Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 42
Capítulo Trinta e Seis


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde minha gente...

Sabe, me bateu uma paranoia de ter errado a data de algum capítulo e assim eles irem fora de ordem, queria conferir, só que não achei como fazer isso com os agendados. Lamentável minha burrice, bom, vou ficar sempre verificando para não correr risco.

Sobre esse capítulo, eu fui meio que corrigir ele, só que como sei o que acontece mais a frente, acabou que toda hora mudava uma fala ou um detalhe e nunca considerava que estava bom, mas uma hora ele tinha que ir, então desculpem por qualquer problema que ele possa vir a ter, mas é um daqueles que a gente sempre altera demais e parece que sempre falta algo, sabem como é neh?

Espero que Gostem.



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— Isso é loucura. – Sting tinha o rosto serio e duro. Lucy apenas observava os machucados. Diversos e por todo o rosto. Não era possível encontrar uma parte grande de pele sem roxos ou cortes. Ate mesmo a orelha havia sofrido com isso, rasgada quando o brinco foi arrancado em um dos bicudos de Gray.

— Não estou te pedindo para ir. – Natsu tinha uma expressão igual a de Sting, contudo seu estado debilitado tirava quase oitenta por cento da força.

— Natsu, apenas considere o que te falamos. – Erza pediu de forma contida. Os nervos do grupo por inteiro estavam prestes a explodir. A briga de Gray com Sting havia apenas dado inicio á tudo. A forma depreciativa que o loiro havia explicado o motivo da surra, explicado para Erza e Natsu, piorou tudo.

Lucy sentia tanta vergonha de estar no mesmo ambiente que os amigos que agora sabiam de tudo. Sting havia conseguido o que queria e era isso que ele queria, quando, enquanto ela cuidava dos machucados dele e ignorava tudo o que havia ouvido no dia anterior, ele debochava e agia de tal forma. Os olhos mal saiam dela. Um claro aviso, não era para que ela tentasse algo.

Ele tinha medo do que sentia e para não correr riscos, havia pulado do barco e a deixado naufragar. Para não correr riscos ainda, queria a fazer o odiar, talvez com medo do quanto uma tentativa de aproximação dela pudesse ser forte demais para o seu escudo frágil.

As pessoas quando com medo conseguem ser tão cruéis.

— A cidade está tomada. – Gray, quem sem nenhum machucado, até porque Sting não havia revidado em momento nenhum, estava ao lado de Lucy de forma protetora, afirmou. – Infelizmente, mesmo que não morramos no caminho, seria inútil, elas não estariam mais lá. – completou e todos olharam na direção da loira.

Era ela quem havia mais de aproximado da cidade e mesmo sem ter chegado perto, era a fonte mais confiável do grupo. Fez um sinal positivo concordando com o moreno. Natsu bufou irritado.

— Alguma pista deixaram. – afirmou.

— Quer arriscar a vida de todo mundo pela possibilidade de uma pista? – Sting deu ênfase na palavra possibilidade, como se questionasse se estava ouvindo certo, se era exatamente o quê Natsu estava falando.

— Não, eu vou arriscar a minha vida pela possibilidade de achar a minha família. – Natsu corrigiu da mesma forma, dando ênfase no eu.

— Não despreze a vida que lutamos tanto para manter. – Erza tinha um semblante serio. – De toda forma, essa discussão não é importante no momento, você vai demorar e muito para que consiga caminhar normalmente. – avisou, tentava ser indiferente, mas deixava o alivio sair em suas palavras.

— Vou me arrastando que seja. – ele estava irracional, Lucy conseguiu notar, não era difícil entender que faria uma loucura para encontrar a família.

— Só pode ser brincadeira! – Sting se exasperou. – Elas não estão lá, talvez nem estejam vivas. – foi duro, falando o que ninguém mais gostaria de dizer, mas pensava. – Quer ficar pirracento falando que vai mesmo que seja se arrastando, porque sabe que não vamos deixar e vamos ir lá tentar pegar a porcaria por você! Lá elas não estão e as pistas não vão fugir, isso é, se existirem. – tinha os olhos cerrados. – Por que não tenta usar a cabeça quando o mundo está tomado por essas coisas?

