Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 38
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Olá !!! Feliz natal para todos. (eu iria fazer aquele som do Papai Noel, mas meio que esqueci como se escreve O.O)

Estou lhes falando do passado. Sim a postagem foi programada, para que ocorresse no
momento da ceia de Natal, falei que ia ser como um presente do papai noel KKKK'

Por ter que cumprir o prazo, não sei se conseguirei responder todos os comentários, então, caso não tenha sido respondido, não se desespere. A vida continua a caminhar e logo tudo se resolve. Quero agradecer todos vocês por estarem comentando, muito obrigada !!

Sobre a votação. Okay, irei detalhar tudo. Gente, a unica pessoa que votou em outra opção, não fosse a 4, votou em todas. Tô chocada com a soberania de 4 aqui. Tudo bem então, detalhes e detalhes. Muitos detalhes.

O quê mais eu tenho pra falar? Acho que aqui nada. Apenas agradecer, desejar para todos um ótimo natal e prospero ano novo XD!! Que venha 2017 e suas mudanças.

Ah, o capítulo foi revisado, mas esse foi complicado. Primeiro pela parte da história que conta, toda vez que lia reescrevia a maior parte, impossível revisar e segundo, porque é a parte mais quente, pode estar o maior brocoxo de suas vidas. Então, já sabem neh? Qualquer coisa, me avisem.



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Lucy tinha a impressão de que Natsu não iria mais acordar. Era um pensamento que a cada dia estava mais presente na sua mente, mas ela se recusava a cogitar a ideia. Mesmo que já estivesse há quatro dias sem manifestar nenhum sinal. Vez ou outra chamava pela mãe e pela irmã, vez ou outra chamava por seu nome e por isso ela permanecia ali, com a ideia de que ter ao menos uma das três pessoas que ele chamava por perto, com a ideia de que isso pudesse ajudar em algo.

— Porque estou surpreso em te encontrar aqui? – Gajeel estava parado na porta e a encarava. – Ele chamou seu nome novamente? – questionou.

— Hoje ele não falou nada. – se afastou da maca, sua mão havia permanecido tanto tempo junto com a do rosado que ela teve a sensação de que era retribuída no aperto, mas sabia que não. – Aconteceu alguma coisa? – estranhou o silêncio dele.

— Já está quase na hora. – avisou com os braços cruzados enquanto analisava a cena a sua frente, Lucy ao lado de Natsu.

— Viu onde está o Sting? – sabia que o namorado iria com ela.

— Sim, longe de você. – o moreno respondeu simplesmente, mais um pouco e Lucy não notaria o sutil aviso do lutador. Mais uma vez pensou até onde o grandalhão sabia dos seus sentimentos pelo rosado, mas na duvida preferiu não responder, apenas imaginou o que suas ações e sua devoção em ficar ao lado de Natsu poderia causar em Sting. O loiro sabia dos sentimentos dela.  – Terminando de arrumar tudo. – completou, obviamente Gajeel não queria falar do assunto.

— Qualquer coisa, não se esqueça de nos avisar. – pediu se erguendo e então olhando novamente na direção de Natsu. Ele não parecia ter notado o seu afastamento.

Não parecia notar nada, quase em um sono eterno. A única pessoa que notaria o seu afastamento seria ela mesma, Lucy não estava pronta para se afastar de Natsu nem por um único minuto.

Tinha medo de que o “um minuto” se tornasse “para sempre”.

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— Estão certos disso? – questionou acendendo as luzes do local de treino.

Gajeel e Gray já haviam consertado há quatro dias, mas ela ainda desconfiava de que tentaria acender e a mesma não voltaria. Os dois afirmavam que agora que conheciam bem o funcionamento do gerador, conseguiriam consertar qualquer coisa, mas Lucy notava apagões de alguns minutos vez ou outra.

— Se você vai eu também irei. – foi tudo o que Sting respondeu enquanto se apoiava em Gray para conseguir entrar. A perna do loiro permanecia quebrada e eles não tinham gesso. Ao invés disso usaram apenas pedaços de madeira e muitas faixas, não era algo confiável e então todos tomavam cuidado com isso.

Todos menos Sting.

— Isso não é exatamente um motivo. – murmurou encarando os dois.

— Releve Lucy, o Sting apenas está se esforçando como namorado. – Gray tentou explicar e ao seu lado Sting bufou incomodado.

