Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 31
Capitulo Vinte e Cinco


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas *-*
Demorei? Sim, sei que sim. Acabei tendo uma serie de problemas e me atrasei. Até porque esse capítulo foi o mais difícil até hoje, são confrontos e desesperos e problemas de enlouquecer alguém e eu fiquei entre o texto confuso e o texto implorando para que vocês compreendam o que cada um passou.

Ainda assim, suspeito que vão gostar bastante.

Bom, vamos ao capítulo e n os vemos lá embaixo.



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— Acha que podemos pegar mais roupas do pai da Lucy? – Gajeel, quem estava com um pijama simples e elegante, questionou enquanto bebia de seu café. – Quero só ver a cara do meu irmão me vendo chegar com alguma roupa deste tipo. – pegou no pijama. – Ou com um dos carros que eles têm aqui, cara vai ser hilário! – Lily, seu irmão mais novo e facilmente impressionável, iria enlouquecer com toda a certeza.

— Será que eles têm uma Ferrari? – Sting parecia animado.

— Vocês dois, fiquem quietos e controlem os ânimos. – Erza mandou seria, agora trabalhava arduamente na cafeteira atrás de mais um pouco de capuchino. Sem a dona da casa, mexer no aparelho era bem mais difícil, mas ela não desistiria. Não mesmo. – A Lucy acabou de perder alguém importante, respeitem. – não era só isso, a ruiva também não conseguia deixar de esquecer o que a amiga havia contado. Sentia certo repudio por todo o dinheiro que aquela família possuía. Certo repudio pela possível Ferrari, qual o preço a amiga pagava para ter um carro tão luxuoso na garagem?

— Er... – Sting arregalou os olhos como se estivesse se lembrando de algo e então tomou uma expressão firme. – Certo! A Blondie merece mais consideração, não quero ninguém aqui parecendo feliz a não ser que seja extremamente necessário. – avisou, como se ele não fosse o mais animado de todos com a possibilidade de conseguir um carro esportivo de luxo.

— A Lucy é o tipo que fica feliz com a felicidade dos outros. – Gray afirmou apenas, como se isso fosse algo tão simples e obvio que  ele nem se se dava ao trabalho de colocar entonação na voz. – Só mantenham o mínimo de respeito. – pediu bebendo seu café.

— Assumiu o irmão mais velho mesmo. – Gajeel comentou sorrindo.

— Vai ser ótimo para a Lucy e para você também, precisam um do outro. – a ruiva tinha um sorriso doce nos lábios. – Ela vai precisar do nosso apoio agora que a família dela pode estar destruída. – completou se lembrando que a mesma havia dito que só tinha Virgo como família e dois amigos. Não considerava o pai da amiga, um pai não vende a filha.  Para Erza, Lucy era órfã.

— Sabemos disso Erza. – Natsu falou. Ele se mantinha calado e quieto, estranhamente calado e quieto desde o dia anterior. Agora nem mesmo comia. Qualquer ódio que sentia pela família havia crescido. Se antes considerava que um Heartfilia a pior coisa que existia na face da terra, agora ele tinha certeza.

Nenhum prestava.

Menos Lucy, porque Lucy era como o restante das pessoas que existiam em volta da família. Uma vitima como todos os outros, certo?

Lucy era...

— O que é isso? – Erza tinha os olhos arregalados olhando em volta. O som de uma pequena explosão e então outro. Dois sons. Duas explosões. Dois tiros.

— Isso veio do quarto da Lucy. – a preocupação de Sting veio um segundo antes dele sair correndo para o segundo andar.

Natsu e os demais correram atrás. Não precisaram pensar sobre qual a porta do quarto da loira. Sting parecia saber e foi direto, além disso, era o único cômodo que estava completamente aberto. E foi por isso que todos conseguiram ver Lucy de pé e com uma arma na mão. Um revolver prata apontado na direção deles e os olhos dela, não eram olhos de alguém que não iria atirar. Não eram olhos de uma doce e inocente garota.

— Saiam do quarto. – a loira mandou com a voz mecânica, não chorava ou parecia prestes a chorar. – Isso é assunto de um Heartfilia. – completou voltando os olhos para a sua frente onde dependurado pelo pescoço em uma corda, a versão morta de Jude Heartfilia tentava alcançar a filha.  

