Infinito escrita por The Escapist


Capítulo 28
24. Accidentally in love


Notas iniciais do capítulo

A música do Sherek, ownnn! Daí eu escrevi o capítulo todo para no fim perceber que não tinha mencionado a música, dammm!
Restou recorrer ao óbvio, mas ficou fofo. E a dona Luísa é uma figura, cara, tenho uma tia que é ela todinha, sério mesmo.



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Inácio fez o que pôde para não insistir muito com Isabella no assunto de conhecer a mãe dele, mas chegou um momento que não podia mais ficar dividido entre as duas. Não podia passar tantas noites fora sem ficar preocupado com a mãe; apesar da casa deles ser relativamente segura, com muro alto e cerca elétrica, havia o fato de dona Luísa já não ser uma mocinha. Ela estava bem de saúde, mas Inácio lembrava-se que seu pai também estava bem e entre o diagnóstico de câncer e a morte dele, foram menos de quatro meses.

Não queria impor a Isabella a obrigação dela ir à casa dele, mas se ela e dona Luísa pudessem se entender, tudo seria melhor para todo mundo. Falou com ela várias vezes e quando o estoque de desculpas acabou, Isabella cedeu.

— Vocês vão se dar bem, eu prometo — ele repetiu pela enésima vez. Isabella sorriu, tentando parecer otimista.

— Agora que ela conhece minha bunda, acho que vai ser mais fácil, não é? — rebateu, com humor irônico.

— Amor, a mamãe nem se lembra mais disso — ele garantiu, embora estivesse consciente de que estava mentindo para ela. — Sábado, então?

— Ok.

Isabella tentou não pensar muito no almoço que teria no fim de semana. Tentava, inclusive, não tirar muitas conclusões a respeito da mãe de Inácio sem conhecê-la antes. Sabia que isso não era certo, mas acabava a julgando pela maneira como ela tratava o filho. Podia amar Inácio, mas tinha que admitir que ele era tremendamente mimado e cheio de frescura. E pela quantidade de vezes que a mãe ligava quando estavam juntos, só podia deduzir que dona Luísa era daquelas mães controladoras que tinha ciúme até da sombra do filho. Especialmente do filho caçula.

Quando o sábado chegou, ela ainda quis desistir. Podia facilmente inventar uma indisposição de última hora, mas resolveu não fugir. Se queria levar aquele relacionamento adiante, teria que começar a fazer algumas concessões.

— Ele aceitou você, Frederico, eu tenho que reconhecer — disse para o gato, que a olhava com os olhinhos brilhantes enquanto ela terminava de se vestir. — Você sabe que não tem sido fácil pra ele, não é? Com aquela alergia... — Frederico miou, como se estivesse entendendo a conversa. Para Isabella aquilo soou como um pedido de desculpas. — Eu sei, meu querido, você não faz de propósito, você é um gato, não pode fugir disso, não é? — novamente ele miou. Ela sorriu. — Eu tenho que ir agora. Sua comida está na cozinha, se comporta, tá?

Ela saiu e ainda ouviu o gato miando atrás da porta. Era sempre doloroso sair e deixá-lo sozinho, o pobrezinho.

Felizmente, seu carro tinha finalmente saído da oficina, por isso Inácio não precisou buscá-la.

Ele a recebeu com um sorrisão, depois de abrir o portão. À luz do dia, Isabella pôde reparar melhor no jardim, cuja grama estava mesmo merecendo uma aparada, e na piscina oval, afinal, na primeira vez que estivera ali tinha ido embora às pressas.

— Eu ainda posso fugir? — sugeriu, enquanto seguia Inácio para o interior da casa.

— Nada disso, a dona Luísa tá ansiosa pra te conhecer.

Novamente, Isabella prestou mais atenção a arrumação da casa. Tudo parecia impecavelmente limpo, sem nada fora do lugar. No sofá branco, as almofadas estavam dispostas a uma distância milimetricamente igual uma da outra. Na mesinha de centro havia um porta-retratos com uma foto de Inácio quando criança, junto com um garoto mais velho, que ela supôs ser o irmão, Miguel. Num outro móvel próximo a parede, havia outros porta-retratos da família, além de alguns vasos decorativos e uma pintura a óleo na parede que era de um bom gosto admirável.

