Riverside escrita por Ephemeral


Capítulo 4
O Pacto


Notas iniciais do capítulo

Tá bem, tá bem, eu sei! Bom, resumindo, ou tentando pelo menos: Minha beta não pôde mais me acompanhar, e agora eu tenho um novo beta.

Agradeço o review de:
❁ Foster
❁ Tempestas
❁ Midnight
❁ Ana Bia Santos
❁ Laíne scarlet
❁ Karol
❁ Reet
❁ Haidy

*Capítulo betado por Ganimedes.

Enjoy!



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— Cara, eu tô dizendo, esse negócio é grana certa! Só que eu já combinei com o Jack de cuidar do projeto de incendiária que ele chama de filha.

— Cancela, então — ele acendeu um cigarro.

— Não dá, eu já prometi pra minha mãe. Além do mais, ele não tá pagando pouco pra quem vai ficar de bobeira o dia todo. Então eu pensei no seguinte...

— Leo pensando não é sinal de boa coisa!

— Vai a merda, Nick! O que eu tô dizendo é que você me dá cobertura nos dias de ensaio da band...

— E porque eu faria isso?!

— Porque eu sou seu melhor amigo... — Nick ergueu uma sobrancelha — Porque a gente divide o apartamento? Tá, porque eu vou rachar o lucro com você!

— Assim tá melhor, mas me diz uma coisa, porque o bebê não pode ficar sozinho nos dias de ensaio?

— Tá maluco?! Ela colocou fogo no apartamento duas vezes, quem garante que não vai pôr de novo, ou pior?! E se isso acontecer, o que eu digo quando eles perguntarem onde eu estava? No banheiro? Não vão cair nessa.

— Não precisa dar piti, cinderela. Eu vou quebrar essa pra você, mas vai ficar me devendo uma.

— Mas eu vou rachar a grana com você!

— Vai. Ficar. Me. Devendo.

❁❁❁

Aquela segunda-feira amanheceu terrivelmente insuportável. Eu não queria estar ali. Ainda mais tendo conhecimento dos planos para o dia. Fiquei na cama o máximo que pude, a fim de evitar contato social. Abraçada em Má Sorte, refletindo sobre os acontecimentos, me sentia bastante impulsiva. Estava com abstinência de adrenalina.

— Levanta, bicho preguiça! Estamos saindo, Leo está aqui — a voz era de Jack.

Revirei-me na cama e levantei o dedo do meio em direção à porta. Então ela se abriu e meu pai entrou. Ao ver a cena, abriu um sorriso e balançou a cabeça.

— Vamos, levanta, senão vou me atrasar.

Gemi, me contorci e tentei convencê-lo a me deixar vegetar ali, mas é claro que não adiantou. Ele me pegou no colo e me pôs em pé. Àquela altura eu já havia me conformado com o fato de que, sim, eu teria uma babá, sim, ela seria meu meio irmão panaca portador de retardo mental, e sim, eu estava sendo tratada como criança. Apesar de que 1) eu havia ateado fogo no apartamento, 2) duas vezes, e 3) eu colocara a culpa no gato, mas 4) fora mesmo culpa dele!

Não me dei ao trabalho de trocar de roupa. Meu pijama era basicamente regata e calça, nada obsceno. Chegando à cozinha, um ser das profundezas, também conhecido pelo nome de Leo, estava de pé conversando com Maria. Quando me viu, ergueu uma sobrancelha e lançou-me seu típico olhar tarado. Revirei os olhos. Em seguida ele bagunçou — mais ainda — meu cabelo, depois limpou a mão na blusa fazendo cara de nojo.

— Vai para o inferno! — mostrei-lhe o dedo do meio.

— Ah, Julis, seu bom humor é tão encantador quanto a sua cara pela manhã. — zombou Jack.

— Pai!

Ele deu de ombros e Leo segurou a risada.

Maria me abraçou, meu pai beijou minha testa, bagunçou — de novo — meu cabelo e logo em seguida os dois saíram. Assim que a porta bateu, Leo e eu nos encaramos por longos segundos até que eu iniciei um discurso.

