A Guerra dos Imortais escrita por Cora, O Raposa, Camille M P Machado, PinK Ghenis, Mr Viridis, Mr Viridis, Julia, H M Stark, SuzugamoriRen, Joko


Capítulo 22
Charlotte Wickery


Notas iniciais do capítulo

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Os primeiros raios de sol banhavam os lençóis cor de ébano da cama de Ricardo. Sibila esgueirou-se entre a seda e colocou seu vestido. O homem ainda dormia profundamente e nem mesmo naqueles momentos sua face deixava a expressão dura e sombria. Sibila caminhou lentamente entre o cômodo, marcas roxas cobriam alguns lugares de sua pele, grande parte ela havia sido capaz de esconder com o vestido, quando as outras, jogou o cabelo sobre antes de atravessar a porta do quarto e descer lentamente as escadas. Servos observavam-na por alguns instantes e depois desviavam os olhos desinteressados, não era incomum a presença de uma mulher na cama de Ricardo.
Ela fez o caminho até o palácio onde Saladino se encontrava, a maré de guardas abriu-se diante dela quando Sibila entrou no quarto de Saladino, que diferente do de Ricardo era banho por tons de roxo que lembravam-lhe a embriaguez de uma garrafa de vinho. Os olhos de Saladino pousaram-se sobre ela, Sibila manteve o vestido e os longos cabelos acobreados sobre as marcas roxas, em seu trabalho aquilo não era atraente.
– Meu senhor.
– O que houve minha bela Sibila? - o grande árabe, cujo nome ecoava em todos os lugares ocidentais, imediatamente retirou seu turbante e, levemente acariciou com cautela as marcas feitas pelo grosso e inconsequente líder dos templários - Ele foi tão agressivo assim com você?‏
– Ele foi meu senhor. Exatamente como havia me dito. - Sibila apreciou as carícias do sultão e acariciou o rosto de Saladino em resposta em seguida curvou-se respeitosamente diante dele. Homens de poder gostavam de ser reconhecidos por isso, ela havia aprendido ao longo do tempo. ‏
– Ricardo é um general da mais alta estirpe e qualidade. Mas ele requer do sentimento básico de um ser humano. O carinho e amor. - ele levantou o queixo da mulher com seu indicador, e sorriu à medida que com a mão esquerda alisava o belo rosto que inundava em sua visão - Descobriu alguma coisa? Ao menos faça tais agressões se tornarem uma vingança dolorosa ao orgulhoso inglês. ‏
– Ele esta organizando suas tropas com urgência, a pedido de seus oficiais - Ela informou enquanto desabotoava seu vestido ornamentado em vários tons de azul. - Planeja partir em no máximo, duas semanas. O clima no palácio de Ricardo é de tensão, meu senhor. Eles temem o encontro com seu exército.
– Ele saberá usar isso a seu favor. - ele não conseguia pensar, ele só via aquela mulher em sua frente. Queria ela para si, nada mais. Tinha reconquistado Jerusalém, mas via-se cercado pelas tropas de Ricardo após o cerco bem sucedido da cidade de Acre. Todas essas preocupações no discernimento da guerra eram inúteis perante a atração sentida. - Mas nessas duas semanas irei fazer um movimento digno da genialidade transpassada por Alá. Mais alguma coisa?‏
– Não, meu senhor. - Murmurou com os olhos fixos nele. ‏
– Então... Se me permite. Eu quero você, eu desejo você. - virou-se e entregou uma garrafa do mais fino vinho feito nas regiões de Damasco - Juntos, eu e você, desafiaremos o destino traçado e moldaremos um novo passo a entrar aos anais da história. ‏
Sibila pegou duas taças e despejou o vinho, entregou uma delas para seu senhor e acomodou-se entre as almofadas de Saladino.
– Meu trabalho é lhe servir.