— Me esforçando nada, só quero aprender a atirar. – o loiro o largou e pulou até onde a garota estava. Terminou por fim se apoiando nela, mas passou os braços em volta da cintura e não ombros. – Quais destas vai nos ensinar? – questionou.

— Estou pensando. – admitiu e então observou os tipos de armas a sua frente. – Acho que essas pistolas são boas, fáceis de guardar, leves e ao que me parece possuem muita munição. – listou, ao seu lado Sting mal sabia do que ela falava.

— Boa escolha, aprovo. – concordou sem entender nada, fazendo Gray sorrir.

— Isso, se sente ai que eu vou preparar tudo. – a loira sorriu unindo as mãos nas de Sting, após entrelaçar os dedos as tirou de sua cintura e então o moveu até que se sentasse na cadeira. – Gray, me ajude com alguns detalhes? – pediu e o loiro cerrou os olhos.

— Porque ele e não eu? Eu sou o seu namorado! – reclamou a fazendo sorrir.

— Fique quieto. – Gray bateu na cabeça de Sting enquanto passava por ele. – Ser namorado não te garante muito, qualquer um pode ser, até os que não deveriam. – não era como se o moreno desaprovasse a relação, ele só não concordava.

Lucy merecia alguém melhor. Não que Gray fosse completamente contra o relacionamento, tinha seus receios e acreditava que ele não era o a melhor pessoa para ninguém se relacionar, se conheciam há tempo demais, mas boa parte do que falava ou da forma que agia era provocação. A relação dos loiros acabou se tornando uma brisa de leveza para o grupo.

Uma brisa necessária, principalmente agora que Natsu simplesmente não acordava.

— Qualquer um? – Sting franziu a testa. – Vai deixar ele falar isso da gente Blondie? – aumentou o tom por Lucy já está distante entrando em uma porta qualquer.

A loira sorriu enquanto encarava Gray atrás de si, o moreno apenas ergueu os ombros sorrido de volta. A provocação não era novidade mais. Não depois de cinco dias direto.

— Não me chame de Blondie! – foi tudo o que ela gritou de volta enquanto sorria.

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Foi impossível não se assustar com o recuo da arma do rifle de precisão que havia usado para disparar. O som que ela fez e os olhos levemente arregalados chamaram a atenção de Gray e Sting que se encontravam ao seu lado.

— Algum problema? – Gray tinha a expressão seria.

— Não. – Lucy murmurou. Estava deitada até o momento e por isso se sentou observando os dois ao seu redor. – Só me assustei com o recuo da arma. – fez pouco caso, talvez a posição desconfortável tenha a feito considerar tanto, mas o que poderia fazer? A diferença entre as armas que estava acostumada e o rifle era significativa.

— Posso tentar? – Sting, motivado por ter a chance de usar uma arma tão grande e parecida com as de filmes americanos, questionou. – Sempre quis usar uma metralhadora. – completou acariciando a arma.

— Já te falei, não é uma metralhadora é um rifle de precisão. – Lucy corrigiu sorrindo. Qual seria ela não sabia ao certo, havia visto o nome CheyTac Intervention M-200 Rifle, mas isso não a indicou muito.

— E você só vai poder pegar em algo que atire longe daquela sala, quando acertar o alvo. – Gray completou. Era verdade. Antes de passarem quase meia hora tentando montar o rifle, Lucy tinha dado algumas dicas básicas e os treinado. Sting não conseguiu acertar o alvo, apenas a parede. Se Lucy era um gênio e Gray conseguia entender com facilidade, Sting era um fiasco.

— Falou o cara que parece um traficante indo cobrar dividas quando pega uma arma. – o loiro não estava animado por não conseguir fazer algo.

— Fale comigo quando acertar ao menos a beirada do alvo. – Gray debochou rindo.

Lucy ignorou a conversa que surgiu entre os dois e se concentrou no rifle que estava em suas mãos. Lembrava-se de Igneel dizendo que iria a ensinar a utiliza-las também, quando pequena não via problemas, mas agora, mais madura, tentava entender porque o rosado iria querer que uma menina de nove anos soubesse usar esse tipo de arma. Ah, claro... Lucy era uma obsessiva com armas. Geralmente não gostava de se lembrar do homem e da relação de ambos. Do que ela havia feito com ele. Tentava se dizer que era tudo em nome de um motivo maior, que ele também foi duro ao ameaçar uma criança.