— Claro que não é isso. – Gajeel tomou a dianteira. – Ele não precisaria usar artimanhas com a gente. – completou causando um silêncio momentâneo no quarto. Lucy encarou Gray e notou o rosto um tanto quanto tenso do amigo. O rosado havia usado sim artimanhas.

— Gajeel está certo. – Erza acabou por falar. Não parecia tão satisfeita, todos sabiam o quanto inútil seria ir até a cidade. – Somos seus amigos, não vamos te permitir que faça uma loucura e nem deixar de investigar sobre sua família quando é algo tão importante. – garantiu sorrindo, um sorriso mecânico.

— Merda, você só tinha que notar o obvio! – Sting fez um sinal negativo e respirou fundo, iria concordar com a ideia. Lucy pensou que isso era uma das coisas que gostava nele. Mesmo sabendo a verdade e tendo sempre uma visão pessimista, ele se arriscava pelo que os amigos acreditavam. – Claro que nós vamos. – completou. Se Erza disfarçava bem e Gajeel parecia disposto, o loiro fazia questão de deixar claro, faria, mas não concordava com a situação.

Por algum motivo, era não apenas o único que tinha coragem de fazê-lo, mas também o que parecia ter esse direito, ela não entendia exatamente o motivo disso.

— Podemos montar um grupo e um plano. – Lucy tomou a palavra. – Acho que deve ter alguns mapas da cidade nos arquivos daqui, se acharmos, montamos um plano e nem será tão arriscado. – sugeriu e Gray fez um sinal positivo.

— E temos uma defensiva boa, não vai ser arriscado. – Gajeel parecia animado. – Vou pegar a Filó. – Lucy entendeu o motivo da animação.

— Não! – Lucy arregalou os olhos.

— Nem por cima do meu cadáver! – Sting tinha a mesma expressão quando deu um passo na direção do lutador. Por um momento, se encararam por terem agido da mesma forma. Ele desviou o olhar. – E sobre a defensiva, considero que a Lucy e o Gray devem ficar aqui. – continuou a falar. – Se for por questões de risco, o Gray não está em condições psicológicas de enfrentar essas coisas e a Lucy é quem tem mais conhecimento sobre esse lugar. Sem ela, se der algum problema ou não saberemos resolver ou pior, podemos acionar alguma coisa que destrua tudo. – a única coisa que a loira ouviu foi “desculpas, desculpas e desculpas” para que ela não fosse.

— É perigoso para os dois. – Natsu concordou.

— Cala a boca, você já causou coisas demais falando. – Gajeel, o que antes concordava com o amigo, desfez de qualquer coisa que ele pudesse dizer. Talvez por ir contra o que ele acreditava. – Por questão de risco, a Lucy é quem mais deveria ir depois de mim e da Erza, você, não sei se reparou, está com o pé quebrado. – apontou para o local. – E bem machucado. – debochou.

— Nem fez cocegas. – Sting olhou na direção de Gray que o mostrou o dedo do meio.

— Por que estão discutindo coisas inúteis? – Erza encarava todos sem paciência. – Depois resolvo quem vai, por enquanto, temos que procurar alguns mapas ou desenhar o que nós lembramos, se não ganhamos em força ou quantidade, teremos estratégia. – decretou. – Alguém tem algo contra?  - pela forma seria que seus olhos estavam, mesmo que alguém tivesse, não falaria nada.

Em certos momentos o humor de Erza não permitia que alguém fosse contra o que dizia e nos últimos tempos a variação de seu humor, ela se tornava cada dia mais assustadora.

.

.