— Lucy, você... – era Erza quem entrava no quarto, devagar.

— Eu disse para saírem daqui! – ordenou com os olhos presos em Jude que não parava de se mover, queria alcança-la de todas as formas. – Peguem os carros e me deixem em paz. Vão embora! – ordenou dura.

— Lucy, não vamos te... – a fala foi interrompida pelo som de tiro que a loira havia efetuado. Dois centímetros, foi esse o espaço que separou o projetil da cabeça de Erza. A ruiva paralisou, estava em estado de choque, já não tinha nenhuma capacidade de fala.

— Se der mais um passo eu vou te matar. – Lucy afirmou se aproximando da porta, a arma apontada para o grupo. – Vejam só! Eu sei usar uma arma e muito bem! – a expressão da loira, ela estava obviamente fora de controle. Perigosa. – Eu irei te matar, Erza Scarlet. Essa é a forma que eu conduzo as coisas. – admitiu com um sorriso parcialmente insano nos lábios. – Por favor, me deixem. – agora parecia cansada. Não havia sentido nas atitudes dela. Não havia racionalidade.

Erza fez um sinal positivo enquanto voltava sem fazer nenhum movimento brusco. Lucy a ouviu dizendo algo sobre “ficarem de olho”, mas não se importou. Logo iriam embora. Todos iriam embora. E se tentassem entrar ela faria.

Mataria cada um deles.

Quando bateu a porta na cara do grupo Lucy estava certa do que deveria fazer.

Os olhos castanhos sem brilho estavam direcionados ao pai agora. Não era difícil imaginar o que havia ocorrido. Jude tinha sido mordido e antes de se transformar resolveu cometer suicídio. Enforcou-se no quarto da filha, de frente para a única imagem que existia de Lucy em toda a mansão. A foto da família Heartfilia quando a garota ainda tinha quatro anos.

Segurou o revolver com mais firmeza e voltou para a sua posição anterior. Tremia tanto que tinha errado os dois tiros. Um acertou a parede, o outro o pescoço. Não era o suficiente para matar e Lucy tinha que matar o pai. Era a sua obrigação. Era o que quis fazer tantas e tantas vezes em sua vida. Todos aqueles pensamentos que ela jogava para fora, ela iria os realizar agora. Iria o matar, o que de forma figurada já havia feito.

Ela nunca conseguiria reviver o pai. Nunca mais o teria. Nunca seria perdoada por Jude ou ninguém. Agora já não esperava mais perdão pelo que cometeu no passado, pelo que cometeria agora.

— Eu te odeio. – murmurou segurando a pistola com as duas mãos. – Eu odeio o quanto você se magoou, a sua incapacidade de me perdoar, de me amar, o quanto ignora qualquer coisa que eu sinta, o quanto me proíbe de sentir e eu odeio o fato de nunca fui boa suficientemente para você, mesmo sendo tudo o que eu mais quis na vida. – destravou o objeto, colocou o dedo no gatilho. – Mas o que eu mais odeio é que você ainda assim continua sendo meu pai. – piscou os olhos para que a visão ficasse mais nítida. – E eu... Eu sempre vou te amar pai. – então o disparo foi certeiro.

O tiro atingiu exatamente a testa de Jude, mas quem caiu no chão foi Lucy.

— Porque eu tive que fazer isso papa? – questionou se lembrando do pai. Aquele que havia levado um tiro ao tentar a salvar, que dizia que a coisa mais importante era a felicidade dela e a sua segurança. O que morreu junto com Layla a mulher que havia levado um tiro no mesmo local. – Porque eu tive que matar meus pais? – se questionou encarando o corpo pendurado de Jude. Ainda balançava pelos movimentos que fazia antes de levar o tiro e os olhos castanhos estavam fixos nela, mesmo que cobertos por uma cor acinzentada.

Era a primeira vez que ele a encarava após a morte da mãe. Geralmente ficava de costas para a filha. Incapaz de observar seu rosto e a semelhança com o de Layla. Ele a odiava, odiou durante todo esse tempo e deixava tudo claro quando se viam. Em cada vez que quase a espancou, seja verbal ou fisicamente. Ele deixava claro, que o seu pai estava morto. Que queria que ela estivesse morta.

