Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 28
Capitulo XXIII


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Sei que talvez queiram me matar, mas sabe como é, a gente atrasa vez ou outra. Eu voltei a postar minha outra fic "Despertar" e então acabei que atrasei um pouco aqui. Peço desculpas.

Mas me desculparei postando bem rapidamente os próximos, sim, postarei hoje e assim que terminar minhas provas (25/11) eu irei postar o próximo. Espero que dê para recuperar tudo.

Sobre esse capítulo, ele é pequeno, mas gosto muito dele. Fazia parte do próximo, só que ele meio que ficou muito grande, então tive que dividir. Algumas partes eu tentei ajeitar diversas vezes, então se ficou estranho devido a essas alterações, não tenham medo de falar.

Revisei muito, serio, revisei mesmo, mas como sempre alterava, a possibilidade de existir algum erro é ENORME então, por favor, se acharem, avisem XD

Espero que gostem.



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Virgo era uma mulher de vinte e nove anos. Isso. Não era tão mais velha do que Lucy, pouco mais do que dez anos. Ainda assim agia como uma mãe e por isso era vista como uma. De parecidas não tinham nada. Os olhos azuis e cabelos róseos da empregada eram únicos; sua história de vida, vinda de uma família pobre e do interior e; nem mesmo sua visão do mundo, Lucy vivia em busca de perdão e Virgo da felicidade, a felicidade de Lucy.

Eram as duas juntas, uma a família da outra e se orgulhavam de terem conseguido essa relação. Era exatamente por isso que doía tanto, por isso que era tão arrasador. Lucy estava perdendo a mãe, pela segunda vez na vida.

– Calma. – era Gajeel quem a segurava pela cintura antes que a loira chegasse de fato no corpo de Virgo. O corpo caído e dividido, a perna estava distante dela possuía uma obvia mordida e o sangue que saiu ao separar o membro estava em todo o quarto. Mais que isso, Lucy não conseguia identificar.

– Lucy, tenta ao menos respirar, por favor. – Gray surgindo na frente da garota. Os olhos arregalados e os braços foram para os ombros dela. Não que fosse o suficiente. Tudo que a garota fazia era gritar. Não notava nada.

– Tirem ela daí. – Erza mandou e então o corpo pequeno de Lucy estava sendo retirado do chão e levado do quarto. Afastado de Virgo. Isso, diferente do restante, Lucy notou.

Se aproveitando que Gajeel não esperaria muito mais do que os gritos que ela já vinha dando, Lucy simplesmente se moveu com rapidez e então após chutar as partes baixas do lutador, conseguiu se desvencilhar dele e correr na direção do corpo da mulher. Virgo não poderia estar morta. Ela não faria isso. Virgo jamais a deixaria para trás. Era a sua mãe. Precisava ficar. Ficaria.

Jogou o corpo sobre o da mulher, não se importando que o mesmo já começasse a entrar no estado de putrefação. Porque para Lucy, Virgo não estaria morta e se não estava morta, obviamente não tinha como começar a apodrecer e se desfazer. Era tudo mentira. Ela só tinha que ficar perto da mulher que logo ela se cansava e parava com a brincadeira.

– Acorda. – mandou batendo a mão contra o corpo da mulher. – Virgo, acorda. – mandou novamente e então sentiu o corpo ser erguido, desta vez não foi Gajeel, mas sim Sting. – Me solta! – quando estavam esperando que ela reagisse, qualquer um ali tinha mais força do que ela, não era fácil se soltar.

– Calma Lucy, eu sei que está sofrendo pela sua empregada que morreu, mas você tem que se acalmar! – Erza tentou segurar o rosto da loira, mas tudo o que recebeu foi um chute no ombro, quase no rosto, e deu alguns passos para trás.

– Cale a boca! – gritou. – Você não sabe de nada! – os dentes estavam cerrados enquanto encarava o corpo da empregada. Por que Virgo faria algo assim? Por que Virgo morreria também? Virgo sabia que Lucy não poderia perder ninguém. – Ela era como... Ela... – a voz morreu enquanto o choro vinha forte o suficiente para impedi-la de falar. – Meu Deus! – ergueu a mão ate a boca e então Sting não estava mais a segurando e sim carregando. Lucy não conseguia ficar de pé sozinha. – A Virgo está morta. – olhou na direção de Erza que apenas a encarava com os olhos cheios de lágrimas. Não conhecia a empregada, mas não tinha como deixar de se comover com o desespero de Lucy. Era uma dor tão grande que assustava. – Morta. – murmurou para si mesma enquanto soluçava. – Ela morreu. – os olhos fixos no corpo da mulher fazia com que as lagrimas saíssem sem que ela piscasse. Agora mal movia o rosto. Apenas encarava tudo, em estado de choque.

