde onde ela está, mas saber que está bem me tranquiliza bastante, suspiro aliviada. — Você foi à única que se feriu, quando te deixamos aqui, inconsciente, eu temi que você não fosse resistir.

— Espere, quando vocês me deixaram aqui? — indago com suspeita, ele continua me encarando sem qualquer resposta. — Por quanto tempo eu estive apagada, Rogers? — inquiro com seriedade, isso ou o fato de chamá-lo pelo seu segundo o nome o deixa aparentemente incomodado, mas ele não comenta, e responde-me por fim:

— Três dias.

— O que? — é tempo demais, isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto.

— Você sofreu pancadas na cabeça o que a deixou inconsciente. Natasha e eu tentamos te acordar, mas você não acordava de jeito nenhum. — ele relata e a sua voz carregada de culpa e aflição não passa despercebida por mim, por mais que ele tente encobri-las. — E para completar, alguns agentes da S.H.I.E.L.D. apareceram quase ao mesmo tempo em que fomos atacados pelo míssil, mas conseguimos fugir, com você desmaiada. Natasha procurou um hospital que não pudessem nos rastrear tão facilmente para levarmos você, ela encontrou esse hospital de freiras, as coisas aqui funcionam meio a... Moda antiga. Te trouxemos para cá, e a médica fez os procedimentos necessários, mas você não acordava, tiveram que fazer alguns exames em você, depois ela nos disse que você tinha sofrido alguma concussão na cabeça e que a inconsciência às vezes acontecia nesses casos, algumas escoriações, um entorse no ombro, mas nenhum dano grave, mas que teríamos que esperar você acordar para ter certeza, enquanto era mantida em observação.

— Três dias. — murmuro impressionada com a minha capacidade de Bela Adormecida, odeio isso. Levanto o meu olhar fixando ao de Steve novamente, digo: — Obrigada, Capitão... Você e a Natasha, por terem tido tanto trabalho em me manter a salvo quando eu bancava a Bela Adormecida. — esclareço quando ele encara-me sem entender, um pequeno sorriso surge em seus lábios, mas aquele sentimento de culpa ainda parece estar estampado em sua face.

— Não tem o que agradecer, estávamos juntos nessa. Um soldado nunca abandona um dos seus. —ele diz pacífico. Tão típico dele, não posso evitar um sorriso. — Sente alguma dor? — desvia do assunto, interessado.

Torço a minha boca em uma careta de desprezo.

— Nada que eu não tenha sentido duas vezes pior antes. — falo com sinceridade ao me por sentada novamente. Trato de manter o meu olhar ao seu para explicar um assunto que me incomoda: — Eu estou bem. E por favor, não se culpe pelo que aconteceu, você mesmo disse que estávamos juntos nessa. E mesmo assim, nenhum de nós tem culpa sobre o que aconteceu, não puxamos nenhum gatilho. — minhas palavras não parecem surtir um grande efeito pelas suas expressões. Reviro os olhos, e digo exasperada: — Ah, qual é velhote, nós somos do time dos mocinhos! A culpa com certeza não é nossa!

Sua expressão se suaviza quando ele deixa escapar uma risada, balançando a cabeça em negação. Eu o encaro séria.

— Certo. — ele diz, levantando as mãos em sinal de rendição, com um sorriso amplo no rosto, bem melhor assim. Sorrio em agradecimento fazendo um leve gesto com a cabeça. Eu não me sentiria bem em saber que o herói que me salvou duas vezes a vida se sente culpado por algo do qual não tem nenhuma culpa. Essa foi a segunda vez que Steve Rogers me salva a vida, claro que dessa vez com a ajuda da Romanoff, mas sei que ele foi a peça essencial nesta missão, quando tudo caía sobre nós ele se esforçava para nos proteger, isso me faz pensar se eu devo fazer um plano de saúde ou contar com a sorte de tê-lo por perto sempre.

— Agora você pode me contar o que aconteceu quando eu estava desacordada? — disperso os meus pensamentos e pergunto persuasiva a ele, referindo-me claramente sobre as informações que Arnim Zola nos passara antes de quase morrermos, quando eu apaguei muitas pontas estavam soltas prontas para serem amarradas nos pescoços dos mocinhos, mas se eu conheço bem Steve Rogers, ele não deixaria isso acontecer. E a ausência de Natasha Romanoff aumenta ainda mais as minhas suspeitas, o mal ainda está sendo combatido.

