Perpétuas Mudanças escrita por Hunter Debora Jones


Capítulo 10
Arnim Zola


Notas iniciais do capítulo

Olá, agentes, vingadores e cia! Oi?
Título bem criativo, eu sei.
Aqui chega mais um capítulo para vocês, é bem ao estilo do filme também, como o capítulo anterior, mas achei que fosse essencial não descartar essa cena do filme, então tenham calma, e esperem as tretas hahaha #SemSpoiler
Boa leitura!



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— Tem certeza que aqui é o lugar? — pergunto à Romanoff, este lugar parece para mim um grande nada, mesmo tendo a possibilidade de aqui ter algo, sendo uma antiga base militar abandonada. Já é final de tarde e o céu começa a ganhar um tom mais escuro, espero que encontremos respostas logo.

— Foram daqui que vieram as coordenadas do arquivo que Fury deixou para o Capitão. — ela afirma, vasculhando o local com os olhos. — O que acha Steve? Você disse que conhecia este lugar.

Torno o meu olhar agora, curiosa, na direção de Steve. O seu olhar continua vagando perdido desde que nós chegamos, como se visse remotamente algo, mas por fim ele volta a atenção para a Romanoff e responde:

— As coordenadas... — ele começa. — Não foram só elas que vieram daqui. Eu também vim. Essa foi a base em que eu trenei. Podem ter certeza, em algum lugar daqui há o real propósito de estarmos aqui.

Romanoff e eu trocamos olhares por um momento, diante da revelação de Steve. Ele não se mostra abalado e nem nada do tipo, estando em um lugar que vivenciou e já está esquecido dado o seu tempo, creio que não deve ser a primeira vez que lhe acontece algo parecido com ele, e pensar também que alguns lugares já não existem mais desde que voltou à circulação — por assim dizer, de algum jeito isso deve o atormentar bastante por dentro.

— Bom... — olho companheira para ele tentando ser solidária com a sua situação, ele apenas me fita. — Pelo menos o tempo foi generoso com você, já com este lugar. — solto um assovio irônico olhando em volta o velho local abandonado. — Horrível. — ultimato.

O riso baixo que a Romanoff dá desvia a minha atenção da conversa. Olho intrigada para ela, sem entender o motivo de seu riso. Volto o meu olhar novamente para Steve, que aparenta estar um tanto sem graça, diria constrangido, então me oferece um sorriso amarelo.

Meleca.

Eu elogiei o Capitão Porto Rico sem ao menos perceber. Oh, meu Hulk! Eu não poderia guardar certos comentários, para mim mesma? Pelo menos de vez em quando?

Sorrio para Steve, ainda que eu sinta que o meu sorriso sai de jeito forçado, ainda assim, sorrio. Para que ele e nem Natasha percebam que eu também fiquei sem graça como ele, de qualquer jeito, foi apenas um elogio, não tem nada de mais em elogiar. É, é isso.

Coloco-me em movimento me afastando deles, fingindo estar inspecionando o local, para pensar direito. E pensando realmente bem, eu não fiquei sem graça. São esses modos e essa certa inocência do Steve que me fazem me sentir como uma depravada e assanhada que deturpa inocentes. Engraçado, e pensar que ele é o mais velho aqui, também isso não quer dizer muita coisa, só que ele que é um idiota por ficar sem graça e pensar coisas sem pé e nem cabeça. Por Deus! Não que ele esteja pensando coisas assim, ou esteja... Bem, eu não acho, mas é que...

— Droga, eu estou ficando maluca! — digo exasperada comigo mesma, diante de meus pensamentos incoerentes e confusos sem fim.

— Encontrou algo, agente Wally? — pergunta Romanoff, olho para ela de imediato.

— Hã? Ah! Não, eu só estou pensando alto mesmo. E pode me chamar de Jessie.

— Certo... — não deixo de notar o tom de gracejo presente em sua voz. A encaro, cismada. Romanoff tem um humor, sarcasmo e malícia da qual eu não imaginava que possuía, acho que devido a sua carreira de vingadora e fama de excelente espiã o comum é visualizarmos ela como alguém sem vida, como um robô que só cumpre o seu dever basicamente. É estranho ver que a lenda não é como se reza. — Bom, é o fim da linha. Nenhuma assinatura de calor, nenhuma onda, nem de rádio. Quem criou o arquivo deve ter usado um roteador para despistar.

— Ótimo, então toda a nossa viagem foi perdida. — suspiro. — Nem morto Fury para de meter as pessoas em enrascadas. — desabafo. Ops!

