Regressive Infectio escrita por Inocense


Capítulo 14
Capitulo XII


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!! Sim, atrasei três dias, sim, mas faz parte neh? Acho que se eu postasse nos dias corretos iriam ate desconfiar.
Bom, esse capitulo é mais agitado e bom, eu sou nova nessas partes de ação, então podem ate não estar essas maravilhas, mas fiz de coração e prometo melhorar nos próximos capítulos.
Eu revisei, mas se encontrarem qualquer erro podem me avisar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501963/chapter/14

– Mas geralmente, quando eu chegava mais tarde, pulava o muro. O que era engraçado, o Natsu sempre acabava fazendo barulho demais e éramos pegos. – Gray explicou, estava falando de seu tempo de escola, e embora usasse o tempo no passado, Lucy se lembrava de algo assim ter acontecido há pouco menos de dois meses.

– Eu nunca cheguei atrasada, acho que me levavam ate mesmo dormindo. – fez uma careta, o mordomo de sua família nunca teve problemas em impor o quadro de horário rígido para que Lucy seguisse, pelo contrario, ate mesmo se ela estivesse doente ou morrendo, deveria seguir tudo a risca. Ele não se importava com mais nada.

– E você saia mais cedo de casa não? – ele a encarou interrogativo. – Sua... Casa? É, casa, não fica mesmo na cidade. – completou fazendo a garota assentir. Os olhos castanhos dela se fixaram a sua frente, a noite havia passado rápido e tanto Erza quanto Sting haviam sucumbido ao sono. Ela fazia companhia a Gray para que o moreno não fizesse o mesmo. O que era fácil. Gray Fubullter era uma companhia agradável.

– Acho que pelo tamanho não caberia na cidade. – era o que sempre dizia a Wendy e Rogue. Não que a cidade fosse pequena, tinha um tamanho médio e se orgulhava de ter tanta tecnologia quanto a sua metrópole. Embora com toda a certeza a forma que muitos se conheciam e agiam, lembrava uma cidade do interior. Contudo a mansão Heartfilia tinha por si só o tamanho de vinte casas normais e um jardim que poderia superar em extensão territorial, vários bairros juntos.

– Não caberia mesmo. – Gray concordou com uma certeza ate engraçada de tão firme. – Quando pequenos eu, o Natsu e a Erza invadimos o local. Lembro-me ate hoje de ter ficado com medo de nunca mais achar a saída. Porque razão, vocês têm uma floresta no jardim? – a encarou incrédulo.

– E porque razão, invadiram a residência alheia? – agiu da mesma forma causando uma risada no garoto.

– Era divertido, como invadir um local sagrado entende? Onde apenas os que tinham tudo, os burgueses metidos poderiam ir. – o seu tom indicava que estava quase revivendo o momento. – Quero dizer, não que eu te ache uma burguesinha metida, não agora...

– Tudo bem! – ergueu a mão cessando as desculpas que ele daria. – Todos tinham a mesma opinião sobre mim. Estou acostumada a ser vista dessa forma. – ou de formas piores, como Natsu via. – Não era uma floresta, apenas um pequeno bosque. E ele foi retirado. – explicou, achando não ser necessário dizer que em seu lugar havia surgido o mausoléu de sua mãe.

– Não acredito, e eu achando que agora que estava intimo de você poderia conhecer melhor a floresta. – fez um sinal desgostoso com a cabeça que causou uma risada de Lucy.

– Tem outros locais semelhantes, não se preocupe. – garantiu se lembrando de cada detalhe do jardim. As marcações de asfalto para carros, a mansão que era cercada de pequenas flores brancas de miolo amarelado, com duas arvores as quais as folhas tinham uma estranha tonalidade branca, enfeitando a entrada. A casa dos empregados da família mais ao fundo. Diversos postos onde os seguranças ficavam, o lago gigantesco o qual era cercado por uma quadra, área de lazer, uma piscina de aparência semelhante ao lago azul de filmes, arbustos pequenos e simétricos, uma trilha para que pudesse se caminhar livremente e caso quisesse poderia chegar ate mesmo na montanha mais alta do local. Montanha essa que dava uma visão parcial da cidade. Também haviam conjuntos de arvores. Locais de aproximadamente cem metros quadrados onde um bioma era representado. No todo, o pai havia conseguido representar todos os biomas ali. Era algo que ele gostava de fazer.