O rosto feliz de Steve retorna a sua seriedade quando diz:

— Claro.

***

Depois que Steve me contou de todos os fatos que ocorreram quando eu estava desacordada, eu precisei de um tempo para assimilar tudo. Steve e Natasha, depois de terem me deixado em segurança no hospital procuraram a ajuda de alguém de confiança para agir, este alguém também conhecido por mim, se chama Sam Wilson, e com a ajuda dele foram a buscas de respostas. Steve me disse que conseguiram descobrir o que fazia o algorítimo que Arnim Zola citara e o tal Projeto Insight que eu não fazia ideia o que era. Como eles descobriram exatamente eu não sei, mas presumi que eles perguntaram com “jeitinho” para um agente do alto escalão da S.H.I.E.L.D. O algorítmo aplicado no Projeto Insight pode fazer uma catástrofe, esse tal Projeto Insight é uma das ideias de Fury de três porta-aviões armados capazes de destruírem potenciais ameaças antes de elas agirem, pelo que Steve me contou, o algorítimo então no Projeto Insight mudaria o programa calculando as ameaças para os inimigos da H.Y.D.R.A... O que é bem preocupante lembrando-se dos valores que a H.Y.D.R.A. tanto preza, ela toma mais da metade do mundo como inimigo. Steve ainda me disse mais para completar o quadro, logo depois que descobriram isso eles foram atacados pelo suposto assassino de Fury que se chama Soldado Invernal, que, aliás, Steve descobriu ser Bucky Barnes, o seu velho amigo que supostamente tinha perdido a vida na Segunda Guerra Mundial. Confesso que nesta parte eu pensei que estava delirando, mas inexplicavelmente Steve afirmou com certeza que era o seu velho amigo até outrora morto, e que ele não o reconhecera. O fato me fez pensar que a H.Y.D.R.A. tem mais surpresas do que eu supunha, ela é mais perigosa do que eu podia imaginar.

Steve não me contou tudo o que aconteceu, e nitidamente eu notei que depois que me contou sobre o Soldado Invernal ele se manteve um tanto retraído, a não ser que isso tenha sido por saber que um amigo já não era mais bem um amigo, não consegui definir ainda. Logo depois ele se foi, prometendo que retornaria quando a médica veio me avaliar e me transferir para outro quarto dizendo que eu estava bem e que usaria uma tipóia no braço por causa da entorse no ombro, ficaria também em observação por mais algum tempo e me deu alguns medicamentos alegando que se continuasse como estava, hoje mesmo poderia ser liberada.

Mantive-me o dia inteiro até agora pensando em tudo isso para não sucumbir ao desejo de tentar fugir e acabar pondo água a baixo todo o trabalho que Steve e Natasha tiveram. Algumas horinhas a mais não são nada para alguém que esteve desacordada quando sabia que uma organização nazista tentava e ainda tenta iniciar a Terceira Guerra Mundial, bufo irritada vendo que já é fim de tarde e a H.Y.D.R.A. está lá fora e eu aqui trancafiada em um quarto esperando ordens médicas.

A maçaneta da porta de meu quarto gira e a olho com suspeita preparando-me para qualquer tipo de ataque, mas posso respirar aliviada ao ver que é a enfermeira que me trouxe a comida ruim no almoço.

— Você tem visita. — ela diz com um sorriso gigante, estreito os meus olhos tentando ver quem é a tal “visita” quando ela abre espaço para a pessoa entrar. — O seu namorado bonitão voltou. — completa ela com euforia dando uma olhadela em Steve que retornou, ele se constrange entrando no quarto sem relevar o que ela disse.

— Obrigado. — ele agradece a ela.

— Ao seu dispor, bonitão. — ela lhe dá uma piscadela antes de secá-lo da cabeça aos pés e sair fechando a porta, deixando um Steve alarmado para trás. Eu não me aguento e acabou gargalhando da cara do Steve.

— Me pergunto o que ela faria se soubesse que você é o Capitão América. — tiro sarro dele que não vê muita graça. — Santo Hulk, você não disse que esse hospital era de freiras? — pergunto ainda rindo.

