Always With Me escrita por Menta


Capítulo 12
I Get By With A Little Help From My Friends - Parte Um


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, queridonas!
Sei que demorei para atualizar, mas: eu avisei no meu perfil que estava em semana de provas, fechando um semestre da faculdade. Fora isso, tive uns momentos muito tensos no trabalho, que me impediram de vir aqui escrever.
Porém! Contudo! Todavia! Vim com dois capítulos. Era para ser um capítulo só, mas ele saiu com mais de 9.000 palavras, e eu gostaria de fazer capítulos de um tamanho não gigante, o que aparentemente é difícil pra mim. Bem, eu diria que temos MUITOS momentos bons nesses capítulos: uma conversa divertida e bem Marauder-like entre nossos quatro queridos personagens, POV do Sirius, claro, uma pontinha fofa de nossa querida Cora e... UMA PARTIDA DE QUADRIBOL! Fuck yeah, Grifinória vs. Sonserina! E, ainda por cima... Momentos emocionantes e tristes de Regulus e Sirius! Rixa de irmãos, olê!
O único pedido que REALMENTE espero que vocês façam é comentar nas duas partes. Não preciso dizer o que já sabem: o quanto me esforço para trazer capítulos bem escritos e interessantes para vocês e tudo mais =) espero que retribuíam meu carinho com a gentileza de comentar em cada!
Dedico estes capítulos a quatro leitoras: BabiProngs, minha querida amiga que fez aniversário dia 17 de junho, feliz aniversário atrasado para ela, gente! A LaurenPS, minha linda amiga que me presenteia constantemente com fanarts maravilhosas, que inclusive compartilho com vocês aqui. E, por último mas não menos importante, dedico as leitoras Isabel Macedo e tia voldy, duas maravilhosas que recomendaram minha história! Tem um presentinho no fim do segundo capítulo para vocês duas!
Espero que isso anime as leitoras fantasmas a comentar. Até agora, conto com 28 leitores =) saibam que são todos bem-vindos a expressar sua opinião nos comentários, com educação e polidez, e que serão respondidos com toda a gentileza! E, também, favoritações e recomendações são MAIS do que bem-vindos! Um presente mágico! Espero que queiram escrevê-las. =D
Espero que gostem do capítulo!
Beijos e boa leitura!
Que a magia flua em todas vocês!



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What would you think if I sang out of tune?
Would you stand up and walk out on me?
Lend me your ears and I'll sing you a song
And I'll try not to sing out of key

Oh, I get by with a little help from my friends
I get high with a little help from my friends
Gonna try with a little help from my friends

What do I do when my love is away?
(Does it worry you to be alone?)
How do I feel by the end of the day?
(Are you sad because you're on your own?)

No, I get by with a little help from my friends
I get high with a little help from my friends
gonna try with a little help from my friends

Do you need anybody?
I need somebody to love
Could it be anybody?
I want somebody to love

Would you believe in a love at first sight?
Yes, I'm certain that it happens all the time
What do you see when you turn out the light?
I can't tell you, but I know it's mine

Oh, I get by with a little help from my friends
I get high with a little help from my friends
Gonna try with a little help from my friends

Do you need anybody?
I just need someone to love
Could it be anybody?
I want somebody to love

Oh, I get by with a little help from my friends
Gonna try with a little help from my friends
Oh, I get high with a little help from my friends
Yes, I get by with a little help from my friends
With a little help from my friends

The Beatles - With A Little Help From My Friends

Da imagem do espelho comunicador, cujo par gêmeo estava com seu melhor amigo, Sirius podia ver o rosto sério de James o repreendendo.

– Já vou Prongs. Sei que está tarde. Já estou subindo as escadas. - Sirius respondeu, subindo o último lance de escadas, tomando cuidado com um degrau falho. Parou em frente ao retrato da Mulher Gorda, que já parecia adormecida, e despiu a capa da invisibilidade de James.

– Cláusula 73. - O rapaz disse em alto e bom som, acordando em sobressaltos a mulher do quadro. Tinha que ser invenção da nerd da Evans... Sirius desdenhou, lembrando que fora a monitora da Grifinória que escolhera a senha, junto a Remus, também exercendo o mesmo cargo. Referia-se a uma cláusula do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia, de 1750, que pouco a pouco foi aderida por toda a sociedade bruxa em geral. A cláusula dizia, literalmente: "todo governo bruxo se responsabilizará pelo ocultamento, cuidado e controle de todos os animais, seres e espíritos mágicos que vivem dentro das fronteiras do seu território. Se tais criaturas causarem mal ou chamarem atenção da comunidade trouxa, o governo bruxo da nação afetada será disciplinado pela Confederação Internacional dos Bruxos". Como Prongs pode ser fascinado por ela? O rapaz conjecturou pela milésima vez, enquanto adentrava a sala comunal, após a Mulher Gorda ter movido o retrato e lhe dado passagem.

