Eles escrita por ItS


Capítulo 2
Eles


Notas iniciais do capítulo

Gente, falta alguns personagens para apresentar. Eles aparecerão no próximo, ok?
Ah, quero que vocês fiquem cientes de que seu personagem pode morrer, e de uma morte bem fútil, ok?
Saibam que as partes de ação ainda virão, agora é meio monótono mesmo.
Quem quiser recomendar e favoritar, pode fazer. Vai me deixar MUITO feliz.
Ps.: Tive que mudar algumas coisas para se adaptar melhor à Fic.
Ps²: Quem manjar do photshop e quiser fazer uma capa para mim, fique a vontade.
Ps³: Não se esqueçam de comentar o que acharam das cenas dos poderes, ok? Elas serão mais ou menos assim ao longo da estória.



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1

Dia: 20 de março de 2047, às 8:33. Escola Central 03.

Aquela era mais uma das típicas aulas de história. Tudo bem que o professor era um gato e que, se ele quisesse, eu poderia pegá-lo (ele tinha 23 anos e fazia malhação em frente a minha casa; era uma dádiva vê-lo suado), mas aquela aula estava extremamente maçante. Os nerds – os malditos nerds que sempre avacalham os trotes de todos os alunos perderem horário ou faltarem a escola – continuavam a prestar atenção. Azar o deles, não sabem o quanto é bom curtir a vida.

O mais engraçado, ainda falando sobre os nerds, foi semana passada. Nós estávamos numa maldita excursão, da qual Luciana, uma garota do 2º ano, – acho que era esse o nome dela – fora a única que faltara. Nesse maldito e chato lugar, presenciamos palestras sobre coisas velhas. Tinha umas “obras de artes” (um monte de borrões; isso é obra de arte? Sou mais as fotos do professor de história ou do Daniel; garotinho do 2º ano que era uma gracinha) que os nerds tiravam fotos. Nisso, enquanto eu mexia no celular, ouvi uma garota dizer que ia postar a foto no Orkut. Porra, Orkut? Sério que eu ouvi isso? Quem, em toda a face da Terra, ainda usava Orkut. Pelo amor, aquilo era o cúmulo do constrangimento.

Mas voltando para minha vida, eu estudava na 8ª série e lá não tinha tantos garotos bonitos quanto no ensino médio; mas o professor de história bastava. Eu ainda tinha meus amigos, muitos falsos, por sinal, que ficavam me bajulando o tempo inteiro. O status que eu dava pra eles era enorme; afinal, eu era a garota mais popular do colégio, e, talvez, uma das adolescentes mais conhecidas de Lago das Montanhas.

Mas às vezes isso não importava. Em lapsos de consciência eu percebia que eu tinha uma péssima vida. O fato de poder desenhar e dar vida para os desenhos podia ser ótimo para alguns; mas, para mim, era um fardo. Eu precisava esconder isso de todos. O que iriam achar se Joana, a garota mais linda do mundo, fosse um deles? Isso acabaria com minha vida; portanto, ninguém devia saber.

O sinal para o intervalo bateu. Eu saí, o celular no bolso, os garotos babando, as garotas invejando. Mais um dia comum, se não fosse por encontrar o Daniel indo sozinho na direção da diretoria. Ele andava de um jeito fofo e elegante, e aqueles cabelos níveos o deixavam com o estilo singular, assim como as feições e os músculos singelos, que não poderiam ser considerados de “bomba” e nem “por falta de academia”. Ele continuava a andar, com alguns papeis na mão. Ele com certeza estava indo pra diretoria. Ela ficava em outro bloco e, até lá, o corredor normalmente ficava deserto.

Momento perfeito para coisas perfeitas.

Parti, discretamente – bem, totalmente discreto não, pois, como de costume, rebolei mais que dançarina de poli-dance; era assim que eu andava – e o segui. Quando percebi que estávamos completamente a sós, resolvi “aparecer”. Ele pareceu tomar um susto, mas isso logo seria esquecido. Um beijo sempre deixa nossas cabeças fora de área. – Fora de área? Quem usa essa expressão? Estou precisando renovar meu estoque de palavras. “Estoque”?! Ah, por favor.

Olá, Dani... – eu cheia das intimidades. Nunca tinha falado com o garoto e já estava usando apelidos – Pra onde vai? – perguntei, sexy.

Vou levar esses papeis pra diretora. Parece que a prova vai ser adiada...

Aproximei-me dele. Senti sua respiração contra a minha. Os olhos deles eram como duas ametistas e seu hálito me lembrava halls preto. Ah, que perfeito. Eu precisava dele. Eu comecei a roçar – que palavra mais feia – seu rosto com minha boca. Senti que ele cedeu um pouco; mas, no fim, hesitou. Me empurrou pra trás. – Qual era a dele?!