— Parece que muitas coisas mudaram desde o meu tempo. — diz com sarcasmo, e eu vou cessando o meu riso aos poucos quando ele se aproxima chegando bem próximo a cama na qual estou sentada. — A médica já te disse quando terá alta?

— Ainda não, a enfermeira descarada — refiro-me a enfermeira que acabara de sair, observando a carranca que ele faz quase rio novamente. —, me disse que mais tarde ela viria aqui, isso foi desde o almoço e até agora nada. Se ela não aparecer logo para me liberar eu saio daqui, e derrubo quem tentar me impedir. — agora sou eu que tenho uma carranca no rosto.

Steve ri brevemente.

— Vou tentar me manter fora do seu caminho então. — brinca ele com um sorriso nos lábios, eu sorrio de volta fitando os seus olhos.

Desde que eu acordei não briguei com Steve uma vez sequer, este fato impressionante digno para entrar no livro Guinness Book me lembra do porque nós brigávamos. O centro de nossos desentendimentos foi à missão que Fury me deu e eu me aproximei dele e “omiti” mais até do que o necessário, de certa forma, talvez Steve tenha tido razão sobre ter ficado magoado sobre isso quando aconteceu. Se fosse eu no lugar dele, eu também ficaria bem ressentida. Eu não acredito que farei isso que estou prestes a fazer, mas de todo o jeito posso dizer que a culpa foram das pancadas em minha cabeça, e para tudo se tem uma primeira vez, não é mesmo? Depois de tomar fôlego, digo:

— Desculpe, Steve. — fito os seus olhos com toda a sinceridade, suas sobrancelhas se franzem em desentendimento aparente, e antes que ele pergunte, eu continuo: — Eu sinto muito por ter... Enganado você, me aproveitando da sua bondade omitindo coisas a meu favor quando você me dava um voto de confiança... — um tanto surpreso ele me observa, sem emitir qualquer palavra, acabo desviando o meu olhar do seu não conseguindo sustentá-lo, é difícil para mim pedir desculpas, isso nunca fez parte da minha personalidade. E nunca fará, isso é apenas uma exceção.

— Eu realmente não esperava por um pedido de desculpas. — admite.

— É, nem eu imaginava que fosse fazer isso — confesso-me. —, mas é melhor por uma pedra sobre isso de uma vez. — levantando o meu olhar novamente de encontro ao seu com determinação, afirmo: — Mas se você me perguntar se eu me arrependo do que eu fiz, eu vou te dizer com sinceridade que não, e que faria tudo de novo. — isso o faz arquear levemente as sobrancelhas de jeito surpreso, prossigo sem me importar com o que ele está pensando de tudo isso: — Eu tinha uma missão, essa missão era protegê-lo e não deixar você saber que eu era o seu Kevin Costner de saias, não que eu use saias, eu nem mesmo gosto.

— Kevin quem? — questiona ele formando um vinco em sua testa, reviro os meus olhos.

— Depois eu te explico. — murmuro. — O fato é que eu menti dizendo que não estava atrás de você a mando de alguém, como por exemplo, o Fury. — ele me ouve atentamente, cruzando os braços sobre o peito ao mesmo tempo em que volta a ter aquela sua típica postura séria de soldado. — Eu sei que depois eu ainda omiti muitas coisas, e é por isso que eu peço desculpas. Por ter usado a sua confiança para que você não descobrisse que você era a minha missão. Mas Steve, você tem que saber que eu nunca quis te enganar, o meu desejo era cumprir essa missão para também pagar uma dívida que eu sentia que tinha com você de quando salvou a minha vida em NY, eu sabia desde o início que isso não seria o suficiente, mas era o mínimo que eu poderia fazer por você.

— Eu nunca salvei ninguém esperando ganhar algo em troca. — ele expõe com sua voz em suavidade, faço um meneio de cabeça afirmativo em compreensão. — Mas de qualquer forma... Fico honrado em ter recebido a sua proteção. — ele revela para o meu espanto, o encaro pasmada. E ele continua: — Não tenho o que desculpar, era ordens do Fury, era sua missão. Se tiver alguém aqui que tem que se desculpar sou eu, por ter sido extremamente rude com você.