Saladino então começou lentamente a despi-la. Um cavalheiro, um ser que amava tratar as mulheres do modo das quais elas vieram ao mundo - como deusas. A beleza de Sibila o encantou imediatamente, o uso dela foi fundamental, e a recompensaria de maneira inesquecível: daria seu amor incondicional. Diziam as más línguas e seus generais, que amar uma mulher da vida poderia ser sua derrocada, a ele, só pelo simples fato de conseguir sentir aquele ardor em seu peito, já lhe fazia viver cem anos. A batalha? Consequência. A morte? Um mero detalhe.
O que seria tudo isso, se você não vivesse intensamente?
Suas mãos começaram a ser atraídas para seus seios. Sua boca, aos lábios carnudos em sua face. Seus olhos, ao imenso e eterno céu encantador em seu rosto. Devagar, equitativamente do modo em que um inglês saboreia seu chá das cinco. Ele queria Sibila aos poucos, ansiava por deixá-la excitada lentamente...
Sibila fechou os olhos deixando-se levar pelas carícias do sultão, ele descia lentamente as mãos por seu corpo, fazendo-a estremecer de prazer. Algo se acendeu dentro de moça, um sentimento que nunca havia sentido quando estava com qualquer outro homem. Seria amor? Se fosse, ela estava fadada à desgraça, uma mulher como ela, alguém que fora feita exclusivamente para dar prazer não poderia amar apenas um homem. Suas mãos passearam pelo corpo do sultão, arranharam sua pele perfeita enquanto seus lábios se abriam para deixar leves gemidos escapar.
O medo de deixar seu amor por Saladino crescer foi esquecido à medida que seu corpo roçava no dele. A pele do sultão era quente, levemente bronzeada pelo sol e contrastava com a dela. Sibila empurrou-o para o lado e sentou-se sobre o peitoral dele, inclinou-se para beija-lo nos lábios e depois mordeu levemente o pescoço de seu senhor.
– Agrada-lhe?
– Muito...
Ele então deslizou de suas mãos pelas costas dela enquanto os lábios se colavam novamente, após este buscar seu rosto. A ardente chama da paixão queimava; era impossível não perceber como sua pele, lábios e língua eram doces. A sensação era de um prazer inigualável, cujo rastro era evidente na cama e nas almofadas. Arrepios surgiam nos pontos em que ele a tocava, e se alastravam pelo seu corpo, lhe causando arrepios e tremores. Ele percebia, ele notava, todavia não parava.
Enquanto beijavam lentamente, saboreando cada toque, com paciência, a língua percorria os lábios sem pressa, entreabrindo-os fazendo movimentos de reconhecimento, de invasão, isso fazia o coração de Sibila palpitar violentamente pela paixão que irrompia em suas veias. Sons leves e provocantes saiam de seus lábios entre abertos. Sentia-se parte de Saladino à medida que ele se colocava dentro dela, tornava-se propriedade do sultão como nunca havia sido de nenhum homem.
As carícias entre eles não eram apenas parte de seu trabalho - não era nada parecido com o que suas noites com outros homens costumavam ser -, era parte de Sibila, o reconhecimento ao toque e o calor que emanava de seus corpos vinha de muito antes de Saladino a conhecer.
Pertencia a um passado onde suas almas foram entrelaçadas.
Ela se perdeu nos braços de Saladino e a única coisa que conseguia sentir era o cheiro que emanava da pele do sultão, um aroma amadeirado, forte e masculino, lembrava-lhe raios de sol e um vinho forte.
– Charlotte.
O nome ecoou no quarto.
– Charlotte.
Desta vez Sibila se sentiu estranha e uma forte luz foi em direção ao seu rosto.
– Charlotte - A francesa acordou atordoada depois do sonho, ela olhou para um dos lados e constatou que já haviam pousado em Salvador, olhou para o outro lado e viu Cris olhando-a do mesmo jeito que o sultão para a meretriz.
– Cris.
Ela não conseguiu dizer nada além do nome...