Mas a culpa nunca foi dele. Que culpa Jude teve na morte da mulher que amava, na destruição da família e de si próprio? Que culpa aquela família tinha? Como qualquer pai pode imaginar que seu filho será o causador de todo um inferno o qual vai viver?

Lucy bem que tentou ser diferente. Tentou se questionar o que uma Heartfilia iria fazer em cada segundo de sua vida. Ser educada, obedecer e fazer o suficiente para deixar qualquer um orgulhoso. Não saia, não bebia, tinha as melhores notas, mantinha a postura, não se portava sem ser de forma elegante e fazia com que todos ao seu redor gostassem de si. Mas a cada tentativa o pai simplesmente a odiava mais. Após conhecer o pior de Lucinda não conseguiu nunca mais deixar de o ver.

Após a morte de Layla, proibiu Lucy de usar o nome que a mãe havia lhe dado, proibiu Lucy de o chamar de pai, de ir ao enterro ou qualquer comemoração referente a mãe, de sofrer e até mesmo de chorar. Não queria um incomodo a mais do que a existência dela. Já era tão ruim saber que uma coisa como a filha existia, ser atormentado pelo choro de uma criança de nove anos maldita... Não. Não permitiria que a assassina de sua mulher sofresse pelo crime que cometeu.

Assassinos não têm direito de sofrer.

Ninguém era obrigado a encarar a sua tristeza e nem ter que conviver com ela, era o que ele havia lhe dito assim que a viu chorando pela mãe, muito menos quando se era a maldita culpada, completava com nojo. Ele e nem ninguém deveria ter que aguentar mais do que a presença nojenta da garota. Então ela deveria ser muda, quieta e agradável. Ninguém era obrigado a encarar a sua tristeza e ele deveria fazer a única coisa boa que tinha a capacidade de fazer, não deixar as pessoas ficassem cientes de sua presença.

E Lucy concordava com isso. Sorria para o pai por ele a explicar como tudo deveria ocorrer, como agir para agradá-lo. Aprendeu com Jude a não incomodar ninguém com seus problemas e a se culpar a cada segundo de sofrimento que sentia pela sua mãe. Aprendeu com o pai a dobrar a dor, porque merecia isso. E esperava, esperou por anos que o pai a desse o perdão. Ao menos um olhar mesmo que escondido de amor retornasse.

Ela só vivia por isso. Não iria aceitar morrer antes de ter seu pai com um único pingo de sua felicidade novamente. Enquanto não tivesse um único segundo de perdão não iria aceitar a morte ou sucumbi a qualquer coisa. A memoria da mãe morrendo, de Igneel saindo preso do hospital e se transformando em outra pessoa após a morte de Layla, de seu pai chorando e dizendo que a odiava. Ela aguentaria tudo pelo perdão da pessoa que mais amava. Pelo pai.

Mas o que ela esperaria agora? Seu pai, assim como a mãe, estava morto. Agora dependurado no teto de seu quarto com uma bala na cabeça. Como ela conseguiria perdão de um morto? Jude era a pessoa mais importante da vida de Lucy, uma obsessão da garota. Agora, diante do corpo do pai, ela se via no mesmo problema que tinha para fugir dele. O que faria sem o perdão do pai? Sem o perdão do pai, como iria se perdoar algum dia?

Como viveria sem os pais? Sem Virgo?

Encolheu as pernas e apoiou a cabeça sobre os joelhos enquanto puxava os cabelos com força. O que faria agora? Todos que ela amava estavam mortos e por culpa dela. E o pior era que Lucy sabia, seu pai não iria querer que ela chorasse. Ela não tinha nem mesmo esse direito.

Era tudo culpa de Lucinda Heartfilia!

Não se tem o direito de chorar por suas vitimas. Seu pai havia lhe gritado tantas vezes isso, então como ela poderia se sentir bem chorando por ele e por Virgo? A cada choro ela se sentia pior, sofria mais porque se sentia culpada por matar, culpada por sofrer. E quanto mais sofria, mais sofrimento isso causava. Era uma herança horrível que o pai havia lhe deixado.

Destrutiva.

