Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 22
EXTRA - Perder


Notas iniciais do capítulo

Então pessoas? Como eu prometi outro capitulo, é um extra? Sim, é um extra, estamos em fase de extra, mas podem ler que é muito importante, principalmente para o personagem do Natsu que pode acabar ficando estranho se pular esse Extra especificamente.

Prontas para um capitulo extremamente cheio de drama e bem parado. Eu queria mostrar como cada um se sente e aprofundar nos demais personagens. É uma chance única, porque admito que vai ser difícil ter algo assim novamente, até porque eu acho cansativo e que não combina muito com alguns personagens.

Espero que gostem...



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Gray era obviamente mais pesado do que Lucy, o que fez Natsu se sentir um pouco culpado das vezes em que a tratava como se fosse um fardo impossível de se carregar. Não que ele se sentisse culpado no momento. Tudo o que sentia era preocupação. Gray obviamente estava seriamente ferido, tão seriamente que não reclamou em ser carregado. Ele sempre reclamaria, era de sua natureza querer ser independente.

Estavam caminhando já há dez minutos quando algo estranho ocorreu. Algo estranho se levasse em conta que o normal era achar um local seguro e então todos saírem dali o mais rápido possível e sem nenhuma sequela. Um sonho utópico.

– Lucy. – o grito de Gajeel parecia realmente aterrorizado, o que fez o rosado se virar para trás rapidamente causando um gemido em Gray.

Não gostou do que viu. Não gostou nada. A loira estava na porta, parecia lutar para se manter de pé, a mão direita esfolada. Como ele não havia notado isso antes? O mais preocupante estava no rosto, o nariz deixava com que o sangue saísse em uma quantidade considerável e junto com os olhos que pareciam cegos a deixava parecendo quase morta.

– A cabeça. – Gray falou tentando se afastar de Natsu. – Eu cai quase em cima da cabeça dela. – o rosado teve que segurar o amigo com foça, caso contrario, o moreno iria correr na direção da loira.

– Calma, alguém vai ajudar a Lucy, fique... - a fala morreu ao observar um enorme grupo na direção dela.

De alguma forma ela fugiu e fechou a porta de metal com força, causando um barulho realmente alto o que chamou a atenção de muitos dos mortos-vivos que faziam parte da horda ou não. Era obvio que a porta não iria aguentar. Mas ela havia ganho tempo, um tempo em que poderia ser salva. Deveria ser salva.

– Fique aqui. – murmurou se afastando de Gray. Havia uma janela, era alta e as chances de ser pego por um morto-vivo eram grandes. Não que importasse. Natsu não poderia deixar Lucy para trás, não fazia sentido, mas ele simplesmente não poderia.

– Não. – Erza o segurou firme no segundo passo que o rosado havia dado.

– Não vou deixar ela lá. – se afastou tentando correr, contudo em um segundo a ruiva o jogou no chão e imobilizou. – Me solta porra, eu não vou deixar a Lucy! – não havia como se soltar, não um humano, Erza não era temida ate por professores de luta, à toa.

– Ela vai morrer de todo jeito Natsu. - a voz da ruiva estava embargada. – Aquele sangue no nariz, ela esta com hemorragia interna. – a garota já soluçava e então o rosado fechou as mãos em punhos.

– Cale a boca! – gritou. – Enquanto ela estiver respirando ela esta viva! - e ela estava viva, ela estava dentro da casa. Ele ainda poderia salvar a Lucy, ainda poderia pedir desculpa por ter a tratado mal.

– Vocês dois calem a boca e vamos embora. – Gajeel se aproximou. – Agora não adianta mais nada, não dá mais para ir ate eles. - puxou Erza para cima e Natsu se ergueu de uma vez. O braço que havia sido torcido ainda estava dolorido.

– Eu - era verdade, a casa estava toda contornada. Desde a porta ate parte das casas laterais. Isso ignorando a porta já estava praticamente arrombada. - Lucy. – murmurou sentindo a boca do estomago doer, era como um murro dado pela vida.

– Cadê o Sting? – Erza perguntou.