James era mimado, espalhafatoso, carente de atenção e muitíssimo bem humorado. Assim como Sirius, tinha declarado desprezo pelas regras, era indisciplinado, bagunceiro e procrastinador. Lily Evans, por sua vez, era o sinônimo do bom exemplo: certinha, bem educada, gentil com todos, um tanto mandona, dedicada aos estudos e tarefas, organizada, boa aluna, especialmente em poções, matéria na qual era até mesmo brilhante... Perfeitinha demais para ser interessante. Apesar de reconhecidamente bonita, Sirius não entendia o encanto do melhor amigo por ela. Era uma boa garota, mas jamais lhe atraíra a atenção. Muito séria para o seu próprio gosto, muito... Diferente de quem ele era.

Pensando nisso, e atravessando as poltronas vermelhas vazias da Sala Comunal, lembrou-se do rosto de Cordelia MacLearie logo após tê-la beijado. Suas faces vermelhas, seus olhos verdes tão claros que poderiam parecer amarelos o encarando, parecendo sem saber como reagir, respirando com dificuldades.

Seu uniforme da Sonserina, seus modos de lady puro-sangue, suas companhias duvidosas, seu ex-namorado repulsivo, e sua máscara de frieza e indiferença. Por trás de tudo isso, ele parecia começar a descobrir que havia uma garota esperta, talentosa, dona de um tipo de magia que lhe era até então desconhecida; uma menina reservada, porém divertida, bonita e determinada...

E muito, muito gostosa. Lembrou-se de imediato da sensação de passar as mãos pelo seu corpo curvilínio, e sentir, escondidas pelo suéter e pela camisa de algodão do uniforme da garota, as curvas sinuosas que poderia vir a tocar muito em breve.

– Demorou pra cacete, hein, garanhão? - A voz de James lhe chamava alguns metros adiante, lhe despertando de seus pensamentos libidinosos.

– O tempo que dedico às damas é sagrado. - Sirius debochou de volta, sorrindo para o amigo. A sala comunal da Grifinória estava completamente vazia. Já havia passado da meia-noite, e apenas James Potter e Peter Pettigrew sentavam-se em duas poltronas. Peter tinha uma análise de Trato das Criaturas Mágicas a ser feita, com apenas quatro linhas escritas, sua mão trêmula segurando a pena que tentava escrever, suas sobrancelhas franzidas, quase unidas, exibindo o esforço gritante que despendia aquela tarefa. Estava com as costas arqueadas para uma mesa próxima de sua poltrona, e, assim que Sirius o olhou, percebeu seu rosto pidão implorando que lhe ajudasse.

– Por Merlin, Sirius, me dê uma luz! - Peter pediu, sua voz ficando mais aguda a medida que suplicava.

– Porra, não volto da detenção pra aturar mais essa. - O rapaz se jogou na poltrona vazia ao lado da de James, colocando os pés em cima da mesa, sujando um pouco do dever de Peter. O garoto rechonchudo ainda o olhava, seus olhos pequenos marejados implorando sua ajuda. James estava absorto na tarefa de polir sua vassoura, uma Nimbus 1500, seu segundo amor depois de Evans. O óleo de polimento já estava na metade, e o rapaz de óculos redondos continuava na atividade obcecada de polí-la, mesmo que já estivesse cintilante.

– Padfoot, ajude ele logo, pode ver que estou ocupado com algo mais importante. - James disse descarado.

– Muito importante... É melhor você parar logo com isso e descansar. Vai precisar dessa mão mais tarde para se virar sozinho, depois de levar mais um toco da Evans. - Sirius Black debochou, sorrindo sarcástico para James, que apenas levantou uma sobrancelha e continuou a tarefa. Peter riu sonoramente, e reparou que o amigo desajeitado rira em parte para agradá-lo.

– Minha esquerda já é bem treinada. - Prongs respondeu, sorrindo debochado para Sirius, que riu em resposta.

– Dá aqui essa merda logo, Pete. - Sirius pediu, estendendo uma das mãos. Wormtail lhe entregou o trabalho, que Sirius leu rapidamente.

– Uma dissertação sobre agoureiros. Porra, isso é muito fácil. Acho que você está fumando guelricho demais, Wormtail! - Sirius repreendeu o amigo, que ficou com as maçãs do rosto coradas.

