Riverside escrita por Ephemeral


Capítulo 5
A Corrida


Notas iniciais do capítulo

Ressurgindo das cinzas pra sumir (por pelo menos 45 dias) com aquela plaquinha que diz que o autor abandou a história...

Agradeço o review de:
❁ Midnight
❁ Revolte Unicórnio
❁ Karol
❁ Tâmina Mel
❁ Reet
❁ Julia Gomes
❁ laurel
❁ Smikas
❁ Puca Sophie
❁ Winter
❁ Haidy

* Capítulo betado por Ganimedes (/u/181998/).

Enjoy!



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Dizem que devemos ter cuidado com o que desejamos. Eu nunca acreditei nisso, mas hoje de manhã quando pensei que faltava adrenalina na minha vida, não imaginei que iria parar aqui, em um racha de motos em pleno dia, em plena Nova Iorque. Onde fui me meter?!

O lugar parecia uma área industrial abandonada, cheia de galpões e com alguns containers aqui e ali. Mas só porque era deserto não quer dizer que não representava risco. Olha só, eu Julis, me cagando de medo, tinha que parar de ser frouxa, tinha que demonstrar coragem se queria ser respeitada por essa gente barra pesada. Tentei fazer cara de má. Em casa, com minha avó, funcionava, talvez funcionasse ali também.

Eu estava ali, apenas observando os diferentes tipos de perfis que se encontravam em uma corrida ilegal. Havia todo tipo de gente, mas o estereótipo de motoqueiro badass era o que menos se via. Até porque eu não sei que quarentão iria quer assistir a uma corrida de dois moleques remelentos.

— E aí, cara?! — disse o ser que brotou do meu lado.

— Tycho! ­— respondeu Nick.

Eles deram um aperto de mão dos manos.

— Meu, achei que você não vinha, deixou a criança em casa?

— Na verdade, eu tive que trazer.

— Uma criança no meio disso daqui?! Tá louco?!

Eu, que já estava no limite da minha paciência, resolvi interromper aquela palhaçada.

— Acho que eu posso me cuidar muito bem sozinha, muito obrigada!

Tycho de repente olhou para o lado — e para baixo, bem pra baixo. Demorou uns segundos para responder.

— Ah, cara, foi mal aí, mesmo... É que... Como ele disse pirralha achei que ele estava falando de uma criança, tá ligada?

Tycho era um cara alto, de pele morena e muito atraente. Apesar de ter me chamado de criança, simpatizei com ele o bastante para não socá-lo, ainda assim direcionei toda a mágoa em um olhar que lancei a ele numa tentativa de fazê-lo se sentir desconfortável. Nem preciso dizer que consegui.

— Mano, quebra um pra mim? Você leva a pirralha para a chegada que fica mais fácil ir embora depois e não deixa ela se meter em confusão. Ah, e vê se não tira o olho dela porque a criaturinha tem tendências incendiárias, então mantenha distância de qualquer isqueiro ou sei lá o que.

O garoto arregalou os olhos. Nick tirou um pequeno maço de dinheiro e entregou para ele.

— Tudo isso pra cuidar de mim?

Terrance se aproximou, fez o mesmo e se afastou novamente.

— É a taxa de participação — explicou Tycho. — Pode deixar, cara, eu cuido da pi... — o encarei novamente — garota.

Nick acenou com a cabeça, deu partida na moto e desapareceu um segundo depois. Tycho virou de costas e caminhou alguns passos até uma moto em que montou logo em seguida. Eu fiquei parada apenas observando.

— Precisa de convite?

— De preferência por escrito, assinado e selado.

Subi na garupa e abracei sua cintura, era o segundo tanquinho do dia. Não vou dizer que não gostei. Ele deu a partida e foi ziguezagueando entre as pessoas. Chegamos a outro pequeno aglomerado. Havia uma linha branca pichada no chão e se via dinheiro nas mãos do povo que estava em volta. Descemos da moto e Tycho entregou o dinheiro para outro cara.

— Ele é da organização, eu só entrego o dinheiro — explicou ele. — Agora ele conta, vê se está tudo certo e manda uma mensagem para outro cara lá na linha de partida que faz a contagem regressiva.

Acenei com a cabeça, concordando. A organização deles era fascinante. Vi o cara que recebeu o dinheiro guardar o celular, imaginei que isso significasse que a corrida estivesse prestes a começar. Queria me meter no meio do aglomerado de gente pra ver melhor, mas o Tycho me puxou pelo braço.

— Nananinanão, você não sai de perto.

Ele inclinou a cabeça e logo após se agachou. Subi em suas costas em seguida. Aquilo sim era uma altura digna. Mal deu tempo de eu me ajeitar ali em cima e os dois vultos passaram zunindo pela linha branca.

— Como vão saber quem venceu? — disse intrigada.

— Tem um cara na linha, filmando em câmera lenta.

De repente o pessoal se agitou nas redondezas da chegada. Tycho se aproximou comigo ainda dependurada. Ouvia-se pessoas xingando e um clima tenso tomou conta.

Um rapaz veio em nossa direção.

— Já era, cara, o Spike deixou cair o celular, aquela merda não salvou o vídeo... — ele se inclinou para a esquerda, e acenou — E você é...?

— Oi pra você também — desci das costas de Tycho e me arrependi imediatamente, pois eu praticamente sumi no meio daqueles dois.

— O Nick é a babá dela, tipo isso — explicou Tycho.

— Sério? Que idade você tem? — perguntou o garoto.

— Não te devo explicações — cruzei os braços. — Dezesseis.

Ele ergueu as sobrancelhas e estendeu a mão.

— Eli, ao seu dispor, madame.

— A única madame aqui é você, retardado!

O garoto de cabelo preto ondulado e olhos claros ergueu a sobrancelha e recolheu a mão.

— Temos uma garota durona aqui — disse Eli.

Descruzei os braços e revirei os olhos.

— Agora que o vídeo foi perdido o que vai acontecer? — perguntei.

— Vão declarar como empate, não é muito comum, mas não é a primeira vez que um vídeo é perdido — explicou Eli.

Um barulho de motor se aproximou, Nick virou a chave e desceu da moto. Cumprimentou o Eli com o aperto de mão dos manos. Ele pôs as mãos na cintura e inclinou o queixo pra mim.

— A pirralha não causou nenhum estrago?

— Não, mas eu vou causar, em você, de preferência.

— Pode ser em mim também, gatinha — disse Eli. — Me destrói.

Dei de ombros e chutei seus testículos. Ele se curvou e caiu no chão em posição fetal. Nick e Tycho puseram as mãos sobre seu protegido e logo depois que a compaixão acabou caíram na risada.

— Ah, cara, você pediu — falou Nick.

— Alguém quer ovos mexidos? — gemeu Eli do chão.

A risada que se seguiu foi interrompida por Terrance que desceu da moto já com o peito inflado.

— Eu quero desempate.

Tycho levantou Eli do chão.

— Mas é claro que quer — disse Nick com indiferença.

— Vai rolar uma festa na minha casa hoje à noite, traga quem quiser, começa às dez, mas a corrida vai ser às duas e meia.

Sem mesmo esperar a resposta, se virou, subiu na moto, deu partida e foi embora.

— É, parece que vamos a uma festa — comemorou Eli.

— Vamos, sim — comentei.

Todos olharam pra mim e logo em seguida se entreolharam.

— Bora lá em casa tomar umas? — convidou Nick.

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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo milênio! Kisses...

OBS.: Mas não antes das perguntinhas:

1# Qual sua religião?
2# Qual o seu signo?
3# Você acredita em signos?