Virgo estava morta. Morta. A palavra se repetia na cabeça da loira e então era como se todos os momentos felizes ganhassem uma coloração nova. Transparente, irreal. Não eram memorias e nem sonhos. Pareciam ilusões prestes a se desfazer, a única coisa que salvaria as memorias era ter Virgo novamente. Virgo e não aquele corpo. Aquilo era um corpo que não sorria e não fazia mais nada. Não era Virgo. A mulher estava morta. Morta. Novamente a palavra se repetia em sua mente.

Virgo estava morta. Morta. Pra sempre. Estava morta. Virgo estava morta. O que Lucy poderia fazer? Virgo estava morta. Estava a esperando e agora estava morta. Lucy não a veria. Virgo estava morta. Virgo não voltaria. Aquele corpo já começando a desfazer indicava algo claro. Virgo estava morta. Morta. Morta. Virgo não poderia ter morrido, mas estava morta. Não se ergueria e não a abraçaria novamente. Morta. Estava morta e mortos são apenas isso. Mortos. E Virgo era definitivamente uma pessoa morta. A rosada estava...

– Lucy, respira. – Gray mandou novamente, surgindo na frente do corpo da mulher, tapando a visão de Lucy. – Respira, Lucy! – a balançou firme. Parecia algo sem sentido, mas quando ela se esforçou para o fazer notou que havia parado e estava ofegante, quase sufocada.

– Ela está morta. – repetiu e ele fez um sinal positivo apenas. – Gray, ela está morta. A Virgo era como minha mãe e agora... – o encarou e mais uma vez ele confirmou com a cabeça o fato antes de se aproximar dela e passar os braços em volta de seu corpo. – Ela está morta Gray. – o abraçou firme fazendo o mesmo gemer de dor.

– Eu sei. – foi a resposta dele. – Calma, vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você, vamos lá, respira. – murmurou enquanto a loira molhava sua blusa com as lagrimas. – Pode chorar Lucy, pode chorar. – a mão acariciava os cabelos dela. – Eu vou ficar aqui e te esperar, não vou te abandonar. Não se preocupe, pode chorar.

Foi preciso muito tempo para que a loira se acalmasse. Não que ela tenha parado de chorar, mas o choro se tornou contido o suficiente para que a preocupação de todos se tornassem um pouco mais branda. Não era nem mais preciso a lembrar de respirar. Agora ela fazia isso sozinha. Um grande avanço.

– Vou leva-la para outro lugar. – Gray decretou depois de encarar o resto do grupo, todos estavam ali, mesmo que ninguém soubesse o que fazer exatamente. – Vamos. – suspirou erguendo a loira.

– Seu braço aguenta? – Sting parecia preocupado, não com Gray, mas sim com a possibilidade da loira cair no chão.

– Acho que sim. – fez um sinal positivo.

– Ela... Ela está dormindo? – Natsu questionou se aproximando e encarando a loira. Chegava a ser chocante a gentileza que aquele olhar tinha.

– Não, mas duvido que esteja consciente. – afirmou passando por ele. Não poderia se dar ao luxo de demorar muito, não com o braço tão dolorido ferido e Lucy em um estado debilitado. Gray protegeria e ajudaria Lucy. Ela havia estado lá por ele antes, agora ele estaria ali por ela, pra sempre.

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– Vejo que consegue se arrumar muito bem. – a mulher dizia com um rosto inexpressivo. Os olhos eram tão azuis que poderiam ser considerados anormais e os cabelos curtos e rosas eram tão lisos e brilhantes. – Deixe que eu me apresente. Sou Virgo e serei a sua acompanhante a partir de hoje. – afirmou, mas Lucy apenas observou e analisou seriamente a figura a sua frente, a mulher vestia uniforme de empregada perfeitamente alinhado e tinha uma estatura mediana, não muito mais do que vinte anos. Não parecia que lhe faltava instrução. Os olhos eram inteligentes e ambiciosos. Quem era realmente Virgo e o que ela queria ali? – Sei o seu nome, mas gostaria de se apresentar para mim? – questionou se abaixando até chegar ao mesmo nível da loira e então sorriu para a garotinha de apenas nove anos.

