Jardim de Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 15
Minha Paris


Notas iniciais do capítulo

Voltei!!! Desta vez a culpa não foi minha rsrsrsrs. Para comemorar o retorno do Nyah, um capítulo saindo quentinho. Capítulo escrito enquanto eu ouvia La vie en rose, uma das canções de amor mais linda que há. Se quiserem podem ler o capítulo ouvindo esta música.
http://www.youtube.com/watch?v=rzeLynj1GYM
Ah, o amor nos deixa vendo tudo cor de rosa.



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Ainda perturbada com as palavras que li, “Morra, Katniss Everdeen”, abro a porta. Peeta me olha, noto em sua expressão susto.

– Katniss?

Olho para a carta que tenho nas mãos e para a foto com meu rosto todo rabiscado com tinta vermelha que está caída no chão.

Peeta pega a carta de minhas mãos.

– Desgraçados! – murmura de uma maneira raivosa lendo as palavras da carta. – Como eles podem?! – apanha minha foto no chão.

Peeta me abraça.

– Você está bem?

– Eu... Isso é tão... perturbador – digo me aconchegando ainda mais em Peeta. Seu peito quente, o cheiro familiar de sua colônia, as batidas agitadas de seu coração, contribuem para que eu comece a me acalmar. – Eu já li coisas muito piores sobre mim na internet, mas isso... alguém enviando uma coisa desta para meu apartamento...

Peeta acaricia meus cabelos.

– Eu estou aqui, Katniss – sussurra em meu ouvido.

– Eu sei que eu estaria sujeita a isso, cansei de ouvir histórias de celebridades que recebem ameaça de morte. Porém, eu estaria mentindo se dissesse que não fiquei perturbada – falo um pouco mais calma.

Peeta me guia até o sofá.

– Nestes momentos que me questiono se isso vale a pena – digo. – Eu amo atuar, mas ser perseguida pelos paparazzi, ter gente desejando a minha morte... precisar fingir que eu não estou namorando com você... isso cansa tanto... tanto.

– Katniss...

– Eu não sei... Isso é tão cansativo...

– Katniss – Peeta pega em meus ombros e me olha profundamente em meus olhos. – Essa não é você! Você é a garota que nunca desiste de nada! Você... nunca desistiu de seus sonhos. Nunca se importou com que as pessoas pensam de você. Katniss, por favor, não deixe que isso te atinja... Se você deixar que isso te atinja... eu não vou conseguir.

Deixo meus olhos se perderem nos olhos de Peeta. Sim, ele tem razão. Esta não sou eu. Por um momento, eu fraquejei, me deixei me levar pelo medo. No entanto, eu não alguém que se deixa levar pelo medo, eu sou alguém que enfrenta as coisas.

– Peeta, você tem razão... Eu não posso ficar assim. Tenho certeza que isso foi obra de alguém que queria me desestabilizar...

Sorrio para Peeta.

– É assim que quero ver você sempre, sorrindo! – me abraça.

– Mas eu não entendo como alguém pode me odiar tanto uma pessoa a ponto de desejar sua morte? É tão chocante ver aquelas mensagens de ódio... As pessoas nem conhecem direito a pessoa que odeia, simplesmente odeiam por odiar...

– E quem entende? As pessoas julgam sem conhecer... Mas você nunca deve se render a elas, são apenas ignorantes. Quando alguém te odiar, te chamar de nomes absurdos nunca, nunca dê ouvidos a isso. O que importa é o que você é, não o que as pessoas pensam de você. Sei que o mundo em que nos vivemos é feito de aparência, imagem, mas o que você é nunca vai se alterar.

As palavras de Peeta tem um absurdo efeito sobre, se ele me dissesse que a lua é quadrada, neste momento, eu acreditaria.

– Obrigada... príncipe da nação!

Peeta ri, me trazendo para um beijo.

– E o meu ensopado de carneiro? – falo, fazendo um enorme esforço para me separar dos lábios de Peeta.

– Você não tem jeito mesmo! Vem! – diz se levantando e me estendo a mão. – Vou fazer um delicioso ensopado para você!

Vamos para a casa de Peeta. Logo, estou na cozinha vendo Peeta cozinhar.

– Você está me admirando ou olhando para a comida? – questiona sem olhar para mim, cortando as verduras.

– É claro que é a comida!

– Que mulher iria olhar para a comida enquanto eu estou aqui cozinhando?

– Sua namorada – respondo, mastigando um pedaço de pão. – E quando isso vai ficar pronto?

– Logo, apressadinha! Me passe as batatas – pede.

Pego algumas batatas e dou para Peeta. De maneira habilidosa começa a descascar as batatas. Sua expressão é concentrada. Ficamos em silêncio por algum tempo.

– Katniss... – Peeta olha para mim. – Quando você acabar as gravações o que acha de fazermos uma viagem?

– Uma viagem?

