Eles escrita por ItS


Capítulo 4
Sagazes


Notas iniciais do capítulo

Não vou me atrasar aqui, somente quero agradecer aos comentários. Eles estão inspirando minha escrita u.u
Ps.: Quem quiser recomendar, eu deixo! ;D
Capítulo em homenagem a Fanatica.



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1

Dia: 21 de março de 2047, às 17:49. Próximo a lanchonete, biblioteca e banco.

Enquanto Daniel ia até biblioteca, ele vinha pensando sobre o que vira no noticiário: um homem fora encontrado morto. Segunda a perícia, ele havia sido incinerado, ainda vivo, e morto por hemorragia, esta causada por lacerações provenientes de algum tipo de garras, possivelmente de algum animal selvagem. Essas pistas não indicavam nenhum tipo de assassino conhecido ou algum tipo de morte comum; o que, logicamente, deveria ter sido feita por um deles. Ele tinha certeza disso; mas não queria provar para as autoridades. Às vezes, ficar sempre na mídia alguma exaurindo os conhecimentos próprios, dando lugar apenas para ambição própria, que, na verdade, é um sentimento inerente ao ser humano.

Infelizmente.

Ele chegou ao local. Avistou uma garota de cabelo dourados que reluziam à luz do sol da tarde. Eles desciam em cascatas semi-onduladas até um pouco abaixo de seu ombro. Daniel achava tudo nela sublime; uma perfeita combinação de timidez e beleza. Ele esgueirou até lá, passando em frente à lanchonete onde estavam dois colegas que estudavam uma série abaixo dele; mas que ele nem sabia o nome. Não que não se importasse, mas somente porque eles não eram as típicas pessoas aparecidas que tinham seu nome escrito em tudo e qualquer coisa.

Hey, Lucy. – cumprimentou, dando um beijo em seu rosto. A garota se surpreendeu com a atitude; ela nunca havia feito isso com garotos da sua idade que não fossem primos ou vizinhos gays.

O-oi, Daniel... – cumprimentou.

Durante um tempo eles não falaram nada, somente procuravam por livros nas prateleira empoeiradas daquele recinto sem ar condicionado. Porém, a conversa começou a fluir logo depois que ambos encontraram um livro que queriam tanto ler. Luciana, naquele momento, adorou por ter aceitado o “convite” para o encontro. Aquelas horas talvez fossem as melhores que ela já vivera. Contudo, aquelas horas plácidas para Daniel e Luciana se divergiam com o que acontecia próximo dali, na lanchonete aonde estava Bruno e Daniela.

Estampidos chamaram a atenção de vários. Todos correram para frente daquela lanchonete que estava sendo almejada por muitos mendigos. “Bom e barato, esse é o nosso lema.” Daniel e Luciana também estavam na multidão que se formava diante do vidro que permitia enxergar todo o acontecimento: 4 homens mal encarados faziam de reféns os clientes daquela simples lanchonete. Luciana pensou em fazer alguma coisa; afinal, ela podia trucidá-los com raios de luz, mas isso cabia para pessoas que fossem fortes e corajosas o suficientes. Ela não era disso, e, ao contrário do que aparece em filmes onde os mocinhos sempre salvam o dia, as pessoas reais têm consciência que, se tentassem invadir ali, naquele momento, algo pior poderia (e iria) acontecer.

É, o melhor mesmo era somente fitar dali, como espectadores de um reality show demoníaco, enquanto esperavam a polícia chegar.

2

Dia: 21 de março de 2047, às 17:27. Casa de Joana.

“Ele se levantou, pegou sua arma, mirou a cabeça da garota que estava paralisada (talvez devido ao susto) e puxou o gatilho. A bala percorreu todo o caminho e atingiu a testa da garota. Uma poça de sangue se formou sob ela.” Mas não era uma poça de sangue comum para um tiro na testa; era uma enorme. Na verdade, não era isso. A garota havia se transformado na poça de sangue. Sim, após o tiro, a garota se desfizera na poça. Ela não existia mais; era somente um monte de sangue flanqueado por uma cerâmica reluzente.

Que porra é essa?!

...

Vadio; filho de uma puta!

E um soco o atingiu.

O autor, quer dizer, a autora era somente Joana, que saíra do banheiro. O golpe o jogara para longe, com tamanha força e ímpeto. Aquilo era descomunal. Impossível, para ser mais exato. Mas tinha acontecido, e, se aconteceu, o impossível passava a ser possível. Durante o seu “vôo” pela parede a fora, o homem conseguiu avistar uma Joana com o short ensaguentado e um desenho de uma pessoa no espelho. Era aquele típico desenho de uma cabecinha, um traço maior na vertical, e quatro na diagonal, representando os membros. Esse desenho nunca mais ia sair da sua cabeça.

3

Dia: 21 de março de 2047, às 17:25. Casa de Joana.