Receosa, fito Natasha e em seguida Steve percebendo o que falei. Natasha não tem nenhum tipo de repreensão para mim, já Steve, nem liga, transparecendo estar vidrado e interessado em outra coisa. Natasha percebe, e pergunta antes que eu o faça:

— O que foi?

— O regulamento proíbe de armazenar armamentos a menos de quinhentos metros dos dormitórios. Esse prédio com certeza está no lugar errado. — ele explica enquanto caminha até uma porta um pouco longe de onde estávamos outrora quando ambas o seguimos, e ele facilmente usa o seu escudo para destruir a tranca da porta com sucesso.

Eu fico impressionada por ele se lembrar de um regulamento, precisamente, por ser de séculos atrás e tendo passado tanto tempo. Mas também nada de tão curioso sabendo que ele é em bandeira e em pessoa, o supersoldado Capitão América. Bem, pelo menos em pessoa, porque a bandeira não tem muitas semelhanças com a americana.

Steve entra primeiro, Natasha em seguida e eu vou por último descendo as escadas que há no prédio. Chegando ao fim das escadas, Steve acende a luz e o local é iluminado quase imediatamente, e então ele dá passos pelo local o averiguando. Romanoff e eu continuamos na retaguarda.

O ambiente tem cheiro de mofo e a aparência de abandono, há alguns poucos móveis envelhecidos pelo tempo, e nada de tão relevante que Fury nos deixaria, mas sim a confirmação de que com certeza aqui tem algo quando é visível um antigo símbolo da S.H.I.E.L.D. pintado na parede. Aqui provavelmente foi o início de tudo.

Mesmo sabendo o que sei, não consigo imaginar porque Fury nos mandaria para aqui, meu chefe nunca foi muito de compartilhar segredos e principalmente de dar explicações, e isso dificulta muito.

— E aí está Howard Stark. — constata a Romanoff ao nos depararmos com algumas fotografias fixadas em uma das paredes do prédio, dentre elas o retrato de Howard Stark.

— Se parece um pouco com o Tony, não acha? — indago vendo as semelhanças que há entre o pai e o filho. Romanoff me olha minuciosamente, antes de afirmar:

— Não sabia que conhecia o Tony.

— Eu não disse que o conhecia. — rebato à sua afirmação. Mas ela é Natasha Romanoff, a Viúva Negra, não tem como enganá-la, então dando o braço a torcer, respondo: — Okay, digamos que ele gerou muitos problemas depois da batalha de NY e Fury me mandou checar ele algumas vezes. Gênio, bilionário, playboy, filantropo como ele mesmo diz, e adicione mais alguns sinônimos de “problema” em sua ficha. Esse é Tony Stark.

— Um idiota em uma armadura. — Steve acrescenta ao meu relato, sem humor, apenas como uma verdade que ele tem a certeza absoluta.

— Ele também ama você. — me expresso a ele com um sorriso, lembrando dos apelidos que Tony já me falou dos outros vingadores nas poucas vezes que nos encontramos, quando me disse também para ir atrás deles, e mandando um recado para a S.H.I.E.L.D. ir fazer algo de relevante em vez de ficar espionando, não necessariamente nessas palavras, ele é bem mais sarcástico. Eu quase segui o seu conselho, porque aquela missão estava sendo uma droga. Meu lance nunca foi de ir atrás de heróis, e sim de vilões. Mas recapitulando, os apelidos, eram: Picolé, Dona Aranha, Legolas, Verdão, e Barbie. É, Tony Stark tem um senso de humor invejável.

Steve faz uma expressão de desgosto.

— E quem é a garota, Steve? — corta o assunto a Romanoff, se interessando na fotografia de uma bela mulher fardada. Eu a reconheço imediatamente, Peggy Carter.

Steve nem se dá o trabalho de responder Romanoff e nos dá as costas já caminhando para outra repartição.

— Deve ser a velhice atacando. — faço piada quando o vejo já distante de nós, alheio ao meu comentário, pelo menos é o que espero. Romanoff sorri. — É Peggy Carter. — tenho que manter agora o meu tom de voz o mais baixo referindo-me a mulher do retrato para que Steve não ouça, ela arqueia as sobrancelhas diante da informação. — Creio que eram namorados quando ele caiu numa fria.