– Ouvi dizer que vocês têm cachoeira e espaço para mais de mil pessoas. – parecia animado em descobrir se tudo o que havia ouvido sobre a família, era verdade ou não.

– Não temos uma cachoeira. Apenas um lago natural, quando minha mãe ainda era viva mandou que fizessem um segundo lago artificial utilizando a mesma água e colocou uma queda de um metro mais ou menos diferenciando ambos. Acho que ela queria algo semelhante ao filme “lagoa Azul” porque embora tenha ficado parecido com um paraíso, a cor azul esverdeada da água é causada por um ingrediente e por saber disso não me parece realmente certo. Ate porque depois da queda do lago artificial para o real, as duas águas se misturam e não acho que fique interessante. – explicou. Ela queria que a água fosse da cor que deveria ser, mas seu pai dizia que todos queriam águas límpidas e azuladas, seria gracioso. E assim ocorria.

– Eu realmente quero conhecer. – os olhos brilhavam a falar do lago. - Quando Juvia e eu conversávamos sobre isso, nós simplesmente queríamos muito conhecer um lago. Na cidade não existe nada assim, apenas arvores, mato e as piscinas da escola e do centro esportivo para treinarmos e nos divertirmos ao mesmo tempo. Era um porre! – bufou e mesmo que Lucy ficasse com medo de que ele se retraísse ao falar da namorada, Gray pareceu nem ao menos notar.

– Poderiam ter falado comigo. – ela ficaria feliz se eles tivessem falado com ela.

– Creio que não seja muito comum chegarmos ate uma desconhecida e pedirmos "Oi tudo bem? Será que poderíamos usar a sua – a frase ficou no ar quando os olhos negros se fixaram a sua frente.

Lucy fez o mesmo e conseguiu ver algo que se parecia com diversos carros parados e engalfinhados entre si. Talvez uma grande batida. Observando bem, alguns carros ainda piscavam. Luzes de viaturas ou ambulâncias, não conseguiu distinguir direito.

– Acho melhor acordar os outros. – Gray instruiu e no instante seguinte, Lucy balançava Sting que agora tinha sua cabeça apoiada nos ombros de Erza.

– O que foi? – o loiro perguntou com certa brusquidão na voz, quando os olhos se abriram fitaram Lucy com uma camada de raiva e mau humor.

– Acorde a Erza, por favor. – tratou de ignorar o humor do companheiro e voltou a observar a sua frente. O local estava completamente obstruído e graças à escuridão parcial causada pelo horário, não era possível ver muito mais.

– O que esta acontecendo? – Sting a encarou com as sobrancelhas franzidas. Lucy apenas apontou para a sua frente, aonde cada vez mais o amontoado de carros se aproximava. – Que merda é essa? – foi uma pergunta retórica, seus pensamentos estavam mais em acordar a ruiva. Ela obviamente precisava ver isso.

Enquanto Erza acordava e junto com Sting tentava entender o que estava acontecendo, Lucy observava com o máximo de atenção possível o local à frente. Pensou ter visto alguma movimentação, contudo o medo a faria ate ver coisas. Foi isso que deduziu quando nada mais se moveu. Estava com medo, essa era uma situação extremamente propicia para encontrar os mortos-vivos.

– Acho melhor parar. – bateu a mão levemente no braço de Gray.

– Parar? Por quê? – a encarou firme.

– Não sei, esse parece o local perfeito para ter vários deles. – era seu ponto de vista e, talvez por concordar, Gray começou a reduzir a velocidade do caminhão pouco a pouco.

– Ainda assim, precisamos passar. – Erza falou o que parecia obvio. As laterais da rodovia eram impossíveis de serem utilizadas, se consistia em morro e rochas do lado direito e um barranco á esquerda. – Talvez tenham poucos. – se aproximou do painel como se isso a fizesse ver qualquer sinal de perigo.

– O problema são os carros atrapalhando o caminho. – Gray comentou.

– Qualquer coisa, nós podemos mudar de automóvel não? – Lucy achou que poderia ser uma saída razoável.

– Seria melhor continuarmos no caminhão. É rápido, resistente e ainda parcialmente confortável para todos. – Erza enumerou as qualidades com os dedos.