– Dentro da casa com a Lucy, onde mais? – Gajeel se encaminhou ate Gray e então ajudou o moreno que agora tinha o rosto cheio de lagrimas. – Vamos porque também estamos em perigo. - se referiu aos mortos-vivos que caminhavam na direção deles. Eram poucos, a grande maioria se colocava na direção da casa, obviamente seguindo os primeiros.

– Você... Você o deixou ir. – Erza parecia brava, extremamente brava. - Porque não o impediu? Porque deixou que ele entrasse lá? - o rosto começava a ficar vermelho e os olhos se encherem de água. Era a pior situação quando ela ficava tão triste e desesperada que convertia tudo em cólera.

– Porque era o que eu iria querer entendeu? – Gajeel se virou para Erza, os olhos divididos entre a dor e a determinação. – Estar com a minha garota até o final, mesmo que eu morresse. Se a minha baixinha estivesse viva e ficasse presa dentro de uma casa, eu iria querer ir tentar fazer alguma coisa. Não me perdoaria por deixa-la para trás. – suspirou, a tristeza era evidente, o que era estranho, o lutador não deixava seus sentimentos transparecerem. – Morrer com quem se ama, é melhor do que viver com arrependimento. – completou enquanto continuava a andar.

Erza ficou parada, os ombros tremendo pelo choro. Natsu fechou os olhos por alguns instantes, lágrimas quentes desceram pelo seu rosto. O mundo era cruel, principalmente esse novo mundo, e mesmo a morte da outra pessoa fosse heroica, ainda era uma morte e quem sobrevivesse iria sofrer com isso.

Gray parecia mais pálido do o que tanto Natsu, Erza e Gajeel considerariam perigoso. Estava deitado em uma maca e ninguém sabia ao certo se estava consciente ou não. Apenas tinha os olhos abertos encarando o teto e os únicos sons que emitia era o de sua respiração pesada. Ignorava os três pares de olhares preocupados que lhe eram dirigidos. O seu braço havia sido limpo e agora se encontrava enfaixado, embora as faixas já se mostrassem manchadas de sangue.

– Por quanto tempo vamos ficar aqui? – Gajeel questionou quando o silêncio chegou em um nível insuportável. Ele havia odiado o local desde que chegou. Uma casa completamente branca, telha de madeira escura, uma placa com as letras "UPA" era o que indicava que estavam em um centro de ambulatório ou posto de saúde, não sabia ao certo o que era o local, mas odiava, assim como odiava qualquer centro médico.

– O suficiente para que o Gray se recupere ao menos um pouco. – Erza respondeu, a voz distante, não demonstrava nenhuma emoção. Após o episodio em que Sting e Lucy haviam ficado para trás, morrido, dentro de uma casa qualquer, a ruiva havia tomado essa expressão. Achando que os demais não veriam que ela sofria tanto que não demonstrava para não os preocupar. O que os deixava mais preocupados ainda.

– Se é assim... – Natsu se ergueu, o silêncio dele era estranho, mas estava presente, muito presente. – Vamos voltar. – um sorriso surgiu em seus lábios, fazendo com que todos presentes pensassem que ele estava satisfeito em dividir a sua vontade com o restante do grupo.

– O quê? – Erza se virou para ele. – Não! – foi firme. – Estamos parcialmente cercados, nem podemos fazer barulho direito, caso contrário, seremos mortos. - era verdade, antes de acharem o posto haviam ido à construção principal. Não era um hospital, era uma igreja, e os o fato de serem devotos, ao que parecia fervorosos, quando vivos, não tornou ninguém melhor quando morto. Ainda eram zumbis e ainda os perseguiram. Tiveram que correr, encontrar o posto foi uma sorte absurda e o fato do local estar parcialmente vazio fazia a ruiva pensar que era a forma que Deus tinha de fazer com que as almas de seus seguidores se sentissem melhor por ter os corpos perseguindo os vivos.

– Mas se tomarmos cuidado...