— O que você disse? — a voz imponente de Steve me detém, beirando a acusação mesclada com crítica. O encaro sobressaltada, ele me fita do outro cômodo, em sua face encontram-se linhas severas e em seus olhos questionamento. Já o vi muitas vezes aborrecido comigo nesses últimos dias, mas somente agora que chego a temer realmente, sei que fiz feio.

— Nada... Eu só estava dizendo para a Romanoff sobre a mulher da fotografia, Peggy Carter. Só isso. — explico com um sorriso singelo, o burlando, e claro, sem acrescentar nenhum comentário desnecessário agora que fiz anteriormente.

— Só isso? — ele repete minhas palavras, com um sarcasmo duro que não combina nada com a sua personalidade. E continua: — O seu dom é omitir e fazer piada com tudo e todos, não é? — ele acusa, suas palavras me pegam de surpresa e ouvi-las é pior do que qualquer golpe que eu recebi no dia. Gradativamente, o meu sorriso se desmancha. — Nick te fez mal em colocar em uma missão atrás do Stark, isso provavelmente fez com que ficasse idêntica a ele. Bom, se já não era.

As acusações de um Steve que se acha o dono da razão, acendem uma fúria dentro de mim quando compreendo o que ele está dizendo. Ótimo, ele quer lavar a roupa suja? Pois bem.

— Olha aqui, seu velhote... — começo em tom de escárnio venenoso, fitando os seus olhos, mas Romanoff interfere:

— Ei! Calminha aí, Jessie! E Steve! — impõe levantando a palma da mão para nós, antes que eu continue. — Não vamos brigar que nem crianças, vamos manter o foco, pelo menos por agora. Depois que tudo isso acabar vocês podem lavar toda a roupa suja que tem para lavar. Certo? — ela termina firme na palavra, alternando o seu olhar ora para ele ora para mim, que sustentamos o olhar um no outro, visivelmente sedentos para trocar algumas verdades.

— Você tem razão. — o Homem Bandeira se pronuncia, quebrando o contato visual comigo por fim. Eu cruzo os braços procurando a calma dentro de mim, respirando fundo, digo:

— Okay, está certo. Mas só quero esclarecer uma coisinha para o Capitão Porto Rico aqui... — caminho até o referente em questão com uma sede de vingança para deixá-lo ao menos acuado. Paro bem próxima de si, percebendo e ao mesmo tempo ignorando o seu cheiro agradável, levanto o meu olhar fixando em seus olhos azuis celestes e continuo: — Primeiro: eu sou assim, porque eu sou assim e pronto, se Stark e eu nos parecemos em alguns aspectos, sinto muito por você ser tão sem graça. Segundo: Fury não fez mal em me colocar em uma missão como babá do Stark, de certa forma, até que foi legal. — okay, talvez eu esteja omitindo algo agora, mas que se dane. — E terceiro: Fury me fez mal em me colocar em uma missão atrás de um velho rabugento e sem graça como você — acuso-o com o meu dedo indicador batendo em seu peito lembrando do tédio que era segui-lo visitando os seus lugares pré-históricos, até que ele prende a minha mão à sua, me impedindo que eu continue o meu ataque. —, que se enrola na bandeira de Porto Rico e sai por aí bancando uma de herói.

— Bancando uma de herói? — ele repete cético, depois de engolir os seus lindos apelidos que o presenteei, ele não recua de jeito algum, mas me afronta, o seu olhar torna-se intensamente fixo ao meu no calor de nossa discussão. — Eu já salvei você, e me lembro muito bem de você estar agradecida por isto.

— Não se esqueça que um dos meus dons é omitir, Capitão. — rebato irônica, usando as suas palavras contra ele.

— Está certo, estou começando a achar que isso é desejo reprimido. — Romanoff murmura, não o baixo o suficiente para que ele e eu não escutemos e nos distraiamos voltando à atenção para ela, que então sorri unicamente. — Acabaram?

Então eu percebo o quanto infantis parecemos.

— Desculpe. — O Homem Bandeira e eu falamos em uníssono. Incomodada, a olho, a sua atenção retorna para mim, igualmente. Noto que a proximidade entre nós é um tanto quanto exagerada, não me lembro de ter me aproximado tanto assim.

E novamente não posso evitar analisá-lo, e discretamente observo os traços perfeitos de seu rosto, a linha máscula de seu maxilar, os seus lábios... Ele tinha que ser tão bonito assim? Ele é atraente demais para o velhinho antiquado, apático, e sem graça que também é.

Mas são os seus olhos tão enigmáticos que fisgam a minha atenção nessa fração de segundos, não consigo evitar encará-los por segundos a mais, mas por fim, distancio-me dele quebrando o nosso contato visual, percebendo que Steve ainda segura a minha mão contra o seu peito.

