A Guerra dos Imortais escrita por Cora, O Raposa, Camille M P Machado, PinK Ghenis, Mr Viridis, Mr Viridis, Julia, H M Stark, SuzugamoriRen, Joko


Capítulo 21
Capitulo 21 - Cristiano de Wjier




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Um sonho. Uma mulher.

Era assim que o jogador de futebol Cristiano de Wjier sentia-se desde que entrara em rota de colisão com uma garota francesa da mais alta sociedade. Ela era a definição de um sonho, uma utopia incapaz de ser atingida da mesma forma dos idos de Platão, ou seja, algo impossível. Mas ainda sim, ele conseguiu de alguma forma e agradecia a quem quer que fosse por isso. Seria a deusa da sorte sorrindo para ele? E por que ele ficava murmurando isto quando na verdade ele, em si, seria um próprio deus? Se ele existisse o que aconteceria com as crenças cristãs e pagãs? Por vezes se perguntava, por vezes necessitava apenas em curtir o momento.

Já estavam no aeroporto de Florianópolis quando o mesmo recebera uma ligação de seu empresário, urgindo a que ele voltasse à Bélgica a fim de negociar um contrato milionário com o galáctico time do Real Madrid. Somado a isto, havia a necessidade de sua apresentação à seleção daquele país, pois as eliminatórias para a Eurocopa iriam recomeçar. Realmente ele não teria tempo suficiente a ir a festas, mesmo sendo do poderoso e influente empresário italiano, Nero Pagani.

Porém ele não queria ir a lugar algum sem ter que levar a, no momento, sua Charlotte. Pensou em ignorar a festa, mas ele não sabia qual seria a sua reação. Com certeza teria seus próprios afazeres e negociações a fazer.

Charlotte estava exausta, meio sonolenta por conta dos últimos eventos. Quando entrou no avião ao lado de Cris imediatamente sentou-se e relaxou na poltrona, aquela era a primeira vez em muito tempo em que ela se sentia tão confortável ao lado de um homem.

– Você parece tenso. Aconteceu algo? - Ela indagou, tentando parecer despreocupada e retirar um pouco das preocupações de Cris. ‏

– Um dilema, eu diria, meu anjinho - ele suspirou e forçou um sorriso - Tenho uma convocação para ir amanhã, mas sinto que devo ir à festa do Nero por alguma razão. ‏

– Você não está pretendendo me dar um bolo, não é? - Charlotte fingiu estar irritada, mas riu para ele e apoiou o rosto em seu ombro logo em seguida.

– Longe disso - ele, imediatamente quis se corrigir - Claro que irei nessa festa com você, mas terei que ter um carro preparado de antemão. Só digo que a partir de hoje teremos que realmente correr. De qualquer maneira, está a fim de enfrentar o destino ao meu lado?‏

– Posso correr com saltos altos sem problema algum. - Charlotte olhou para Cris por alguns instantes e desejou que ele pudesse compreender que ela realmente queria ficar ao lado dele. - Eu quero ficar com você. ‏

– Eu não sou um cara bem letrado, mas eu não quero que você saia de perto de mim nem por um segundo - dizendo isso, ele acariciou o rosto de sua amada - Tenho que te mostrar tanta coisa... Incluindo o lugar onde eu nasci como eu vivi, e como eu cheguei aqui. Estar com você é o ápice de minha vida pessoal.

Seu sorriso infantil denunciava a felicidade vivida naquele momento. ‏

Ela devolveu o sorriso e segurou a mão de Cris. - Eu adoraria compartilhar isso com você.

Ele então se lembrou do passado e da mesma forma que se recordava, contava a Charlotte os maiores detalhes.

"Eu nasci em uma viela na cidade de Bruxelas, na Bélgica. Meus pais se conheceram por causa de uma viagem de minha mãe, brasileira, para estudar na universidade de lá enquanto meu pai era um comerciante de segundo escalão. Eu nasci depois de uma espécie de ficada de uma noite apenas e minha velha teve que batalhar para viver estudando e me criando. Meu pai ajudava sempre que podia, mas não fazíamos dinheiro suficiente a sustentar bem nossa família.”

