Always With Me escrita por Menta


Capítulo 13
I Get By With A Little Help From My Friends - Parte Final


Notas iniciais do capítulo

E chegamos, em clima de Copa, a partida de quadribol! Heheheheh!
Espero que gostem!
Aguardo seus comentários e possíveis recomendações.



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Após uma noite mal dormida em forma de cachorro nos jardins do castelo de Hogwarts, Sirius fez questão de se atrasar para o aquecimento do time de quadribol da Grifinória, sem nem sequer vestir suas vestes esportivas com antecedência.

Ao enfim chegar ao vestiário, o time já estava pronto e ouvia mais um dos típicos discursos de James sobre as táticas de jogo. O amigo encarava o rosto de cada um dos jogadores, inclusive de Alice Longbottom, que substituiria Sirius Black como batedora reserva, chamada de última hora.

– Sirius! Você veio, que bom! - Alice disse, parecendo aliviada de não ter de jogar. A posição reserva da garota era oficialmente a de artilheira, e não tinha muito jeito como batedora. Os colegas de time pouco a pouco voltaram-se para ele, as garotas o saudando com alguma simpatia enquanto os rapazes o xingavam pela demora. James resolvera ignorá-lo, o que ele aceitou de bom grado. Ainda estava irritado com a obsessão infantil de James por ganhar a taça, quando havia muito mais em jogo, no mundo bruxo, do que partidas de quadribol de colégio.

– Abandonou a equipe assim, porra? Cadê o seu espírito esportivo, cara? - Tim Wood reclamou, segurando a vassoura junto a um dos ombros. Alice se despediu de Frank, beijando-lhe e saindo do vestiário, enquanto Emmeline aproximou-se de Sirius e deu-lhe um tapinha amigável no ombro.

– Meu "espírito" esportivo foi sujar as cuecas de Filch com bombas de bosta junto de Pirraça. - Sirius falou rispidamente, fazendo uma piada infame com o termo espírito esportivo. Ele sabia que James teria rido, em outras circunstâncias. A pedido de outros colegas do time, Sirius entrou em uma cabine e trocou de roupa rapidamente, e o grupo, enfim, estava pronto para o jogo.

Em pouco tempo, o time se dirigiu ao gramado.

Ao saírem para a manhã daquele dia de chuva do fim do inverno, com um vento rascante de gelar os ossos, Sirius ouvia, entre os trovões que retumbavam ao redor, os gritos da torcida nas arquibancadas, gritando destoadamente a favor da Sonserina e da Grifinória. A esquerda, uma onda verde e prata de alunos pulava e berrava, cantando o hino sonserino e provocações contra a Grifinória, e, a direita de sua perspectiva do campo, uma massa de estudantes vestidos de vermelho e ouro urrava, comemorava e saudava o time, incentivando-os com palavras de torcida e também com o hino grifinório.

Madame Hooch estava ao centro do campo, o apito em mãos, e o estojo que continha as bolas do jogo ainda fechado: os balaços, goles e o pomo de ouro. Do outro lado do campo, estudantes segurando suas vassouras, vestidos com vestes esportivas verdes fulgurantes se aproximavam, alguns com sorrisos sarcásticos e desafiadores no rosto, outros, com puro desprezo em suas feições. Sirius estaria em êxtase por enfrentá-los e derrotá-los, em outra ocasião, se não fosse Regulus Black o capitão do time. Sem pensar no que fazia, se pôs na posição de montagem da vassoura, esperando o sinal de início do jogo. Segurava seu taco de batedor com firmeza, já ansioso.

Ele viu o irmão se aproximar, a um chamado da juíza, e o garoto sequer lhe deu um olhar em resposta. Covarde. Sirius pensou, e instintivamente sabia desde já o que queria fazer. Já decidira que o faria, desde que a data daquela partida fora determinada. Olhou o rosto do irmão mais novo, que encarara James Potter, suas feições parecidas com as de Sirius fechadas em uma expressão de frieza e quase indiferença. Apenas piscara os olhos, quase apaticamente, enquanto chegava mais perto do capitão da Grifinória. Regulus deixara seus cabelos crescerem um pouco, e estava agora, ironicamente, ainda mais parecido com o irmão mais velho.

Assim, Regulus apertou as mãos de James, enquanto Madame Hooch soava o apito de início da partida. Os sete jogadores da Grifinória e os sete jogadores da Sonserina decolaram em suas vassouras, e a juíza liberou as bolas do esporte.