— Não vá pensando que só porque foi condecorado “babá” que vai ter alguma autoridade sobre mim! Se tem alguém de quem você tem que cuidar é aquele bendito gato... Ei! Aonde você vai?! Não ouse me deixar falando sozinha!

Leo foi até a porta da frente e a abriu, permitindo que por ela passasse um ser tão demoníaco que podia jurar que o Capeta em pessoa estava entrando na minha casa.

— Nick, Julis, Julis, Nick — apresentou Leo.

— MAS QUE PORRA É ESSA?!

— Bom te ver de novo, pirralha, belo pijama!

— Já se conhecem? — indagou o Cabeça-de-Cogumelo.

— Ela se jogou pra cima de mim nas escadas e...

— O CACETA QUE EU ME JOGU...

— Tá, que seja! É o seguinte: Eu tenho um compromisso três vezes por semana e o Nick aqui — Leo pôs a mão no ombro do cara — vai cuidar de você por mim.

Meu sangue estava fervendo. Fechei os olhos e respirei fundo lentamente até ter autocontrole suficiente para pronunciar uma frase sem voar no pescoço deles.

— Eu. Posso. Cuidar. De. Mim. Mesma. Sozinh...

— Não, não pode. Não, depois de incendiar o apartamento — argumentou ele.

— Duas vezes — completou Nick.

Deixei que caísse sobre ele meu olhar mais mortal.

— E porque o cavalheiro faria isso? — cruzei os braços.

— Porque o Leo é meu melhor amigo... E também porque eu tô precisando de grana.

— Maria e Jack sabem disso? — eles se entreolharam, era evidente que não — O que faz vocês pensarem que eu não vou abrir minha boca? A menos...

Vi ali a oportunidade de tirar algum proveito disso.

— Que a gente acorrente e torture você? — sugeriu o filho do Capeta.

— Boa sorte. A menos que dividam o money comigo.

Os pivetes conversaram através de olhares, expressões faciais e linguagem corporal. Nenhuma palavra foi dita até Leo quebrar o silêncio.

— Por que eu sinto que estou fazendo um pacto com Satan?

— Por que você está — sorri.

Leo saiu logo em seguida. Deixando Nick e eu brincando de jogo do sério por quase três minutos até que seu celular tocou.

— Alô? Ah? Ahã, sei. O quê?! Hoje?! Em plena luz do dia, nem pensar! Não! Eu não tô fugindo! Não, de dia não rol— ... Tá, eu sei disso. Cara agora eu não posso! Tem... tem uma pirralha aqui comigo.

Chutei a canela dele.

— Ai! Não, não é com você. Eu não posso explicar isso agora... Não, não dá pra levar ela... Por que não dá. Eu não sei. Tá bom! — ele tirou o celular da orelha — Pirralha, que idade você tem?

— Dezesseis, e eu não sou pirralha.

Chutei a outra canela.

— Porra! Para com isso, desgraça! Dezesseis? Sério? Estava apostando uns doze... Enfim, ela tem dezesseis. Cara, eu não vou levar a pirralha... Eu não posso deixar ela sozinha, é perigoso! — ele suspirou e passou a mão no cabelo. — Tá, tá bom...

Ele guardou o celular no bolso e me encarou. Eu ergui uma sobrancelha, de braços cruzados e batendo o pé, esperando uma explicação.

— Hã... Eu tenho que sair — começou ele. — Você fica aqui, eu não vou demorar muito. Tente não por fogo na casa nem nad...

— Eu vou junto — disse convicta.

Ele piscou algumas vezes, sem saber o que dizer, por fim balançou a cabeça e declarou:

— Não, você não vai. É extremamente perig...

— E quem vai me impedir? Você? — ele balançou a cabeça em afirmação — Se eu ficar coloco fogo na casa, digo que o Leo saiu e me deixou com um estranho tarado que tentou me violentar...

Sua expressão deixava explícito que eu havia vencido.

— Eu vou ali trocar de roupa e já volto.