– Não. Não vai adiantar. - cortou o garoto, com uma voz tão fria que conseguiu o impossível, o calou. – Também não gosto de encarar isso, mas você sabe que não vai adiantar. - se ergueu também.

– Erza... - murmurou cerrando os punhos. Quando a amiga tinha se tornado isso? - Você não é o tipo de pessoa que abandona seus amigos. Essa não é você. - não sabia se sentia raiva ou desespero.

– Estamos morrendo Natsu! - cerrou as mãos, os olhos se enchendo de água. – Você obviamente já notou, pouco a pouco estamos morrendo, eu não quero perder vocês, não posso. - o medo transbordava em sua voz, as lágrimas transbordavam dos olhos.

– O seu medo vai fazer com que eles morram por serem deixados para trás. - acusou e a ruiva ergueu os braços, como se as palavras de Natsu fossem ataques físicos.

– Natsu. - mais parecia uma suplica, um pedido para que ele se calasse.

– Não posso deixar com que eles morram, não posso...

– Eles estão mortos! - quase gritou fazendo o rosado arregalar os olhos. Limpou as lagrimas que corriam pelo rosto, não iria querer parecer descontrolada. Qualquer sinal de descontrole faria com que Natsu saísse correndo atrás dos outros dois. Seria dura, fria e cruel, mas faria o necessário para manter seus amigos vivos. - E eu farei o impossível para que ninguém aqui morra também. - decretou firme e mesmo assim o rosado continuou a encarar a ruiva.

– Não posso concordar com...

– Você não tem escolha. - rebateu. - Se você acha que pode ter o luxo de morrer, ótimo, saia, mas ate onde sei, você tem uma família a qual se preocupar. - no momento em que deixou as palavras saírem se arrependeu, ainda assim continuou inabalável. - Pense neles quando for arriscar a sua vida. Pense na sua mãe e irmã que estão esperando por você. - mandou vendo o rosada de dividir entre o ódio e o desespero. Nunca imaginou que o amigo a mandaria esse olhar. Mas não se importava, ele poderia a odiar o quanto quisesse, isso porque apenas vivos podem odiar.

– Calem a boca. – a voz fraca de Gray se manifestou. - Eu estou implorando, só calem a merda da boca de vocês. – a última parte mal pôde ser ouvida. Erza sabia, como sabia, que o amigo moreno estava usando Lucy como um alicerce, era o que estava o mantendo vivo após a morte de Juvia. Tinha medo de pensar em como Gray iria agir agora que além de Juvia e Lucy, havia perdido Sting, um grande amigo. Oh, psicologicamente Gray sempre foi o mais instável, mais ainda que Natsu.

– Gray. - o rosado encarou o amigo, em seus olhos determinação para continuar a discutir, e talvez sair sozinho, mas a preocupação com o amigo era maior.

– Eu... - suspirou pesado, era estranho que ela precisasse de um abraço também? Quem diria isso um dia? Mas a grande Erza só queria se esconder em um quarto escuro e ficar encolhida na cama, aguardado que tudo se resolvesse. Natsu estava certa, ela nunca havia sido assim, mas como ser diferente em uma situação assim? – Vou ver se encontro alguns medicamentos que podemos levar ao sairmos daqui. - decidiu, talvez se arrumasse alguma coisa para fazer conseguisse aguentar tudo. Esquecer que ela na verdade não aguentava.

– Vou vistoriar o local novamente. - Gajeel se ergueu rápido e saiu, a voz fraca e seca. Ele estava feliz em sair do quarto onde a cada segundo rebatiam na mesma peça, a morte de dois amigos.

Gray observou Erza sair também. Se lembrou de quando Lucy o disse que todos estavam sofrendo, na época ele não via isso. Embora o fato de ver que todos estavam sofrendo não amenizasse em nada a sua dor. A verdade era triste e egoísta como só poderia ser quando relacionada a ele. A verdade era que ele se sentia fraco ate para sentir dor, mesmo assim sentia, mesmo assim desejava que o braço parasse de existir e os ossos o dessem um descaço por ao menos um minuto. Era como se não passasse de um moribundo, a qual a única coisa que lhe foi concedida foi o pensamento, nos amigos que havia perdido.