Mesmo assim ela apenas se lembrava da ultima conversa real dos dois e do quanto gritou com Igneel, das lágrimas dele e do olhar atento do pai. Ela havia feito como Jude pediu, porque era o mínimo que tinha que fazer. Claro que pensou em Igneel, não iria usar a idade para camuflar os erros, estava ciente de tudo quando o fez.

Balançou a cabeça e então chamou os dois. Já tinha problemas no momento. Tinha que fazer um treino, mesmo que não concordasse com a ideia de Gajeel. Ao que parecia, para o restante, o que ocorreu no momento em que ela salvava Natsu a qualificava para ser a linha de defesa do grupo. Bem que tentou argumentar que não seria útil. O que havia ocorrido com Natsu e seu pai era uma exceção. Ninguém quis ouvir. Erza achava uma boa ideia. Gajeel considerava a ideia do século. Sting queria ver uma arma de distância de perto. Gray foi o mais perto de apoiá-la, mas não o fez, então não teve muita serventia.

Suspirando observou a mira telescópica e demorou um pouco para achar o que havia considerado como alvo. Um ponto mais escuro de uma árvore, ficou desapontada ao notar que havia apenas acertado de raspão no tronco. Não muito distante, mas considerando que era uma cabeça que deveria acertar apenas, o resultado não era satisfatório.

— E então, Blondie? – Sting parecia ter voltando a atenção para ela.

— Peguei apenas no tronco de raspão. – murmurou e então o encarou. – E não me chame de Blondie. – completou rodando os olhos o fazendo sorrir.

— Hm, tanto...

— Isso é ótimo, não? – Gray cortou o loiro.

— Não, considerando a minha situação, definitivamente não. – se ergueu para ficar na mesma altura que Gray.

— Sabe, não é como se você fosse obrigada a fazer isso. – o moreno tinha o rosto serio. – O Gajeel teve uma ideia porque considera que você é capaz, diga para ele que não é, ninguém vai ficar irritado. – sorriu.

— Eu já não falei? – questionou, porque havia dito, foi um caso excepcional, mas ele acreditava que isso não tinha importância.

— Seja firme Blondie. – Sting também se ergueu. – Você falou que não sabia se conseguiria, se não quer fazer, diga, não quero. – para ele era obvio.

— Não me chame de Blondie. – foi tudo o que respondeu se afastando deles. Estavam no terraço da mansão e no local existia um jardim frutífero e uma pequena estufa. Ela gostava do local, antes de tudo ocorrer ficava ali sozinha lendo livros.

— Hm, tanto faz. – o loiro parecia ter a seguido, assim como Gray.

— Eu queria ser tão forte como você, Sting. – murmurou se sentando em um banco de madeira, os dois não o fizeram, ficaram parados, a encarando. – Queria poder não me importar em matar essas coisas. – os olhos voaram para Gray, era um sentimento que os dois compartilhavam. – Queria poder ajudar. – completou.

— Oh, mas eu só ajudo porque não me importo nem um pouco com essas coisas. – a descontração do loiro era gigantesca e o divertimento considerável, mas não o suficiente para apagar a obvia mentira que saia de sua boca. – Se eu me importasse minhas mãos estariam tão limpas que poderiam ser consideradas esterilizadas, mas se esse é o caso, aprende isso e me ensina direito, que eu faço por você. – completou a fazendo arregalar os olhos e então encarar Gray, mas até o moreno parecia um pouco chocado.

— Você... – voltou sua atenção para o loiro.

— Se eu sempre quis usar uma metralhadora como profissional? Sim, estava aguardando a possibilidade de me deixarem atirar. – deu as costas aos dois, indo em direção ao rifle.

Lucy sorriu enquanto encarava Gray e o moreno fez um sinal negativo com a cabeça. – Isso é um rifle Sting, um rifle de precisão. – avisou.

— Venha me ensinar de uma vez, Blondie, não quero corpo mole. – foi a resposta que teve e era o suficiente.

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Na cidade em que moravam existia apenas uma escola realmente. Era uma franquia de uma das melhores escolas particulares do país, mas ali nenhum aluno pagava, cortesia da Layla Heartfilia que ainda viva quis garantir bom estudo para todos. Logo, grande parte dos estudantes usavam a instituição, aos poucos que não sobravam vagas, como no caso de Sting, restava a velha escolha estadual. O fato era que o colégio financiado pelos Heartfilia possuía uma infraestrutura gigantesca. Tanto física quanto tecnológica.