Inácio já estava a ponto de ir chamar a mãe, quando dona Luísa apareceu na sala. Estava usando seu vestido florido, com os cabelos grisalhos presos num coque bem comportado. Isabella não podia negar que ela era uma velhinha simpática. Dona Luísa dispensou as apresentações e já partiu para abraçar e beijar a namorada do filho no rosto.

— É um prazer conhecer a senhora — Isabella disse, meio gaguejando, porque estava longe de ser um prazer.

— Igualmente, Isabel.

Isabella. — Inácio já ficou de olho, mas sua mãe nem pareceu perceber a correção. Ela provavelmente continuaria chamando sua namorada pelo nome errado para sempre.

— Você é muito bonita, assim de frente, minha filha. — Isabella não conseguiu evitar arregalar os olhos, horrorizada com o comentário, principalmente por causa do tom brincalhão da mãe de Inácio.

— Mamãe!

— E é mentira, Inácio? Fique aí, sente, minha querida, eu vou lá dentro ver como está o almoço, daqui a pouco eu volto. — Antes de ouvir uma resposta, dona Luísa desapareceu em direção à cozinha.

— Ela tirou onda comigo ou foi impressão minha?

— Eu não falei que vocês iam se dar super bem?

— O que você falou foi que ela não se lembrava mais daquilo!

Isabella ficou olhando as fotos, reparando em cada detalhe da sala. Dona Luísa se revezava entre conversar e ir até a cozinha; entre uma viagem e outra, parava para recolocar algum objeto no lugar — Isabella viu quando ela colocou o porta-retratos da mesinha de centro de volta no lugar e arqueou a sobrancelha —, e aproveitava para dar alguma bronca em Inácio — mandou ele tirar os pés de cima do sofá umas cinco vezes.

— Ela nunca para? — Isabella perguntou, quando ela desapareceu mais uma vez. Ainda estava ouvindo a voz de dona Luísa, vinda da cozinha, reclamando sobre alguma coisa que o filho não tinha feito. Inácio riu. — Ela cuida dessa casa toda sozinha?

— Tem uma diarista que vem duas ou três vezes por semana, mas mesmo assim, ela faz questão de limpar. — Isabella encolheu um pouco os ombros, tentando lembrar qual tinha sido a última vez que limpara seu apartamento. Séculos?

Quando voltou a sala, dona Luísa começou a fazer perguntas a Isabella. Sobre os pais dela, onde eles moravam, se ela não sentia falta, o que ela fazia além de trabalhar, se ela sabia cozinhar.

— Adoro, adoro cozinhar! — Isabella mentiu. Ou melhor, não era exatamente uma mentira, já que ela gostava de cozinhar, embora não soubesse.

— Esse meu filho é cheio de frescura com comida! — dona Luísa suspirou, com pesar, como se aquilo fosse uma coisa muito triste. Inácio sentiu-se ofendido.

— Mãe!

— Mas é verdade, dona Luísa, ele só quer comer besteira — Isabella olhou para ele rindo. Estava entrando na onda de dona Luísa. Enquanto elas estivessem concordando, estava ótimo, pensou Inácio.

— Toda vida ele foi assim, trabalhoso! — continuou a mãe. — Até pra nascer esse menino deu trabalho, quase que me mata.

Isabella começava a perceber que conversar com dona Luísa era simples: bastava assentir e concordar com praticamente tudo que ela dizia, não precisava nem responder. E assim deixou que a mãe de Inácio entregasse todos os podres dele em pouco tempo.

Quando o almoço ficou pronto, o filho a ajudou a colocar a mesa. Assim que sentou, Isabella sentiu o cheiro da comida, e parecia delicioso. A boca ficou cheia d’água com o cheirinho do feijão — já estava há tanto tempo comendo na rua ou porcarias congeladas que uma comidinha caseira parecia um luxo.