“Quando fiz três anos, o internato de minha mãe foi finalizado e ela teve que voltar ao Brasil, a cidade de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul. Meu pai, não querendo abandonar minha mãe com um filho sozinha, vendeu tudo e veio com ela para cá. Esse estigma de família talvez venha dele, que abandonou quase trinta anos de comércio nas principais feiras europeias para ajudar uma quase desconhecida a criar o filho deles.”

“Aos sete anos, deixei de estudar para trabalhar e incrementar a renda de nossa casa. Natália - minha irmã mais nova - não precisava disso, por que eu fazia questão de levá-la todos os dias na escola. Vendia colares e procurava livros no lixo com o singelo objetivo de nunca parar de ler, escrever ou até mesmo estudar. Nas horas vagas que tinha - era ambulante - preferia ir ao campinho e ver os outros jogarem futebol. Lembro-me da minha ruína na linha, no dia em que eles me chamaram, e por causa disso fui ao gol...”.

“Fiquei bom. Goleiro só precisa ter algumas funções que na linha sequer imaginava ter. Eu vivi minha vida não reclamando das dificuldades como todos fazem, mas sorrindo e feliz pela oportunidade que a natureza me deu de viver nessa época renhida e cruel. Divertindo-me com amigos, atualmente, de longa data. Até que um dia, em Porto Alegre, um olheiro me viu e me chamou para treinar no Juventude de Caxias do Sul. Aceitei de imediato e todo meu salário foi a minha família."

“Hoje eles são verdadeiros comerciantes. Como eram antes de eu nascer. Fiz questão de recompensá-los pelo trabalho duro”.

– Cheguei aonde cheguei Charlotte. Como eu disse, eu mantenho minha felicidade a frente das adversidades. E assim eu estou aqui do seu lado, viajando e curtindo com você. Eu quero lhe mostrar tudo isso que eu lhe falei, por que eu lhe acho tão importante, que desejo compartilhar isto contigo... - terminara então com seu gesto mais famoso: um branco sorriso. - E quem ver eu hoje, nem imagina as dificuldades que passei.

‎Charlotte piscou algumas vezes sem falar nada, ela sabia que a vida de Cris havia sido difícil, naquele momento sentia-se mal ao recordar-se das exuberâncias de sua vida. Ela era mimada, sem foi. Poderia ter crescido sozinha, mas seus desejos eram ordens. Ela acariciou o rosto de Cris, desejando poder abraça-lo forte.

– Acha que seus pais vão gostar de mim? - Apesar de todos os casos que teve em nenhum momento pensou em conhecer a família dos garotos com quem saia. ‏

– Acho que sim, mas a casa que eles vivem até hoje é simplória. Nada muito chique com glamour viu? - sentiu na responsabilidade de avisar, afinal a vida de Charlotte não era novidade a ninguém. ‏

– Eu não sou tão superficial assim - Ela retrucou, fazendo uma careta. ‏

– E meu pai é meio grosso. Não se assuste. Minha mãe é uma fofa, sempre fica me ligando para saber se eu já casei e essas coisas. Vai amar sua visita, ainda mais, do jeito que é encantadora Char, garanto que meus pais irão gostar de você do mesmo modo que eu. ‏

– Estou ansiosa para conhecê-los! - Respondeu com um sorriso, depois voltou a apoiar o rosto no ombro dele. - Sinto algo estranha sobre essa festa. ‏

– A do Nero? - ele vislumbrou a janela do avião já alçando voo - Também sinto, mas é algo que me instiga a não ir... E você? O que acha?‏

– Eu não sei - Levantou o olhar para ele. - Acho que deveríamos ir.

– Por quê?‏

– Uma lista de convidados tão... diversificada como aquela merece atenção, não acredito que Nero convidaria qualquer um sem que houvesse um motivo.‏

– Ele já fez tanta coisa sem motivo. Nunca vi cara mais extravagante que ele. Mas concordo, uma lista que tem uma ex-atleta olímpica, uma estudante, um músico cujo nome nunca ouvi falar... É algo que se não fosse dele, eu estaria gargalhando. ‏

– Talvez ele esteja realmente ficando doido. - Ela deu de ombros. ‏

– Char, mudando de assunto, conte-me mais do seu ativismo. ‏

– Meu pai era um homem generoso - Falou com um sorriso ao lembrar-se da imagem do pai - Costumava manter médicos e educadores em algumas áreas da África e algumas outras partes do mundo, além de financias várias pesquisas. Quando minha mãe morreu, vítima de um tumor, ele estendeu seus esforços para aqueles que sofriam com o mesmo problema. Cresci sabendo que deveria manter os projetos dele, é nesses lugares que a imagem dele permanece mais viva. ‏

– Entendo. Depois eu passo um cheque a essa fundação e levo uns amigos à África para a gente bater uma bolinha com eles. O que acha?