Eu me sentiria orgulhosa, quando ele soltou a minha mão quase abruptamente ao perceber que ainda a segurava, e se distanciou avaliando o local sem me dar qualquer olhar. De algum modo, eu mexi com ele e acabei o deixando constrangido. Mas no momento, estou mais ocupada sentindo raiva de mim mesma, porque sempre que estou perto de Steve, digo, Capitão Porto Rico, Homem Bandeira, ou velhote, seja o que for — menos essa coisa respeitosa, ou íntima —, eu me atrapalho toda, e perco o senso da razão. E eu não tenho orgulho disso.

Eu não posso e nem poderia negar a mim mesma que ele me atrai, mesmo sendo o tipo de homem que nunca fez o meu tipo. A sua beleza é o de menos, mas há outros milhares de motivos em questão, e chego à conclusão que o odeio por todos eles. Eu preciso odiá-lo, antes que a atração vire outra coisa chegando a níveis catastróficos.

O olho de soslaio, só por curiosidade, o interesse dele está na estante de compartimentos antigos que possivelmente guardavam objetos e pertences dos agentes, ou soldados. E diz:

— Se já trabalha num escritório secreto. — indaga ao puxar uma parte da cômoda, revelando assim um elevador atrás dela. Bastante inteligente. — Por que esconder o elevador?

Creio que não seja para forçar as pessoas a usarem as escadas. Tenho a vontade de dizer, mas mordo a língua, não quero entrar em mais discussões.

— Precisa de uma senha. — constata a Romanoff. — Sorte que eu tenho sempre uma na manga. — conclui ao retirar de seu bolso o seu celular.

O celular escaneia as teclas de acesso ao elevador, e por fim revelam uma combinação que logo a Romanoff digita, em seguida fazendo as portas do elevador se abrirem.

Entramos no elevador em silêncio, e assim permanecemos, até que eu não aguento, e resolvo dizer:

— Podia ter ao menos uma música. — ambos me olham, mas o olhar do bandeiroso é o mais demorado.

Graças a Deus, não há tempo para que diga nada e as portas do elevador se abrem. O local não tem luzes acesas como todos os outros que entramos, então assim como eu, Romanoff também espera que o pré-histórico esqueça os seus modos de deixar as damas irem primeiro. E assim ele o faz, colocando os seus pés para fora do elevador, seguimos seus passos. E o local que logo se ilumina quando andamos até certo ponto, assim revelando um lugar repleto de computadores de tecnologia ultrapassada, algumas câmeras, painéis e por aí vai. Tudo uma velharia.

— Não pode ser o local de origem dos dados, essa tecnologia é antiga. — diz a Romanoff.

— Antiga? Essa tecnologia é pré-histórica. — eu concordo com ela, como poderia vir deste lugar, sendo que aqui parece ter só tecnologia do século do Capitão Porto Rico? Fury não nos deixou nenhum disquete, pelo o que eu sei. Estamos no lugar errado.

Romanoff anda alguns passos até a frente da lataria de tela grande, então assim como ela, percebo que ali parece ter a entrada para um pen drive igual ao que ela carrega. Prontamente ela o coloca, e a velharia ao redor ganha vida.

Bem, retiro o que eu disse, este é o lugar certo.

“INICIAR SISTEMA?” uma voz robótica do computador reproduz. Romanoff confirma.

— Está a fim de jogar? — ela diz, rindo consigo mesma. — Isso é de um filme que foi muito popular... — mas o velhote a corta, antes que ela termine:

— Eu sei, eu já vi. — não consigo evitar olhá-lo de soslaio, mesmo sendo um velhote, ele parece estar bem atualizado, porque eu mesma não vi este tal filme.

Meus pensamentos, como sempre, são interrompidos, só que dessa vez por uma voz artificial que nos reconhece.

“Rogers, Steven. Nascido em 1918”, e segue dizendo: “Romanov, Natalia Alianova 1984”, e por fim, a mim: “Wally, Jessica Miller 1984”. Na tela do monitor, há também uma imagem que acompanha a gravação.

— Que tipo de gravação? — Romanoff indaga consigo, estranhando o fato que a velharia nos reconhece. Eu me faço a mesma pergunta, será que é algum dos bancos de dados da S.H.I.E.L.D. em que há as identificações dos agentes?

