Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 5
Capitulo Quatro


Notas iniciais do capítulo

Olá seres lindos!!
Sim, sim, estou atrasada para postar. Mas é porque eu tentei de todas as formas tirar todos os errinhos e tal, mas bem, duvido muito que esteja tudo bem. Sou uma catastrofe em gramatica quando se trata de algo que eu escrevi. Serio, não consigo ver um único erro.
Além disso me confundi nas datas, eu também acabei me enrolando no tempo, embora tivesse tempo de sobra. Sabe como é neh?
Mas aqui está o próximo capitulo e vou programar o próximo, não se preocupem pela minha desatenção. XD
Espero que gostem!



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Gray observou a loira que parecia mais entretida na água sob seus pés do que qualquer outra coisa. Já estava escuro e como Gajeel havia dito, estava realmente fazendo frio, contudo não completamente escuro. Mais uma vez a lua fazia questão de brilhar no céu, como na noite anterior, quando ele viu Erza e Lucy arrumando o tumulo de Levy.

Namorada de Gajeel e única amiga de Lucy ali. Era vergonhoso admitir que ele estava tão preso no sofrimento por Juvia que não havia falado nada com o amigo quando o mesmo perdeu a namorada? É, era completamente vergonhoso. Ate porque sabia, no momento Gajeel deveria estar preocupado com ele, além de perder a namorada e a amiga, estava preocupado com ele. Seria disso que a loira falava?

Suspirou, não seria tão simples superar e nem fingir. Lucy indicava o caminho, mas não falava nada sobre como o atravessar. Em outros tempos sorriria com isso, quem diria que a princesinha intocada da cidade, uma das garotas mais ricas do país, que nunca precisou de nada e nem teve problemas, um dia lhe daria lição de moral? Em outros tempos sentiria vergonha.

– Você. – chamou a atenção dela. – O que ainda esta fazendo aqui?

– Hm? – pareceu não entender de inicio. – Te fazendo companhia, não é obvio? Quando quiser ir ate o resto, vamos. – sorriu não muito animada.

– Foi assim? – questionou com o que não lhe saia da cabeça. – Esse conselho que me deu, foi assim que funcionou com você? Fazendo-te ver quem te amava?

– Não exatamente. – ela se virou, por estar de costas para ele não foi possível ver a sua expressão, mas a voz era sofrida. – Mas o que acha de lavar essa blusa? – mudou de assunto repentinamente.

– O quê? – perguntou sem entender ate mesmo o tom de Lucy parecia mais animado, outro.

– A sua blusa esta suja, eu imagino que seja desconfortável para você continuar com ela, quer que eu lave para você? – repetiu a pergunta o fazendo arregalar os olhos. – Não me olhe assim, eu sei muito bem lavar uma blusa. – fez questão de ser enfática. Não que esse fosse o problema de Gray.

Retirar a blusa com o sangue de Juvia era difícil. Era a blusa que o fazer se lembrar sempre do que havia feito, que o dava ódio de si mesmo e que de alguma forma o mantinha conectado a garota. A lavar não faria nenhuma diferença na realidade, mas na cabeça de Gray...

– Se não tirar eu tiro por você. – a loira já estava na sua frente o assustando e fazendo inclinar para trás. Os olhos caramelo profundos indicavam que só aceitariam uma resposta.

– Calma! Eu sei tirar minha própria roupa. – murmurou incomodado. Demorou um pouco para retirar a blusa graças aos botões, mas assim que o fez a loira pegou a blusa e mergulhou na água.

Foi rápida, talvez com medo de que ele pensasse bem e tentasse a impedir. Obviamente Gray não tinha tido tempo de pensar, gostaria de ter calculado os pros e os contras de sua escolha. Mas agora a blusa já estava molhada dentro do rio e nada mais poderia ser feito. Após alguns minutos, pensou que talvez essa fosse a melhor escolha. O que traria uma blusa suja de sangue?

Se ergueu e caminhou ate a loira. Mais para frente poderia lhe agradecer, mas no momento Lucy era o mais próximo a pessoa que ele odiava e admirava ao mesmo tempo. Ainda estava irritado com as palavras e a forma que ela havia invadido o seu espaço pessoal. Precisava de um tempo para superar e aceitar isso.