– Sem falar que teremos que deixar metade das coisas para trás. – Sting completou a fala da amiga e Lucy assentiu, pensando que não havia nenhuma certeza por parte de Sting e Erza sobre chegarem a uma cidade magicamente livre do vírus. Entendia os dois, eram os mais racionais do grupo, isso porque ela ainda se agarrava a uma falha esperança de que tudo estaria bem.

Gray estacionou a uma distancia de aproximadamente cem metros e deixou os faróis iluminando o local, o que não teve muita serventia ao grupo, apenas deixou mais visível os primeiros carros. Estavam parados com as portas completamente abertas e algumas malas no chão. Mais a frente era possível ver só a sombra de uma estrutura que parecia prestes a cair.

O som de algo batendo na lataria fez com que Lucy desse um pulo, contudo a voz abafada de Gajeel foi ouvida em seguida. Não que fosse possível entender o que o garoto dizia. Sem a raiva sua voz soava razoavelmente mais baixa.

– Acho bom descermos e avisarmos ele sobre isso. Precisamos de opiniões para decidir o que fazer. – Erza avisou, embora ela fosse a líder gostava que todos dissessem algo. A loira achava que se possível, Erza não iria querer liderar.

Fora Sting quem a ajudou a descer, contudo ficaram na parte frontal do automóvel. Era a mais próxima do engavetamento de carros e também, a mais iluminada, o que poderia significar mais segurança para o grupo. Gray também ficou, o que fez Lucy pensar que Erza poderia estar em perigo.

– Acho melhor alguém ir checar. – Sting deu a sua opinião e a forma que encarava os carros, dizia que ele se candidatava a fazer isso.

– Você não esta querendo ir, certo? – Lucy o encarou firme. – É perigoso, ninguém sabe o que tem lá. – apontou na direção do local sem nem ao menos esticar muito os braços, como se isso fosse fazer com que algo ruim saísse de lá.

– Preocupada Blondie?

– Não me chama de Blondie. – resmungou qualquer coisa fazendo o loiro dar um pequeno sorriso.

– Hm, tanto faz! – abanou a mão. – De todas as formas alguém precisa ir, afinal temos que passar por esse lugar. Nem que tenhamos que dirigir todos os carros para as laterais. – parecia pensativo.

– Ainda assim é perigoso. – cruzou os braços, nos olhos uma expressão firme e seria. Alguém precisar ir não queria dizer que fosse ele, certo? Mas quem ela gostaria que fosse e corresse risco? Ninguém, essa era a resposta.

– Ei, não precisa se preocupar. – Gray tomou parte pela primeira vez na conversa. – Vaso ruim não quebra. – debochou.

– Fica calado, seu idiota! – Sting o encarou serio por alguns instantes.

– Fiquem calados vocês dois. – Erza surgiu. – Essas coisas são atraídas por sons, se esqueceram? – atrás dela vinha um Gajeel mais preocupado em ver os carros à frente e um Natsu lutando para se manter em pé. Por fim parou escorado na lataria e se abaixou, soltando um grunhido que lembrava um animal morrendo. – Ficar gritando é uma ótima forma de tentar morrer aqui. – o olhar dela censurava os três.

– Desculpe. – Lucy foi a única que pareceu se importar com o que a ruiva falava, ou a única que tinha coragem de admitir isso.

– Mas o loirinho aí esta certo. Precisamos ir para avaliar o local e tirar essas latas velhas da frente. – Gajeel tinha os cabelos bagunçados e a cara um tanto quanto amassada, obviamente estava dormindo ate pouco tempo, nas suas mãos o pequeno pé de cabra que havia se transformado em algo constante quando relacionado ao moreno.

– Então vamos nós dois. – Sting deu um passo a frente e Erza o passou o espeto de carne e uma faca media.

– Vamos nós três. – a ruiva tinha um facão na mão e entregou o outro para Gray. – Você fica e cuida do caminhão e dos dois que estão impossibilitados de se defenderem. – instruiu ao moreno que apenas assentiu.

– Eu não estou... Impossibilitado. – Natsu reclamou com a voz mais fraca do que no momento em que haviam parado no dia anterior.

– Você já sabe, qualquer coisa, grita que voltamos. – Erza avisou fazendo o moreno concordar novamente enquanto segurava firme o facão. – Vamos de uma vez.