– Voando, pela Grifinória, temos James Potter, capitão do time, apanhador! O garoto com reflexos de ouro, olhos na nuca, o filho do vento! - Gritou audivelmente o narrador do jogo, Edgar Bones. Era um simpático aluno da Lufa-Lufa, vestido com uma pele falsa de cobra enrolada ao redor dos ombros, em um simbolismo à derrota da Sonserina. - Emmeline Vance, artilheira, recordista de gols da Taça das Casas desde 1973! - Emmeline passou voando rapidamente por ele e lhe soprou um beijo, sorrindo-lhe brincalhona e piscando um dos olhos. - Ah, papai! - Edgar brincou, fingindo estar extasiado com o gesto da garota. - Seguindo, Tim Wood, artilheiro! Brumhilda Hoehfler, artilheira! O trio todo-poderoso da Grifinória, não há goleiro que os segure! - A arquibancada de grifinórios comemorava, urrando junto as palavras parciais de Bones.

– Os batedores, Frank Longbottom e Sirius Black! - A multidão de grifinórios e simpatizantes gritou ainda mais, especialmente a porcentagem feminina torcedora. - A chuva hoje está caindo forte, mas a previsão é um temporal de balaços de leões contra serpentes! Se prepare, Sonserina! - Edgar provocou junto a torcida.

Sirius, já girando o taco de leve, fazendo firula para a arquibancada de grifinórios, passou na frente de onde havia um grupo concentrado de garotas, fingindo atingir um balaço invisível no ar. A maioria gritou, incentivando, e ele pôde ver de relance Marlene McKinnon, segurando um sorriso. O rapaz sorriu-lhe de volta, satisfeito de ver que ela não parecia mais tão ofendida, mas ela rapidamente fechou a expressão para ele. Dando de ombros, seguiu zunindo pelas arquibancadas, e logo viu a professora McGonagall se aproximar de Bones e tentar lhe retirar o altofalante enfeitiçado, enquanto o rapaz pedia desculpas pelo favoritismo. Sirius se permitiu rir sinceramente.

– E, por último mas não menos importante, Aurelia Diggle, delicada porém dedicada, a leoa-muralha! Não há goles que passe por ela! - Edgar Bones narrava, tentando fugir da professora Minerva, subindo pelos degraus de uma das arquibancadas.

Sirius via James voando muitos metros acima de si, conferindo determinado a localização do pomo. Não vira Regulus ainda, somente alguns borrões verdes zunindo em direções diferentes. Teria de se aproximar mais dos times e ganhar terreno para encontrá-lo.

– Pela Sonserina, temos o capitão, Regulus Black, jogando na posição de apanhador! Os artilheiros, Mark Mulciber, Jack Travers e Sheryl Flint! - Bones dizia de qualquer jeito, impaciente para passar a narrar a partida. Agora, já literalmente corria da professora McGonagall, recebendo espaço dos alunos que se divertiam com isso.

– Os batedores, Rabastan Lestrange e Alijah Avery! - Bones anunciava correndo. - A goleira, Lucinda Talkalot! - Ele finalizou a escalação da Sonserina, enquanto Sirius rebatia um balaço na direção de Mulciber, que voava perto de si. O garoto teve de mergulhar para desviar do tiro certeiro.

– A goles passa de Vance para Wood, mas que passe lindo, que precisão! - Bones foi interrompido pela professora McGonagall, que retirou finalmente o altofalante de suas mãos e passou a narrar o jogo.

– Wood tem a posse da goles, mas Flint o cortou enquanto Travers roubou a goles! Preste atenção, Tim! - A professora McGonagall ralhou, ela mesma não conseguindo se manter imparcial.

– Travers passa para Flint de novo, e aí vem Mulciber. Eles seguem em direção ao gol, onde estão os batedores da Grifinória, por Merlin?! - A professora McGonagall reclamou, ralhando com Sirius, que finalmente encontrara Regulus e agora se distraíra do jogo.

– Flint, Travers e Mulciber juntam-se na formação de ataque cabeça de falcão! NÃO, LONGBOTTOM, VOCÊ ERROU A TACADA! - A professora Minerva ralhou com o batedor que tentara deter Mulciber, que levava a goles e conseguiu passá-la por um dos aros do gol. - Sonserina 10, Grifinória zero! - A professora gritou a contragosto pelo altofalante, enquanto a torcida verde e prata urrava de alegria.