– Nem tanto assim... - O rapaz caiu na provocação, e Sirius jogou a folha para ele de volta.

– Escreve aí que eles só cantam quando vai chover. - O rapaz olhou pela janela, e reparou na chuva pesada que ainda caía por todo o terreno de Hogwarts. O céu estava escuro, fechado, e volta e meia escutavam trovões ao longe. Lembrou-se da chuva que começou a cair naquela noite, em volta da ponte suspensa, e do que acontecera há pouco tempo atrás.

– Os bruxos antigos diziam que os agoureiros atraíam maus presságios, morte, essas crendices de bruxos iletrados. - Sirius desdenhou, passando uma das mãos pelos cabelos. - Alguns estudiosos descobriram, depois, que eles eram capazes de perceber a mudança da umidade do ar, e, assim, cantar para chamar os outros da própria espécie e se protegerem, em seus ninhos, da chuva que estava por vir. - Ele afrouxou o nó já frouxo da própria gravata, deixando-a pendendo pelos seus ombros, pendurada dos dois lados.

– A aparência deles é frágil, parecem que vão cair mortos. Tem uma penugem meio azul e meio cinza, são esquálidos, feios pra burro. O canto deles é um tanto triste, um pouco irritante - ele franziu as sobrancelhas - mas o trinado rápido às vezes parece até um arroto humano. - Sirius parou de falar, bocejando sem cobrir a boca e coçando a cabeça com os dedos.

– Em nome de Merlin, Paddy! - James finalmente levantou os olhos para ele, faiscando por trás de seus óculos redondos. - Andou virando um expert em criaturas mágicas agora? - Prongs o olhava com um ar convencido que lhe deu certa irritação. - Sua punição de toda quinta-feira está rendendo frutos, pelo visto. Belos frutos. - James debochou, e Sirius o ignorou, cruzando as pernas por cima da mesa, manchando a borda do trabalho de Peter, que agora se esforçava para reproduzir no pergaminho todas as informações que o amigo lhe dera.

– Para alguma merda tinha de servir. - Sirius Black respondeu, dando de ombros.

– Loiros frutos. Frutos apetitosos... Salientes... Um par bem grande na altura do... - James continuou a debochar, insistindo na provocação, e Sirius já ia replicar quando os três ouviram o som de passos e vozes abafadas.

Logo depois, o quadro girou, e por ele entraram, na Sala Comunal, Remus Lupin e Dorcas Meadowes, andando de mãos dadas, tentando não fazer ruídos.

– Boa noite... - Disseram Sirius e James em uníssono, fazendo uma voz grave, arrastada e debochada, para constranger o amigo e a companhia dele. Peter olhava de Dorcas a Remus com certa inveja no olhar.

A garota os saudou de volta, enquanto Remus apenas os encarou, sério, e os dois se despediram com um curto e rápido selinho. Dorcas foi rapidamente para o dormitório feminino, subindo as escadas, seus cabelos cacheados e loiros dançando enquanto se movimentava.

Já sozinhos, Remus se sentou na poltrona ao lado de Wormtail, passando as duas mãos pelo rosto, parecendo cansado. Algo o desagradava, e Sirius já imaginava a razão.

O rapaz se levantou, indo em direção à poltrona de Remus, circundando-a e ficando ao lado do amigo, sorrindo descaradamente para ele.

– Nosso lobo faminto arrancando suspiros das donzelas indefesas! - James começou, tendo o mesmo sorriso de Sirius no rosto.

– Estou tão orgulhoso, Moony. - Sirius falou, fingindo seriedade. - Sinto que finalmente vou ter um parceiro de caça à altura, diferente desses dois trastes. - Sirius apontou James e Peter com o queixo, e James fingiu indignação.

– Qual foi?! Eu ainda continuo na frente do Moony. É a primeira foda fixa dele até agora. - James se defendeu.

– Ainda assim, hoje ele foi o que chegou mais tarde, enquanto eu estava na detenção, Peter não conseguia fazer um dever de casa idiotamente fácil, e você ficou aí, literalmente polindo a vassoura. - Sirius debochou, e os amigos riram.

– Ele vai te deixar para trás. Os come-quietos são os piores! - James continuou a provocar o amigo, que apenas revirava os olhos, em silêncio.

– É um competidor e tanto. Com esse charme reservado, esse olhar fatal intelectual, essa aparência de bom moço... - Sirius passou a imitar uma voz aguda de garota. - Pelas ceroulas de Dumbledore, Remus, como você é um lobisomem másculo e forte! Por que esse pelo tão áspero? - Sirius fingia passar a mão em um tórax invisível masculino a sua frente, imitando caricatos gestos femininos.