Lucy não conseguiu especificar quanto tempo demorou para que tudo se tornasse insuportável demais. Minutos, talvez horas. Mas o momento chegou e então observou o corpo do pai pela ultima vez enquanto erguia a pistola em suas mãos e direcionava até a boca. Não teria nenhuma hesitação ou tremeria. Qualquer coisa para acabar com a dor. Com os oito anos inteiros de dor. Ela já deveria ter feito isso há mais tempo.

Só queria descansar, largar definitivamente a carga que carregou por tanto tempo. Era tão pesado.

— Mas é mesmo uma princesa mimada. – arregalou os olhos antes de sentir a arma ser retirava de sua boca com força, tanta força que machucou seus lábios e dentes. – Acha mesmo que pode simplesmente acabar com a sua vida sem se importar com a gente? – Natsu tinha os olhos cheios de raiva, mais do que em qualquer outro momento.  As mãos firmes e quente a seguraram para puxar com firmeza e então erguer o corpo. – Pois saiba que está muito enganada, eu não vou deixar!

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A água gelada acalmou a garota. Lucy nunca havia imaginado que iria entrar em sua banheira de roupa e com a água tão fria, mas havia sido obrigada por Natsu, que após jogar a arma no corredor e fechar a porta, tinha simplesmente a jogado na banheira e ligado a água. Talvez confundisse desespero profundo com embriagues ou febre e por isso tentasse dar o mesmo tratamento.

O pior é que havia funcionado!

— Não se esqueça que se você se abaixar por mais de três segundos eu te puxo de volta. – avisou quando ela estava prestes a afundar para molhar a cabeça novamente. Sabia que era verdade, o rosado já havia a puxado umas quatro vezes com medo que ela tentasse se afogar na banheira. Não parecia fazer sentido, mas ela agradecia pela atenção de certa forma. Mesmo que devido à raiva inicial ele mostrasse uma grosseria considerável.

— Onde estão os outros? – eles já estavam ali, em silencio há uma hora ou menos.

— Não sei, nos dividimos para te olhar no quarto. Não sai da porta. – ela não sabia como exatamente tudo havia ocorrido e não estava com disposição para tentar pensar no assunto.

— Entendo. – murmurou abraçando as próprias pernas, iria desistir de molhar a cabeça novamente, Natsu estava paranoico.

— Oe, Lucy. – a iniciativa de conversa partiu dele e a loira observou enquanto o garoto se sentava em um dos degraus da escada que levava até a banheira. – Eu queria te perguntar uma coisa. – parecia estar com isso na cabeça já algum tempo. – O que eu ouvi você falando com a Erza ontem, seu pai iria realmente te vender? – os olhos estavam fixos nela, negros e penetrantes demais.

— Er... Bem... – olhou para a agua a sua volta. Não estava exatamente limpa graças a sua roupa suja que vestia. – Ele não teve culpa de se tornar o que é. – sorriu sem jeito, mas ganhou de volta apenas o olhar irritado de Natsu. – Você não o conheceu antes, meu pai era uma pessoa boa. Um homem de bem. – garantiu com uma certeza que muitas vezes nem mesmo ela tinha. Existiu um dia em que o cruel Jude Heartfilia foi uma boa pessoa?

— Tudo bem. – não parecia concordar, contudo, certamente pela perda da garota, não disse mais nada.

— Você não gosta de nós. – não era uma pergunta e nem uma acusação, apenas uma frase de constatação boba e sem força. – O problema é a minha família como um todo segundo o Gajeel. – talvez nunca mais conseguissem conversar e ela teve que tocar no assunto. Tinha que saber.

— Só sei o que podem fazer com uma família. – não estava mais a encarando. – Destruíram uma. – o corpo parecia estar tenso. – Você e o seu pai, vocês destruíram a minha família. – dentes cerrados e fixos.

— Está falando do seu pai? – perguntou, mas poderia ser uma afirmação. Lucy sabia o que havia ocorrido com o homem. Jude havia destruído tudo o que Igneel tinha. Faliu a empresa, acabou com as chances de conseguir qualquer emprego na cidade, fez com a mulher fosse demitida de um bom emprego, serem quase açoitados pelo resto da população. O perseguiu por meses antes do chefe de segurança dar um basta. E não era difícil saber que Natsu era filho de Igneel, os cabelos deixavam bem claro. – Você é o filho de Igneel. – continuou quando o garoto ficou em silêncio.