Alheio ao jogo e determinado no que faria, Sirius subiu em direção a Regulus, que voava muitos metros acima do campo. James já descera, escoltando as arquibancadas em busca do pomo. O rapaz empinou a vassoura, segurando com a mão direita firmemente em seu taco de batedor.

– É verdade? - Sirius rosnou para Regulus, chegando perto do irmão. Alguns minutos se passaram, e a Sonserina já fizera cinquenta pontos.

– ...Vance tem a posse da goles, Avery mira um balaço, mas ela se atira para baixo da vassoura, pendurando-se apenas com uma das mãos e os pés! Um giro da preguiça exemplar! - A professora McGonagall comemorou. - Vance segue com a goles, Talkalot mergulha em falso, e são 10 pontos para a Grifinória! - Muito abaixo, a torcida dos leões comemorava em zurraria.

Regulus ignorou o irmão e incutiu mais velocidade a vassoura. Sirius não saiu de seu encalço.

– Eu te fiz uma pergunta. - Sirius insistiu, grunhindo.

– Se concentre no jogo, Sirius. - Regulus respondeu, fingindo indiferença.

– Me mostre seu braço. - Sirius exigiu, mergulhando na frente de Regulus, cortando sua movimentação. Seu irmão mais novo foi obrigado a frear bruscamente a vassoura, e agora seu rosto já demonstrava irritação. Lá embaixo, a professora Minerva se esgoelava:

– ...E Vance tem a posse da goles de novo, vai garota, isso! - McGonagall se descabelava gritando. - Mulciber e Lestrange pressionam, mas ela faz um passe de revés certeiro para Brumhilda, que goleia! Mais 10 pontos para a Grifinória, isso, meninas! - A professora comemorou junto a multidão vermelho e ouro.

– De que merda você está falando? - Regulus deu meia volta, muito acima das arquibancadas, fugindo do irmão mais velho.

Sirius não arredava pé dele. - Não se faça de sonso. Eu mandei me mostrar. - Suas vassouras moviam-se tão rapidamente que faziam um barulho agudo cortando o ar.

– Eu não lhe devo nada. - Em um movimento traiçoeiro, Regulus lhe deu um olhar de desprezo, girou cento e oitenta graus e mergulhou, e Sirius mal teve tempo de rebater um balaço que quase lhe atingira as costelas.

Sirius perdeu o irmão de vista, enquanto a chuva tornava-se mais espessa. Estava difícil enxergar, mas o time havia realizado um feitiço de impermeabilidade em volta de seus rostos, para que pudessem ver o que acontecia. Entretanto, era difícil discernir os borrões verdes, zunindo pelos ares. Passou-se um bom tempo, Sirius rebateu alguns balaços, e enfim viu Regulus voando muito abaixo, quase na grama.

Se não vai por bem, vai por mal.

Sirius rangeu os dentes, e mergulhou na direção de Regulus.

– E agora o placar é Grifinória 50, Sonserina 230. - A professora Minerva dizia, angustiada. - BLACK, O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - A professora gritou, e, por algum tempo, os alunos demoraram a entender de qual Black estava falando.

Sirius Black seguira em direção ao irmão, e esperara um balaço se aproximar de si para mirá-lo com toda força nas costelas de Regulus. Atingiu o irmão mais novo em cheio, que soltou um urro de dor, quase desmontando da vassoura. Sirius continuou a segui-lo, e mirou mais um balaço na direção de um de seus ombros, com mais força do que antes. O balaço voou com uma intensidade tamanha que fez um barulho surdo retumbante ao atingir em cheio o ombro de Regulus, que pendeu em uma posição estranha. Sirius deslocara o ombro do irmão.

– FALTA! O que está fazendo, Black, pelas barbas de Merlin?! - A professora McGonagall gritou, muito ao longe, enquanto Madame Hooch voava para perto dos dois irmãos. A multidão verde e prata da Sonserina urrava, indignada.

O irmão mais novo de Sirius quase parou de voar. Levantou uma de suas mãos para o ombro, seu rosto controlando lágrimas de dor tamanho fora o impacto do balaço. Sirius se aproximou do garoto, e pôde ver, abaixo da mão que tocara a parte machucada de seu ombro, a manga das vestes esportivas da Sonserina cair, como ele pretendia que acontecesse. Logo em seguida, na altura do antebraço de seu irmão, ele viu o desenho de uma caveira rindo nefasta, seu sorriso cruel escancarado, com uma cobra descendo sinuosamente de sua garganta. Regulus abriu seus olhos e encarou Sirius, e percebeu que ele vira.