“No banheiro, Joana começou a ouvir os passos em sua direção. Ela tentava abafar o choro. Estava sozinha e não podia fazer nada. Foi quando viu uma lixa. É, agora ela tinha um plano.” Era hora de começar a fazê-lo, mesmo que isso doesse um pouco. Com a lixa, ela começou a perfurar sua própria coxa, fazendo, logo, um ferimento não muito profundo, mas que já era suficiente para despejar alguns miligramas de sangue. Ela precisava disso para desenhar, afinal, para ativar seu poder era necessário um material que escrevesse e uma superfície aonde pudesse escrever. Se ela tivesse com seu Galaxy não seria problema; mas ele tinha ficado lá em baixo.

No espelho, ela começou a desenhar uma pessoa. Era o típico desenho de pauzinhos. Isso a representava. Claro, não era um desenho perfeitamente igual a realidade (e nunca seria), mas, para seu poder funcionar, bastava que ela imaginasse o que queria que “criasse vida” e fizesse uma espécie de esboço. E ali estava. O seu novo clone; ou melhor, seu novo eu.

Assim, quando o homem abriu a porta, um clone o atingiu com um soco. Ela ainda não sabia manipulá-lo com a destreza suficiente para fazer estragos maiores, por isso a garota-clone ficara ali, parada, inerte, pronta para tomar um tiro e ser desfeita em gotas de plasma. Os desenhos animados de Joana se desfaziam no material do qual ele havia sido feito; no caso, sangue da coxa da garota. Mas, mesmo assim, aquilo bastou. Serviu de distração por tempo assaz para a verdadeira Joana sair do banheiro e enfiar um imenso e veemente soco que o jogou para fora daquele andar.

Vadio; filho de uma puta! – foi o que gritou antes de socá-lo. Ela estava com muita raiva e se surpreendeu quando se deu conta de que fizera aquilo sozinha. Ela nunca se imaginaria golpeando um cara com o dobro de seu peso e altura, ainda mais estando sozinha e a mercê da morte.

Ela aproveitou o momento para chamar a polícia, e, enquanto ia até a outra parte de sua casa, percebeu que seu plano realmente havia dado certa. Ela não era somente um rosto bonito e cheio de pompa; ela tinha poder; ela era um deles.

4

Dia: 21 de março de 2047, às 17:28. Casa de Joana.

Ele ainda conseguiu produzir uma espécie de armadura em volta de seu corpo, o que amenizou os danos provocados pela queda. Se fosse uma pessoa normal, com certeza ela estaria morta; mas ele era um deles, e, assim, sua resistência era muito maior que o normal, fora que, com a ajuda de seu adorável poder, ele ainda tivera uma armadura modificada pelas ligas de carbono para ajudá-lo.

Quando levantou, lembrou-se que a garota certamente iria ligar para a polícia e, se isso acontecesse, a coisa realmente ficaria ruim; ruim, não, pior, pois ruim já estava. Xingou mentalmente a porra do homem que o mandara fazer aquilo naquele maldito momento errado e decidiu fugir. Mas aquilo não ficaria assim. Agora não era mais uma questão de dinheiro ou algo que não tinha nada a ver com a garota; agora era pessoal, e assuntos pessoais com Alberto, durante toda sua vida, nunca ficara na boa.

5

Dia: 21 de março de 2047, às 18:24. Dentro da lanchonete.

Cassie era uma das pessoas que estavam presenciando a cena que acontecia na lanchonete. Porém, como ela queria, não estava de fora como os sortudos. Ela era uma das reféns, como as demais outras que torciam para que a polícia chegasse logo. O que via era extremamente nojento e cético. Além disso, aquilo não devia estar acontecendo. Mas estava. Ela devia encarar a realidade e, se possível, arranjar algum jeito para ajudar todas aquelas pessoas. Sim, ela era um deles, mas transformar-se em animais não era algo muito discreto.

Ela também estava com medo, mas isso não era algo ilustre; todos estavam. Mas tinha que fazer algo pelos garotos que estavam sofrendo. Ela ainda não sabia o quê, mas iria fazer. Pensou em diversos planos. Todos pareciam envolver algum tipo de avanço que, no final, poderia acarretar consequências bem piores do que a conjectura atual. Ela podia somente esperar a polícia e, se tudo desse certo, os reféns seriam liberados. Porém, e se os homens não quisessem libertá-los? Afinal, eles eram maníacos e pessoas assim não certas da cabeça. Por isso e por seu próprio desejo de raiva, ela queria fazer alguma coisa para ajudar.

O único erro era que querer não é poder.

6

Dia: 21 de março de 2047, às 18:29. Dentro da lanchonete.

Bruno e Daniela estavam junto com outros reféns naquela lanchonete onde, a princípio, tudo estava perfeitamente bem. Eles quase beijaram se não fosse o hesitar da garota, dizendo que ainda não estava pronta. Bruno achou que poderia ser algo com ele, mas não conseguiu terminar de pensar, pois os homens haviam invadido o local. Eram 4; todos de aparência medonha. Trajavam roupas pesadas e portavam armas de fogo. Um tinha uma metralhadora, e era o que mais assustava.

Calma, Dani; fica calma. – tentou, percebendo o medo da garota.