— Está se referindo ao cara que você acabou com a vida ao fugir de casa e seu pai destruiu depois? – havia sarcasmo, mas a voz não era estável. – Sim Heartfilia, sou o filho do Igneel. – a encarava com os olhos cheios de magoa e tristeza.

— Ouvi dizer que ele saiu da cidade. – murmurou um pouco acuada, como ficava no inicia quando estava ao lado dele.

— Saiu ou foi expulso? – questionou quase em um rosnado, mas então respirou fundo. – Ele teve que sair, talvez você não saiba, mas seu pai fez com que ele saísse. – voz estava mais branda. Era possível ver que Natsu estava se controlando, tentando ser gentil com ela, mesmo que o assunto o desestabilizasse.

— Não foi culpa do meu pai. – apertou mais os braços em volta das pernas. Se lembrava de Igneel depois do sequestro, as palavras duras que ele havia dito e as ameaças. Jude havia sim falido o homem e o acusado, mas por fim Igneel não era apenas uma vitima. Mostrou-se quase tão asqueroso quanto Jude. Não que Lucy culpasse o chefe de segurança. Ela forçou varias pessoas a se transformarem no que não eram de fato. Nos meses após a morte de Layla todos agiram, mesmo que apenas por um dia, como monstros. – Fui eu que fiz tudo e eles precisavam de alguém para colocar a culpa. – continuou a dizer. – Alguém para culpar pelo fato de que matei minha mãe. – completou fechando os olhos com força por alguns instantes. Não queria chorar, não queria, mas chorou.

— Eu sei que você fugiu, conheço a história. – quando ela abriu os olhos conseguiu o ver a encarando diretamente e de forma branda. Quase suave. A mão quente em seu rosto deixavam geladas até as lágrimas que Natsu limpava. – Você pode se culpar por ter fugido e isso levado ao sequestro que... – suspirou sem saber o que dizer, a mão no rosto da garota parecia um carinho. – Eu fui um idiota por te culpar também, okay?! Te peço desculpa, perdão, qualquer coisa, mas depois. – não era o momento de conversarem sobre isso. – Agora vamos parar de falar sobre isso. – estava decidido. Não era um assunto para falar no momento.

— Você não está entendendo, eles precisavam de alguém para culpar pela morte da minha mãe porque eu a matei. – foi enfática retirando a mão do rosado de seu rosto e então apertando firme.

— Lucy. Não foi. – agora tentava ser duro para que ela entendesse, mas não conseguia. – Se alguém te disser o contrário, é mentira. – garantiu firme, como se não aceitasse a hipótese.

— Não. Fui eu... – puxou a mão para que afastasse dele, como se o contato a fizesse mal. – Fui eu. – murmurou e o rosado notou, Lucy estava se perdendo novamente no descontrole. – O tiro que a matou, fui eu. Eu que atirei. – as mãos subiram até a cabeça e novamente ela estava puxando os próprios cabelos. – Eu não queria, eu pensei que iria salvar todo mundo. Eu era feliz, eu só queria continuar assim. – o encarou novamente entrando em desespero, como sempre quando se lembrava. – Fui eu quem destruiu tudo. Meu pai só estava tentando abafar o caso. – abaixou a cabeça até que a testa encostasse-se aos joelhos e então bateu a cabeça com força no próprio corpo.  – O tiro. A morte. Tudo fui eu. – bateu novamente a cabeça nos joelhos. – Eu destruí a vida do meu pai. Eu o fiz ser assim. Eu destruí a sua família. Eu destruí a minha família. – o choro deixava com que a voz saísse abafada. – Natsu, eu matei a minha mãe e acabo de matar meu pai! – desabafou puxando os cabelos com mais força. Se possível se deixaria careca. Se possível bateria a sua cabeça até morrer. Não queria mais nada.

— Pare com isso garota! – Natsu segurava os braços dela com força. E tinha os olhos sérios, obscuros. – Já te falei para parar de ser mimada e tentar se matar ou machucar. – estava em partes lhe passando um sermão, as mãos segurando tão tremulas e firme nos braços fino dela que possivelmente causaria algum hematoma. Mas Lucy só notava os olhos negros quase transbordando água que a encaravam.