– Para você acariciar, baby. - James respondeu, fazendo uma voz grossa demais que nada tinha a ver com a de Remus, e Peter passou a gargalhar. Remus controlava o próprio sorriso.

– Uau, Remus, e por que essas presas tão afiadas? - Sirius continuava a imitar a voz feminina, rosnando debochado para o amigo.

– Para te morder todinha. - Prongs respondeu de imediato, parando de polir a vassoura, entregue a brincadeira.

– Ai, Remus, e por que esse pê... - Sirius ia dizer, mas Remus se levantou e tapou sua boca bruscamente com as mãos.

– Parem com essa idiotice. - Moony disse, contendo o próprio riso, e os três amigos gargalhavam sonoramente. Logo ele se sentou outra vez, e Sirius voltou à sua poltrona ao lado de Prongs.

– Nosso lobisomem tão apaixonado. Nem parece que foi ontem que ele ainda era virgem. - James debochou, fingindo emoção.

– Não foi ontem, mas foi quase isso. Há menos de uma semana. - Sirius respondeu, também fingindo estar à beira das lágrimas. Peter ria, enquanto tentava se concentrar em seu trabalho.

– Chega desse assunto, por favor. - Remus pediu mais uma vez. - Isso não vai durar muito tempo. - Ele respondeu, olhando para a janela e fitando a tempestade que se acirrava ainda mais.

– O quê?! - James respondeu, parecendo indignado, mas Sirius já previra essa reação do amigo.

– Ela não pode desconfiar do que sou. - Moony respondeu, subitamente sério e cansado outra vez. - Não posso feri-la desse jeito. - O garoto disse, sorumbático, enquanto um trovão iluminava dramaticamente a sala comunal.

– Pela bola esquerda de Merlin, Remus! - James praguejou. - Você arrasta um hipogrifo com sobrepeso por essa garota desde o quarto ano! - O amigo insistiu.

– Não posso ser irresponsável a esse ponto. Já fui demais. - Remus Lupin respondeu, rangendo os dentes em desagrado. Parecia reprovar muito a própria conduta.

– Moony, pare com esse cu doce. - Sirius respondeu, também incisivo. - Não tem nada demais curtir um pouco. Ela já é uma menina grandinha. Vai saber se cuidar. - O rapaz assegurou.

– Com todo o respeito, Sirius, eu não sou egocêntrico a esse ponto. - Remus respondeu seco. - Não acho que a minha vontade justifique brincar com os sentimentos alheios. - O amigo deu o soco na cara mentalmente em Sirius e James.

– Não seja tão dramático, cara. - James respondeu, mais sério.

– É só falar para ela que é só curtição. Sem compromisso. - Sirius falou.

– O resto é com ela. - James insistiu, sorrindo. - Sem ilusões, sem sofrimento. - James disse, Sirius concordou, balançando a cabeça, e Peter parou de escrever, mordiscando a pena, para assistir ao debate.

– Nada é simples assim. - Remus respondeu, soltando um muxoxo de desdém. - Eu não vou ser responsável por machucá-la. - Ele disse resoluto, em tom de quem termina uma conversa.

– Ela também é toda a fim de você. Se terminar agora, ela também vai sofrer. - James tentou.

– Melhor agora do que iludí-la mais. - Remus respondeu, e suas feições pareciam retorcidas. Sirius percebia que o amigo já havia decidido. Estava pouco se lixando para Dorcas, ou para as babaquices sentimentais do amigo, assim como também se entediava com as besteiras de James por Lily. O que lhe atingia, naquilo, era ver que, mesmo depois de todo esse tempo, Remus ainda não se aceitava. Não era Dorcas que estava em jogo; Remus temia que, se ela descobrisse, não quisesse mais estar com ele. Seu medo não era machucá-la ou desapontá-la por ser um lobisomem; seu medo era a dor que sentiria se fosse rejeitado por ela.

– Rejeitar para não ser rejeitado... - Sirius respondeu, provocando. - Não é bem uma solução. - Ele ficava indignado ao ver que o amigo ainda se detestava, mesmo sendo a pessoa maravilhosa que era. O suporte dele, de Prongs e de Wormtail não fora suficiente para despertá-lo para sua própria aceitação.

– E você entende muito bem disso. - Remus respondeu mordaz, referindo-se a Sirius e a forma como lidava com sua família.