— Eu sei que você odeia isso. – Erza comentou. – Mas me sinto muito uma espiã com essa mala de arma. – completou fazendo Lucy soltar um sorriso de lado. Estava desmontando o rifle que Gajeel e Gray tinham buscado. Havia ficado a cargo dela, Erza e Sting montarem o plano, não conseguiram achar os mapas e por isso gastaram tempo demais montando um básico com Natsu, Sting e Gajeel sobre a área já que pareciam ser quase vizinhos.

Iriam sair no próximo dia após o almoço, mesmo assim, Lucy preferia deixar tudo organizado.

— Tenho que admitir que parece. – concordou com a ruiva. – Acho que vou me vestir de preto. – piscou causando um sorriso largo no rosto da outra.

— Terei vestimentas especificas também. – e parecia considerar bastante isso. A outra apenas sorriu e encaixou a munição na parte destinada. – Vamos dormir de uma vez, já está tarde. – a ruiva chamou.

Ela tinha razão. Após montarem o plano, Lucy achou melhor que desse um treinamento básico para Erza. A ruiva pareceu ter facilidade em lidar com a pistola e até mesmo com o rifle de precisão, talvez se tivessem mais tempo poderia até deixar de ser um motivo de preocupação, mas a verdade era que Lucy tinha medo de deixar qualquer um dos que iriam para a cidade com uma arma na mão.

As únicas pessoas que ela confiava pela calma, frieza e habilidade era Gray e Natsu. Os únicos que não iriam.

— Não estou com sono. – afirmou.

— Hum. – murmurou e embora já estivesse pronta para sair, não fez. – Eu passei o dia inteiro com você e não te perguntei ainda, mas como está? – a encarou e Lucy suspirou. A pergunta era referente a ela e Sting.

— Temos coisas mais importantes para nos preocuparmos. – e ela não queria falar do assunto.

— As coisas que ele disse... – os olhos de Erza demonstravam pena, mas não era exatamente da amiga. – Você sabe que a discussão que ele teve durante todo o dia, fosse comigo ou com o Gajeel, foi porque ele queria que você ficasse e não corresse risco. – é, Lucy tinha uma pequena noção disso.

Sting não estava nem mesmo conseguindo manter a pose de pessoa grosseira e dura por todo o tempo. Criava oscilações de comportamento no mínimo estupidas. Ela não entendia exatamente o que ele queria com uma encenação tão ruim, mas durante o dia, enquanto se concentrava em montar o plano, enquanto treinava Erza, enquanto tentava ignorar a dor... Ela simplesmente não se importava.

Não se importava com as razões de Sting, elas não iriam amenizar a dor que ele causou e ele causou porque quis. Era isso que importava.

— Não quero falar sobre isso, agradeço por não ter perguntado antes, mas estou bem. – ergueu a mala onde estava guardado o seu rifle. – Pode ir dormir, vou ir assim que tiver sono. – garantiu e deixou um sorriso escapar.

— Você é quem sabe, é o seu sentimento e você deve dividir com quem desejar. – em um sinal de respeito, a ruiva apenas maneou a cabeça e saiu. – Boa noite. – se despediu.

Lucy apenas sorriu para a ruiva e observou o restante da área administrativa em que se encontrava. Além da maleta, estavam ali também cerca de dez pistolas e muita munição. Por um segundo se permitiu pensar em quando havia começado a lidar tanto com as armas. Observou os coldres que os amigos haviam trazido e então deixou a mala no chão.

Quando mais nova se lembrava de Igneel usando um coldre axilar, achava realmente elegante. O homem era elegante, mas ela sempre gostou dos de perna. Via nas mulheres poderosas da TV e elas pareciam tão legais. Talvez fosse esse o motivo de maior preocupação que tinha com os amigos, eles viam tudo da mesma forma que ela via, antes de claro, matar a própria mãe.