A escola possuía uma rede social apenas para estudos, medalhas e informações sobre a vida acadêmica, de certa forma esse sistema era tão grande e com um leiaute tão inovador que atraia até mesmo os alunos antigos ou que não haviam comparecido na instituição. Ali todas as notas eram divulgas para qualquer um, as notificações além do padrão também notificavam deveres, trabalhos e eventos acadêmicos. As notas não eram apreciadas pelos alunos, o que fazia com que Lucy e Levy não fossem populares, mas prêmios em algum esporte eram considerados e alunos faziam até mesmo matérias sobre os destaques. Como não era permitida nenhuma reportagem sobre celebridades que não fossem trazer algo considerado relevante, os atletas se tornavam as celebridades e o que faziam, os prêmios que ganhavam e as festas que iam, rendiam matérias.  

Lucy fazia parte desta rede social e por isso sempre teve facilidade em acompanhar o que Natsu e seu grupo fazia, como grande parte da população feminina, a loira era uma stalker. Possuía todas as matérias e todas as fotos de Natsu que haviam surgido.

Mas naquele momento não era nisso que estavam concentrava em seu notebook. Enquanto Sting tomava banho e Gray já havia ido dormir, ela tinha tido a ideia de observar algumas fotos do rosado para matar a saudade. Iria ficar alguns dias sem o ver e imaginava que após quase dois meses na presença constante do mesmo, isso seria difícil.

Só então havia notado o quanto esse pensamento era cruel com Sting, principalmente porque seu descanso de tela era uma montagem de várias fotos de Natsu. Por isso, agora, estava fazendo uma montagem com as poucas fotos que tinha salvado no notebook onde Sting aparecia.

  A escala de importância do seu descanso de tela na situação de um possível fim do mundo, era zero. A escala de importância do seu descanso de tela na situação de sua mente e a culpa que sentia que ainda pensar em Natsu, era total.

Ficaria por horas ali, mas se conteve antes de terminar, o som que veio de seu banheiro parecia indicar perigo. No susto se ergueu e correu naquela direção.

— O que ocorreu? – parou na porta e então ficou surpresa com a cena a sua frente, deitado na banheira quase se afogando com apenas as pernas, braços e quase nada da cabeça para fora, Sting parecia com problemas.

— Queria experimentar uma banheira de hidromassagem. – ele ergueu a mão indicando precisar de ajuda. Lucy correu até ele e colocou as mãos na água o puxando, o puxando apenas por alguns segundos. – Porra Blondie! – reclamou quando ela o soltou fazendo afundar mais ainda.

— Você está sem roupa. – foi impossível não arregalar os olhos.

— É costume da sua família tomar banho de roupas? – os olhos estavam projetados e por pouco ele não colocava a bota improvisada na água.

— Não. – resmungou e com o rosto queimando, se aproximou do loiro e o ajudou a ficar melhor na banheira. – Colocou muita água e muitos sais. – isso era obvio, a quantidade de espuma fazia com que o parecesse que ele estava dentro de uma maquina de lavar roupa e não uma banheira de luxo.

— Gosto de ostentar fartura. – respondeu simplesmente com um sorriso convencido no rosto. Lucy encarou o peito desnudo de Sting onde o seu nome surgia de forma bem desenhada. – Não vai sair mesmo, vai? – ele questionou seguindo o olhar dela.

— Duvido muito. – se afastou um pouco ficando próximo ao quadril dele. – Já não falei que essas canetas são bem especificas? – era verdade, quando Gray entrou no quarto de Lucy atrás de uma caneta para fazerem um “diário de treino” e achou a preta e dourada, ela havia alertado, era um tipo raro e caro, próprio para desenho, na pele demorava no mínimo quinze dias para começar a sair, ela sempre tinha as mãos sujas por semanas quando a usava. Estava os alertando, mas teve efeito contrário, eles quiseram fazer “tatuagens”. A de Sting consistia na palavra Blondie no peito e algumas caveiras. A dela em uma caveira na coxa, queria em outro lugar, mas a tatuadora, e única com capacidades artísticas, era ela no fim e Lucy não conseguia desenhar em qualquer parte do corpo.