– Tomem cuidado. – Lucy encarou os três tentando se lembrar de quando ficou tão nervosa ou preocupada com alguém em sua vida. Não conseguia se lembrar.

Em silencio a loira observou os companheiros caminharem em direção aos demais carros. Pareciam tensos e assustadores. Cada qual com uma arma na mão. Mortais e perigosos, mas tão desprotegidos quando aos demais monstros na sua frente. E perder qualquer um deles poderia ser mais doloroso do que Lucy conseguia imaginar. Era incrível o quanto alguns dias mudavam o que as pessoas sentiam.

– Natsu, acho melhor ficar perto de mim. Não vou conseguir ver você e a Lucy ao mesmo tempo. – Gray avisou com a voz debochada e caminhou ate a lateral do caminhão e Lucy se escorou no capô

– Vai se fuder seu bosta! – o rosado quase rosnou, contudo pelo rosto satisfeito de Gray era possível ver que o Natsu estava se aproximando.

Sorriu por alguns instantes e voltou a observar na direção dos companheiros que não estavam ali. Erza, Sting e Gajeel já haviam entrado na área onde apenas sombras eram vistas, e Lucy mal conseguia distinguir um do outro. Seus olhos pareciam a enganar já que ela via várias sombras e não apenas três. Ou teria alguma daquelas coisas e eles faziam sombra também? Não. Não iria pensar nisso.

Tentou apurar seus ouvidos ao máximo, como se a pura vontade e preocupação fosse o suficiente para lhe dar sentidos além dos humanos. Deu! De alguma forma deu. Ela conseguia ouvir passos de arrastando, os gemidos característicos, nojentos e assustadores. E pareciam tão perto, tão perto que poderia estar ao seu lado.

Um gemido mais alto, que poderia ser caracterizado na linguagem dos mortos-vivos – se existisse algum sentido na existência deles – como animado, chamou a sua atenção e Lucy não conseguiu soltar um único barulho antes de se virar e encarar estaticamente o ser que surgia pela lateral do caminhão.

Conseguiu ver poucas coisas. Apenas um corpo magro e cambaleante que parecia em bom estado, se comparado aos demais corpos os quais havia visto em mortos-vivos. Parecia pertencer a um adolescente de 15 anos, a blusa negra tinha a estampa dos Beatles manchada de sangue. Os cabelos negros caiam sobre os olhos e se encontravam sujos. Porem o que mais chamava a atenção era a parte inferior da boca, onde os lábios haviam sido arrancados e faltava pele dali ate o inicio da gola da camisa. A carne morta negra contrastava com o cinzento pálido da pele e o branco encardido da traqueia.

Em um movimento rápido deu um passo para trás o que evitou a mordida no seu ombro direito, mas deixou com que o morto-vivo lhe segurasse pelo tronco e puxasse para perto, ao menos o suficiente para que os dentes alcançassem a sua pele.

– Não! – guinchou apoiando as mãos no peito do monstro a sua frente. Em desespero apoiou os cotovelos nos ossos dos tórax para que o osso do antebraço servisse como um divisor entre ambos os corpos. Só então notou a força física do que estava lidando e como o corpo humano conseguia ser frágil.

Os cotovelos pareciam dispostos a quebrar os ossos a qualquer momento, o ar lhe faltava aos pulmões graças à pressão que era exercida sobre ele, os dedos da mão enfiavam na pele negra e exposta da garganta e os ossos da costela estavam prestes a se estraçalhar. Ela quase conseguia sentir o cotovelo em contato com as mãos do morto vivo, passando por dentro do seu próprio corpo.

Uma vontade de tossir misturada com dor e falta de ar se assolou sobre a loira que apenas abriu a boca em um grunhido doloroso e apavorado. Teve que se controlar para não retirar as mãos e continuar a afastar os dentes de sua pele. A boca do ser se abria e fechava fazendo sons aterrorizantes. Lucy só conseguia deixar as lágrimas saírem de seus olhos e rolarem pelo rosto. Como algo poderia ser tão forte?

