Novamente A Seleção escrita por Letícia Miyashiro


Capítulo 2
A Selecionada


Notas iniciais do capítulo

Gente muito obrigada pelos reviews! Isso certamente me animou a continuar!

Quero deixar avisado que não sei com que frequência irei postar, não seguirei um padrão, as vezes a inspiração pode me escapar ou o tempo rarear e eu demorar mais para postar. Mas não pretendo abandonar essa fanfic, e caso isso aconteça, será apenas uma pausa, e eu avisarei.



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Meu celular tocou às oito em ponto. A música de toque acompanhava o hino nacional que indicava o início do Jornal Oficial, despertando irritação em minha mãe que, por algum motivo, adorava o hino de Illéa.

Hoje era o dia em que revelariam quem eram as Selecionadas, e meu pai estava em casa, abraçava minha mãe e me encarava. A ideia de eu ter me inscrito não o agradou muito.

Nesta noite, ele iria dar uma notícia para a família, logo depois do fim do Jornal. E eu estava mais ansiosa para saber o que ele tinha a dizer do que quem seria escolhida para entrar na Seleção.

Eu acabara de me acomodar em uma poltrona quando Helen me ligou. Eu já sabia que era ela antes mesmo de ver seu nome no visor.

– Está preparada? - sua voz era muito animada, quase histérica. Dava para ouvir a risadinha de sua irmã, que provavelmente estava ao seu lado.

– Estou tranquila. Tenho certeza que escolherão alguém como Hella e Isla, ou até mesmo você, deve ter ficado muito...hum, interessante na foto, e talvez seu rímel escorrido chame a atenção do príncipe - tirei sarro. Escutei um grunhido implicante e em seguida um som de mastigação.

Helen tinha o péssimo hábito de falar enquanto mastigava, até mesmo quando estava no telefone. Acho que não daria muito certo no palácio.

– Escute aqui, para sua informação, nem estou muito interessada em entrar para essa competição mesmo.

– Ora, mas é claro que não - fui irônica. - O que você está comendo aí? Pode me dar um pouco?

– Ora, mas é claro que não - respondeu, imitando minha voz e desligando.

Eu ri e virei meu olhar para a televisão.

O Rei Maxon encerrava as notícias da semana com um jeito ansioso. A Rainha Kriss, Aaron e Alyss encaravam a câmera de um jeito que emitiam silenciosa imponência. O príncipe estava mais ansioso que o pai. Mas conseguia até disfarçar bem com seu sorriso galanteador.

Viola, minha irmã mais nova, encarava o príncipe com admiração. Ela só tinha nove anos e ainda acreditava que a vida era um conto de fadas. E que Aaron era o príncipe perfeito desse conto. Mas eu já li o suficiente sobre ele em revistas e jornais para saber que ele não tinha nadinha de encantado. Era por isso que não ansiava em ir para A Seleção. Sou realista, não tenho culpa. Não vejo apenas riqueza e conforto quando olho através da tela da TV e vejo o palácio deslumbrante e as coroas cravejadas de diamante. Vejo uma vida ocupada, superficial e sufocante, onde eu não acho que encontraria a felicidade facilmente, ainda mais ao lado de um homem como Aaron.

Ao pensar nisso, comecei a roer minhas unhas com o nervosismo, eu não queria ser escolhida. Não podia. Aquilo não era para mim. Mesmo sabendo que há milhares de garotas na Carolina que se inscreveram, temia que fosse escolhida.

Tentei olhar para qualquer lugar que não fosse a televisão, e encarei minha família. Meu pai e minha mãe, sentados lado a lado. Viola se aninhava ao lado oposto do meu pai e os braços dele estavam esticados sobre os ombros das duas. Meu irmão, Louis, encarava a televisão com atenção em uma poltrona defronte à minha. Percebi uma pontada de tristeza na expressão de minha mãe, e uma leve irritação na do meu pai, ao aparecer um close do Rei Maxon.

Sempre soube que meu pai não gostava dele, e meus pais evitavam falar sobre a família real em casa. Evitavam o assunto ao máximo. Eu nunca entendi aquilo, meu pai trabalhava quase diretamente para o Rei, por quê não gostava dele? Mas nunca tive coragem de perguntar.

Enfim Arthur Fadaye surgiu ao alcance das câmeras e se apresentou com a costumeira empolgação. Logo se dirigiu a Família Real.

– Boa noite, Majestade. - ele fez uma reverência. - E então, Aaron? Ansioso para descobrir quem serão as adoráveis garotas que disputarão seu coração?

– Certamente, Arthur - respondeu o príncipe, de prontidão. Ele realmente parecia ansioso, seu sorriso estava meio estranho, e eu gostei de vê-lo de forma diferente. Sem sua máscara de perfeição, ele enfim parecia um homem normal.

– Como Vossa Alteza espera que sejam as selecionadas desse ano?

– Quase tão lindas quanto minha mãe.

Quanta futilidade. É realmente disso que se trata?

Percebi rapidamente que a expressão do Rei Maxon se fechou. Como se o filho tivesse falado algo realmente muito imbecil. E foi o que ele falou, afinal. Mas logo a imagem foi cortada num close do rosto da Rainha Kriss.