Juvia o vinha como um tsunami. Fora a azulada quem o salvou quando ate mesmo sua mãe, Ur, já chorava a noite, quase desistindo do filho. Era Juvia quem ele amava, haviam jurado, ficariam juntos para sempre. E ele sempre acreditou nisso, não iria jamais superar a morte da namorada, porque não existia uma única porcentagem de si que aceitava o fato de que ao invés de viver com ela, havia a destruído. Seu corpo clamava pela garota e o costume de a ter por perto. Incapaz de acreditar que no fim, não iria existir o para sempre.

Levy sempre fora uma amiga, na escola, além disso, era a sua salvação quanto as matérias. Antes mesmo de começar a namorar com Gajeel, já conversava com Gray. Ele tentava se lembrar da azulada sorrindo com as piadas tão inteligentes que apenas ela entendia, mas toda a vez que se lembrava de Levy, o que surgia em sua mente, era a imagem de uma pedra e os sons do choro de Gajeel. Como um episódio apenas pode ser mais forte que toda uma existência?

Sting fora um dos seus melhores amigos. Ainda se lembrava do que o loiro disse quando Gray, em meio ao vicio por drogas, resolveu tentar trazer o amigo para o meio "existem pessoas que são belas demais para usarem isso." Foi a resposta de Sting, ele se achava tanto. Mas era o loiro quem havia ido à reabilitação tantas vezes que o moreno havia se cansado de sua cara. Fora um dos poucos a ficaram ao lado de Gray quando o mesmo foi expulso do time de futebol, pois “não tinham lugar para um viciado no time”. E fez como se fosse algo simples, não um ato de amizade, mais parecia que ele não estava por dentro do assunto. Mas estava, contudo Sting era leve, um pássaro livre. Sempre observado, ninguém considerava que ele pudesse se prender, talvez achassem que era bonito e leve demais pra isso. As garotas aceitavam ser usadas por ele, consideravam natural, era um absurdo, mas algumas viam como uma honra. Pensar nisso quase faria Gray sorrir, milhares de meninas iriam tentar se matar ao descobrirem que ele morreu para salvar uma garota.

Lucy, Lucy Heartfilia. A menina mais invejada da cidade. Gray teve sua vida inteira convivendo com a loira, mas sempre imaginando que alguém como ela jamais daria brecha para ninguém. E não deu, então ele não se aproximou. Mesmo quando ela havia perdido a mãe, ele ignorou. Lembrava-se da mesma após a morte da mãe, como se afastou e nunca sorria ou demonstrava nada, era como se estivesse em um estado de choque constante, demorou tanto para que ela voltasse a sorrir. Mas Lucy nunca perdeu a tristeza, e mesmo que ela tivesse se aproximado dele o suficiente para que fosse considerada a pessoa mais importante no momento, ele nunca a perguntou o motivo da tristeza. Se lembrou do conselho e dos olhos dela. Tão preso em si, jamais olhou para a loira.

Ergueu a mão a qual não estava machucada ate os olhos e então as lagrimas saíram. O choro foi alto o suficiente para que chamasse a atenção de algo que estivesse próximo a ele. Não se importava, assim deixaria de ser um moribundo. Não queria se recuperar, não queria viver. Gray só queria a morte e desta vez não havia mais nenhuma loira para o fazer pensar o contrário. Porque Lucy havia partido, assim como seus amigos e Juvia. E ele não queria viver em um mundo sem eles.

Erza conseguiu colocar uma quantidade media de medicamentos sobre a mesa principal do consultório. Ao menos foi o que ela concluiu que a sala branca, de piso claro que continha uma mesa e um armário de vidro, seria. Estava lendo bula e qualquer informação que os remédios tivessem, isso a ajudava a deixar a mente mais dispersa e ajudar Gray assim que possível.

– Tem lugar para mais um aqui? - Natsu questionou, estava parado na porta, parecia abatido e ela não questionou o motivo. Já sabia. - O Gray está meio desesperado e eu... Não sei o que fazer. - admitiu com tanta dor que Erza o abraçou firme.