A sensação que teve de imediato foi como se tivesse sido estuporado. Regulus não fizera nada, apenas disparou para longe dele, subindo metros acima, uma das mãos segurando a manga das vestes esportivas da Sonserina, a outra ainda apertando o ombro atingido, e Sirius apenas o olhou voar para longe. Teve a impressão de ver Rabastan Lestrange movimentar seu taco de batedor, mas ainda estava chocado com o que já desconfiara, mas não tinha certeza de ser verdade, até segundos atrás. Logo depois, viu algo escuro bater direto em seu rosto. A torcida da Sonserina vibrou.

Sirius caiu para trás da vassoura, uma das mãos se esforçando para segurar seu corpo em cima da madeira, enquanto a outra mal segurava o taco. Tim Wood e Emmeline Vance voavam ao seu redor, perguntando-lhe o que raios havia passado por sua cabeça ao perseguir Regulus em campo. De olhos fechados, sua visão antes escurecida pareceu avermelhar-se, e, quando abriu os olhos, enevoados pelas lágrimas de ter tido o nariz quebrado com o impacto do balaço, virou o rosto em direção a grama e cuspiu. Cuspira sangue.

Seu nariz e gengiva sangravam, na altura de onde fora atingido. Passou a mão no rosto para se limpar, mas apenas espalhou o sangue e manchou a própria mão. A chuva caía forte, mas não era suficiente para deixar seu rosto limpo. Continuava a sangrar. Frank Longbottom tentava desviar os balaços que os dois batedores da Sonserina impingiam contra Sirius, em vingança por seu capitão, mas não conseguia tomar conta de todos.

– FALTA! FALTA DE LESTRANGE E DE AVERY! - A professora narrava, muito acima, nas arquibancadas, e Madame Hooch penalizava o time da Sonserina. - O QUÊ? - A professora McGonagall gritou, estridente. - JAMES POTTER MERGULHOU, DESCEU MAIS DE CINQUENTA METROS EM MEROS SEGUNDOS, ELE ACHOU O POMO, AINDA NÃO GAROTO, AINDA NÃO! - A professora tentava convencer James a não capturar o pomo, finalizando o jogo e formalizando a derrota da Grifinória. Os 150 pontos não os salvariam, ficariam atrás por trinta pontos.

Logo em seguida, Sirius disparou para perto de Longbottom, estando de costas para ele. Mirou, fazendo um movimento para trás, um dos balaços no rosto de Rabastan, atingindo-o também em seu nariz longo. Frank, ao seu lado, parecia dedicado também a vingar-se da covardia dos dois batedores, e comemorou com Sirius em um high five.

Avery mirou dois balaços em Frank, e Sirius mergulhou na frente do colega de time, rebatendo-os de volta para o batedor da Sonserina, movendo seu braço direito com força. O batedor da Sonserina foi obrigado a decolar para bem mais alto, para conseguir desviar.

– ...POTTER DESCE, MAS SUA VASSOURA ESTÁ EMPINADA DEMAIS, VOCÊ VAI BATER GAROTO, PARE, PARE EU FALEI! - A professora Minerva se esgoelava. Sirius moveu seu rosto para a direita e realmente se assustou.

Em uma velocidade surpreendente, James descera, sua vassoura perigosamente apontando para o chão, em uma linha quase vertical. Sirius disparou em direção do amigo, temendo pelo pior, mas, a centímetros do chão, James empinou a vassoura para cima, em um reflexo sobrenatural, movendo-se na mesma velocidade surreal com que descera, para subir. Escapou por um triz, em um movimento magistral de fazer inveja a jogadores profissionais. A multidão vermelho e ouro urrou de alegria, e Sirius freou a vassoura, aliviado.

– UMA FINTA DE WRONSKI! - McGonagall comemorava! - SENHORAS E SENHORES, ISSO É QUE É CATEGORIA! QUE APANHADOR! - A professora parecia o próprio Edgar Bones narrando, porém até mais emocionada.

Regulus seguira James, e agora estava a apenas três metros do chão. Sua velocidade não era tão rápida quanto a do melhor amigo de Sirius, mas, ainda assim, se movia perigosamente. O garoto puxou com todas as forças sua vassoura para cima, mas não fora o suficiente.