Ela estava impassível. Sempre que a via, ela me parecia seca e desprovida de emoção, quase rude. Como se todo o tipo de sentimento tivesse se esvaído ao longo do tempo. Hoje não era diferente. Ao ouvir o que o filho falou, se limitou a dar um leve sorriso, que logo foi desfeito.

– A Rainha parece um robô - comentou Viola, como se lesse meus pensamentos.

Concordei com a cabeça e meus pais a ignoraram. Mas vi o rosto de minha mãe se contorcer. Não pude identificar o que ela provavelmente estaria sentindo. Seria pena da Rainha?

– E Vossa Majestade, também se sente ansioso?

– Em excesso, Fadaye. Mas lembro-me que estava muito pior quando foi a minha vez de escolher. Mas no final, tive a sorte de encontrar uma mulher tão maravilhosa como Kriss - dito isso, o Rei olhou com carinho para a Rainha. Que apenas tentou retribuir o olhar. Seja lá o que eles sentiam um pelo outro, não era recíproco. E além de tudo, era falso. O Rei voltou a olhar para a câmera rapidamente.

– Mas é claro, a Rainha - Fadaye sorriu, tentando aliviar o clima. - A última ganhadora da Seleção, têm algo a dizer para as garotas desse ano?

Ela deu mais um de seus sorrisos secos. Seus olhos azuis gélidos estavam focados e concentrados na câmera.

– Isto é um jogo, garotas. E para vencer, você tem que ser uma boa jogadora, sinceramente, creio que essa é uma qualidade que toda rainha deve ter.

O rosto de minha mãe estava dominado de incredulidade. E a boca do meu pai estava reprimida em desgosto.

– É, Violet, talvez ela seja realmente um robô - minha mãe disse.

– Isso realmente foi um ótimo conselho, Vossa Majestade, obrigado - até a voz de Fadaye estava agora menos empolgada e levemente decepcionada. Ele remexeu os papéis em suas mãos, neles provavelmente continham os nomes das "sorteadas". - Bom, agora vamos descobrir quem são as 35 adoráveis filhas de Illéa!

O brasão nacional piscou na tela. E o rostinho bonito do príncipe Aaron apareceu num quadradinho no canto da imagem. Era o início da Seleção.

– Angelina Hansford, Jersey, Dois.

Uma loira com cabelos extremamente lisos e olhos escuros apareceu, a foto dava destaque ao seu decote. O príncipe pareceu gostar. Revirei os olhos.

– Savannah Ollenspay, Paloma, Quatro.

A garota era linda. Pele bronzeada pelo Sol, cabelos castanhos e olhos dourados. Sua pele era salpicada de sardas escuras, em um contraste bem leve com a pele morena. Ela sorria de um jeito animado, porém um pouco forçado. Apesar disso, Savannah era radiante.

– Laetíce Marvolle, York, Três.

Esta era simples. Mas realmente muito bela. Não havia nada demais em sua aparência, olhos castanho-escuros, cabelos negros e sorriso calmo. Mas tinha olhos sedutores e sua expressão era tão pacífica que conseguiu me deixar mais calma. Em geral, eu diria que ela era encantadoramente acolhedora. O príncipe também relaxou o rosto, seus olhos pareciam perdidos na imagem da garota.

Seria uma forte concorrente para as outras.

– Kelsey Helles, Nensee, Quatro.

Cabelos loiros, ondulados e brilhantes. Sorriso simpático e olhos azul escuros grandes e alegres, porém, meio perdidos, como se tentasse desvendar os mistérios da lente da câmera que tirou aquela foto.. Era encantadora, lembrava-me um raio de Sol. O príncipe pareceu encantar-se com ela e sussurrou algo com o rei.

Olhei para minhas unhas com esmalte descascado, não sabia o que fazer, ou o que esperar, eu simplesmente sentia que o tédio vinha tomando o lugar da inquietação. Ao voltar os olhos para tela, meu coração quase parou quando eu vi meu próprio rosto piscar na televisão.

– Rosalie Leger, Carolina, Dois.

Meu rosto estava mil vezes diferente do que eu esperava na foto. Meu sorriso sarcástico, acabou se tornando um extremamente confiante. Minhas sobrancelhas estavam arqueadas de modo como se eu tivesse satisfeita com algo. Meus olhos verdes brilhavam intensamente com o flash e meus cabelos vermelhos pendiam graciosamente para o lado. Eu estava linda, realmente linda. E eu mal conseguia acreditar.

Meus olhos faiscaram em direção à reação do príncipe. Pude ver de relance a boca do Rei Maxon se escancarar em choque, o que foi realmente estranho, não vi ele ter essa mesma reação com as outras garotas. O príncipe simplesmente arqueou a sobrancelha, numa expressão séria e confusa. E eu não pude ver a reação da Rainha.

Logo minha foto foi trocada por uma morena glamourosa.

Minha família inteira soltou uma exclamação surpresa. Menos eu, estava chocada demais mesmo para respirar.

Ouvi meu celular tocar novamente. E em seguida o telefone fixo. Minha mãe correu para atender e eu deixei meu celular tocar. E o deixei sozinho sobre a poltrona. E corri para me esconder no escuro do meu quarto, fazendo de tudo para os dias que se seguiriam não me acharem.

Mas, pela atitude natural do Universo, eu apenas pude adiar o caos que se seguiria por esta última noite.


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Notas finais do capítulo

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