Sirius levantou os olhos para Remus. Agora o amigo o irritara de verdade. Moony o encarava com a mesma seriedade.

– Gente, acalmem os ânimos, não vamos brigar por isso! - James prontamente disse, levantando os braços. Peter olhava de Sirius para Remus, esperando algo.

– Desculpe-me. - Remus respondeu, antes que Sirius lhe ofendesse de volta. - Não queria... - Sirius o interrompeu.

– Ah, foda-se, Moony. - Ele balançou a cabeça, mais relaxado. - Estamos com você no que decidir. - O rapaz disse, e James e Peter assentiram.

– Sobra mais desse lobisomem delícia para a gente. - James respondeu com a voz séria, e logo os amigos estavam rindo outra vez.

Moony tinha certa razão. Sirius tivera de refletir um pouco, depois do que o amigo dissera. James voltara a lustrar a vassoura, enquanto o quadro de Fingal, o Destemido, um bruxo irlandês com uma barba ruiva comprida que há muito fora aluno da Grifinória e campeão do esporte fogaréu, lhe dava dicas de como limpar a vassoura melhor e protegê-la de possíveis queimaduras durante os jogos. Acordara durante a discussão dos amigos, e agora importunava Prongs. Moony se pusera a ler o exemplar de Pete de Animais Fantásticos e Onde Habitam, escrito por Newt Scamander, e Wormtail terminava as últimas frases do dever de casa de trato das criaturas mágicas. Havia tempo que não pensava em sua própria família, que já não era mais sua; já ouvira boatos vindos dos amigos de Regulus de que fora queimado na tapeçaria da família Black, junto a seu tio Alphard. Andie deve estar orgulhosa de mim. Sirius pensou, ironicamente, lembrando da prima que fora retirada da árvore genealógica da família Black.

Era inegável que ainda doía. Seu rancor pulsante, sua amargura ainda vívida... Detestava sua mãe, seu pai, detestava o que Regulus virara, detestava quase todos os seus primos e parentes... Mas ainda se lembrava de como era tratado, enquanto ainda morava naquele teto.

"Vergonha do meu sangue, traidor da família, desonra dos meus ancestrais, você não é meu filho!" Walburga gritara, em uma discussão que tiveram durante as férias de seu quarto ano, quando Sirius exigiu que ela não chamasse os nascidos trouxa de sangues-ruim, na sua frente. A família virara as costas para ele desde que fora sorteado para a Grifinória, como se tivesse cometido, assim, um crime impossibilitado de perdão.

– Eu já disse um milhão de vezes que ninguém vai atear fogo na minha vassoura! - Prongs bradou, irritado, brandindo a varinha para o quadro, o ameaçando. O retrato de Fingal sacou a própria varinha, ridiculamente tentando ameaçar James à distância. Aquilo despertou Sirius de seus pensamentos. - Não vou atravessar nenhum barril rodeado por chamas, pare de me torrar a paciência, seu maluco! - James xingou o quadro.

– Guarde essa merda logo, já está tarde, Prongs. - Sirius bocejou, já sonolento. Pete conferia seu dever, relendo o que escrevera, e Lupin ainda parecia absorto em sua leitura.

– É melhor mesmo. - James concordou, a contragosto, olhando de esguelha o quadro que o xingava em resposta. - Não tem envergadura para aguentar nem cinco minutos de fogaréu, moleque! - O velho Fingal gesticulava obscenamente para Prongs, que o ignorou.

– Mas Remus não foi o único que demorou hoje... - James lembrou-se subitamente, e Sirius se arrependeu de tê-lo chamado a atenção. Moony baixou o livro, e Peter passou a olhar de James para Sirius.

– Estava na detenção. - Sirius respondeu displicente.

– Eu também estava. Mas a minha não demorou quase três horas e meia para acabar. - O rapaz de óculos debochou.

– A MacLearie me obrigou a ficar estudando os agoureiros e fazer relatórios comportamentais deles. - Sirius disse, fingindo indiferença.

– Então é daí que vem a súbita sabedoria dessa cabeça oca! - James respondeu, fingindo surpresa. - O mistério se explica! - Debochou, sorridente. - Nosso Padfoot, sempre tão sedento por aprender... - Prongs continuou a provocá-lo.

– Na verdade ela estava fula da vida. - Sirius respondeu, dando um sorrisinho de canto dos lábios. - Depois da festa, ficou paranóica. Acha que a Grifinória inteira está debochando dela. - Sirius bocejou mais uma vez, cansado.

– De onde ela tirou isso? - James sorriu incrédulo.