Estavam falando sobre a cidade natal de Isabella, a qual dona Luísa disse ter conhecido quando era mais jovem.

— Eu viajava muito quando era jovem, meu marido adorava andar pelo mundo. Nós conhecemos o Brasil quase todo. Mas depois que o Inácio nasceu, nós tivemos que diminuir. Pelo menos, né? Muita coisa mudou depois que ele nasceu — acrescentou, quase que em pensamento.

— Mas a senhora tem outro filho, não é? — Isabella não conseguiu ouvir aquilo sem achar injusto com Inácio, embora ele mesmo não tenha esboçado nenhuma reação, na certa estava acostumado.

— Sim, sim, o Miguel. Mas o Miguel sempre foi mais independente, desde cedo soube cuidar de si mesmo. Ele nunca deu metade do trabalho que o Inácio, viu? Só quando ficou adolescente, começou a andar com más companhias...

Enquanto dona Luísa falava sobre a infância de Inácio, Isabella estava mais ocupada em comer. Assentia para tudo que a mãe do namorado dizia, resmungando alguma coisa, entre uma colherada e outra. A comida estava deliciosa e o almoço foi muito mais agradável do que Inácio poderia ter previsto. Não negaria o medo que sentira das duas se desentenderem totalmente, apesar de repetir a todo momento que estava certo que elas se dariam bem.

Quando dona Luísa serviu o pudim de chocolate de sobremesa, Isabella só pôde se perguntar como Inácio mantinha aquele corpinho sarado, sendo mimado pela mãe todo dia com tanta comida gostosa!

— Deixa a louça que eu lavo, tá? — Inácio disse para a mãe, quando ela começou a tirar a mesa. Dona Luísa riu.

— Você não sabe lavar um prato, Inácio, tá querendo se exibir por quê?

— Mamãe!

— Então deixa que eu ajudo a senhora, dona Luísa — Isabella se ofereceu, mesmo pensando nas unhas que estavam até bonitas e no fato de que ela não teria tempo de ir à manicure até segunda-feira. Mas sua preocupação foi em vão, pois dona Luísa não deixou que ela lavasse a louça. — Tem certeza?

— Tenho, pode deixar. — Isabella deu de ombros, jamais insistiria para lavar louça.

— Então a gente vai lá para o quarto, tá? — disse Inácio.

— Já a essa hora? Não tá cedo demais pra isso, não, Inácio? — a mãe o repreendeu.

— Ver um filme, mamãe, só isso. Deixa de pensar bobagem!

Isabella estava admirada. Gostara de conhecer dona Luísa, não podia negar. O que mais lhe chamou a atenção foi o fato dela não ter papas na língua. Dizia o que tinha vontade. Também era admirável a paciência de Inácio com a mãe.

— Você nunca perde a cabeça com ela? — perguntou. Os dois estavam deitados na cama; a janela do quarto aberta deixava um ventinho gostoso entrar. A TV estava ligada e passava o filme do Sherek, que Inácio adorava, por sinal.

— Às vezes. Quando eu era mais novo, perdia a cabeça fácil, mas aprendi a lidar com isso. É como se... depois da morte do meu pai, ficamos só nós dois, um cuidando do outro, né? — Ele interrompeu a conversa para rir de uma cena do filme. Isabella balançou a cabeça.

Aquele era seu homem: às vezes um cara responsável, sério e dedicado à mãe; outras, um moleque mimado e preguiçoso. O mais engraçado de tudo, ela pensava, era a maneira estranha como eles combinavam.

So she said what's the problem baby

What's the problem I don't know

Well maybe I'm in love (love)

Think about it every time

I think about it

Can't stop thinking 'bout it

How much longer will it take to cure this

Just to cure it cause I can't ignore it if it's love (love)

Makes me wanna turn around

and face me but I don't know nothing 'bout love

ooh

Come on, come on

Turn a little faster

Come on, come on

The world will follow after

Come on, come on

'cause everybody's after love


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Notas finais do capítulo

E ficou grande! Se eu conseguir escrever esse tanto em novembro, tô feita no NaNo!
Amanhã é o final!



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