Infinito escrita por The Escapist


Capítulo 29
25. Whole Lotta love


Notas iniciais do capítulo

Well, well, well, é com muita honra que trago o último capítulo. Bem, não exatamente, como esse ficou grande, eu aproveitei pra usar a última música que ainda não tinha e o dividi. Whole Lotta Love, do Led Zeppelin fecha a playlist to desafio e abre a parte 1 do capítulo.
Hope you like it!



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PARTE I

Inácio teve que fazer um verdadeiro malabarismo nas folgas do pessoal, mas conversou com o chefe, com os colegas e graças a um feriado na sexta-feira e à quantidade de horas extras que ele e Isabella tinham acumuladas, conseguiram folgar no mesmo dia, uma quinta. Por isso estavam a caminho da casa dos pais dela.

E essa era a parte que o deixava nervoso. Claro que estava ansioso por conhecer a família de Isabella, mas conhecer o pai de uma garota era sempre um momento tenso, ainda mais por saber que Isabella era a única garota numa família de cinco filhos. Ela devia ser queridinha do papai.

— Relaxa, meu bem, vai ser divertido! — disse ela. Mas Inácio não estava relaxado, estava era de mau humor. Além das seis horas de voo, ainda teriam mais quatrocentos quilômetros de estrada pela frente, com Isabella ao volante, porque ela se recusara a deixar que ele dirigisse. — Você não conhece a estrada, Inácio.

— Foi por isso que nós alugamos um carro com GPS! — ele argumentou, como se argumentar com Isabella fizesse qualquer diferença. No fim, ele só pôde colocar as malas no carro e ainda levar um grito quando ameaçou jogar o kennel de Frederico no porta-malas. — Eu ainda não acredito que você trouxa esse gato! — resmungou, depois de entrar no carro e deixar Fred no banco de trás.

— Você queria que eu deixasse o pobrezinho sozinho por quatro dias?! Você não tem coração?

— Poderia tê-lo deixado num pet...

— Anda, coloca logo esse cinto. Desculpa o tio Inácio, Frederico, ele não faz isso por mal, tá? — da sua gaiola, o gato deixou escapar um miado, que Isabella interpretou como “ok, tudo bem”.

Por um lado, ele achou até bom que ela dirigisse, assim poderia descansar da viagem de avião, já que não conseguira pregar o olho durante a madrugada. Ficou pensando na mãe, preocupado e até um pouco arrependido de ter viajado. Apesar de Miguel ter prometido que ficaria de olho em dona Luísa enquanto ele estivesse fora, Inácio não sabia se podia confiar no irmão nisso.

— Quanto tempo ainda demora pra gente chegar? — ele perguntou.

Burro, tão, tão distante, é pra lá que a gente tá indo! — ela brincou. — Mais uma hora e a gente chega. Acho que eu tô com mais saudade do que gostaria de admitir — confessou. — Especialmente do meu irmão gêmeo, tenho pensado tanto no Isaac esses dias, que talvez ele esteja metido em alguma confusão.

— Espera um pouco, do que você tá falando?

— Às vezes a gente tem essa coisa de sentir que o outro tá com problema...

— Você tem um irmão gêmeo? — Isabella não entendia o motivo dele parecer tão irritado naquele momento. — Você não acha que deveria ter me dito isso?

— Eu te disse que tinha irmãos, um monte de irmãos, aliás!

— Sim, mas não que eram gêmeos! — ele bufou. — Tem mais alguma coisa importante sobre a sua família que você não me contou? Alguém que foi preso ou algo assim?

— Bem, não... Mas meu pai não matou o Murilo porque ele mesmo estava doente na época — disse ela, se divertindo com o jeito emburrado do namorado. — Você também vai conhecer os irmãos do Frederico! — Inácio nem queria imaginar uma ninhada de “Fredericos”. Deveria ser um pesadelo.

Inácio pegou a bolsa dela, que estava no banco de trás, e tirou o Ipod para conectar ao som do carro. Ligou o dispositivo e ficou passando as músicas, à procura de uma que agradasse a ambos. Isabella tinha um gosto bastante eclético, indo de Backstreet Boys a Led Zeppelin.

— Ai, deixa essa! Adoro essa música! — ela pediu quando a música Whole Lotta Love, do Led Zeppelin começou a tocar. Como ele também gostava, deixou tocar toda. Enquanto isso, Isabella dirigia, sem tirar os olhos da estrada, e cantando a todo pulmão.

You need coolin', baby, I'm not foolin',

I'm gonna send you back to schoolin',

Way down inside honey, you need it,

I'm gonna give you my love

Wanna Whole Lotta Love

You've been learnin', baby, I've been learnin',

All them good times, baby, baby, I've been yearnin',

Way, way down inside honey, you need it,

I'm gonna give you my love

Já estava próximo das dez horas da manhã quando Isabella, finalmente, anunciou que estavam chegando. E depois disso ainda demorou quinze minutos para realmente chegarem. Eles entraram por grande portão de madeira e seguiram por uma estrada de terra. De todos os lados, Inácio via apenas campos verdes, terra e animais pastando. O carro passou por cima de uma poça de lama que atirou sujeira no para-brisa.

— Parece que choveu recentemente, a cachoeira deve tá linda! — Isabella disse, animada. — Chegamos, querido. — Ao parar o carro, ela apertou a buzina, para chamar a atenção de quem estivesse em casa.