– Acho que eles iriam adorar Cris.

***

Como um néctar divino, oriundo da mais pura fonte do monte Olimpo, a voz da garota ruiva a seu lado permeou seus tímpanos e sua mente. A doce Charlotte, a qual diferente dele vira absolutamente nada no mundo em geral. Ingênua e protegida. Sofria a entender de certa forma a vida que ele levava. E sobre o eterno céu azul - negro, dada à noite - eles adormeceram profundamente após sorrirem um ao outro, sobre um bom e velho vinho Bourdoux 1993.

Especificamente naquele dia, ele sonhou com algo com o qual nunca deveria lembrar. Seu xamã disse que certamente ele se lembraria das vidas passadas de seu deus interior a fim de entender os aspectos diversos do único olimpiano a nascer de uma humana, sendo assim, o mais próximo da raça vil habitante da terra. Tais coletâneas tinham três aspectos distintos nos quais evidenciaram e moldaram a atual personalidade de seu ser interior

O primeiro deles foi um chinês da era dos Três Reinos chamado Zhou Yu. O segundo foi um Califa Abássida do século IX chamado Harun al-Rashid e, por fim, o mais crucial de todos e cujo conflito se estenderia por toda eternidade: Saladino. Era ali, nas Cruzadas, um dos mais enigmáticos movimentos religiosos da história que os destinos de Hades, Perséfone e Dionísio cruzavam-se para nunca mais serem esquecidos.

O ano era de 1190. Dionísio observava as ações de Saladino e as lamentava apesar de entender. Deveria defender sua religião, sua devoção. Os cristãos não entendiam que os mulçumanos nunca deixaram de permitir a adoração de outras religiões, ainda sim, eles queriam massacrar seu povo e sua terra. Como representante do mundo divino, Dionísio dava carta branca em assegurar que a Guerra Santa, que deus estava do lado do xeque gênio criador de uma dinastia no Egito.

Foi quando uma linda mulher de cabelos flamejantes torrados pelo sol surgiu em seu campo de visão. Era uma das mulheres capturadas perante uma das batalhas contra aqueles infiéis. Ela era guerreira, mas também uma cortesã. Ela tinha fibra, mas era educada. Força de uma batalhadora, elegância de uma rainha. Segundo seus atendentes era ela Sibila. Desconhecida a Dionísio, aquela era a reencarnação de Perséfone.

Desde ali eles já enfrentavam seu destino.

– O que fazes na Terra Santa, senhorita?

Ela virou os olhos para o moço que lhe dirigia a palavra, seu sorriso foi flamejante e o azul de seus olhos brilhou de maneira indecente.

– Uma jovem precisa encontrar meios de ganhar a vida, meu lorde - Deduziu que o fosse, pelas roupas bem feitas que o homem vestia.

– E o senhor? Este não parece ser um lugar que alguém como você frequentaria.

– Eu frequento todos os lugares que dão o prazer da minha presença - ele continuou numa personalidade típica do deus do vinho - Mas o que pode me dizer para me agradar?

Algo nos olhos do lorde despertou em Sibila um sorriso leve. Considerando as roupas que trajava, o homem já deveria saber o que ela poderia fazer por ele.

– Qualquer coisa - Respondeu sem pestanejar.

– Então, se eu ordenar a você a espionar o líder inimigo, você o faria sem demora? - ele estralou seus dedos enquanto adequava-se ao local onde se encontrava.

Sibila deu de ombros.

– Claro, mas achei que o senhor quisesse algo mais agradável.

– Mas eu quero - Saladino pegou ela pela cintura e imergiu no oceano azul de seus olhos - Negócios sempre vem primeiro, porém prazer vem sempre depois para aliviar as tensões.

Vinhos espalhados. Almofadas circundadas.

O primeiro embraço de um amor proibido estava prestes a começar


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