Assim, a vassoura de Regulus embicou, quicando contra o chão, o atirando para a frente. O garoto rolou cambalhotas até seu corpo frear, uma de suas mãos tentando proteger o rosto, a outra, ainda protegendo seu ombro esquerdo, que fora atingido por Sirius. Seu rosto, assim como seus braços, estavam cheios de arranhões e sujos de terra. Sua perna direita estava torta em um ângulo esquisito. Mesmo muito machucado, ele tomara o cuidado de disfarçar a Marca Negra, subindo suas mangas até onde elas iriam.

– JAMES POTTER CAPTUROU O POMO! A partida acabou! Grifinória, 200! Sonserina, 230! Vitória da Sonserina! - McGonagall teve de bradar, desgostosa, enquanto a torcida grifinória protestava, e uma onda de torcedores verde e prata das outras arquibancadas pulavam e gritavam destoantes.

Ignorando o time da Sonserina que descia para comemorar, e o time da Grifinória que pouco a pouco desmontava das vassouras, desgostoso, Sirius saiu de sua vassoura e seguiu em direção a Regulus, sem dar atenção a Rabastan, que rapidamente se aproximava.

Logo, estava na frente do irmão, o puxando pelo colarinho do pescoço.

– Por que se meteu nisso, moleque?! Como pôde?! - Sirius perguntou, passando a mão livre abaixo do nariz para tentar limpar o sangue que ainda caía, ignorando a dor aguda do osso quebrado. Doía mais finalmente ver a prova concreta do que o irmão decidira ser.

Regulus o ignorou, fechando os olhos e fazendo uma careta de dor, segurando o ombro deslocado. Rabastan já sacava a própria varinha, mas Madame Hooch intercedeu antes.

– JÁ CHEGA! - A juíza desarmou Rabastan, que protestou. - ESTÁ EXPULSO, LESTRANGE! E VOCÊ TAMBÉM, TRAVERS! Conduta desonesta, de má-fé em campo! - A professora penalizou os jogadores, enquanto o time inteiro da Sonserina protestava. Ela não discutiria; logo exigiu que se retirassem de campo, e que chamaria alguém da arquibancada para acompanhar Regulus a enfermaria. Sirius ainda o segurava pelo colarinho, quando a professora o puxou para longe.

– BLACK! Está expulso. Atacando seu irmão deliberadamente e repetidas vezes em pleno jogo! Sua conduta desonrosa foi completamente anti-esportiva. Está fora dos próximos jogos da temporada. - Ela determinou, enquanto ele via Grace Macbeth correr de encontro a Regulus, com lágrimas nos olhos. A garota abraçou o irmão mais novo de Sirius, chorando copiosamente, usando seu cachecol verde e prata para limpar a sujeira do rosto do garoto, seu vestido verde e comprido se sujando na terra molhada. O time da Sonserina se afastou, mas ainda voltava os olhos para seu capitão. Phyllis McNair veio caminhando em seguida, usando um suéter com uma serpente prateada bordada, enquanto andava rapidamente, seus olhos indo de Sirius a Frank Longbottom, parecendo julgá-los silenciosamente. Madame Hooch segurou o rosto de Sirius, e o obrigou a olhar para ela.

– ENTENDEU, Black? - Ela gritou, percebendo que o garoto agia um tanto fora de si.

– Sim, senhora. - Sirius respondeu, sorrindo debochado, e ela o soltou.

Sirius juntou o sangue que ainda tinha dentro da boca, virou para o lado e cuspiu outra vez.

Emmeline, Tim, Brumhilda, Aurelia e Frank seguiam Madame Hooch, tentando fazê-la desistir. Ela usou do mesmo tratamento que dispendera ao time da Sonserina, mas eles foram mais insistentes.

Sirius encarava Regulus, metros a frente, ser embalado pela garota que aparentemente era sua namorada, ainda chorando desconsolada, e o rapaz permanecia não sentindo nada a respeito disso. Sentia-se torpe, vazio, quase como se estivesse bêbado. Tinha certa consciência de McNair o encarando com desdém, quando viu, surgindo a sua esquerda, mais a frente, na direção das duas meninas da Sonserina, cabelos loiros dançando debaixo da chuva que caía impiedosa.