Ela estava, sim, com muito medo. Não queria morrer agora. Ela queria viver para superar o trauma que passava e, assim, poder ter algo com Bruno, pessoa por qual já descobrira que estava completamente apaixonada. Porém algo a impedia de deixar tudo acontecer naturalmente; algo em seu âmago. Talvez fosse a parte que ainda gostava de seu antigo namorado.

Cala a boca! – ordenou, atirando ao léu. Um dos tiros ainda acertou a cabeça de algum, que morreu na hora. Gritos correram por todo o local, esbarrando com o medo e o pânico profusos.

Vocês devem estar se perguntando o porquê invadimos aqui... – começou o que estava com a metralhadora – E eu direi. Simplesmente porque minha vida estava muito parada, e eu precisava de algum divertimento. Ou seja, não tem nada a ver com dinheiro, mesmo porque, eu poderia ter assaltado o banco que fica aqui em frente; mas não quis. Pessoas de lanchonetes sempre são mais divertidas.

Bruno pensou que ele era um maníaco, e maníacos nunca eram bom sinal para a vida. Ele tinha que sair logo dali. Percebeu que todos estavam extasiados, não da maneira boa, mas da maneira ruim; afinal, estar com 4 maníacos num local aonde eles ditavam as regras era algo, no mínimo, bem reconfortante. Com o propósito de sair dali em mente com a maior discrição possível, o garoto decidiu usar seus poderes. Nunca utilizara este publicamente, mas ainda assim seria difícil identificar quem era o autor da fumaça branca que começava a porejar. A visão de todos foi interceptada, com exceção de Bruno e Daniela.

Vamos, temos que sair daqui. – disse o garoto, se aproximando e puxando a garota para perto de si. Ela chorava emitindo sibilos surdos.

Eles começaram a se esgueirar por baixo das mesas, enquanto ouvia um monte de palavrões vindo da boca dos maníacos. Eles se perguntavam o que era aquilo e quem a tinha a feito. Bruno, logicamente, riu dentro de si. “Quem ri por último ri melhor, não é assim aquele ditado?”, pensou e continuaram indo em direção à porta. Porém o inevitável aconteceu. O homem da metralhadora o agarrara, provando que seus sentidos eram muito aguçados.

Vocês estavam aproveitando a situação e tentando sair da festinha? – perguntou, irônico – Acho que terão de pagar por tudo que causaram. Pois, imagino eu, que um de vocês seja o dono dessa fumaça tosca.

Todos fitavam com muita apreensão e ansiedade. A polícia não chegava e tudo parecia ir de mal a pior, principalmente para os dois jovens incautos. Os outros três seguraram o rapaz, enquanto o da metralhadora despia a garota. Segundo ele, aquelas ações eram causadas por falta de pica. E ele, como a melhor pessoa do mundo, iria acabar com tal falta de educação. A menina, agora, estava nua na frente de todos – mais ou menos uma 25 pessoas, como se não bastasse ser estuprada, ela ainda teria plateia. “Obrigada destino” –.

E ele começou com o estupro. A garota gritava arduamente; gemia, bradava. Pedia para que parasse. Na verdade, era mais uma súplica. Daniela achava que o pior daquilo tudo era ter os telespectadores observando-os sem, ao menos, fazer nada para que ele parasse. Daniela poderia – e devia – usar seus poderes. Escaparia daquilo tudo facilmente; mas estava muito difícil para se concentrar e usá-lo. Ela estava com medo e, sobretudo, vergonha em demasia.

O homem continuava a empalar a garota. Todos mantinham o silêncio, inclusive os que estavam lá fora. Algumas das pessoas ainda sentiram tesão com a cena e pensaram em perguntar para participar de uma possível orgia, mas o medo falava mais alto. Estes se imaginavam vendo um teatro pornô, nada de mais se for comparar com o histórico do computador pessoal.

Pronto, cansei dela. – começou – Quero o garoto. – afirmou, recebendo logo seu segundo prêmio – Se prepare porque a coisa vai ferver.

E cena se repetiu. Daniela estava embrulhada num pano de mesa enquanto fitava o seu possível-novo-namorado sendo estuprado pelo mesmo homem que fizera a mesma atrocidade. Ele gritava e, como se deve imaginar, estava com mais vergonha do que a garota. Estava nu ali. Na frente de todos. Tinha até gente da sua escola. O que eles falariam para seus colegas? “Bruno foi estuprado por um cara e parecia estar gostando muito de queimar a rosca.” Mas isso não era veraz; de maneira alguma. Tudo que queria naquele momento era sair dali e matar aqueles homens.

O quão primitivo as pessoas tinham se tornado?

“Quem ri por último ri melhor, não é assim aquele ditado?” Pensou o homem, enquanto estuprava o garoto com a enorme plateia de adoradores de filmes eróticos.


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Notas finais do capítulo

Gente, sim, Joana não morreu. Achei que ela tinha que ser explorado, fora que, com a sobrevivência dela, ocasionou uma nova trama...
Não sei se lembram da lixa do último episódio...
Quero avisar que, mesmo que seu personagem não apareça com tanta frequência, saiba que ele tem (ou terá) participação fundamental no enredo; portanto, não se preocupem, ok?
Espero por comentários, favoritações, acompanhamentos e, se possível, recomendações.