Ainda assim, não resistiu a pegar os de perna e colocou em si. Precisou de tempo para ajustar e ainda assim, no tamanho mínimo, ficou largo em sua cintura. Depois, acabou colocando o axilar, como o que Igneel usava. Foi mais complicado ainda, mas conseguiu o fazer e por fim colocou as armas, terminando com uma pistola 9mm prata nas mãos e apontou para a parede. Então fingiu atirar e fez um som de uma bala, não o disparo, mas o som do projetil acertando o alvo e o alvo era um corpo.  

Só então notou o que fazia e por isso despencou sobre uma das cadeiras de escritórios que estavam ao seu redor.

Por toda uma infância havia se recriminado tanto por isso, seu gosto por armas e a sensação de poder que lhe garantiam. Tinha que se lembrar, usá-las havia destruído sua vida. Ter talento, ser obcecada e se sentir poderosa, nada disso mudava nada. Nada disso mudava a verdade que ela escondia em seu amago.

E a verdade era que mesmo que todos estivessem certos sobre Layla, foi um acidente de uma menina de nove anos que achava que conseguia atirar quando extremamente nervosa. Lucy sabia que não era apenas isso.

A verdade era que uma menina de nove anos havia pegado uma arma e matado a mãe sem querer, porque o objetivo da criança não era a mãe e sim outra pessoa. A verdade era que aquele tiro que disparou aos nove anos, foi dado para matar.  Ela não pensou ou ficou em duvida um segundo, ela não tremia de medo e sim de excitação. A menina de nove anos já queria matar uma pessoa.

Foi desperta de seus pensamentos quando o som de tosse se iniciou. Piscou os olhos diversas vezes e então correu na direção do quarto de Natsu. Passou pelo sofá onde Gajeel estava dormindo. Na sala de espera, Gray parecia desacordado com um livro sobre o rosto, a luz ainda acesa. No quarto, Erza mal se movia na maca enquanto o rosado tossia sem parar.

— Natsu. – foi até ele e o ergueu um pouco e então bateu suavemente nas costas. Não demorou muito para que ele conseguisse parar e então, no rosto vermelho, restava apenas a expressão de dor e a respiração pesada.

— Que merda! – a mão estava apoiada no ombro dela e a outra na própria barriga, parecia doer.

— Tenta deitar novamente. – sugeriu e ele fez um sinal negativo.

— Passei o dia inteiro tentando sentar. – se moveu para que conseguisse se erguer mais. – É agora ou nunca. – a voz demonstrava toda a sua dor e o corpo tenso também.

— Para. – mordeu o lábio inferior, os olhos na atadura, ela tinha certeza que logo o ferimento se abriria. Ele não parecia se importar, vez ou outra alguns gemidos de dor pareciam palavrão, mas não estavam reconhecíveis o suficiente. – Para, não aguento te ver assim. – pediu.

— Então fecha o olho. – respondeu simplesmente, mas já estava sentado. O tronco ereto se movia pela respiração pesada e Lucy o encarava de forma seria.

— Você sabe que essa maca... Ela é regulável, não sabe? – foi tudo o que questionou e ganhou um olhar incrédulo dele. Não estava obvio porque era regulado por um controle remoto e ele ficava guardado, Lucy já havia ido a diversos consultórios assim.

— Tanto faz agora, já me sentei. – a atenção dele foi para o machucado. – Quando isso vai parar de doer?

— Aqui tem remédios para dor, vou deixa pegar. – caminhou pelo quarto e pegou a cartela, ali tinha um pouco de água também, não sabia o motivo, mas agradecia, não queria ir até o armazém. Quando voltou o rosto do garoto já começava a deixar de estar tão vermelho. – Aqui. – o entregou ambos os objetos.

Natsu não disse nada enquanto tomava o remédio e ela aproveitou para procurar pelo controle. Não foi muito difícil achar, não era muito diferente do controle padrão de um ar condicionado. Pequeno e branco. Voltou e o entregou o objeto após mexer nos botões para permitir que a maca se movesse até apoiar as costas do rosado.