Ela e Cristiano chegaram ao hotel quando estava anoitecendo. Deixaram as malas no quarto e desceram para o jantar que além da comida deliciosa também contava com uma vista espetacular para o mar e as estrelas. O local era bem iluminado, luzes brancas e amarelas pendiam por todo o teto, Charlotte colocou um vestido simples, com a cintura bem marcada e a estampa de flores em tons de azul. Ela não usava nenhuma joia e seu cabelo estava solto, balançando à medida que o vento soprava.
Eles escolheram uma mesa próxima à varanda, com uma toalha de linho branco e um conjunto de velas acesas. Ao longe uma escuridão inquietante chamava a atenção da jovem, ela tentou desviar o olhar por alguns instantes, mas o sentimento de que algo a observava e a chamava era inevitável, em seu interior era uma sensação familiar, não era aconchegante como o colo de uma mãe, mas não era desconhecida como o olhar de um estranho, ela sabia que já havia encontrado o ser que estava escondido naquelas sombras. Algo dentro dela sabia. Por alguns instantes seu coração palpitou mais forte, sentiu as mãos tremerem e as fechou com força para que Cristiano não pudesse notar. Algo não estava certo com ela.
– Cris - Charlotte chamou enquanto o garçom servia-lhes a entrada que havia sido uma sugestão do jogador - Preciso ir ao banheiro.
– Sem problemas, só não demore, ok?
Um sorriso tranquilo do jogador acompanhou a retirada da garota. De longe, do lado de fora um belo homem carregando certa pasta, na qual todos pensavam que seria um violão, sentava a vista do casal a os observar. Ordenara um copo de café com dois cubos de açúcar e um de leite e tomava com toda a cautela do mundo quando viu uma linda ruiva se aproximar daquela mesa. Ainda com as pernas cruzadas, ajeitou seus diversos anéis em seus dedos, seus cabelos platinados e recostou-se a cadeira, pois aquela não era qualquer uma.
Os olhos pareciam diferentes. Emanava a sabedoria da rainha do inferno. As correntes de sua calça jeans tremeram, por causa disso reconheceu que ela era um receptáculo dos deuses. Foi à comprovação, a certeza de que aquela mulher era nada menos que a Perséfone das eras antigas. Charlotte Wickery nos dias atuais.
O jovem alto e belo, magro, porém com certa definição, sorriu. Algo estava a acontecer.
Charlotte não se sentia ela mesma. Seu corpo não tremia mais, na verdade ele parecia estar amortecido, sabia que estava andando, não porque sentia suas pernas se moverem e sim porque conseguia observar a paisagem ao redor se mover. Ela queria gritar, mas não conseguia sua boca não lhe obedecia assim como o restante de seu corpo. Notou que caminhava em direção aos jardins, mas não tinha ideia de como aquilo estava acontecendo. Aos poucos sua visão se embaralhou e perdeu o foco, dando lugar a uma forte luz branca e em seguida a escuridão profunda.
– Cerberus - O espírito da Rainha do Inferno que havia tomado conta do corpo da humana se manifestou. Diferente da menina, Perséfone soava firme, sem esquivar-se diante do monstro infernal.
– Oh! - exclamou de maneira sarcástica o antigo monstro de duas cabeças, agora um humano com atos e responsabilidades - Vejo que me reconheces, vossa alteza.
– Como não reconheceria o fiel daquele que me aprisionou no submundo? - Perséfone indagou com ironia - O que queres com a humana?
– Não posso aproveitar a paisagem de uma das cidades mais turísticas do Brasil? E quem te garante que é de você que eu estou atrás? - ele, com a xícara levantada, apontou para o futuro jogador do Real Madrid e a encarnação de Dionísio.
Ela seguiu a direção apontada pelo homem, observou Cristiano sentado a mesa e voltou novamente seu olhar para Cerberus.
– Acredito que Hades ainda goste de mulheres em sua cama, apesar do jogador ser bem atraente.
– O que acontece com um cão cujo mestre é incompetente? Ele aprende o momento de maior fraqueza deste e o aniquila-o. Isso é com qualquer animal. Ou, se quiser modificar um pouco a história, ele fica tão dissatisfeito com seu benfeitor que procura um novo mestre. Não sirvo mais ao inferno, vossa alteza – ele desferiu um sorriso esbranquiçado que não escondia o prazer de ver as pessoas sofrerem. Um sádico estampado em sua face esbranquiçada - Eu sirvo a...
Ele se levantou e aproximou-se do ouvido da mulher estando a sua frente sussurrando assustadoramente.
– Morte...
Perséfone se manteve firme da maneira que havia aprendido nos éons em que conviveu com Hades e suas aproximações agressivas.
– Você sabe que Hades vai retornar, e quando isso acontecer ele irá atrás de você do mesmo modo que está atrás de mim. Ele será um aliado melhor para Thanatos do que você. -Ela sentiu um desconforto em seu corpo, o espírito da humana estava retomando o controle, uma péssima hora para a garota retornar. - Nós vamos voltar ao inferno juntos. A diferença entre você e eu, é que lá eu uso uma coroa.
Da mesma forma que Charlotte havia adormecido, Perséfone sentiu suas pernas vacilarem enquanto a humana tomava controle de seu corpo, antes de voltar a escuridão ela conseguiu ver os olhos de Cerberus, encarando-a seriamente.
Quando acordou, Charlotte deparou-se com a figura de um homem caminhando lentamente a sua frente.
– Tem sorte sabia? Não sou eu que cabe julgar você, e sim o próprio senhor que vai atrás de você. - o caucasiano voltou a sentar-se quando percebeu uma mudança de olhar na garota - Mas diga a Cristiano que Vincent Carter mandou lembranças e espera lhe encontrar na festa de logo mais.
Ele se levantou e pegou seu instrumento musical antes de se retirar. Achara graça de tudo àquilo quando viu a face assustada de Charlotte tentando compreender tudo o que se passara no instante da conversa...


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