– Pensei que sabia lavar e muito bem. – observou o sangue saindo da blusa, não era um conhecido no assunto, mas sabia que não sairia tão facilmente.

– O que esta fazendo de pé? – o encarou realmente surpresa. Cerrou os dentes com força, ela falava um monte de coisas sobre ele magoar os próprios amigos, atrapalhar as pessoas, piorar o estado de todos e esperava que ele continuasse apático?

– Nada. – murmurou qualquer coisa com os olhos presos no sangue que saia aos poucos da blusa. Demorou um pouco para se abaixar ao lado dela e então beber um pouco de água. Desceu amarga e dolorosa, como se o corpo rejeitasse de inicio e simplesmente não reconhecesse água como algo bom.

Então ele sentiu sede.

Quase mergulhou a cabeça na água de tanta sede. Aproveitou para retirar o tênis e a calça jeans ficando apenas de cueca e então entrou na água. Precisava de um banho mesmo que isso o deixasse para baixo, isso porque Gray se lembrava, não existia nada no mundo que Juvia gostasse mais do que água. Era uma atleta, já havia ganhado ate medalhas, sendo a melhor dentre as nadadoras colegiais do estado. Queria chegar a ser uma atleta profissional e com certeza conseguiria.

Se não tivesse morrido, é claro.

Tombou a cabeça para trás submergindo por alguns instantes. Não. Não iria se deixar abater independente do que ocorresse. Por enquanto, iria se manter firme para ajudar os amigos a saírem dali. Depois se entregaria ao luto ou superaria realmente. No momento iria ajudar os amigos.

– Gray, você acha que uma fogueira chamaria a atenção das coisas? – Lucy perguntou um pouco temerosa e ele se ergueu sem entender, só então notou que um pouco mais a frente uma pequena fogueira era acesa pelos amigos.

– Eles não enxergam pelo que parece. – era o que tinha deduzido. – Duvido muito que sejam atraídos por isso. Mas de todas as formas é melhor voltarmos para ver o que aconteceu. – saiu rapidamente do rio e retirou a cueca box para torcer.

– O que esta fazendo? – Lucy perguntou histérica se virando na direção contraria a que ele estava. – De cueca já era demais, agora isso. – parecia tremer.

– Não exagere. – rodou os olhos impacientes e voltou a colocar a vestimenta, a menina agia como se nunca tivesse visto um homem sem roupa. Aproveitou para colocar a calça jeans de uma vez. Em nenhum segundo Lucy olhou para trás. – Vamos de uma vez. – chamou pegando as meias e o tênis.

Não demorou muito para que a loira o seguisse, no caminho ia mostrando a blusa que embora ainda estivesse manchada parecia estar ao menos mais maleável e com algumas partes limpas. Não falou muito sobre as habilidades que ela detinha, nunca esperou que a garota conseguisse limpar na realidade.

Chegaram próximos aos amigos em pouco tempo e não demorou ao notarem algumas maçãs no chão e os quatro integrantes restante do grupo em uma pequena roda tendo uma discussão acalorada. Gray custou a notar um esquilo com os olhos abertos que pareciam o encarar, mas estava morto. Ao menos parecia estar.

– Ah! – Lucy foi quem avisou que os dois haviam chego com uma exclamação que mais parecia um gemido de dor ao encarar o animal.

– Demoraram. – Erza comentou sem retirar os olhos do animal morto.

– Estávamos conversando. – Gray respondeu enquanto Lucy ainda se mantinha quieta, abismada com o que faziam com o animal.

– Hum? – a ruiva ergueu a cabeça assim como Gajeel e Sting. Ele só não sabia se a surpresa era pelo fato dele estar falando ou ter falado com a loira. – Se sentem ai, temos um esquilo que os garotos pegaram. – parecia animada o que fez Gray se perguntar em que momento Erza havia se transformando em uma selvagem que come esquilos.

– Vocês vão o comer. – Lucy era apenas um pingo de voz, mas era possível ver a repulsa.