O fato foi que fez uma caveira e usou uma segunda caneta, uma que não era preta e sim azul, mas não durava tanto, para desenhar os olhos. De certa forma representava Sting, embora não tão evidenciado quanto o Blondie dele.

— Ei, o que está fazendo se aproveitando de mim? – ele questionou parcialmente assustado quando a mesma colocou a mão na água encostando sem querer na coxa dele.

— Ti... Tirando um pouco desta água. – respondeu simplesmente.

— Hm. – havia desconfiança em seu tom. – Aqui é bem grande, você podia entrar também, não? – ela não foi pega de surpresa com o convite.

— Já te falei, não é costume da minha família tomar banho de roupas. – tentou não demonstrar o desconforto que sentiu com as mãos dentro da banheira onde um Sting nu se encontrava.  

— Não seja tímida. – com um movimento rápido, usando os braços e as pernas o loiro a puxou.

Não foi divertido ou animado como ela poderia imaginar a cena na sua imaginação de leitora. Não. Foi molhado, ela engoliu agua cheia de espuma, teve os olhos irritados pelos sais, bateu os joelhos na borda da banheira e o pior, as mãos tocaram em partes de Sting.

Tocaram em partes que ela nunca havia tocado antes.

— Socorro! – se ergueu enquanto procurava por ar e se manter longe do que havia tocado. Sting entre gargalhadas dizia algo, mas Lucy, como quem acaba de sair de uma piscina após se afogar, não teria ideia do que era. – Eu vou te matar, eu definitivamente vou te matar. – o encarou com ódio.

— Okay, mas cuidado com a bota, não queremos a molhar, queremos Blondie? – o descaso dele era irritante.

— Blondie é seu rabo! – se manteve o mais distante dele possível. Não era fácil, sua banheira era para dois lugares, mas não dois lugares distantes e ele ocupava muito espaço com a perna erguida para fora.

— Ow, calma aí! – ergueu as mãos na defensiva. Os olhos dela, contudo não ficaram nas mãos dele e sim seguiram o torso até onde a água tapava, não se via muito, mas ela era leitora, sua imaginação sempre foi independente.  – Algum problema Blondie? – parecia curioso, mas na verdade estava malicioso.

— Não, só essa movimentação da água. – moveu as mãos tirando os pensamentos da cabeça. – É irritante.

— Sim, vejo que está muito irritada. – concordou a fazendo rodar os olhos.

— Claro que sim, não vê que por sua culpa estou toda molhada? – tentou parecer mais brava do que estava.

— É bom saber que a deixei molhada. – geralmente Lucy teria dificuldade para notar a dualidade de uma frase, mas pegou facilmente.

— Cale a boca. – os pé descalços dela tocaram nele e então ela se encolheu com o corpo palpitando e a face queimando. Sting só sorria. – Me jogando na banheira com roupa e tudo. – decidiu, iria sair dali e recuperar sua capacidade mental.

— Se o problema é a roupa, pode tirar. – ela não o encarou para ver o sorriso coringa que os lábios dele possuíam. Também não respondeu nada, tudo o que dissesse seria usado contra si da pior forma possível. Apoiou-se nas laterais enquanto se erguia, conseguia ver que o banheiro estava molhado, com certeza a água havia ido para todos os lados quando ela caiu. – Poxa, Blondie, não vai. – o loiro estava parcialmente mais serio agora.

— Não me chame de Blondie. – foi tudo o que respondeu tentando sair, mas Sting segurou seu pulso.

— É serio Lucy. – e os olhos dele estavam sérios também. – Eu te puxei porque quero ficar com você, pode ficar lá do outro lado, não tem problema. – era uma sugestão amigável, mas a expressão seria em Sting o dava tanta força que fazia com que o mesmo parecesse está dando uma ordem.

Suspirou e decidiu ficar, mas não no local que ele indicou. Sentou sobre as próprias pernas e o encarou.

— Não precisava ter me puxado. – murmurou apenas.

— Foi divertido e namorados não fazem coisas assim? – questionou simplesmente encarando o teto.

— Algum problema com isso? – talvez fosse a sua insegurança com o namoro que a fizesse ver problema em tudo. – Com o namoro. – completou.