— Já está tarde, se quiser dormir e voltar a deitar, ao invés de ficar se matando de dor, use isso, pode doer, mas vai ser menos. – explicou e apenas ganhou o olhar inexpressivo dele. Não tinham se falado muito mais após ele questionar o motivo dela não estar sorrindo e Lucy havia sinceramente se esquecido do quanto sua relação com Natsu era delicada.

Por alguns momentos, principalmente quando ele chamava seu nome, chegava a pensar que eram íntimos como ela um dia havia desejado ser. Mas essa nunca foi uma realidade.

— Você tem um rosto muito amigável pra quem está com tantas armas. – o rosado falou chamando sua atenção, Lucy notou que ele tinha uma pistola prata em mãos. Claro, a que ela segurava antes de sair correndo, não se lembrava de onde tinha deixado, mas perto dele era uma grande probabilidade agora.

— Estou me preparando para amanhã. – respondeu simplesmente e Natsu sorriu, um sorriso que foi claramente dado quase por obrigação.

— Ah, claro. – concordou entregando a pistola. Lucy sentiu um déjà vu da cena. Novamente Natsu a entregava uma arma. – Gajeel acredita que você é a encarnação do Deadshot. – continuou com um pouco de descrença. Lucy o encarou por alguns segundos, não iria rebater o descaso que Natsu havia demonstrado. – Sabe quem é Deadshot? – questionou.

— Dos quadrinhos, apaixonado com fuzil de precisão, sei quem é. – fez um sinal positivo e o rosado sorriu de lado, provavelmente surpreso por ela conhecer. – Ao menos agora estou com rifle de precisão. – guardou a pistola no coldre.

— Esse é o plano dele? – não parecia desconhecer a arma. – Acha que vai ficar no alto e sair atirando e matando tudo que está lá? – fez um sinal negativo.

— Ele acredita fielmente que na hora que eu precisar fazer, vou fazer. – e ela odiava isso, a confiança que Gajeel possuía nela.

— Tem motivos para isso. – Natsu maneou a cabeça e então respirou fundo. – A Erza me contou o que você fez pra me salvar. – continuou a falar e a loira arregalou os olhos. Sentia-se constrangida, como se isso fosse o fazer descobrir sobre seus sentimentos. – Contou de verdade, nada sobre como foi invencível e ótima lá, como o Gajeel fez. – deu um sorriso incrédulo, certamente não havia acreditado muito no amigo. – Não, ela me contou sobre como ficou depois, o que faz sentido, você se considera uma assassina, mas é boa demais para isso. – a encarou e Lucy franziu a testa. Natsu falando que um Heartfilia era bom? O ferimento nem mesmo havia sido na cabeça.

— Se for me agradecer, não precisa. – preferia que ele não fizesse. A agradecer por ter matado todos aqueles seres? Não, ela com certeza não queria.

— Não vou te agradecer. – respondeu de imediato, mais um pouco e poderia ser grosso, mas não chegou à isso. Ela fez um sinal positivo, tinha que se lembrar, era Natsu ainda. O grosso, ignorante e facilmente irritável Natsu. – Quero me desculpar. – completou.

— O quê?! – arregalou tanto os olhos que o rosado acabou rindo.

— Isso não é tão pior que agradecer. – fez pouco caso. – Não precisa se espantar como se eu estivesse vendendo minha alma para um Heartfilia, se é o que está pensando. – completou e ela mudou a expressão, de surpresa, para descontentamento.

— Claro. – concordou, não iria rebater, apenas iria para outro lugar, se afastou.

— Lucy. – a chamou assim que notou, ela iria embora. – A minha desculpa significa que não te considero alguém ruim e ela não é só pelo que você precisou fazer por mim. – a frase a pegou de surpresa. – Não estou falando isso porque me salvou, já vinha pensando antes, só que você tinha mais coisas na cabeça, seu pai havia acabado de falecer. – parecia sincero e por isso ela acabou se aproximando. – Mas pela forma que eu agia antes também, por todos os xingamentos e grosserias, até antes disso tudo acontecer. Lá no acampamento, eu fiz questão de te deixar sempre mal. Desculpe-me por isso. – pediu e parecia realmente arrependido.