— E você não quer isso? – perguntou. – Sou a ultima Heartfilia, se eu morrer vai ser o fim da família que você odeia. – estava firme sobre a sua ideia, mas observar os olhos incrédulos de Natsu a desarmou por completo.

— Do que está falando? Claro que não quero isso. – fez um sinal negativo como se ela fosse louca e então soltou os braços da garota enquanto a encarava. Completamente abalado também. Uma mistura de sentimentos se apoderava dele.

— Eu consigo identificar o significado desse olhar. – abaixou os braços e deixou as lágrimas descerem livremente. Mais uma vez estava cansada, na realidade estava exausta. Depois de todas as emoções do dia anterior com a morte de Virgo, uma noite sem dormir, e a morte do seu pai. Ela já não aguentava. Lucy simplesmente não tinha mais forças. – Deve estar se lembrando, não? – apoiou a nuca na banheira e os olhos no teto, o único brilho que existia nos olhos de Lucy vinha das lágrimas. Era quase uma existência apagada. – De tudo o que aconteceu no passado, todos os problemas que passou, a perda do pai, o ódio por sua família, a dor de quem você ama e então pensando, se essa garota não existisse, era só ela não existir e todos seriam tão felizes. – fechou os olhos por alguns segundos e então o encarou. – E então, no fim você não me ignora. Como todos, Natsu, você como todos também odeia a minha existência. – voltou a fechar os olhos.

— Você esta fora de si, não irei chutar cachorro morto. Não falarei nada. – Natsu suspirou e no instante seguinte já estava de pé. Tão rápido que ela mal pode processar o que ele estava fazendo antes de começar a caminhar em direção à porta. Vou chamar alguém para ficar aqui com você. – a voz era seria, mas contida, como se ele estivesse se controlando para não dizer nada muito grosseiro ou utilizar tal tom.

Era um grande feito, porque de certa forma ela sabia que Natsu possivelmente queria a matar.

— Não. – murmurou o observando se afastar, então saiu da banheira. Tão rápido quanto poderia, parecia que o desespero a ajudava. E ajudava. Ajudou o suficiente para que ela conseguisse alcançar a mão do garoto e segurar. – Não vai. – pediu sem folego, como quem faz um grande esforço.  Não o encarou, não o fez nem mesmo quando sentiu os olhos dele colados em si. – Eu posso não merecer, posso ser ruim e mesmo que você me odeie. Não me deixa! – implorou, se normalmente sentiria vergonha, agora não existia isso. Não existia nada além da dor e do desespero. – Quando eu era menor, quando tudo desabou, foi você e suas brincadeiras, foi você quem conseguiu me fazer rir e me salvou mesmo que sem querer. Então, por favor, eu não me importo se for por pena, por favor, não me deixa aqui sozinha. Eu não quero, eu não posso ficar sozinha. – o desespero já tomava conta de si e o choro saia mais alto, em soluços.

Em algum momento ela o abraçou. O movimento mais impensado que poderia fazer. Mas precisava do abraço e pensar racionalmente já não funcionava desde que encontrou o pai pendurado. Nada que fizesse era pensado ou estudado. Nem sabia como conseguia se manter de pé. O calor do corpo do rosado era uma das poucas coisas que ela conseguia identificar e quando os braços dele a contornaram, Lucy também sentiu.

— Eu sei. – os lábios dele estavam próximos aos seus ouvidos, a voz era de confidencia. Gentil e delicada. – Pra você sorrir. – murmurou e após um longo suspiro apertou os braços ao redor dela, de forma que a loira se sentisse protegida. Segura. – As brincadeiras, as traquinagens, tudo... Eu só fazia porque sabia que você gostava... Só pra você sorrir. – completou beijando a cabeça da garota. Lucy apenas fez um sinal positivo enquanto deixava com que o choro banhasse o pijama do pai, mas que era vestido por alguém bem mais acolhedor.   


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Notas finais do capítulo

E então? Bem tenso em? Mais um pouco do passado de Natsu e desta vez ele revelando e tal. Para os amantes de Nalu esse é um capítulo em fim importante XD Só não fiquem feliz. Não gosto de felicidade assim MUAHAHAHAHA²



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