– Essa garota não é muito aceita no meio que vive. - Remus explicou. - A magia celta não é muito bem vista pelos bruxos que cultuam os ideais de sangue puro. Por mais que exija uma linhagem sanguínea intocada para ser transmitida em plenitude, a magia celta é muito... Benéfica. Não pode ser desvirtuada para usos das trevas. É uma magia puramente de proteção, cura e construção. Passa longe do efeito destrutivo da magia das trevas.

– Puro-sangue de segunda classe, como os Weasley, porém por outros motivos. Praticante de magia de elfo doméstico. Ela já deve ter escutado uma dessas pelas costas. Tudo isso são palavras da minha doce mãe a respeito. - Sirius debochou, e os amigos lhe sorriram amarelo, constrangidos.

– Ela achou que a galera da Grifinória a julgaria do mesmo jeito? Ou porque encheu a cara e saiu dançando as dancinhas celtas e falando pelos cotovelos? - James falou, coçando o queixo. - Ela precisa ver o que são boas companhias. - Prongs sorriu debochado.

– Saiu me acusando de tê-la arrastado para a festa para zoá-la, quando eu só aproveitei a deixa para lançar um feitiço de nocaute naquele cuzão do Graeme. Tirei ela de lá, depois de atingí-lo, para não ser enquadrada, e não ganhei nem um agradecimento de resposta. - Sirius deu de ombros, fingindo a pose indiferente. - É completamente maluca, mas estou pouco me fodendo para ela. Só o que recebi foi essa tarefa escrota de detenção e uma D.R. sem ter feito nada de divertido que justificasse. - Ele debochou.

– Depois da detenção ela ainda veio te cobrar algo? - James ria, sem acreditar. Sirius não contara aos amigos que Cordelia lhe beijara durante a festa de Moony, tampouco que guardara sua gravata da Sonserina e também não diria que fora ele que usara o mapa do maroto para encontrá-la depois que ela desatinara a correr para dentro do castelo.

– Veio. Eu disse que ela é maluca. Saiu me xingando, dizendo mil e uma babaquices sobre estarmos todos rindo dela, e que eu quis humilhá-la, e sei lá o que mais. - Sirius respondeu secamente.

– Porra, e como você chegou aqui? Como se livrou dessa? - James perguntou, curioso.

– Eu dei uns amassos nela. - Sirius respondeu como se fosse a atitude mais comum possível, levantando os ombros.

Os amigos ficaram em silêncio por algum tempo.

James o encarava com a mesma expressão, piscando os olhos como se não tivesse ouvido. Remus franzira as sobrancelhas, e meneara a cabeça, como se não acreditasse, um sorriso brincando em seus lábios. Peter deixara o queixo entreaberto, e arregalara os olhos.

– Vai tomar no cu, Paddy. - Prongs respondeu, se levantando, como se o que Sirius dissera o obrigasse a deixar o recinto.

– Estou falando sério! Eu sempre falo sério, você sabe. - Sirius respondeu, rindo, e fazendo a piada clássica com seu próprio nome.

– Não é possível. Não é possível que seja tão fácil assim pra você. - James gargalhava, incrédulo, e os amigos pouco a pouco riam também.

– Você pegou ela mesmo? - Peter perguntou, curioso.

– Sim, Pete, é o que significa dar uns amassos. - Sirius sorriu largamente. - Quem sabe fazer, sabe fazer, Prongs! - O rapaz deu uns tapas nas costas do melhor amigo, debochando.

– Quer dizer que você agarrou a sonserininha em surto e deu uma acalmada nela? Acho que se eu fizesse isso com a Evans, ela me reduziria a pó. - James Potter respondeu, sorrindo, e caminhando em direção ao dormitório. - Depois dessa eu vou dormir. Já deu por hoje! - O amigo balançou o rosto, estando divertido e incrédulo ao mesmo tempo.

– A aposta está mais em pé do que nunca, meu amigo. - Sirius disse mansamente. - Literalmente. - Debochou, malicioso, e Prongs deu uma risadinha. Remus, caminhando ao seu lado, olhou de maneira desaprovadora para Sirius, mas ele percebeu que o amigo não iria discutir.

– Inacreditável. Sirius Orion 'Padfoot' Black, o incrível domador de criaturas mágicas! - James Potter falou, sarcástico, e o rapaz sorriu.

Pouco a pouco, os amigos se alojavam pelo dormitório, arrumando-se para deitar em suas respectivas camas. Os outros colegas da Grifinória já dormiam a sono solto quando Sirius deitara em sua cama e fechara as cortinas vermelhas de dossel. Encarou a parede atrás de sua cama, antes de dormir, olhando sem pensar para os pôsteres que colara ali. Um deles era uma mulher trouxa morena completamente nua em cima de uma Harley-Davidson de um modelo antigo, seu corpo escultural delineando-se sinuoso pelo desenho também curvilíneo da moto.