“Eu não sou uma gravação!” a voz computadorizada exclama. Que por sinal, se parece bastante com uma humana, precisamente com um sotaque estranho que não consigo identificar. “Eu posso não ser o que era quando o Capitão me levou prisioneiro em mil novecentos e quarenta e cinco. Mas eu, existo.”

— Como assim, você prendeu esse negócio? — eu pergunto ao Capitão, esquecendo por um momento que eu pretendia ignorá-lo o máximo possível.

— Arnim Zola. — ele responde. — Um cientista alemão que trabalhava para o Caveira Vermelha. Ele está morto há anos.

“Primeira correção: eu sou suíço. Segunda: olhe ao seu redor. Eu nunca estive mais vivo.”

Ótimo, estamos falando com uma espécie de computador nazista do mal. As coisas nunca estiveram tão fora de controle assim.

“Em mil novecentos e setenta e dois”, o computador, digo, Arnim Zola continua: “eu tive um diagnóstico terminal, a ciência não poderia salvar o meu corpo, minha mente, no entanto, valia a pena ser salva. Em setenta mil metros de bancos de dados. Vocês estão sobre o meu cérebro.”

Eca.

— Como chegou aqui? — o Capitão pergunta o que nós evidentemente queríamos saber.

“Fui convidado”, responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— É a “Operação Eclipse de Papel” — Romanoff interfere dessa vez, Eclipse de Papel? —, após a segunda guerra, a S.H.I.E.L.D. contratou cientistas alemães, com... valor estratégico. — ela dá uma pausa dando ênfase à última parte. Eu não conhecia essa história da S.H.I.E.L.D.

“Pensaram que eu ajudaria a causa deles, eu também ajudei a mim mesmo.”

— Você então tinha razão. A H.Y.D.R.A. de alguma forma está mesmo de volta. — o Capitão fala para mim. Eu apenas meneio com a cabeça, sem dizer nada, ainda estou tentando assimilar as últimas informações.

“Corte uma cabeça, e duas surgirão em seu lugar.”

— Mas como? — eu pergunto, quase debilmente.

“Acessando arquivo.”

Romanoff... Steve, e eu, nos entreolhamos nesse meio tempo. Tudo está muito confuso, e claro ao mesmo tempo. Não sabemos o que pensar.

Imagens ilustrativas, mas reais, invadem a tela do monitor, quando o cientista encarnado em computador narra:

“A H.Y.D.R.A. foi fundada sobre a crença que não se poderia confiar aos homens sua própria liberdade.” Ou seja, eram uns idiotas que se achavam com o poder de Deus nas mãos. “O que não havíamos percebido, é, se tentássemos retirar essa liberdade, eles resistiriam. A guerra nos ensinou isso. A humanidade precisava entregar a sua liberdade espontaneamente, depois da guerra, a S.H.I.E.L.D. foi fundada e eu fui recrutado.”

A cada palavra, o ódio cresce dentro de mim, e minha vontade é de despedaçar cada homem vivo que alimenta dentro de si este tipo de pensamento. Mas quebrar essa velharia arrogante já me deixaria minimamente satisfeita no momento, mas continuo ouvindo.

“A nova H.Y.D.R.A. cresceu. Um lindo parasita dentro da SHIELD. Há setenta anos, a H.Y.D.R.A. secretamente alimenta crises. Se beneficia de guerras, e quando a história não coopera, a história é mudada”, todas as imagens projetadas no monitor são complementadas com a narração. Evidenciando assim, que a H.Y.D.R.A. de fato, nunca acabou. Apenas agiu pelas sombras. O bastardo do Arnim Zola nunca esteve do lado da S.H.I.E.L.D., e é tudo muito pior do que eu pensava, a S.H.I.E.L.D. está comprometida há anos, na verdade, nunca esteve à salvo, os últimos eventos foram só as máscaras caindo.

— Isso é impossível, a S.H.I.E.L.D. teria impedido. — Romanoff expõe, cética que as coisas não são como Arnim Zola diz.

“Acidentes acontecem.” Ele solta de jeito irônico essas palavras, e fotos de Howard Stark passam pela tela, sobre seu acidente, sua morte. Oh, meu Deus. A imagem de Nick Fury é reproduzida igualmente. A H.Y.D.R.A. tem as mãos sujas de suas mortes.

“A H.Y.D.R.A. criou um mundo tão caótico que a humanidade está pronta para sacrificar a própria liberdade em troca de segurança.” Ele continua, a essa altura não tem como desconfiar da veracidade dos fatos. “Quando o processo de purificação for completado, a nova ordem mundial da H.Y.D.R.A. surgirá” Todas as imagens que passam pelo monitor da lataria são um ultraje, e promessa a toda humanidade.