– Se não quiser comer o que pegamos a mata esta em aberto para conseguir seu próprio alimento. – Natsu ergueu os olhos por alguns instantes e neles era possível ver toda a repulsa que sentia pela garota.

Abaixou a cabeça suspirando fundo, não iria se meter nos assuntos de mais pessoas. Só ajudaria os amigos a saírem dali, só não preocuparia ninguém desnecessariamente.

– Não é isso, é que...

– Não importa, se quer beleza, se não faça algo útil e não atrapalhe. – o rosado quase rosnou ao responder.

– Natsu! – fora Erza quem o repreendeu e embora a loira tivesse uma pequena fama de respondona, se manteve quieta e quase encolhida.

Gray observou enquanto Lucy ia ate uma área distante estendia a blusa dele e então se sentasse encolhida, como uma menina de cinco anos que tem medo de monstros. Estaria à garota se sentindo uma parte fora do grupo? Pressionada e um estorvo? Piscou os olhos algumas vezes notando que para a loira a situação era não só um pesadelo, mas uma tortura a cada segundo que estava longe dos amigos e em meio a pessoas que a odiavam.

– Vai ficar em pé a noite inteira? – foi Natsu quem perguntou novamente e Gray acabou se sentando na roda.

Estavam discutindo sobre como tirar a pele do animal fora e mesmo com diversas facas diferentes e algumas horas não conseguiram um bom resultado, grande parte da carne foi perdida e alguns fiapos de pelo continuaram. Eram péssimos caçadores. Quando colocaram para assar dividiram em seis partes iguais, uma para cada pessoa do grupo e ficaram em volta da fogueira esperando a carne queimar.

– Vai fazer a comida da princesinha? Virou empregada e eu não sei? – Natsu encarou Erza que tinha dois gravetos de madeira com um pedaço de carne cada um.

– Acho que não precisa por hoje, ela já dormiu há um bom tempo. – Sting olhou na direção da loira sendo acompanhado pelo resto. Gray não deixou de pensar que essa era uma visão que ele jamais imaginaria ver, a filha única do magnata de petróleo dormindo no chão e parecer estar bem.

– Patética. – Natsu murmurou com raiva.

– Ela passou a noite anterior em claro. Deveria estar caindo de sono. – Erza falou em um tom que soava como alerta. Era para o rosado ficar calado.

– E pare de tratar a garota assim. – Gajeel foi direto. – Independente de gostar ou não de alguém, estamos todos ferrados aqui, se você odeia ela, a família ou o tipo de pessoa que ela é. Não vale acabar com o ambiente do grupo por seus traumas de infância. – parecia tão maturo falando. Gray suspirou se lembrando que a história não era tão fácil como um simples ódio, pelo contrário, era bem mais profunda.

– Nem que seja o fim do mundo, eu não vou ser obrigado a aguentar esse tipo de gente inútil perto de mim. – o rosado tinha raiva na voz. – Por mim a deixaríamos para trás como comida de zumbi no primeiro momento que estivéssemos em perigo. É a única serventia que gente imprestável pode ter. – completou encarando o pedaço de carne a sua frente.

Ao menos foi o que tentou fazer, segundos antes de receber a mão de Erza em sua cara. O que foi melhor do que Gajeel que manteve o corpo tensionado todo o tempo. Ate mesmo Gray estava assim, deixar pessoas serem comidas vivas, mordidas, como Juvia havia sido. Independente de quem fosse, era desumano e cruel. Impensável.

– Da próxima vez que abrir a boca... – a voz de Erza se encontrava embargada. – Não, não abra a boca. Você não tem a capacidade de deixar algo útil sair dela. – completou se erguendo e entregando os pedaços que segurava a Gajeel e Sting que estavam ao seu lado. – Perdi a fome. – murmurou.

Gray abaixou a cabeça lembrando que Levy havia sido deixada para trás por eles e por isso foi mordida incontáveis vezes antes de morrer. Uma morte lenta e dolorosa. Ouviu a respiração pesada de Gajeel antes do amigo se erguer e o entregar os pedaços de carne.