— Não com você Blondie, não com você. – afirmou sorrindo de canto. – Mas me esperar te pedir em namoro seria bem interessante, sabe? – havia provocação, mas Lucy conseguia diferenciar o que era provocação pura e o que era verdade disfarçada, essa era uma verdade disfarçada.

— Preza em detalhes como pedido? – questionou fazendo pouco caso, não sabia lidar direito com isso, era uma rejeição?

— Prezo com isso. – ergueu as mãos até a cabeça. – Você estava sempre fixada no Natsu, certo? – qual o sentido da mudança de assunto? Ela não entendia, preferiu por isso nada demonstrar. – Não, foi antes disso, desculpe falar dele agora. – abanou a cabeça. – Ocorreu um escândalo quando descobriram que o líder da igreja possuía uma família acoplada há anos, uma beata tão bonita que ele não havia resistido e teve um filho com ela. – os olhos azuis pareciam laminas de gelo e Lucy poderia tremer de frio, mesmo na água quente. – Claro, que ao ser desmascarado não iria escolher a segunda família, ele simplesmente se mudou sem deixar nenhum telefone para trás deixando uma dona de casa sem instrução, muito amor inútil e um filho sem pai. Ela não conseguia cuidar de si própria, muito menos com um filho de quatro anos, ninguém de sua família tradicional a apoiaria. Eu me lembro das barrigas roncando, era alto e o estomago começa a doer, como se estivesse se remoendo, depois de certo nível de fome, mas não é disso que vou falar agora. – deu um sorriso, como se isso amenizasse seus olhos duros.

“A casta dona de casa foi destruída naquele dia, mas seguiu em frente, não por ela, amava seu filho. Ela também confiava que conseguiria sair dessa, o amor e Jesus a ajudariam, conseguiu um emprego precário onde não recebia o suficiente e ainda era humilhada diariamente e um novo homem. Era tão bonita, como não conseguiria? Um novo namorado, mas não deu certo porque ela já tinha um filho, não tinha nada a oferecer e ainda era “A Amante”, todos a conheciam, sabia que a mulher não valia nada. Deveria ser amor, ela entregou tudo o que tinha novamente, mas ele simplesmente a deu as costas. Tinha uma mulher sem fama, mais instruída, ele só queria a beleza dela. Ela foi idiota de acreditar que era mais que isso. Não era culpa dele ela ser idiota, era? Então ela chorou, por dias. As barrigas ainda faziam tanto barulho e doíam tanto. Mas ela ainda acreditava, conseguiu um novo namorado, esse daria certo, ela não desistiu de ser honesta e se entregar de verdade. Só que bem, ela também foi abandonada por esse. E ela conseguiu outro e foi abandonada novamente, e começou a beber porque a vida era ruim demais e acreditar no amor a fazia sofrer, amar a fazia sofrer, mas ela não conseguia parar. O melhor da vida é amar e se entregar, não? E conseguiu outro e o perdeu, e começou a fumar e o dinheiro não dava para beber, fumar e comer, não dava nem para comer. Então, em algum momento, ela desistiu do amor, quem não desistiria na situação dela? Vista como a amante e agora a vagabunda bêbada, amar acabou com aquela mãe. E toda criança merece uma mãe, toda criança quer ver a mãe feliz e não ser destruída, o amor, destruiu aquela criança. – desviou os olhos para o restante do banheiro. – Então ela usou o que atraia todos, sua beleza. Dá pra ganhar dinheiro com isso e muito, mas é um mercado perigoso e você pode se afundar nele. Não sei o motivo de ter entrado, pela comida, pelas drogas ou pelo filho. Diz que pelo amor que sentia pelo filho. No fim não importa. Ela tinha tanto dinheiro, viajou para tantos lugares, foi amante de tantos.

‘Ela... Ela se perdeu completamente no caminho e o filho ficou vendo tudo e isso o deixou tão irritado com relacionamentos. – encarou Lucy enquanto falava. – Porque ela era tão boa antes daqueles idiotas a machucarem, ela poderia ter tido tanto se não amasse o filho, era só o deixar que ela conseguiria tudo, mas ela simplesmente escolheu isso. Escolheu sempre amar. O filho, os homens, as pessoas que... – olhou para o teto por alguns instantes. Lucy soube, ele não falaria mais da mulher. – É tão assustador ser ela e não eles, não? Porque amar como ela... Amar como ele é ser destruído, implorar pra ser destruído, todos os namorados, os que foram amados, eles continuaram sua vida, constituíram família, seguiram em frente e foram felizes. – ela poderia dizer que ele estava com os olhos cheios de água, a raiva que demonstrava contudo era o que mais se destacava. – Não é justo o que a vida fez com aquela mulher, o amor é uma roleta russa onde só quem ama fica com a cabeça em frente ao cano da arma.