– Sim, só você e eu. Há tanto tempo não viajamos juntos... Poderíamos ir para Paris! É uma cidade linda. Têm tantos lugares que eu queria te levar, os cafés, os restaurantes... Eu quero te mostrar o Champs-Élysées, ou la plus belle avenue du monde como é chamada pelos franceses. Esta avenida fica ainda mais linda no final do ano à noite com todas aquelas luzes...

Olha para Peeta. Eu nunca revelei isso para ninguém em minha vida. Paris tem um significado muito especial para mim.

– Pode parecer bobo, mas... quando era uma garotinha, e eu vivia naquela casa com meus tios... muitas vezes eu me pegava sonhando em fugir de casa e ir para um lugar bem longe. Um dia eu vi algumas fotos de Paris. Aquela cidade cheia de luzes, que parecia pertencer a outra realidade, tão linda e mágica, me hipnotizou. A partir daquele momento, Paris foi por um bom tempo um lugar mágico, para onde eu iria fugir e ser feliz para sempre. Um lugar onde a tristeza não existia. Paris foi meu refugio, o que muitas vezes me deu forças para continuar vivendo naquela casa onde não era bem vinda.

Peeta me abraça por trás.

– Eu sonhava em minha vida solitária com Paris, com outra vida. Um lugar em que eu poderia ser feliz, ser amada – os braços de Peeta se apertam ainda mais ao meu redor.

– Katniss, eu sempre serei sua Paris. Sempre, estarei aqui para você. Serei seu refugio. Sua pequena Paris. Quero ser este lugar mágico em que você possa ser feliz, em que você ganha forças para lutar.

– Promete?

– Eu prometo que serei Paris para você, sempre.

Me viro para Peeta lhe dando um beijo. Sim, se Peeta me dissesse que a lua é quadrada, eu acreditaria.

Ele termina o almoço. Temos um agradável almoço. É tão bom estar com Peeta, sem nenhuma preocupação. Se eu pudesse congelaria este momento, porque eles são difíceis de acontecer nestes últimos tempos.

– Feche os olhos – pede Peeta se levantando da mesa.

– Aham? O que você está planejando? Conheço seus truques, Peeta Mellark!

– Desconfiança deveria ser seu segundo nome, Katniss Everdeen! – diz rindo. – Mas feche seus olhos...

– Ok.

Fecho meus olhos. Sinto algo sendo colocado em meu pescoço.

– Pode abri-los.

Abro os olhos, em meu pescoço está um lindíssimo colar cujo pingente é uma pérola negra.

– Uau!

– As pérolas negras são raras. Você é como esta pérola, uma pessoa especial e única.

Abraço Peeta.

– Você é meu amor, Katniss. Meu único amor – ele pega a pérola. – Agora eu sempre estarei com você.

– Este colar é lindo, Peeta, obrigada.

Beijo Peeta. Me perco em seu suave beijo, em suas carícias delicadas, contudo, precisas, que tiram toda a minha razão, que fazem meu corpo arder.

Peeta, o garoto egocêntrico, narcisista. Peeta, o garoto bondoso, generoso. Peeta, meu amor.

Sou acordada pela suave carícia de Peeta em meu rosto. Ele parece um tanto quando pensativo. Sorrio para ele.

– Suas gravações acabam quando? – pergunta analisando meu rosto.

– Daqui a duas semanas – respondo.

– Então podemos ir para Paris daqui a duas semanas...

– Já?

– Eu queria ir antes... – diz colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha. – Mas acho que posso esperar duas semanas... Além disso, tenho ainda alguns compromissos – sua voz me soa um tanto quanto distante, como se falasse consigo mesmo mais do que comigo.

Olho para ele. Peeta sorri para mim. Foi apenas impressão minha.

– Você realmente quer fazer esta viagem – brinco.

– Sim – sorri. – Mas agora eu quero outra coisa – diz me beijando e me puxando ainda mais para si.

– Sei muito bem o que você quer...

– Sabe, é?

– Quer levar minha insanidade embora!

Ele me olha sorrindo.

– E você quer se aproveitar deste corpinho aqui! – diz Peeta.

– É, eu quero! – digo lhe beijando.

Os dias passam. Uma semana passou voando. Com o final das filmagens, temos gravado praticamente dia e noite. Tanto que quase esqueci plenamente daquela carta ameaçadora. Madge e Annie acreditam que foi apenas alguém que desejava tirar meu sono. Acho que elas têm razão, depois daquilo não recebi mais nenhuma outra mensagem.

Por outro lado, não tenho visto muito Peeta. Na verdade, depois daquele dia, não pude mais vê-lo. Desta vez, a culpa foi totalmente minha. Com o final das gravações, Haymitch tem pegado pesado (como se isso fosse possível!). Tenho trabalho tanto, mais tanto que vou para meu apartamento quase dormindo. Mal vejo a hora disso tudo terminar.

Hoje é domingo e tenho, adivinha o quê? Se você respondeu gravações, acertou!