Por fim restaram apenas ele, Natsu e Sting. Cada um preso em seu mundo o qual Natsu havia jogado. Gray duvidava que um destes mundos fosse bom.

A primeira vez que Lucy viu Natsu foi aos sete anos e ele estava brigando com Gray. Ela se lembrava que os dois viviam em pé de guerra quando mais novos e ainda depois de crescidos viviam brigando também. Porem não foi aos sete anos o momento em que ela se apaixonou por ele, foi aos nove, logo após a morte de sua mãe, quando lhe foi negado o direito de chorar ou sofrer.

Natsu Dragnel foi a primeira pessoa que a fez rir de verdade, embora estivesse fazendo algo para desafiar a professora, foi sempre ele que a fez rir durante muito tempo. Como Lucy não iria se apaixonar quando ele foi a sua salvação? Um dia ela estava saindo de casa pensando em como ele era bobo e a fazia rir durante as aulas e no outro já estava saindo de casa e indo a escola apenas para o ver. Desde então estava sempre próxima a ele de alguma forma.

Cresceu o observando se tornar popular e querido pelas garotas. Wendy, sua melhor amiga, sempre dizia que Lucy tinha tudo para ser mais popular do que qualquer um e assim chamar a atenção de Natsu. Mas as mulheres de sua família não poderiam chamar a atenção, deveriam ser comportadas, inteligentes e respeitar o próximo. Independente do quão popular seu dinheiro poderia a fazer ou do quanto amava Natsu, Lucy sempre seguiria o seu pai.

Ao menos ate ele a dar a maldita noticia. Sua cabeça queimava só de pensar na ideia de fazer o que o pai queria. Tão odioso. Era a prova que só era vista como uma mercadoria. Só então ela tomou coragem e foi atrás dele, de Natsu, no acampamento. Tinha em mente apenas uma coisa, iria ir contra seu pai e Natsu a notaria. Não havia mais opções.

Seu plano inicial havia sim ido por água abaixo. Ao ver Natsu com Lissana, sua prima de segundo grau que já havia deixado claro, Lucy nunca deveria contar isso para ninguém. Ver dois juntos era doloroso, mas na visão da loira o amado havia apenas escolhido outra. Uma simples questão de escolha e opinião. Uma coisa normal na vida de diversas pessoas. Claro que doeu ver os dois juntos, e ela chorou - mais vezes que seu orgulho tinha coragem de admitir – mesmo assim não passava de uma simples escolha e Lucy aceitava.

Mas ver que ele a odiava, que a queria morta? Tomava dimensões bem maiores do que as que ela imaginava. Era como atestar que uma das pessoas que ela mais amava simplesmente não suportava a sua existência. Talvez Lucy não se importasse tanto se todos ali a odiassem e a quisessem morta, porem Natsu ter esse pensamento, era doloroso. Estranhamente doloroso.

Sentia-se uma idiota. Em meio a uma floresta, com um milhão de problemas, tendo perdido amigos, sendo perseguidos por seres que sinceramente não deveriam nem ao menos existir e ela sofria por um garoto. Era vergonhoso e estúpido. Uma desonra a memória de Levy e ao sofrimento do restante do grupo. Ainda assim doía.

Porque simplesmente não estava realmente dormindo no momento que ele falou tais palavras?

– Idiota. – murmurou se sentando rapidamente. Ao seu redor todos já estavam dormindo e a fogueira a pouco apagada deixava com que uma pequena fumaça saísse. Nada que a chamasse atenção.

Ergueu-se devagar e limpou o rosto molhado com as palmas das mãos. Seu olhar vagou ate onde Natsu dormia, esparramado como se o mundo pertencesse a ele. Balançou a cabeça se impedindo de ficar admirando o garoto. Era uma mania que ela se acostumara a ter com os anos, mas agora perdia o sentido e apenas doía. Como se já não tivesse problemas o suficiente, seu coração teimava em doer por uma desilusão amorosa.