— Sting... – murmurou, ela chorava.

— Não chore, isso ocorreu com meu vizinho, só vi de longe e acabei ficando um pouco tocado também. – sorriu, uma gargalhada alta como quem pergunta qual o sentido das lágrimas dela, como quem não entende e acha besteira. – Não estou dizendo que é ruim namorarmos Blondie, só que, pelo exemplo desta minha vizinha, que o amor machuca demais e a gente tem que tomar cuidado e... – parou de falar. – Esquece isso, só entenda que essa vizinha me marcou, acho que posso estar engatinhando. – com medo, era a forma que Lucy definiria o, agora novamente sorridente, Sting.

— Eu deveria pedir desculpa?  - questionou incerta o fazendo sorrir largamente.

— Por muita coisa que não sabe. – confirmou a fazendo sorrir.

— Então, mesmo não sabendo que pecado cometi. – se aproximou, mesmo que estivesse incerta pela situação de nudez de Sting. – Desculpe. – sussurrou o beijando suavemente, quase um selinho, um pouco menos e seria.

— Deveria pedir desculpa por isso também. – respondeu sorrindo. Ela sabia, qualquer demonstração sobre a história contada, seria motivo para deboche da parte de Sting.

Não ocorreram mais palavras. Ele apenas a beijou novamente e as mãos dela contornaram o seu pescoço  enquanto colava os corpos, estava de calça e blusa, não sentiria a nudez de Sting e enquanto o beijava, completamente envolvida e embriagada, não pensaria nisso. Não pensaria na história, em nada. Era fácil o fazer, o contato físico possuía tanto poder. Para piorar a situação Sting movia suas mãos de forma no mínimo estratégica.  Rodeando a cintura firmemente e subindo a mão pela blusa até que pudesse passear livremente pelas costas delicadas da loira.

Foi com essa mão que retirou a regatinha que ela vestia. Ela não conseguiu se prender neste detalhe por mais do que um segundo, então se jogou novamente nos braços dele. Ofegante, sedenta por mais, com uma sensação de calor e desejo que por muito tempo achou conhecer, mas descobriu naquele momento, era completamente nova.

Mas muitas coisas eram novas ali e quando a mão de Sting foi direta lhe acariciando o seio por cima do bustiê amarelo e confortável, as novidades começaram a ficar assustadoras.

— Espera ai. – pediu afastando a mão de si. – Melhor ir com... Com... Com calma. – a voz não estava bem, não apenas pela falta de ar, mas também o nervosismo pela situação.

— Algum problema com isso? – colocou a mão perto do peito dela e vez o movimento de apalpar.

— Novidades demais. – bateu na mão dele o fazendo sorrir.

— Ok, é virgem e não está pronta. – deduziu e concluiu, não parecia muito surpreso.

— Não é questão de estar pronta. – estava pronta? Sabia que sentia vontade, mas estava pronta? – Só estou com medo. – comprimiu os dedos do pé.

— Se esse é o caso. – estendeu a mão até ela. – Segura minha mão e qualquer coisa, quando tiver medo, aperta firme. – sorriu de forma simples e bonita.

— Isso parece um conselho dado à criança. – resmungou pegando na mão dele.

— Crianças também têm medo. – se fez de ultrajado a fazendo sorrir. – Embora, isso não seja um assunto para criança. – completou abaixando a mão dela até que estivesse dentro d’água.

Foram precisos alguns segundos para que ela entendesse qual seria a direção dele. Arregalou os olhos o que o fez parar o movimento, atento a qualquer sinal negativo que ela demonstrasse, com o rosto em brasa ela fez um sinal positivo. Poderia continuar, normalmente falaria, mas bem, Lucy não conseguiria formar uma palavra no momento.

Tencionou-se ao máximo quando sentiu sua mão tocar a coxa de Sting. Uma mistura de medo e ansiedade se apoderou dela e então, quando mais a sensação a deixava tremula, mais medo e animação ela sentia, mais apertava a mão do loiro. Não era o que ele havia dito? Para apertar a mão dele.