– Meu nome é Lucy Heartfilia, é um prazer conhece-la. – a resposta veio mecânica e educada. Extremamente formal. – Espero que nossa experiência juntas possa ser agradável, benéfica e produtiva para ambas. – ergueu a mão pequena na direção da mulher que apenas sorriu.

– Oh! – fez uma expressão surpresa e então apertou a pequena mão que era oferecida a sua frente. Uma mão tão pequena, mas tão firme e tensa. – Estou diante de uma pequena executiva? – questionou a encarando como se estivesse diante de uma caricatura fofa.

– Não, ela é apenas uma Heartfilia. – Jude estava descendo as escadas da mansão. – Pela primeira vez na vida essa criança parece notar o que deveria fazer, não faça nada para que ela pense que pode fazer outra coisa. – avisou. – Quero que preste atenção nela e garanta que continuará cumprindo as tarefas, não quero saber de descanso ou desculpas. – arrumava o paletó.

– Sim senhor! – estava se erguendo, mas os olhos presos na menina.

– Vou para a missa de sétimo dia da minha amada Layla, garanta que essa criança faça as aulas com atenção e, principalmente, que esteja longe da minha vista quando eu retornar, de preferência não mais desperta. – os olhos do homem pareciam duas pedras de gelo.

– Sim, mas... Senhor, ela não comparecerá? Layla era sua mãe, certo? – não via nenhum sentindo nisso.

– Não Layla não era sua mãe e não, ela não vai. – a resposta saiu tão fria quanto os olhos do homem.

– Mas Senhor, esse momento é...

– Sua opinião não foi solicitada. – os olhos dele continuavam colados na empregada, nunca na criança. – E não se esqueça, nunca mais diga que Layla ou eu temos algum parentesco com essa... – engoliu seco com o mais puro escarnio, apenas o seu renome o impedia de completar com a palavra que queria. – Com essa criança. – a voz parecia perigosa. – Não tenho tempo para perder procurando outra acompanhante. – e com essas palavras, que na realidade se tratavam de uma ameaça, ele estava saindo, deixando uma mansão enorme e vazia com duas pessoas desconhecidas se encarando.

– Er... – como agir com uma criança que ouve o pai falar assim? Ela não sabia. Não estava pronta para isso. – Está tudo bem? – Virgo questionou voltando a se abaixar na direção da garota e forçando um sorriso, não daria importância ao fato, talvez a menina fosse menos traumatizada ao não encarar rostos chocados com tanta frieza por parte do pai.

– Sim. – concordou com um sorriso nos lábios trêmulos, um sorriso que mais parecia dentes cerrados. Os olhos banhados em lagrima que insistiam em não descer. – Pode dizer ao papai que eu fiz tudo certinho, que não chorei, como ele mandou. – o pequeno corpo tremia e estava tão tenso, as pequenas mãozinhas em punhos mais firmes do que qualquer criança deveria ter.

– Tudo bem querida. – a mão de Virgo estava em cabeça. – Pode chorar, não contarei nada a ele. – garantiu. – Você pode confiar em mim, seremos grandes amigas. Pode chorar. – o sorriso dela era reconfortante, ainda assim Lucy não chorou. Como Jude havia mandado. Lucy sempre fez tudo certinho, tudo para que o pai soubesse, que ela era boa, que poderia voltar a ser sua filha. Que poderia voltar a ter um pai ao menos.

Nunca voltou.

Lucy só teve Virgo por todo o tempo. Lucy só tinha Virgo como amiga e família, mas Lucy não tinha mais Virgo.


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Notas finais do capítulo

E então? Bem dramático, sei disso, mas essa é a parte mais dramática da fic. Ao menos até agora, e as outras eles estarão bem mais calejados, então pode atá parecer um pouco fria. Então, se esbaldem no drama.

Mas então, o que acharam da relação entre o Gray e a Lucy? Acho que esse é o ápice da amizade dos dois, agora me sinto confiante para manter e não ter que ficar aumentando a cada segundo.

E sobre a pequena parte do passado da Lucy? Sim, foi algo bem tenso o que ela precisou passar na infância e isso será desenvolvido mais para frente. Então até a próxima.

Não se esqueçam de comentar.