Isso não pode acontecer.

“Nós vencemos, Capitão.” Ele expõe dirigindo-se neste momento a Steve especificamente, eu o olho notando a sua tensão. “Sua morte significará tanto quanto a sua vida: absolutamente nada”.

Em furor Steve soca o monitor do computador quebrando assim a sua tela, sem se ferir. A sua ira é quase palpável, ele respira ofegante.

O silêncio não dura muito tempo, a voz artificial de Arnim Zola continua, e a sua imagem aparece em outro monitor, prosseguindo:

“Como eu estava dizendo...”

— O que tem nesse pen drive? — Steve pergunta, o cortando totalmente transtornado.

“O Projeto Insight, precisa de, Insight.” Ele diz como um silogismo, e completa: “Então, eu escrevi um algoritmo.”

— Mas o que faz esse algoritmo? — dessa vez quem pergunta é a Romanoff.

“As respostas para sua pergunta é fascinante. Lamento que vocês estarão mortos demais para ouvir”. Ele sentencia e como em ato final ao seu discurso, as portas do local se fecham. Steve tenta lançar o seu escudo para impedir, mas não tem sucesso, o seu escudo volta para as suas mãos.

— Steve, tem um míssil vindo. Balística de curta distância, trinta segundos no máximo. — Romanoff diz rapidamente segurando o seu celular em mãos, alternando o olhar entre ele e mim.

— Quem disparou ele? — ele pergunta.

— A S.H.I.E.L.D. — ela responde em alvoroço.

— H.Y.D.R.A. — murmuro. — Precisamos sair daqui, mas como? — eu pergunto sem me importar que meu nervosismo seja tão aparente, se tudo ocorrer como parece que irá, muito em breve não terei como me importar com mais nada, e isso sim é mais preocupante.

Olho em volta procurando um possível lugar para escapar, ou sobreviver. Nada. E aí é que tudo passa a acontecer rapidamente, e só consigo compreender o que ocorre, quando Steve faz uma grade voar ao ser, arrancada do chão por ele. A voz artificial do cientista ainda fala, mas não entendo uma palavra do que ele diz diante do momento. Penso somente na minha sobrevivência, correndo rapidamente sem que Steve instrua algo, assim como Romanoff, eu pulo no único local que pode ser a nossa salvação, agachando assim no local e tentando proteger a minha cabeça. Steve vem quase no mesmo momento, ele levanta o seu escudo ao máximo tentando nos proteger quando as estruturas são abaladas pelo míssil que atinge o local e começam a ruir sobre as nossas cabeças, isso me trás memórias desnecessárias no momento. Eu preciso esquecê-las e me concentrar no momento, mas eu temo. O escudo do Capitão América pode salvar vidas, mas aqui, no meio de um desmoronamento, ele não chega a proteger a todos nós, eu que estou do lado oposto do Capitão começo a sofrer os danos, sinto-me ser atingida por algumas pedras pesadas, eu resisto, e posso perceber que Steve se esforça para proteger a nós, mas infelizmente, não é o suficiente para mim, minha visão se torna turva, e tenho a certeza que não é pelas pedras que parecem obstruir provavelmente o local e em consequência a nossa visão, porque ao mesmo tempo não sinto mais o meu corpo, e nem nada que provavelmente me atinge, a incompreensão me toma por completo enlaçando-me numa profunda escuridão que eu inutilmente tento escapar, mas não consigo. Eu estou vivendo novamente um pesadelo. Tento chamar o nome de Steve, mas a voz não me sai da garganta, tudo o que me resta é ouvir o som da destruição, e isso é aterrorizante. É como estar no inferno e queimar lentamente sem poder reagir, e é assim que todos os sentidos lentamente me abandonam por completo.


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Notas finais do capítulo

Jessie is dead. :-(
Brinks! Se eu fizesse isso morreria no segundo seguinte linchada pelo povo revoltado da fic kkkkkkkk
Mas o que acham que aconteceu? Gostaram do capítulo ou nem?
Esse capítulo deu trabalho pra escrever, então se vocês quiserem comentar para me dar um incentivo para isso não mais acontecer, fantasminhas, pessoinhas sumidas... Eu ficaria bem feliz, caso contrário, tão triste que nem Loki me aguentará. Oi?
Bem, é isso pessoal! Até! :-D