O que foi? Não gostou? – perguntei, confusa. Ninguém nunca fizera isso comigo.

Desculpe. É que... – ele mediu as palavras – Eu não sou fã de garotas puramente promíscuas. – O que significa isso? – Sabe, prefiro as mais humildes.

Eu ia dizer: “Mas eu posso ser.” Mas não cabe a mim suplicar. Ele que voltasse e se ajoelhasse diante da escola toda pedindo um beijo meu. Com certeza tomaria um toco, assim como o que eu acabara de tomar.

Ah, e imagino que ninguém deva saber da cor natural de seus cabelos, mas recomendo que use uma tinta mais forte. É nítido o castanho. – Ah, meu Deus. Ele descobriu sobre a cor dos meus cabelos. Mas como? – Te acharia bem mais bonita assim.

E ele se foi, deixando-me perdida naquelas últimas palavras. “Te acharia bem mais bonita assim.” Own, ele era romântico. Que fofo.

2

Dia: 20 de março de 2047, às 9:45. Escola Central 03.

Na sala do primeiro ano A da Escola Central 03, Bruno e Daniela eram os mais quietos. Sempre que precisavam fazer trabalhos em grupo, acabavam sobrando e ficando em qualquer grupo. Tinham psiques parecidas. Talvez isso acabou por aproximá-los, enquanto faziam um trabalho em dupla. Novamente, haviam sobrado; mas, dessa vez, tudo parecia estar bem. Ambos os jovens pensavam assim naquele momento. Um parecia admirar a beleza do outro, quando Bruno teve coragem:

Eu acho muito kawaii garotas de olhos puxados. – Daniela corou. Ninguém nunca havia dito isso para ela. Agora ela não sabia o que dizer – Calma, não precisar ficar com vergonha. – ele tocou sua mão.

“Merda, ele quer que eu fique como um pimentão.”

O-obrigada. – tartamudeou.

E o tempo foi passando. Daniela estava gostando da conversa, mas não queria se apegar; seu último (e único) relacionamento fora desconcertante. Desde aquela vez, ela jurara nunca mais se envolver. Ela já era um deles, e de sofrimento já bastava isso. Ela não precisava de outro garoto que quebrasse seu coração novamente, colocando-a, possivelmente, num estado debilitante. Ela estava pensando assim. Ela poderia até usar seu poder para que Bruno perdesse o interesse nela naquele momento, mas alguma coisa dentro dela não a permitia que ela fizesse isso. Ela parecia estar envolvida naquelas palavras plácidas e cheia de compaixão.

Devido ao incidente envolvendo seu ex-amor, ela começara a se isolar (mais ainda) e passava a maior parte do tempo escrevendo e desenhando. Um de seus poemas retratava o que ela sentira pelo garoto quando este a deixou:

“Estou aqui escrevendo pra você

Vim aqui pra te dizer

O quanto estou triste

E o quão vazio está meu coração

Pois vejo ele sem paz, sem compaixão

E a prova disso é a nossa separação

Quando cai a noite e fico acordada

É quando me peco pensando no passado

Apenas nas lembranças guardadas no meu coração

Ainda me lembro daqueles bons tempos

Daquele amor lindo e perfeito

Namorávamos a noite inteira sem problemas

Nunca escondendo meus sentimentos

[...]”

Mas ela não estava conseguindo desvirtuar seus pensamentos do garoto que falava com ela. Ela devia estar apaixonada; mas ela não podia se apaixonar. Apaixonar sempre fora perigoso. Experiência própria e totalmente desgastante para a garota. Porém, quanto mais tempo passava com aquele garoto, mais ela percebia coisas em comum entre eles. Contudo, ela ainda não sabia de um dos seus melhores (piores) segredos: ele também era um deles, assim como ela.

3

Dia: 19 de março de 2047, às 9:12. Corredor qualquer da cidade.

Ana era uma garota de dez anos, vizinha de Luciana, sua melhor amiga. Ela, ao contrário de sua amiga Lucy, conversava veementemente com todos. Ela já sabia de seus poderes, mas não os contava para ninguém. Vivia dizendo que “queria ser um deles”, somente para despistar. Ela já tinha em mente dos preconceitos que poderia viver caso todos soubessem de seu dom.

Mas, num dia plácido, ela saíra andando até a padaria – sua mãe havia pedido para que ela comprasse 10 pães, caso contrário não teriam o que lanchar no outro dia –. Estava a noite e a penumbra cobria todo o lugar, o som do mar ao fundo. Não tinha muitos turistas naquela época do ano – início de dezembro –, mas logo isso iria mudar. Casas seriam alugadas, comércios seriam abastecidos e utilizados com mais frequência.