Após alguns segundos, devido à falta de fôlego e a dor, suas pernas bambearam e graças à proximidade e o emaranhado de pernas ambos foram ao chão. Foi nesse momento que Lucy desistiu. Quando as costas ralaram no asfalto e os cotovelos esmagaram o estomago com o peso do morto-vivo sobre si. Ela não soube se tossiu, se sentiu vomito ou simplesmente perdeu a consciência por alguns instantes. Porem os braços e ombros perderam a força, tudo o que Lucy fez foi observar o rosto se aproximar de si.

Olhos negros anuviados, pele apodrecida, cabelos sujos e oleosos demais. E então sangue com um baque. Algo pastoso e gelado caiu em seu rosto, seguido de mais e mais pedaços, para então a cabeça do monstro cair, batendo na sua testa para depois rolar para o lado. O corpo caiu sobre si deixando com que um pouco de liquido frio e gosmento sujasse seu dorso e a blusa.

Virou-se para o lado e vomitou, chorou e tossiu. A garganta doía, o pulmão ardia e o corpo tremia incansavelmente. Era desastroso e doentio. Nojento. Repugnante. O corpo ainda estava sobre si, o liquido negro e gelado sujava seus cabelos loiros e o vomito lhe sujava as mãos já sujas de sangue negro. Quando esteve tão baixo assim em sua vida?

– Lucy! Lucy, porra, você não foi mordida foi? – Natsu a puxou debaixo do corpo e do meio do vomito o qual ela se encontrava. Os olhos negros estavam projetados e o rosto tinha uma expressão seria e preocupada que não lembrava em nada o doente Natsu de poucos instantes atrás. Na sua mão o facão sujo de sangue. – Você foi mordida? – a encarou atrás de um ferimento.

– Não. – a voz era tão baixa que por um momento o rosado sentiu que a loira havia assoprado e não falado de fato.

– Ótimo. – suspirou aliviado e a puxou para o colo. Não era pesada, já havia descoberto nas outras vezes as quais tinha lhe carregado. – Pode ficar calma, esta tudo bem. – murmurou ao sentir o corpo pequeno tremer em seus braços, a tosse fazia a menina ficar tão tensa que chegava a se estranho.

– A Lucy. – Gray balbuciou estático, como havia ficado desde o inicio. Natsu franziu a testa com a lembrança do amigo com o facão na mão, o corpo tremendo e estático enquanto observava o morto-vivo quase matar Lucy.

– A coloque dentro do caminhão e fique lá dentro que eu tomo conta das coisas aqui fora. – entregou a loira para o moreno, algo dentro de si quase o fazia deixar Lucy em segurança ele mesmo e então voltar para socar Gray.

– Eu... Eu ia deixar que ela morresse. – o moreno voltou ao que parecia devaneios e Natsu se odiou por estar com a loira nos braços, queria tanto socar o amigo.

– É iria, agora faça algo de útil e a ponha em segurança. – bateu as mãos com força no tronco do amigo para acordá-lo. – Não precisa voltar aqui fora, só vai atrapalhar. – sabia que Gray ficaria magoado com as palavras, mas Natsu não era do tipo que se importava com magoa de alguém. Não quando a pessoa estava errada e colocava em risco algo que ele considerava importante.

– Quantos dessas bestas têm aqui? – Gajeel bateu com força na cabeça do que parecia ser um senhor respeitável e de meia idade. Antes de querer comer carne humana e, bem, morrer.

Sting não conseguiu responder o amigo e tinha muitas ideias de piadas infames para serem feitas. Contudo estava mais ocupado em bater com o taco de beisebol na cabeça de quem poderia ser a esposa do senhor respeitável de meia idade.

O taco ele havia achado ainda no inicio das buscas e desde o inicio tinha a sua ponta mais fina e suja de sangue. Ao que parecia outros não contaminados haviam chego ali e tentado observar ou passar, mas não havia nenhuma pista de que tiveram sucesso em sair. A arma abandonada próxima á uma poça de sangue indicava isso.

– Vamos voltar. – Erza ordenou. Estava em cima de um capô e se revezava em chutar e cortar cabeças. O facão não parecia tão útil quanto às armas pesadas e de impacto, por isso a ruiva também estava com o espeto, que agora já torto, havia sido fincado na cabeça de muitos. – Alguém esta ferido? – questionou.