Ele ficou paralisado em pé quando me virei e fui para meu quarto. Entrei numa calça jeans, calcei meus coturnos e coloquei a jaqueta de couro sobre a regata preta. Saí do cômodo e entrei na cozinha. Nick me analisou de cima a baixo e olhou no relógio.

— Três minutos e meio, você não é mulher.

— E com essa calça, você também não está lá muito macho.

Ele olhou para baixo e eu revirei os olhos. Peguei as chaves, o celular e saí do apartamento, com Nick logo atrás. Aparentemente, ele tinha uma cópia da chave, entregue por Leo, supus. Ao sair do prédio, cumprimentei o porteiro. Aquela era uma boa hora para ele ter simpatizado o bastante comigo para ficar de bico calado.

Eu não sabia para onde estávamos indo. Só queria sair daquele cubículo. Obriguei Nick a parar em um Subway no caminho porque não tinha tomado café da manhã. Fiz ele me pagar, na base de chantagem, claro. Andamos uns quatro quarteirões até um estacionamento de um prédio. Não fiz perguntas até pararmos em frente a uma moto que até o aquele determinado momento eu só havia visto em filmes.

Ele me jogou um capacete, que quase deixei cair.

— Sobe.

Ele montou nela e olhou para mim, ansioso. Respirei fundo. Quase tive que pular para passar uma perna por cima da moto. Não havia lugar para se segurar, então quando ele arrancou, eu quase fui derrubada.

— Qual é o seu problema? — perguntou irritado.

— Não tem onde segurar! — gritei, o som abafado pelo capacete.

Ouvi o som da risada. Ele balançou a cabeça e levantou a barra da jaqueta.

— Se você segurar a jaqueta eu não consigo me mexer — explicou.

Passei os braços por debaixo da peça de couro, abraçando seu tronco. Aquilo era constrangedor, uma posição nada confortável. Eu já não estava tão certa quanto ao que era melhor. De repente, cair da moto me parecia a opção mais agradável.

Ele arrancou e fui impulsionada para trás, segura apenas pelas mãos prensadas contra o abdômen da desgraça. Não vou mentir, ele tinha músculos, mas isso não me impedia de odiá-lo.

Nick dirigia extremamente rápido. Esquivava-se facilmente entre carros, ônibus, vans e outras motos. Aparentava experiência. Parava apenas, em sinais vermelhos. Ao que parece, me enganei sobre o “bad boy”. Percorremos uma longa distância que, naquela velocidade não demorou muito para ser concluída. Chegamos a uma parte mais afastada, abandonada. Algumas pessoas mal encaradas perambulavam aqui e ali. Até que ele dobrou uma esquina e as cortinas do palco se abriram.

Havia um considerável grupo de pessoas aglomeradas. Algumas motos paradas cá e acolá, com seus respectivos donos encostados nelas. Suas expressões ansiosas aparentavam aguardar o show. E de fato, estavam.

Enquanto adentrávamos o pequeno amontoado de gente, as pessoas nele presentes nos encaravam. Nick estacionou ao lado de outra moto, igualmente pomposa.

— Finalmente, temos a Princesa das Rachas de volta para perder sua tiara — disse um cara se aproximando.

Ele tinha o cabelo louro-médio, queixo definido e era um cara de grande porte. Por sua postura e modo de se vestir, era óbvio que a imagem que passava intimidava os outros caras e fazia as mulheres abrirem as pernas mais rápido do que o Flash vai de 0 a 100 km/h.

— Eu não quero briga, Terrance, tenho mais o que fazer. Vamos começar logo com essa corrida.

Corridas... Rachas... Eu já ouvi falar disso. Eram corridas clandestinas nas quais as pessoas apostam muito dinheiro. Em plena luz do dia, em Nova Iorque. É insanidade! Onde eu fui me meter...?!

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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero que tenham gostado, juro pelo Estige que não demorarei nem um terço disso para postar o próximo.

Bem, vamos às perguntas do capítulo:

1# Você estuda em escola particular ou pública?
2# Qual sua matéria preferida?
3# O que você acha sobre buracos negros?