— Eu... – o que diria? Que não havia sido magoada e que ele não precisava se preocupar? Natsu havia conseguido destruir um sentimento de anos em pouco menos de dois meses. Ela o odiava por ter feito isso, por ter sido tão idiota de simplesmente deixar que ela se apaixonasse por Sting. Pelo completo descaso com todas as tentativas que ela fazia de ser aceita pelo grupo. – Eu te odeio. – murmurou fazendo com que os olhos dele se arregalassem. – Eu tenho tanta raiva de você, porque todas as vezes que eu tentava fazer algo, você estava sempre me julgando e condenando. – cerrou os dentes. – Eu custei tanto a aceitar isso, doeu tanto. – as primeiras lágrimas começaram a descer. – Agora, você simplesmente me pede desculpa? – a respiração era rápida. Ela não sabia como agir.

— É o mínimo que eu deveria fazer. – pelo tom, era como se ele pedisse desculpa por isso também. – Não estou te falando que tudo vai ser mil maravilhas, ou não vamos ter discussões. Sua família destruiu a minha e você ama a sua família. E sabe? Você não está errada. Não tem como a gente ficar como você e a Erza, ou você e o Gray. – estava serio e duro, novamente quase grosseiro. – Lucy, estamos ligados desde a infância e não tem como esquecer isso, seja porque você foi meu primeiro amor infantil ou a coisa que eu menos suportava ver na minha adolescência. – segurou a mão dela e puxou para mais perto. – Sabe que eu sou sincero, muitas vezes demais, grosso demais. Não importa. Só que a forma que eu sou me impede de não te dizer que estava errado e que fui um idiota se considerarmos como eu te tratei. – os olhos dele eram intensos. – Então, eu vou sim te pedir desculpas. – afirmou. – Mesmo que você me diga, não, vá à merda e enfia essa desculpa onde o sol não bate. É seu direito, mas eu vou pedir mesmo assim. – completou.

Lucy o encarou de volta. A maior probabilidade de sua vida era que antes de qualquer mal acontecer com ela, já estivesse louca, Natsu e seu passado iriam a enlouquecer. Tentou respirar fundo e então secou o rosto com a mão que estava livre.

— Estamos quites. – foi tudo o que saiu de sua boca. Ele, obviamente não entendeu. – Eu estava te devendo pelo que fez na infância e você está em debito pelo que fez nos últimos tempos. Estamos quites. – explicou.

— Não fiz aquilo só por você. – ele fez um sinal negativo, os dedos se entrelaçaram com os dela. – Isso não é equivalente. – garantiu sorrindo de lado. – Naquela época, o que eu mais queria ver era o seu sorriso, era só um garotinho...

— O que os dois estão conversando... – Erza parecia sonolenta quando ergueu um pouco a cabeça. – Lucy, você está chorando? – se sentou de imediato e então já estava descendo. – Espero que não tenha sido coisa sua. – os olhos duros estavam no amigo.

— Não. – Lucy fez um sinal negativo. – Ele só estava me pedido desculpas pelas coisas de antes. – se afastou dele, aproveitando para acabar com o contato das mãos, Natsu parecia constrangido ao notar o que vinha fazendo. – E eu expliquei, está tudo bem, não precisa se desculpas. – sorriu e então olhou na direção da ruiva. – Tenho que terminar algumas coisas antes de amanhã, pode voltar a dormir. – completou e então saiu do quarto.

A conversa com Natsu havia sido pesada de certa forma e embora ela tivesse dito que estava tudo bem, precisava se acostumar com a ideia de forma simples e natural e não pensar como se tratasse de um significado extraordinário e sentir o calor das mãos grandes do rosado nas suas.

Estava na hora de deixar de ver romance em tudo.

.

.

— Esse carro é seguro? – Gray questionou assim que, junto com Lucy, saiu da enfermaria.