Alguém não estava ferido? Ou pelo ao menos ralado e apavorado? Só de pensar que existiam tantos assim, era assustador. Agora deveriam existir cerca de onze, com doze ou treze mortos realmente mortos e caídos no chão. Afastar e correr era relativamente fácil, mas destruir o crânio e chegar ao cérebro para os destruir mesmo que parcialmente exigia força bruta e um pouco de tempo. Nos filmes parecia tão fácil matar essas coisas, apenas um chute e pronto, mas na pratica funcionava diferente. O facão não era amolado o suficiente para decepar uma cabeça; os impactos rasgavam a pele, mas isso não afetava em nada os seres e; o pior, eles se cansavam mais do que nos filmes.

– Estão aparecendo mais e mais. – Sting avisou avistando mais ao longe alguns se encaminhando na direção deles.

O amontoado de carros havia parado em uma barreira feita pela policia, o que fazia o loiro se lembra de Lucy lendo algo sobre os Estados estarem decretando quarentena. Certamente aquela era uma barreira que tentava evitar que pessoas passassem de um lado ao outro. Era, no passado. Com cerca de cinquenta carros estacionados ali, entre eles duas vans e um ônibus. As viaturas que ainda piscavam só serviam para demonstrar que a policia não era nada quando tinha que lidar com o vírus.

Se não estivesse tão preocupado tentando sobreviver, Sting iria procurar por um morto-vivo vestido de policial só para confirmar a sua hipótese. Contudo não foi possível, tudo o que ele fazia era bater e bater novamente com o taco na cabeça dos infectados.

– De toda a forma não dá pra passar por aqui. É melhor voltarmos. – Gajeel deu alguns passos para trás antes de bater quatro vezes seguidas na cabeça de um dos mortos-vivos. Talvez por ter muita força bruta, o ex-lutador era quem mais tinha facilidade em exterminar os infectados. Sting já havia se prometido treinar sempre que tivesse tempo.

– Vamos! – Erza concordou pulando do carro e mais uma vez o espeto foi usado tendo como objetivo o olho de um infectado que logo caiu sem nenhum movimento no chão.

Ir, significava passar por um enorme ônibus azul de viagem, com um símbolo amarelo que poderia significar o sol ou apenas uma coisa redonda brilhante e sem sentindo, de dois andares e repleto de mortos-vivos presos se debatendo contra vidros já trincados. O motorista era o único que estava quase saindo, porem algo em sua calça, talvez o cinto de segurança, havia o deixado preso, por isso o corpo agora jazia debilmente perdurado na janela tentando sair sem sucesso. Ficaria assim por anos.

– O que esta fazendo? – Sting encarou Erza que se encaminhava ate o homem.

– Não existe dignidade nenhuma nisso. – a ruiva ergueu o facão. O som do vidro trincando, a certeza que os mortos-vivos ganhavam força quando a comida estava próxima, e os outros infectados se aproximando não deixaram que Sting entendesse o significado da palavra dignidade.

– É só a merda de um monstro! – exclamou incrédulo. E ainda era um monstro que queria o comer vivo, como ser pior?

– Poderia ser um parente seu. – Erza o encarou firme. – Não sabemos o que vamos encontrar com nossas famílias, mas talvez não seja muito diferente disso. É um ato de piedade apenas. – explicou e então o facão desceu. Foram precisos três golpes para que a cabeça caísse do pescoço.

Sting preferiu não se manifestar. Diferente dos demais, não era apegado à família. Pelo contrario, no momento em que sua mãe, uma ex(?)-garota de programa, viu que poderia deixar o filho sozinho, o fez e foi viajar pela Europa com o dono de uma rede de hotéis. Agora só mandava o dinheiro todo o mês e presentes que ele não fazia questão alguma de receber. Se fosse a sua mãe naquela situação, Sting acharia que era uma honra à mulher não estar em nenhuma situação pior. Quando criança havia visto situações realmente constrangedoras.

– Porra! Sai daí Sting. – Gajeel gritou e no momento seguinte o loiro sentiu algo de vidro se partindo, contra os braços que havia usado por instinto para que o estrago não ocorresse no rosto e olhos.