– Dê um tempo a ele. - murmurou abraçando o rosado com tanta forma que os braços doeram, mas ele pareceu não notar, apenas a abraçou de volta, algo que Erza não sabia que precisava tanto ate o momento. - Deve ser complicado, ele era bem próximo não só ao Sting, como da Lucy também. – explicou se forçando a não chorar. Os braços de Natsu caíram e ele se afastou. – Natsu? – questionou, estaria ele ainda sentindo o ódio de sempre pela loira?

– Eu estou me sentindo um idiota. - murmurou, os passos foram em direção ao armário. - Meu melhor amigo esta em uma maca morrendo, acabei de perder um dos meus melhores amigos e simplesmente me odeio. Eu tendo que me preocupar tanto com eles... Ele, o Sting. - suspirou quando a voz embargou. - Me preocupar com o Gray, ainda estou me sentindo estranho pela Lucy. - a mão foi ate o coração e Erza o encarou por alguns instantes. A forma que ele agia, seria possível que estivesse tendo uma recaída? - Ainda sinto vontade de chorar porque ela morreu, droga. Eu sinto como se tivesse sido um idiota por ter falado aquelas coisas com ela e por não ter ido lá, tentado fazer algo. - as lágrimas correram pelos olhos.

– Você conviveu com ela, a gente se surpreendeu com a verdadeira Lucy não sendo o que imaginávamos. É normal que você também esteja triste. - não adiantaria em nada falar sobre como ele se sentia, não agora que a loira não estava viva.

– É, e talvez seja apenas culpa. - murmurou se lembrando da loira. Balançou a cabeça e então ergueu as mãos ate um remédio qualquer. - E esse? Não vai levar? - mudou completamente de assunto, o que indicava apenas que ele não concordava em nada com o que havia murmurado antes.

– Hum? – ergueu as sobrancelhas sem entender a mudança de assunto, não estavam falando sobre sentimentos e Lucy? Ah, claro. Natsu havia se cansado de pensar no que não queria. - Não sei, estou lendo para o quê cada um serve. Vai ser mais útil quando precisarmos usar. – explicou observando uma caixa branca com escritos na cor cinza. - Pra quê serve essa? - talvez o rosado também precisasse de algo para ocupar a mente.

– Deixa eu ver. - abriu a caixa retirando um frasco, Erza aproveitou para pegar uma segunda caixa. - Bom, palavra difícil, palavra difícil, não sei... Hum... Ao que parece é mais uma vacina. – colocou novamente dentro da caixa e devolveu para o armário.

– Eu peguei um bom para tuberculose, eles têm esse tipo de remédio aqui? - franziu a testa, achava o local mal estruturado demais para tal medicamento.

– Talvez. - o rosado deu ombros pegando outra caixa, essa branca e verde claro. - Talvez esse local seja tipo, cuidamos de tudo aqui e ou o paciente morre ou vive. - deu ombros dando qualquer explicação, mesmo que sem nenhum raciocínio logico.

– Ou contrabandeavam remédios. Tipo mercado negro. - deu sua opinião.

– Quem sabe? - parecia diferente dela, ele não parecia tão empenhado em observar os remédios.

– Esse locais afastados são perigosos. - fez um sinal positivo. - E esse do que é? – não permitiu que o desanimo a atingisse, iria fazer com que todos melhorassem, superasse e então sobrevivesse. Ela não sabia o que fazer sem eles, sempre iria cuidar de cada um.

– Bom, parece um remédio para... - parou e encarou a ruiva. - Hemorroidas. - um sorriso pequeno surgiu em seus lábios. - Vamos levar para o Gajeel. - com esse comentário fez a ruiva dar um sorriso fraco.