De imediato, lembrou-se da sensação de tocar o pouco que pudera do corpo de Cordelia, por cima de seu uniforme, de puxar seus cabelos loiros e macios, e de sentir o volume generoso dos seus seios comprimidos contra seu tórax, por baixo de camadas de roupa. Ela o retribuíra na mesma proporção em que a agarrara, e chegara até a gemer baixinho a cada toque mais firme, conforme o beijo ficava mais e mais intenso.

Ele se deitou, fechando os olhos, sem se cobrir. Não sentia frio algum, muito pelo contrário. Enquanto tentava adormecer, a imagem de um corpo feminino desnudo, surrealmente sensual e arrebatador, surgia em sua mente, deitando-se insinuante em cima de uma Harley-Davidson de modelagem oldschool. Porém, desta vez, quem se deitava na moto era uma loira, de olhos verdes tão claros que poderiam ser amarelos, sorrindo devassamente, levantando seu dedo indicador em um gesto convidativo.

Imediatamente, o rapaz sentiu seu sangue correr pulsante pelo seu corpo, esquentando desde suas veias até os poros de sua pele. Sentia o sangue ser bombeado rápido, especialmente em uma área específica localizada abaixo de sua barriga.

Ok, acho que é melhor ir tomar um banho. Sirius pensou consigo mesmo, levantando-se levemente irritado. Começou a se perguntar, sarcasticamente, se não estaria virando alguém tão carente quanto Prongs.




***

Os dias de sexta-feira e sábado se passaram arrastados, exigindo de Sirius, James, Remus e Peter algum esforço para o que estava por vir no domingo. Fora sob muitos protestos que desistira de levar os amigos pelas passagens secretas que conheciam, dentro do castelo, para um par de noites revigorantes em Hogsmeade. Sirius não apenas insistia nessas noitadas não apenas pela diversão e relaxamento do tédio da rotina de Hogwarts, mas por conta da tensão que a sociedade bruxa vivia atualmente.

Desde o início daquele ano, os rumores sobre a Revolução bruxa haviam se intensificado. Os atentados contra nascidos trouxas se tornavam mais comuns, alguns como apenas brigas de bar de bruxos bêbados que defendiam os preconceitos de sangue puro, outros com um cunho pior, mais bem planejados e desidiosos... Como o assassinato a sangue frio da mãe de Mary MacDonald, precedido por tortura, cuja autoria continuava desconhecida.

Voldemort já dera o sinal; a Revolução começava. Por baixo dos panos, parentes de alunos nascidos trouxa ou mestiços sumiam, sem sinal de onde teriam ido parar. Desaparecimentos eram costumeiros, e o Ministério passou a distribuir guias e panfletos para orientar a população, dizendo-lhes que evitassem andar sozinhos, frequentar bairros e áreas reconhecidamente violentas e evitar ao máximo riscos desnecessários. A mídia abafava os casos, tentando tratar os agora denominados Comensais da Morte como um grupo terrorista arruaceiro, e o Profeta Diário parara de noticiar os atentados com tanta frequência para não trazer pânico à sociedade bruxa.

Aquilo irritava Sirius profundamente, o angustiando em seu âmago. Ele crescera convivendo com bruxos das trevas, e sabia o que pretendiam; havia lunáticos demais ao lado de Voldemort para que o caos não se instaurasse logo dentro da sociedade bruxa. Era uma questão de tempo até que uma verdadeira guerra começasse, sabendo do que o outro lado seria capaz. Apenas os mais covardes ou iludidos entravam em negação, esperando que nada disso acontecesse.

Mas era inevitável.

Portanto, suas escapadelas à Hogsmeade lhe permitiam ter um mínimo de contato com a realidade bruxa; por baixo da proteção de Dumbledore, não podia estar vendo fria e cruamente o que acontecia. No dia a dia de um povoado como Hogsmeade, muito podia ser ouvido, visto, e até mesmo testemunhado.

Desta vez, não fora bem sucedido em convencer os amigos. James lhe garantira que em breve voltariam ao povoado, mas que precisava de sua atenção inteira no campeonato das Casas. Teriam um jogo importante domingo, e Sirius exercia a função de batedor, enquanto James era o capitão do time e apanhador. Ademais, na semana seguinte a lua cheia voltaria a despontar, e Remus precisaria estar descansado para manter a rotina estudantil. Insatisfeito, Sirius se viu perdendo contra a maioria, e, dessa vez, aceitou a decisão deles.