Deixou um soluço sair de sua boca e então olhou o restante do grupo. Não tinha acordado ninguém. Ótimo. Com passos lentos, ela se dirigiu para fora da parede rochosa, pulando os cinquenta centímetros de rocha e ficou observando a floresta a sua volta. Não havia muito para ver, era essa a mesma visão que tinha desde o inicio do mês, apenas árvores gigantescas, terra e insetos. Alguns animais também, como o esquilo de Natsu, porem acabava por ai. Nada mais chamava atenção no local.

Se sentou no chão e recostou-se na parede rochosa a qual a altura ultrapassava um metro. Preferia ficar desta forma, escondida e fingindo que nada estava ocorrendo com ela. Fingindo aos demais que estava tudo bem, Lucy não era apenas uma garota, era uma Heartfilia e ter esse sobrenome era o mesmo que nunca se deixar abalar.

Uma vontade súbita de sumir, deixar todos para trás, se apoderou dela. Natsu não iria mais a odiar tanto assim, ela não se sentiria sozinha e inútil, ninguém sofreria, porque no fundo não eram seus amigos, eram apenas pessoas que ela andava para poder sobreviver. Pessoas que ela não conseguia se adaptar e nem o inverso.

Cerrou os punhos com força. Se seu pai havia a ensinado alguma coisa foi a não se tornar um peso morto e caminhar com as próprias pernas. Não estava muito distante da rodovia. Não poderiam estar. Ela conseguiria andar um dia sozinha na floresta e assim que chegasse onde existia civilização conseguiria ajuda. Era Lucy Heartfilia, uma das garotas mais ricas do país, qualquer um a ajudaria em troca de uma gigantesca recompensa e então logo ela estaria com Wendy e Virgo, a sua governanta que mais parecia uma mãe. Ate mesmo seu pai, o qual ela ainda fervia de raiva. E Rogue, seu estomago se contraia só de lembrar o amigo. Sentia tanta falta de Rogue, era cruel, mas ela desejava que ele estivesse ali.

Isso! Iria seguir sozinha e o mais rápido possível ate conseguir chegar a sua cidade e nas pessoas que amava. Seria forte por eles e eles a ajudariam a ser forte por si mesma. Como haviam a ensinado a fazer desde sempre.

– Hm, que olhar resignado. – Gajeel estava a encarando sentado sobre as rochas mais baixas.

– O que esta fazendo acordado? – os olhos dela se arregalaram.

– Antes de dormir resolvemos fazer um rodízio para que um sempre ficasse acordado, segurança, sabe como é!? – fez pouco caso sem a encarar.

– Quando sai estavam todos dormindo. – franziu a testa ao se lembrar que tinha checado.

– Eu posso ter cochilado em algum momento. – admitiu, contudo ainda não parecia se sentir mal por ter dormido quando não podia. – Mas e então, você é do tipo que gosta de chorar sozinha? – mudou completamente o assunto.

– O quê? – foi tudo o que conseguiu perguntar, se sentia como uma criminosa pega no flagra.

– Eu pensei que iria ao banheiro, mas nesse silencio é fácil ouvir choro. Embora não fosse essa expressão determinada a qual eu esperava ver. – parecia um pouco confuso. – Esperava lágrimas e tristeza. – explicou.

– Não vou ficar chorando por ninguém. – rebateu abraçando os próprios joelhos com força.

– Ninguém? – a encarou sem entender por um pequeno espaço de tempo. – Então não estava dormindo quando o Natsu falou aquelas coisas. – deduziu com uma profundidade nas palavras que Lucy achou estranho, era como se o garoto soubesse de algo a mais. – O Natsu é esquentado e fala as coisas da boca para fora, é verdade que ele tem um problema intimo com sua família o que faz com que tenha uma preferência em tê-los longe. – parecia mais divagando em seus próprios pensamentos do que conversando com ela. – Mas a opinião dele não é a de todos. Você deveria ignorar o que ele falou. – tentou dar um sorriso para ela, mas por sua cara um tanto assustadora, Lucy não achou que adiantou muito. – Se conseguir. É claro. – completou fazendo a garota engolir seco.