A casa da fazenda era diferente do que Inácio tinha imaginado, não esperava por uma propriedade tão grande. Isabella tinha dito que seu pai era um pequeno produtor rural, não um fazendeiro podre de rico! A casa de dois andares era enorme, ladeada por terraços, e um gramado verdinho ao redor.

— Vovô! A tia Isa chegou! — o grito partiu de um garotinho que estava sentado no batente da varanda da frente, brincando com carrinho. Isabella abriu um sorriso enorme quando viu o sobrinho.

— Victor! — Ela desceu do carro e foi até ele, de braços abertos, pegou-o no colo e o encheu de beijos. — Seu moleque, como você cresceu!

Enquanto Inácio saía do carro, outras pessoas da família apareceram. Ele viu quando um homem mais velho, alto e de cabeços grisalhos, chegou e abraçou Isabella. Ele usava uma calça jeans, uma camisa xadrez cujas mangas compridas estavam dobradas até o meio do braço; um cinto com uma fivela dourada enorme e umas botas estilo cowboy. Só faltou o chapéu, pensou Inácio. Não tinha erro, era Aurélio, o pai dela.

— Então, pai, esse é o Inácio — ela apresentou, chamando-o para juntar-se a ela. Aurélio olhou para o namorado da filha, de cima a baixo, e Inácio sentiu um pouco de medo. Acontece que a cara de “seu” Aurélio não era muito simpática, apesar de Isabella ter garantido que ele era um amor de pessoa. Bem, Inácio simplesmente não acreditava que um homem daquele tamanho pudesse ser um amor.

— Seja bem-vindo, Inácio — disse Aurélio, estendendo a mão para Inácio.

— É um prazer conhecer o senhor.

— Igualmente. E você pode me chamar de Aurélio, tá bom? — A voz dele era firme e gutural, mas simpática. Nesse meio tempo, a mãe de Isabella também saiu para ver o que estava acontecendo e quase começou a chorar ao ver a filha.

Dona Rosemeire cumprimentou Inácio com um abraço e comentou com Isabella o quanto ele era bonito, deixando-o meio encabulado. Inácio também a achou bonita. Ela era muito parecida com a filha nos traços faciais, as maçãs do rosto rosadas na pele branquinha, os olhos negros de cílios longos e os cabelos castanhos escuros. Inácio vira fotografias dela na casa de Isabella, mas ficou admirado por ela parecer tão jovem. Rosemeire voltou a abraçar a filha e dessa vez não evitou que as lágrimas rolassem dos seus olhos.

— Minha mulher é uma manteiga — disse Aurélio, abrindo um sorriso bonachão para a esposa e a filha. — Ei, Victinho, vá lá chamar seu pai, diga a ele que a Isinha tá aqui! — ele pediu ao neto, que continuava rondando por ali e depois saiu correndo como vento para atender o pedido do avô. — Vamos entrando, vamos entrando.

Antes de apresentar o resto da família, Isabella tratou de tirar Frederico do kennel e deixá-lo solto. Mas apesar de todo aquele espaço, o gato ficou rondando a dona, se enroscando nos pés dela.

— Vai ver sua mãe, vai, querido — disse ela ao gato. — Tudo bem, amor? — dirigiu-se ao namorado, ao reparar que Inácio já estava começando a coçar o nariz. Ao mesmo tempo que um gato preto enorme aparecia na sala, e o seguindo, mais dois menores. — Dino? Oh, meu Deus! — Isabella pegou o gato preto no colo, olhou primeiro para Frederico, esperava que ele não ficasse com ciúme, depois para Inácio, que deu o primeiro espirro e torceu um pouco o nariz. Ele passara a viagem super bem, mas ali na fazendo o que mais tinha era animais, afinal. Felizmente ele trouxera os remédios. — Pai, o senhor leva os gatos lá pra fora? O Inácio é alérgico.

— Ah! Coitado dele, Isabella! — Rosemeire exclamou, ao mesmo tempo que ajudou o marido a levar os bichanos para o alpendre. — Ainda bem que eu troquei tudo hoje, até as cortinas! Eu sinto muito, querido — disse para Inácio, que balançou a cabeça e sorriu, compreensivo.

— Cadê os meninos? — Mal Isabella terminou de perguntou, os irmãos dela começaram a aparecer.

Os meninos a quem ela se referia eram uns marmanjos, todos crescidos, com barba na cara. Levi, o mais velho, veio com Victor no colo. Deixou o filho no chão para abraçar a irmã. Ele praticamente levantou Isabella do chão, depois cumprimentou Inácio com um aperto de mão. Isabella o apresentou como sendo o braço direito do pai na fazenda. Emanuel também estava em casa; era um ano mais novo do que Levi, e era médico veterinário. Trabalhava na fazenda do pai e também numa clínica na cidade. O pequeno Thales, irmão caçula de Isabella, era um moleque de dezessete anos, com quase dois metros de altura, que fez Inácio se sentir baixo.

— Mas, pessoal, cadê o Isaac? — Isabella perguntou e houve um momento de silêncio constrangedor. Ninguém parecia disposto a falar sobre Isaac. — Ok, podem ir me contando o que aconteceu, não se preocupem com o Inácio, ele sabe de tudo sobre a minha vida. — Inácio não sabia, mas preferiu não contrariá-la. — O que ele andou aprontando?

— Você pergunta a ele quando ele chegar, Isinha. Se ele chegar — disse Aurélio. Parecia muito desgostoso por falar do filho. Isabella ainda insistiu um pouco, mas ver que ninguém diria nada, deixou para resolver com o irmão.


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