Naquele dia 16 de março, teriam uma partida de quadribol decisiva contra a Sonserina, o primeiro jogo contra a Casa rival da temporada. Já fazia alguns anos que James Potter era capitão da Grifinória, e não havia um título de quadribol que ele se permitisse perder para a principal Casa competidora. Sirius mal aturou as repetidas revisões de táticas de jogo do amigo, agindo de forma malcriada para com o capitão de seu time, sem pudor algum de se mostrar desinteressado.

James tinha o condão de agir de maneira obcecada com tudo o que gostava, especialmente Lily e quadribol. Sirius também apreciava o esporte, mas para James era como uma questão de vida ou morte. Em dias normais, apoiaria o amigo e entraria na sua onda, porém, tendo em vista a recusa recente, não se sentia muito generoso com seus excessos. Ele e James discutiram algumas vezes durante os dois dias que se seguiram, com direito até de piada por parte de Remus, algo raro de se ver:

– Desse jeito, não sei porque James insiste em Lily. Vocês dois já formam um casal completo. - Ele soltou, já impaciente com as constantes discussões dos amigos, enquanto jantavam naquela noite de sábado no Salão Principal.

– Vá se foder, Moony. - Disseram os dois, ridiculamente, em uníssono, e Pete abafou as risadas. Remus levantou uma sobrancelha, continuando a comer seu purê de batatas com carne de porco.

– Se eu não soubesse que seria inútil aconselhar, diria que estão levando muito a sério uma mera partida esportiva. - Remus falou.

– Moony, não fode. Você não entende nada de quadribol. - James respondeu de imediato, ríspido.

– Ele tem alguma razão. - Sirius já estava irritado outra vez, sentado de frente a James, e não ao seu lado, como seria de costume. - Se você tivesse algo melhor para se ocupar, não estaria enchendo tanto a porra do saco com isso. - O rapaz debochou, e Peter bebeu um gole longo demais de suco de abóbora, parecendo nervoso.

– E o que seria melhor? Não fode você também, Sirius. - James enfrentou o melhor amigo. - Difícil adivinhar o que você quer dizer... Sexo? - Ele perguntou retoricamente. - Você não tem outra merda na cabeça e ainda vem tentar botar banca pra cima de mim, como se eu fosse o obcecado. - James riu sarcástico.

– Porra, James, daqui a pouco vou enfiar essa vassoura no seu cu para ver se você cala essa merda de boca! - Sirius falou grosseiramente, e Emmeline Vance, sentada alguns metros longe dos rapazes, os encarou surpresa. Seus olhos verdes e escuros olhavam curiosos para a discussão, preocupados.

– Não é a minha vassoura, nem no meu cu que você quer enfiar algo. - James falou, debochado, indicando a mesa da Sonserina, no outro canto do Salão Principal, com o queixo. - Acho que essa aposta anda te deixando atacado demais. Estranho. - Os olhos do amigo faiscaram por trás de seus óculos redondos. - Ou será que está é te deixando simpático a uma certa Casa? - James o desafiou, falando mais baixo, para que só os quatro amigos ouvissem.

Sirius se levantou bruscamente, arrastando o banco para trás, fazendo um barulho desagradável da madeira contra o chão. Alguns alunos ao redor reclamaram audivelmente, sendo empurrados para trás junto com o banco. Peter, sentado ao seu lado, derrubou metade do suco em sua própria camisa, praguejando baixinho ao ver o estrago.

– Me interne no St. Mungus no dia que você me ver falando uma palavra a favor da Sonserina. - Sirius se afastou do banco, indo em direção dos jardins do castelo.

– Paddy, pare de drama. Foi mal, volte aqui, precisamos dormir cedo hoje! - James falou, revirando os olhos.

– Vá bater punheta para a Evans, Prongs. - Sirius respondeu, irritado, sem virar-se de volta para os amigos. Alguns colegas da Grifinória riram, em volta. Enquanto se afastava, pôde ouvir Moony tentando tranquilizar James, e pôde ouvir parte do que dissera ao amigo:

– ...Sabe que ele está assim porque verá o irmão amanhã... - Remus dizia tentando falar baixo, para que Sirius Black não pudesse escutá-lo. Foi por pouco que Sirius não voltou-se em seus calcanhares e desferiu um soco na cara de Remus.


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Notas finais do capítulo

A segunda parte está logo ali! =D Mas por favor comentem nesta também!



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