— Pelo que pude observar, é blindado. – Erza parecia satisfeita consigo. Era uma BMW negra, não um ultimo modelo e por isso a ruiva havia estranhado e ido verificar.

— Mais seguro do que o nosso. – Sting confirmou e Lucy encarou seus pés. Ele havia decidido tirar qualquer objeto que imobilizasse a perna. Os dois já haviam conversado sobre isso mais cedo, uma conversa saudável. Ela havia chegado a conclusão que não conseguiriam se tratar como se se odiassem. Ele fingia extremamente mal e ela não possuía interesse em perder energia forçando uma raiva. A magoa que sentia era suficiente apenas para a corroer e o que sentia, não para destratar Sting.

Não sabia como a situação de ambos seguiria.

— Não tem nenhum outro que seja blindado? – Erza questionou Lucy e a loira deu ombros.

— Pode ser que sim, não sabia nem deste. Carros não eram as minhas maiores preocupações. – ela nem se importava com eles. Estavam sempre ali. Mal notava quando trocavam o que ela usava todos os dias e o pai não explicava cada novo item que adquiria.

— Não. – Gajeel cortou qualquer possibilidade. – Eu e essa belezinha aqui, somos um só. – se referia ao jipe.

— Você anda se apegando demais às coisas materiais. – Sting comentou sem entender e então olhou para o relógio. – Acho bom a gente ir, como foi tudo cronometrado, atrasos não serão uma boa escolha. – completou.

Era verdade, haviam programado tudo. Planejado e pensado em todas as probabilidades. Seguir o plano era o que certificaria que todos conseguissem voltar com vida. Por esse motivo os relógios de Jude haviam sido pegues e ajustados. Por esse motivo sairiam meio dia em ponto.

Em dois minutos.

Ajeitou o coldre axilar. Como estava com uma segunda pele negra ele ficava perfeitamente ajustado em seu corpo. Esse pensamento a fazia se lembrar do que havia dito no dia anterior. Com a calça leggin e o bota, ambas negras, estava quase se fantasiando de espiã.

Ideia de Erza, claro, as roupas da amiga também eram negras. Ambas iriam dar cobertura e precisavam ficar ocultas, segundo a ruiva e o fato de que bem, os seres não enxergavam, pareceu ser irrelevante. Foi de Lucy a ideia de mangas longas para maior proteção e esse era um quesito que todos seguiam.  

— Vamos. – sussurrou apenas para si indo até a porta. Não entrou e sim olhou na direção do jipe. – Vocês dois. – gritou chamando a atenção de Sting e Gajeel. – Só usem as armas em ultimo caso, em urgência ou probabilidade de morte eminente. – foi enfática.

— Você está preocupada demais Lucy, sabemos bem como lidar com as lindezas. – Gajeel garantiu e ela fez um sinal positivo antes de entrar no carro. Tudo o que pensava era que deveria ter sido inteligente e impedido Gajeel e Sting de levarem as armas consigo.

É, deveria ter feito isso.


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Notas finais do capítulo

E então? Sim, sim, eles vão sair e sim, o Sting parece bem mal humorado, mas não se preocupem, tem seus motivos, estupidos ou não estúpido para isso kkkkkk' E claro, ele não iria conseguir disfarçar o que sente pelo motivo de quê não tem como fazer isso quando os dois estão tão próximos e bem, a Lucy vai ter que sair para o que ele considera uma missão suicida.

Natsu acordou meio diferente neh? Mas não se empolguem tanto, é como ele disse, não é como se pudessem esquecer tudo que passaram e a ligação que se tem, mas ao menos podemos ver uma iniciativa dele. Só que não se esqueçam, quem cria expectativa pode se decepcionar, sejam como a Lucy, não vejam romance em tudo, na verdade, não vejam romance em tudo na vida é um bom conselho KKKKKK'

Espero que gostem e na próxima semana um capítulo GIGANTE que todos vão odiar, mas vida que segue kkkkkk



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