Ainda com meus olhos quase se fechando saio do meu apartamento. Ontem gravei até às duas e meia da madrugada. E agora são oito horas da manhã, ou seja, adeus cama! Aliás, dormir existe?

– Bom dia, Katniss! – a voz de Josh me traz a realidade.

– Desculpa, Josh, nem te vi! É que estou morrendo de sono...

Josh sorri.

– Trabalhando no domingo?

– Sim, estamos na reta final das gravações. Temos trabalhado praticamente noite e dia para terminamos as filmagens no tempo certo... E ainda dizem que a vida dos atores é fácil!

– O pessoal da banda tem sentido sua falta nos ensaios, há tempos você não vai nos ver ensaiar – diz Josh, enquanto entramos no elevador.

– Diz para eles que eu também estou sentindo a falta deles, e assim que eu puder eu vou ver vocês ensaiar! Eu adoro ver vocês tocar, vocês me dão comida, tocam boa música.

Josh ri.

– Mas minha vida anda muito caótica ultimamente.

– Eu sei, Katniss. Eles têm lhe dado muito trabalho! Você não ficou mais pressa em algum armário por aí, ou ficou?

– Não – rio. – Sem mais armários para mim... pelo menos por enquanto.

– Estou sempre a disposição para salvar garotas presas em armários, se ficar presa em algum armário não hesite em me chamar!

Eu e Josh damos uma gargalhada.

Me despeço de Josh e vou para as gravações.

Encontro Gloss, meu companheiro de gravações. Ele parece muito feliz, tanto que me agarra e me rodopia no ar.

– Ei, que euforia é esta? – digo enquanto tento recuperar meu folego.

– Nada, só estou feliz. As gravações já estão terminando!

– É, isso realmente levanta o animo de qualquer um! Sem Haymitch!

– Sem Haymitch!

Eu e Gloss rimos.

– O quê tem eu? – pergunta Haymitch nos encarando.

Eu e Gloss nos olhamos, não havíamos percebido a presença de nosso amado diretor.

– Nada – digo.

– É, nada, estamos apenas estudando a cena... – acrescenta Gloss.

– Acho bom mesmo! E já que vocês estão tem empenhados, vamos começar isso logo.

– Sim, senhor! – falamos eu e Gloss ao mesmo tempo.

Haymitch nos olha com a cara de poucos amigos. Sorte nossa que Darius aparece para levar Haymitch para outro lugar.

– Dessa nos escapamos! – digo.

– Melhor irmos nos preparar! – sugeri Gloss.

– Essa é uma ótima ideia. Se Haymitch aparecer vamos levar uma bronca daquelas na melhor das hipóteses... e na pior... quem sabe o que ele pode fazer?

– Melhor não ficarmos aqui para ver.

E mais um dia de gravações de inicia e termina. Um cansativo dia de gravações, diga-se.

Já passa da meia-noite, quando pego meu carro para ir para meu apartamento. Estou muito cansada. Abro os vidros do carro e sinto o ar frio da noite tocar meu rosto como uma pequena carícia. Queria poder visitar minha Paris particular.

No rádio começa a tocar La vie en rose baixinho, como um murmúrio.

Olhos que fazem baixar os meus

Um riso que se perde em sua boca

Aí está o retrato sem retoque

Do homem a quem eu pertenço

Quando ele me toma em seus braços

Ele me fala baixinho

Vejo a vida cor-de-rosa

Quando eu estou com Peeta, eu também vejo a vida cor-de-rosa. Só Peeta tem este poder, de me fazer esquecer de tudo e de todos.

Ele me diz palavras de amor

Palavras de todos os dias

E isso me toca

Entrou no meu coração

Um pouco de felicidade

Da qual eu conheço a causa

Peeta é minha Paris. A Paris com a qual eu sonhava quando era criança, em meus dias de tristeza e solidão, o lugar que me traria felicidade. E hoje, hoje eu tenho minha Paris.

É ele para mim, eu para ele

Na vida, ele me disse

Jurou pela vida

E desde que eu o percebo

Então sinto em mim

Meu coração que bate

Noites de amor a não mais acabar

Uma grande felicidade que toma seu lugar

Os aborrecimentos e as tristezas se apagam

Feliz, feliz até morrer

Peeta me deu uma felicidade, que eu jamais pensei que teria novamente. Ele me devolveu a capacidade de amar. Quando estou com Peeta sinto que sou capaz de tudo e de ser feliz.

Toco em meu colar com a pérola negra e a passo suavemente em meus lábios. É como se Peeta estivesse aqui comigo, pelo menos uma pequenina parte dele.

Katniss Everdeen está totalmente caída de amor por Peeta Mellark. Quem iria acreditar que isso iria acontecer um dia?

Sorrio e deixo me levar pela música e pelo toque do vento em meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? Será que Katniss e Peeta vão mesmo para Paris? Ou será que não? Eles... o tempo dirá, quanto a mim, vou correr para debaixo das cobertas, está fazendo um friozinho aqui...