Cordelia MacLearie avançava decidida em direção as amigas, seus punhos fechados, suas sobrancelhas franzidas em uma expressão de desagrado. Seus sapatos pretos e delicados estavam sujos pela terra molhada, assim como sua calça muito justa e preta, que Sirius apreciaria muito olhar com deleite em outra situação. Usava uma blusa verde de mangas compridas com os dizeres “Sonserina” na altura dos seios, junto a um cachecol verde e prata similar ao de Macbeth. Não olhara para Sirius, mas ele a acompanhou com o olhar, até ela se abaixar ao lado de Grace, e puxar a garota para longe de Regulus. Macbeth chorava abertamente, e não parecia estar conseguindo se controlar.

Phyllis McNair, parando de encarar Sirius, ajudou Regulus a levantar, passando a mão que segurava o ombro deslocado do garoto em um de seus ombros. O rapaz cambaleou, mas conseguiu caminhar ao lado dela, seu rosto todo arranhado e sangrando em alguns pontos. Cordelia segurava Grace Macbeth, seguindo atrás dos dois, que chorava desconsolada, de olhos fechados.

Ao passar na frente de Sirius, Cordelia o encarou. Seus olhos desceram de seu nariz quebrado para o sangue em seu rosto e em suas mãos, e ela virou o rosto para a frente, fria. Sirius desconfiou de que ela temia olhar em seus olhos, e aquilo simultaneamente o irritava e despertava sua vontade de provocá-la.

É só uma sonserina, como todas as outras. Ele pensou, desdenhando, tentando se convencer disso, voltando os olhos para a grama. Quando levantou os olhos outra vez, Cordelia o encarava, alguns metros adiante, e seus olhos se arregalaram ao terem sido testemunhados por Sirius Black.

Sentindo-se mais divertido do que gostaria de se sentir, ele balbuciou, sem falar, sabendo que ela o compreenderia em linguagem labial:

– Não se preocupe comigo, Cora. Eu estou bem agora - Sirius debochou, lhe dando um sorriso de canto dos lábios. Satisfeito, ele a viu semicerrar os olhos, como se tentasse lhe desprezar, mas viu um leve rubor subir às suas faces alvas, contradizendo a imagem que tentava passar.

Algum tempo depois, quando a garota já estava longe, James Potter desceu da vassoura ao lado de Sirius. Os dois ficaram em silêncio por algum tempo, até que Sirius voltou o rosto para o melhor amigo, se levantando displicentemente.

– Foi mal por tudo, James. - Sirius lhe deu um olhar significativo, sabendo que James o entenderia. Passou a mão suja de sangue pelos cabelos, voltou o rosto para o chão e mais uma vez cuspiu na grama molhada o sangue acumulado dentro da boca, pela gengiva cortada.

– Foi mal por tudo, Sirius. - O amigo lhe respondeu. Sirius levantou os olhos, e James lhe sorria discretamente. De imediato, o rapaz deu um curto e rápido abraço no amigo. James o deu um olhar compreensivo, e um par de tapas carinhosos em seus ombros. Por mais que se sentisse ridículo por isso, Sirius sentiu uma súbita vontade de chorar.

– Vamos voltar, cara. - James insistiu, parecendo triste e resignado, porém mais aliviado por ter feito as pazes com o melhor amigo. - Você está bem? - Se referiu ao rosto do amigo, e seu olhar esboçou legítima preocupação.

– Vamos. Estou tranquilo. - Sirius respondeu, respirando fundo, e seguindo o capitão de seu time. Os grifinórios, derrotados, iam em direção ao próprio vestiário, cabisbaixos e silenciosos, arrastando as vassouras pela grama.

A chuva pingava tristemente em todos do time, mas já não importava mais. Sirius não olhara a reação da torcida e ignorava as arquibancadas que se esvaziavam aos poucos. Sabia que teria de ir a ala hospitalar, e que ele e James ainda conversariam sobre o que acontecera no jogo, e sobre como deixara sua impulsividade ditar o que fizera. Mas não se arrependia.

Aquilo era necessário, e mais importante do que uma partida de quadribol, ou do que a Taça das Casas. Por mais que isso fosse egoísta de sua parte, não se arrependia. E ele sabia que James o entendia, e também compreendia o que fizera, e porque o fizera.

E o mais importante de tudo: seu melhor amigo estava ao seu lado, de novo.

Estava pronto para enfrentar tudo.



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Notas finais do capítulo

Só esperando reviews! =D



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