A garotinha, de porte pequeno e de cabelos castanhos lisos e curtos, passou por um beco. Ele não tinha iluminação como na maior parte da cidade; mas servia para cortar caminho até o seu objetivo. Ela queria voltar o mais rápido possível para poder assistir Chiquititas. Enquanto passava, ela ouviu barulhos suspicazes, que a fizeram apertar o passo, que logo se tornara um trote, e, posteriormente, uma corrida.

Ela olhava para os lados, temendo que encontrasse com algum homem que quisesse estuprá-la. Porém, o que ela mais temia apareceu. Um homem de aparência duvidosa estava a sua frente. Ele trazia um olhar malicioso e avermelhado, como aqueles que usam drogas. Ela recuou.

Ei, pequena, o que faz sozinha num local como esse numa hora dessas? – ele se aproximava paulatinamente. Sabia que a garotinha não teria chance contra ele numa corrida.

Desculpe, moço, não posso falar com estranhos. – e deu meia volta.

Espere. Não sou estranho. – desconversou – Serei seu novo papai.

Num pulo ele a agarrou. Ela começara a gritar, mas ninguém parecia ouvir. Ana estava com medo; medo de ser pega, estuprada e depois morta. Ela não queria isso. Era uma aberração, sim, mas tinha o direito à vida. Todos tinham; ela tinha lido isso num jornal. Não, espera, talvez fosse na televisão. “Todos têm direito à vida, até eles.” Isso, eles. Era ela um deles. E ser um deles, naquele hora, seria bem conveniente.

Me solta, não quero te machucar... – pediu, em meio a gritos e urros de dor.

E o que uma garotinha poderá fazer contra um cara forte como eu? – ele deleitava-se comente com o olhar, tateando as partes indevidas do pequeno corpo ainda em desenvolvimento da garota.

Eu, não, mas meu tigre sim.

As mãos da garota começaram a fumegar. O calor foi observado – e sentido – pelo homem, que a jogou contra o chão num ato de reflexo. Ele começou a balançar os membros feridos, e não se deu conta de que uma torrente de chamas começava a nascer debaixo de seus pés. As chamas pareciam brotar dos sulcos e frestas daquele chão imundo; mas, ao contrário deste, ele era reluzente e espalhava brilhos aureolares pelo local.

As chamas vicejavam e lambiam os membros do homem, saboreando aquele aperitivo. Os olhos da garota reluziam, felizes, à luz das labaredas, que, cada vez mais, subiam e se tornavam mais cálidas. A lua parecia ter se tornado alaranjada através daquelas colunas ígneas. O homem gemia e gritava. Ele sentia seus órgãos serem tomados pelo calor e dizendo adeus a água que hidratava aquele corpo imundo e fétido. Seu braço agora pendia do corpo, queimado e esquartejo pelo fogo. Ele continuava a gritar; os lumes rodopiando sob e sobre o corpo do homem de barba.

Porém, como viera, as flamas voltaram: num átimo. Contudo, agora havia deixado um legado ardente com o inimigo da pequena Ana. Um tigre havia porejado daqueles rútilos feito vaga-lumes boreais. Era um tigre de carne osso, mas, em vez de listras brancas, eram alaranjadas e vermelha, como o fogo. E dele emanavam pequenas chamas, como o furor de um vulcão. O animal olhava com ferocidade para o homem, enquanto a pequena garota aninhava o grande felino entre seus pequenos braços, fazendo carinho no pelo cálido da criatura de fogo.

O-o que é isso? – as palavras pareciam ser afligidas pelas faíscas que o homem exalava.

Ora, um tigre, moço. Um mero e inofensivo tigre...

O homem terminara de ser morto pelas garras ardidas daquele felino bestial de aparência selvagem e sutil.

4

Dia: 20 de março de 2047, às 19:38. Casa de Alberto.

Alberto Guerreiro? – uma voz metálica soou, acordando o homem de seus devaneios familiares.

Sim. O que deseja? – Aquele número era mantido em sigilo entre os consumidores. Ninguém saía espalhando sobre Alberto; afinal, primeiro, tinha medo do homem e, segundo, poderia implicar coisas ruins para o que abrisse a boca.

Tenho assunto que precisam ser resolvidos. – Alberto reconhecia palavras assim. Sempre tinham o mesmo objetivo: “Quero contratá-lo para matar alguém.”

Qual o nome desse assunto?

O vice presidente do hospital Vidas, Antônio Ribeiro.


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Notas finais do capítulo

Crédito do poema: Exodus
Cliquem em acompanhar para, assim, ficar a par de todos os novos episódios e, portanto, não deixar de comentar nenhum! ;D