Desnorteado e cambaleante deu alguns passos para trás e piscou varias vezes. Ambos os antebraços ardiam, como também uma pequena parte do pescoço. Contudo ele não pode observar o que ocorria, do ônibus uma janela já havia sido quebrada e de lá vários mortos-vivos se jogavam. Alguns causando um barulho agonizante de ossos se quebrando sempre que se chocavam com o chão após a queda. Não que algum deles se importasse. As demais janelas pouco a pouco se tornavam mais quebradiças.

– Esta bem? – Erza tinha os olhos castanhos arregalados na direção do amigo.

– Vamos embora de uma vez. – murmurou apertando firme o bastão e correndo em direção a lateral do ônibus.

Um carro antigo e amarelado, ao que parece uma Brasília, estava quase escorado no ônibus, por isso Sting pulou deslizando pela lataria resistente do carro velho e logo caindo no lado contrario. Erza e gajeel fizeram o mesmo e então se colocaram a correr.

Haviam alguns carros no caminho, como mais corpos de mortos-vivos, nem todos mortos por eles. Fora onde Sting achou o taco e o que o levou a sua ideia sobre o dono anterior. Certamente morto.

Sentindo fraqueza nos pés e pernas o loiro correu pelos carros e então viu a avenida. Não se evitou de sorrir e correr, como uma criança brincalhona, na direção do caminhão. Iriam todos embora, o mais rápido possível. Por Gajeel e Erza correndo quase desesperados atrás de si, ele tinha certeza que o desejo era unânime.

– Que merda esta acontecendo? – Natsu parecia não entender nada quando os olhos estavam tentando ver algo que poderia ser o possível perseguidor dos amigos.

– Entra no caminhão. – Erza mandou no momento em que Sting estava passando pelo rosado, foi o suficiente para fazer com que ambos corressem em direção ao automóvel.

Sting se espremeu ao lado de Gray, sendo que Natsu e Erza entraram logo atrás do loiro e Gajeel se colocou no local do motorista. Com os faróis ligados era possível ver cerca de dez ou quinze mortos-vivos se aproximando. O loiro não notou, mas dois corpos sem cabeça estavam jogados na frente do caminhão, o que indicava que os amigos não haviam tido tanta facilidade assim.

– Tem pouco espaço para manobrar. – Gajeel anunciou após dá ré por alguns metros.

– Então vá andando de ré, ao menos ate onde tenhamos espaço. – Erza ordenou, metade do corpo estava para fora tentando ver a parte traseira do automóvel. Os olhos de Sting porem, estavam grudados à sua frente, nos mortos-vivos.

– Isso é loucura. – Natsu estava praticamente de pé, embora não fizesse nada de útil. – Que merda aconteceu lá? – a pergunta pairou no ar, Erza e Gajeel ocupados demais para responder.

– Está lotado deles. – Sting foi quem falou. – Parecia uma barreira policial, ou qualquer porcaria assim, porem foi tomada por essas coisas. – completou.

– Barreira policial? – Natsu arregalou os olhos. Certamente acreditando que nada poderia vencer uma barreira policial. Era burro ou inocente.

– É, completamente destruída, tem vans e um ônibus lotado dessas coisas. Se ficarmos aqui, vamos morrer. – nunca pensou que falaria da possibilidade da sua morte com tanta sinceridade e firmeza. Iriam mesmo morrer se não saíssem dali e isso, isso era assustador. – Tenta ir mais rápido Gajeel. – não estavam se afastando dos mortos-vivos, Sting achava que estavam ficando cada vez mais próximos.

– É o mais rápido que posso ir nessa joça gigante e de ré. – socou o volante com força, os olhos presos no retrovisor.

– Acho que estou vendo uma parte com acostamento. – Erza ignorou a conversa e a raiva de Gajeel. – É tudo o que vai ter, daqui a pouco eles nos alcançam. – olhou na direção do amigo que dirigia por alguns instantes.

– Acho que vou acabar com alguns antes. – Gajeel murmurou segurando o volante com firmeza. Os olhos presos a sua frente indicavam o que ele queria fazer, porem Sting só acreditou quando o som do motor aumentou e eles começaram a seguir para frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Bom, por ser uma parte que eu não sei fazer muito bem, eu realmente gostaria que dessem a suas opiniões, principalmente no que preciso melhorar. Não se acanhem.

Pouco a pouco vou respondendo os comentários do capitulo anterior.
Obrigada por estarem acompanhando.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Regressive Infectio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.