Teria Levy contado ao namorado sobre a paixão que Lucy sentia por Natsu? Não conseguiu deixar de pensar no quanto isso soava patético e humilhante aos olhos de Gajeel, ate mesmo para ela soava assim. Abaixou a cabeça encarando os próprios joelhos. Duvidava que Levy tivesse feito algo assim, não iria duvidar da amiga. Não mesmo.

– Você esta insinuando que eu considero mais o Nat...

– Fique quieta. – ele murmurou a ordem rapidamente e com uma voz tão tensa que fez a loira o encarar de primeira. Porem o rosto firme e serio de Gajeel estava fixo em algo a sua frente.

Seu corpo inteiro se tencionou a ponto de ficar dolorido e ela moveu lentamente a cabeça na mesma direção que ele observava. Foi um pouco difícil de ver, mas uma sombra cambaleante se aproximava lentamente. Sentiu um gosto amargo na garganta, o gosto do medo. Não estava muito distante, pelo contrario, já que graças ao fato de ser noite o mesmo havia sido encoberto.

– Volte aqui e acorde os outros. – Gajeel sussurrou, ainda assim Lucy tinha a clara impressão de que não era necessário, o morto-vivo já havia os notado. – Eu vou matar esse bicho. – grunhiu e o barulho de alguma coisa de ferro pode ser ouvido.

Lucy se ergueu rápido enquanto observava Gajeel pular a pequena parede de rocha com um facão na mão e olhar resignado. A garota conseguia ver Gray se erguendo um pouco atrás também, ou ele não estava dormindo ou havia sido acordado pelo som de Gajeel pegando a arma. Não importava, era um a mais para ajudar.

– Tome cuidado. – pediu assim que o lutador passou por ela em direção ao morto-vivo. Não teve resposta.

– O que esta acontecendo? – Gray correu em sua direção, seu tom era alto e preocupado.

– Um desses monstros. – explicou subindo na pequena parede, tinha que acordar o restante. Natsu, Sting e Erza, eles não poderiam ficar dormindo.

– Droga. – Gray pegou o outro facão e subiu no murinho para ir ajudar o amigo.

Foi questão de segundos. Em um instante Lucy estava descendo e no outro Gray havia escorregado e a jogado na água para tentar se manter ereto.

Então era apenas a água gelada ao seu redor. Cabeça e antebraço ardendo assim como o tornozelo, todos do lado esquerdo. O mundo girou por alguns instantes e pela dor ela soltou todo o ar fazendo com que logo a água entrasse por sua boca. Quando em meio ao desespero abriu os olhos tudo o que via era água escura a sua volta.

Moveu os braços com força para retornar a superfície. Porem sentiu a camisola repuxar atrás, a gola na parte da frente apertou o pescoço dela com força e ao tentar mover os braços acabou se aranhando mais. A cabeça ainda girava e pesava em uma sensação completamente incomoda. Segurou em uma das pedras pontiagudas e obrigou o corpo a ir para frente. Mais uma vez não teve sucesso, apenas o aperto no pescoço que a fez engolir mais água ainda.

Jogou a cabeça para trás junto com os braços a procura do que prendia a camisola, achou uma pedra pontiaguda, mas não conseguiu ver qual era a forma que a pedra a prendia. Não que tivesse desistido, mas a força parecia estar sendo drenada. Se pelo impacto na cabeça ou a água ao seu redor.

Quando sentiu algo a tocar o primeiro pensamento que teve foi de um dos mortos-vivos que estavam os perseguindo e ergueu a mão para afastá-lo por alguns instantes, mas no fim seu braço pareceu ter apenas se esticado imóvel. Completamente inútil. Como Natsu havia dito que ela era.

Inútil, foi à última palavra que pensou.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Bom, não vai ter mesmo nenhum romance entre Gray e Lucy, embora possa parecer. É apenas uma amizade em um momento difícil. E não odeiem o Natsu, por enquanto todos estão vendo apenas o lado da Lucy e vai ser assim por mais um tempo, mas o rosado é apenas complicado de se compreender.
Enquanto não entendem o lado dele. Tenham certeza que Natsu vai melhorar.
Espero que deem a sua opinião e não me abandonem, até a próxima e vou responder aos comentários.

Lembrando que a próxima será no dia 24/08.



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