— O que? — não era essa a atitude que eu esperava dele, eu que tanto fui firme dizendo que só pediria desculpas se ele me pedisse primeiro... Sinto dor, mas não é no corpo, o meu orgulho ferido sangra gritando quase do fundo da alma. — Está mesmo me pedindo desculpas? Sério? Você tem certeza que não bateu com a cabeça também?

Uma leve risada escapa de seus lábios surgindo um sorriso neles em consequência, como se isso respondesse a minha pergunta. Seu sorriso é muito bonito, e meu orgulho ferido me consumirá em algum momento, mas não agora, pois sorrio conjuntamente com Steve sendo contagiada pelo seu sorriso sem conseguir ficar com raiva dele. Yeah, eu estou bem ferrada, mas eu já disse que a culpa é das pancadas que sofri na cabeça? Então. E ao encarar os olhos azuis celestes do herói a minha frente eu constato que às vezes deixar o orgulho ferir-se não pode ser tão ruim quanto parece, afinal, agora podemos confiar um no outro, sem julgamentos ou ressentimentos. A confiança está restaurada, isso é muito bom, mas pensando por outro lado... É horrível. Se eu não tenho mais motivos para tecnicamente odiá-lo, como o afastarei quando aquela atração em que momentos eu senti por ele se manifestar e eu não acabar cometendo uma loucura, como me jogar em seus braços e beijá-lo?

Ou será que essa atração é apenas um mero engano causado pela curiosidade do beijo/não beijo nosso? Prefiro pensar que é a segunda opção, pois sendo assim seria fácil interromper e acabar esse assunto, voltando ao meu estado natural sem devaneios. Esse jeito seria beijá-lo, de verdade.

— Steve. — digo o seu nome, tomando a sua atenção ele faz um gesto com a cabeça esperando que eu prossiga.

Pondo os meus pés para fora da cama, eu findo os meus pés no chão ignorando recomendações médicas de repouso.

— Espere... Você, não... Ah, esquece. — ele desiste, vendo que não pretendo voltar para a cama.

Dou menos de dois passos para me aproximar dele por completo, sua expressão é confusa quando eu coloco uma mão sobre o seu ombro e a outra sobre o seu braço o segurando, posso sentir os seus músculos bem definidos. Levanto o meu olhar encontrando o seu um pouco menos confuso, já talvez com uma suposição do que pretendo fazer.

— Você sabe o que eu pretendo fazer, não sabe? — creio que a minha pergunta serve para sanar qualquer dúvida.

— Eu acho que tenho uma ideia. — sua voz sai baixa, enquanto o seu olhar agora se encontra percorrendo minucioso sobre o meu rosto. — Mas não sei se é uma boa ideia.

— Nem eu. — confesso, dando um mínimo sorriso rápido, olhando os seus olhos. — Mas me corrija se eu estiver errada, tanto eu como você estamos curiosos em saber se é, ou não é. — calo-me, dando-o a oportunidade de dizer, mas a sua hesitação provavelmente típica desse tipo de situação já me confirma, eu prossigo: — Não acho que vamos morrer por isso, Steve. E essa ideia não sai da minha cabeça há algum tempo. Quem sabe depois de saciá-la a gente esqueça isso?

— Você acredita mesmo nisso? — ele replica com ceticismo tanto em sua voz, quanto em suas expressões. Abaixo o meu olhar respirando fundo, será que essa atitude não é mesmo uma da qual eu possa me arrepender para o resto da vida?

— Talvez. — ergo o meu olhar fixando ao seu, dane-se o que acontece depois. Eu já comecei, agora irei até o fim. — O que você acha? — ele mais uma vez se mantém mudo, sem ação, engulo em seco notando o seu jeito indeciso quando ele olha cada traço de meu rosto. Isso me faz sentir como se eu estivesse enganada, confundindo as coisas, talvez...