– Deixa eu ver. – escolheu uma caixa branca e alaranjada, um alaranjado claro. - Oh, uma pomada. - ainda não haviam achado nenhuma ate o momento. Natsu exagerou uma cara de impressionado que pareceu forçada, obviamente porque ele não estava se sentindo bem o suficiente para brincadeira, mas estava se esforçando ao máximo. – Parece ser algo profissional para se tratar de queimaduras. - um sorriso enorme surgiu nos lábios da ruiva. - É exatamente o que a Lucy precisa para melhorar o - a frase morreu de acordo com que a expressão de Natsu se transformava.

O silêncio se instalou na sala. Erza encarava a caixa em sua mão. Se lembrava da amiga sofrendo pelo pé. Com certeza Lucy era a que havia sido ferida, ainda assim só reclamava de não ser útil pelo resto do grupo. A imagem de Lucy na mangueira atrás da manga mais apetitosa, mesmo sendo perigoso, a loira a ajudando a cozinhar para os amigos. Naquele dia Erza acreditou que tudo estivesse bem, ou ao menos que um dia, tudo voltaria a ficar bem. Agora não acreditava em mais nada, só tentava manter seus amigos vivos para não enlouquecer, ou talvez já tivesse enlouquecido.

– Erza? - Natsu perguntou, a voz preocupada do amigo trouxe a ruiva de volta.

– Eu...- um soluço a avisou que ela estava chorando, não só chorando, mas em prantos. De que adiantava toda a encenação de garota forte, se não conseguia mais esconder o desespero? Não conseguia esconder que queria seus amigos de volta. - Desculpe. - murmurou colocando as mãos nos joelhos, não largou o remédio, a caixa apenas se amassou quando foi apertada. - Só... Só me desculpe. - quase implorou.

– Erza. - Natsu a puxou. - Todos aqui somos amigos e entendemos o fato de que você também sofre. - sentiu os braços dele em volta de si. - Mas você tem que entender, que não precisa ser forte, se não for dividir isso com os amigos, com quem vai? - questionou e a ruiva suspirou o afastando.

– Eu... Eu só não me sinto confortável assim. - só não queria que eles a vissem sofrer, queria ser o porto seguro deles. Jamais abalar. Era assim que Erza Scarlete agia. - Eu vou, só vou ir em algum lugar. - decidiu.

– Não. Pode ficar, eu tenho algumas coisas a fazer. - a encarou como quem pergunta se é verdade, se a presença dele iria mesma a fazer se sentir mal. Não teve resposta, mas como sabia que se obtivesse uma seria positiva, saiu.

– Me desculpem. - murmurou se sentando no chão e então apoiando as costas na mesa. Ela não iria sobrecarregar os amigos com os problemas dela. Não mesmo. Quando saísse daquela sala de consulta seria a Erza firme de sempre e ajudaria os amigos a continuarem firmes também, porque nunca se perdoaria se fizesse algo diferente.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Sim, o Gajeel não mostrou exatamente como ele se sente em relação a morte dos amigos, mas apresentou alguns indícios de como se sente em relação a morte de Levy. O Gray todos já sabem como ele se sente, acho que de todos, mais até que a Lucy, eu exploro muito o personagem dele e embora possam odiar, saibam que isso será muito importante e ele vai se tornar um personagem ótimo dentro de alguns capítulos. Admito que estou simplesmente apaixonada pela Erza e a personalidade dela, antes havia me conquistado, mas com a Lucy ela parecia ser mais aberta e tal. Agora, que tudo ficou serio, conseguir mostrar melhor a personalidade dela.

E o Natsu? Bom, está encerrado o período de Natsu idiota com a Lucy, não que a melhora seja de uma hora para a outra, mas pode ter certeza, as coisas vão mudar. Porque como viram, até a Erza já notou algo estranho e ele pode ter uma recaída.


Sei que muitos queriam que o Natsu salvasse a Lucy, mas eu sinceramente não poderia fazer isso, porque a aproximação deles já foi escrita há uns vinte capítulos e é bem mais profunda do que isso (sim, bem mais profunda do que ele salvar a vida dela) e de todas as formas ele tentou.


Bom, até a próxima e prometo que farei se esquecerem da minha promessa sobre o Natsu MUAHAHAHAHA