— Não, levar sua mão pra essa parte não é uma boa ideia! – ele tinha os olhos levemente arregalados quando ergueu a mão de Lucy em um movimento rápido.

— Não! – agora ela queria.

— Vamos esperar o medo passar e você parar de apertar coisas, que ideia a minha também essa de apertar a mão. – resmungou a fazendo rir.

— Sting. – iria argumentar, mas a imagem lhe passou pela cabeça e tudo que ela fez foi se mexer um pouco o corpo, não conseguindo se adaptar muito bem as novas sensação que estava tendo dentro da banheira. Ao se mexer acabou usando de apoio a perna erguida de Sting.

— Porra Blondie! – ele exclamou no momento em que sua bota improvisada havia entrado na banheira.

— Aí meu Deus! – ela se movendo sem jeito só piorava a situação. – Eu vou... Eu vou pegar alguma coisa para ajudar nisso, mais toalhas para secar, é isso. – se ergueu e saiu da banheira e um pulo, escorregou e quase caiu. Sting olhava para a perna como um amante de carros que vê uma Ferrari com perda total. – Desculpe mesmo, por isso também. Eu vou... Só vou vestir minha blusa e vou... – garantiu o fazendo sorrir.

— Relaxa. – segurou o pulso dela e então a puxou. – E só uns pedaços de pano. – agora, o sorriso era infantil.

— Tudo bem, desculpa, novamente. – respirou fundo se sentando em um dos degraus. – Desta vez ao menos sei o motivo de me desculpar. – tentou descontrair o encarando.

— É! – concordou. – Mas sabe, embora você tenha que se acalmar, tente usar essa calma para pegar alguma coisa que a gente dê um jeito nisso, depois senta ai e a gente conversa, troca um papo bacana. – completou acabando com a calma de Lucy.

— É mesmo! – se ergueu em um pulo e correu na direção da porta, onde estavam as toalhas mesmo?

— Ei Blondie. – a chamou quando a mesma estava na porta.

— Não me chama de Blondie, tenho que achar algo para você. – parou na no batente.

— Eu gosto de você. – era inesperada e surpreendente a fala dele. – É por isso que tem que me pedir desculpa, por me fazer gostar de você. – ele estava serio o que deixava as palavras mais fortes do que seriam normalmente. – Muitas desculpas, porque, Deus, eu realmente gosto de você, Lucy! – completou com sinceridade.

E Lucy sabia que ele estava sendo sincero, sabia, porque a camada de sinceridade na voz era alta, quase tão alta quanto a aversão pelo sentimento.

Sting odiava o que sentia. Definitivamente odiava o fato de gostar dela.

E a diferença entre “não gostar” e “não querer gostar” quando a segunda tinha tal profundidade, bom, era apenas uma palavra.


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Notas finais do capítulo

E então? Não teve nenhuma morte e nada assim e embora possa ser meio parado, alguns serão e depois vão querer que tivessem continuado, achei ele realmente importante. Primeiro para mostrar mais do Gray com a Lucy, porque ele é o amigo que ainda não me apresentaram, mas não será justo que eu não tenha na vida. Depois, para explicar a vida do Sting, foi tenso e claro, mais detalhes serão revelados para frente, não é só isso que aconteceu em seu passado, mas é o mais importante para o relacionamento no momento.

Algo no passado pode tirar a culpa de alguém no presente? Claro que não, mas é como eu sempre digo, gosto que mesmo que não concorde com o personagem, entenda o motivo do que ele fez. Concordar ou não, vai de cada um, maaas... Cenas dos próximos capítulos.

Por fim, introduzi um pouco do meu "hentai". Não teve nada demais, mas dada a relação deles e o momento, a forma que o Sting trata a Lucy, não conseguir deixar algo mais sujo ou pesado, infelizmente o relacionamento deles não é. Então para quem gosta, vou tentar colocar isso em outros momentos. Só me atrevi no detalhamento de uma cena assim, logo mais...

Por fim, só posso dizer algo para a Lucy, depois não venha dizer que você não sabia no buraco que estava se jogando de cabeça. Não mesmo.

Espero que gostem e aguardo a opinião de vocês sobre o capítulo como um todo. Muito obrigado e FELIZ NATAL!!