Suas mãos seguram a minha cintura delicadamente quando eu tenho me afastar, olho para ele dessa vez sentido um desejo nítido e recíproco, posso experimentar uma linha fina de um sorriso se estender em meus lábios ao receber um pequeno gesto seu de confirmação, ele dá um sorriso semelhante ao meu e alguns milésimos de segundo se passam, e continuamos a fitar-nos um ao outro com intensidade, eu sou a primeira a me mover com impaciência, aproximando-me lentamente de seu rosto ficando na ponta dos pés, trilho o meu olhar descendo para os seu lábios antes de fechar os olhos e encontrar-me a poucos centímetros deles. Antes que o ato final venha a se consolidar, sinto a sua fragrância masculina agradável invadir as minhas narinas, e a sensação intraduzível de estar segura em seus braços, e dividindo literalmente o mesmo ar, a proximidade entre nós é cada vez menor até que... Steve me afasta abruptamente de si.

— O-o que? — gaguejo estupefata recuperando o meu ar e tentando entender a sua atitude, Steve apenas pressiona os seus lábios em uma linha fina e os solta com um suspiro, enquanto me encara com um pedido de desculpas, quase frustrado. Entretanto, nenhuma palavra sai de sua boca, mas em menos de um segundo a resposta vem quando a porta do quarto se abre e a médica vestindo um jaleco entra sem cerimônia. Poderia entender tudo até aí, se atrás dela não surgisse alguém que eu não esperava ver tão cedo, muito menos por aqui.

— Sharon? — questiono com o cenho franzido, mesmo com a absoluta certeza de que não é uma alucinação de Sharon Carter com a sua expressão séria e postura superior criada por minha mente.

— Encontrei com a sua irmã no corredor que veio te ver. — a médica explica com um leve sorriso, olhando para nós. Minha o que? Olho para Steve procurando saber se ele encontra-se tão confuso quanto eu, mas o seu modo é do tipo que diz: “te explico depois”. — E vim te dar a boa notícia que você já, já poderá sair daqui, eu vou assinar a sua alta, mas você terá que seguir as recomendações que eu te pedir, está bem?

Eu não respondo por ainda estar embasbacada com a presença da Agente 13, o que ela está fazendo aqui?

— Cindy, tudo bem? — a médica pergunta apreensiva, eu a encaro vendo que sua atenção está em mim. — Você está se sentindo bem?

— Ela está bem sim, doutora. — Carter responde por mim, se manifestando pela primeira vez. — É que eu e a minha irmã, Cindy, não nos víamos há muito tempo. — ela caminha até a mim, me abraça, deixando o estupor de lado e sabendo que não vou entender nada agora mesmo eu sigo o seu teatro. Sorrio ironicamente quando ela me abraça de lado, sorrindo para a doutora e depois para mim: — Mas pode deixar que eu vou cuidar bem dela, não é maninha?

— Claro, doutora. — afirmo ainda sorrindo, obtendo certa tranquilidade da médica. — Minha irmã vai cuidar muito bem de mim, desde criança ela tem essa mania de cuidar de mim, bem chata. — a Carter se retrai um pouco, mas não deixa o disfarce, mas posso sentir a sua irritação, acrescento: — É por isso que eu amo ela. — dou um grande beijo demorado e encenado em sua bochecha e a abraço em seguida, a médica apenas sorri para nós antes de pegar a sua prancheta e por sua caneta em mãos.

Minhas bochechas chegam a doer de tanto sorrir, e de um jeito disfarçado fuzilo Steve com um olhar depois de fuzilar minha “irmã” com a mesma pergunta: o que diabos ela está fazendo aqui?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu já pedi pra vocês não me matarem? ._.
Pois é, não façam isso kkkkkkkkkkkkkkkk
Agora queria falar sobre uma nova fic, com uma friend aqui do Nyah, a Bells W., se quiserem ir lá dar uma conferida e nos dizer o que acharam, aqui o link: http://fanfiction.com.br/historia/586966/Requiem_For_a_Fury/
Ficaremos agradecidas se vocês aparecerem por lá :)
Agora voltando a fic aqui...
Pra quem queria beijo Stessie, digo que foi quaaaase lá, apenas esperem mais um pouquinho, podem culpar a Sharon por não ter acontecido o beijo também.
E o que acharam do surgimento da Agente 13? Gostaram do capítulo? Odiaram? Repugnaram?
Bem, pessoal, de qualquer jeito espero que tenham gostado. E que não estejam querendo me matar...
Se puderem, apareçam nos comentários que com certeza eles me motivam bastante a escrever a fic. Fantasminhas, leitores novos, como eu sempre digo, são sempre muito bem vindos a se manifestar :-D
Até!