Rendendo-se escrita por Jajabarnes


Capítulo 8
Assombro e deleite


Notas iniciais do capítulo

Capítulo super-mega especial! Aos Suspian...
Boa leitura!



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-E como foi o passeio ontem? - perguntou Susana, na manhã seguinte, servindo-se de café, sentada à minha frente. Até ela tocar no assunto, eu não havia pensado nisso, para falar a verdade, sequer lembrava que havia terminado com Lilliandil.

-Foi... Normal...

-Normal?

-Na verdade, foi péssimo. - confessei.

-O que houve?

-Nós brigamos... E … Terminamos...

-Terminaram?!

-É, eu terminei, na verdade. Lilliandil não é a pessoa certa para mim. Ela não consegue entender o modo como eu penso, nem compartilha dos mesmos sentimentos...

-Você a ama?

Fiz silêncio por longos segundos. Até finalmente chegar à conclusão que sempre esteve bem à minha frente.

-Não. - falei convicto, balançando levemente a cabeça. - Mas eu me acostumei a tê-la por perto, sabe...

Susana assentiu, olhando para baixo.

-Espero não ter influenciado essa decisão... Sabe, sobre tudo o que falei sobre vocês e... Por ter vindo morar aqui.

-Deixe de ser convencida, não foi por sua causa. - menti.

-Então, acho que você deve saber o que está fazendo. - comentou.

-É o que eu já devia ter feito, esse relacionamento já estava desgastado... Bom! Não quero ficar lembrando disso! - falei descontraído.

[…]

Quando me cansei do computador, aborrecido com a internet lenta, fui para o segundo andar ver o que Susana estava fazendo. A porta do quarto estava aberta e eu podia vê-la deitada na cama, com os calcanhares no ar e um livro aberto.

-Qual o livro? - perguntei, assustando-a e rindo em seguida, por sua expressão e ela me jogou um travesseiro antes de eu deitar na cama ao seu lado.

-Profundo Oceano. - respondeu ela.

-É bom?

-Ótimo!

Fiz silêncio esperando-a se concentrar no livro, para então perguntar.

-Sobre o que é? - peguei o livro de suas mãos. Ela respirou fundo.

-Ficção. - pegou-o de minhas mãos.

Esperei.

-Mas que tipo de ficção?

-Ficção, oras.

-Hum...

Silêncio. Comecei a mexer em seu cabelo. Susana suportou fortemente, mas enfim, bufou, fechando o livro.

-Você está sem nada pra fazer, né?

-Aham. - falei, animado por ela perceber. Nós rimos.

-Ok, o que você quer? - ela fechou o livro, pondo-o no chão.

-Que você fique sem nada para fazer como eu. - sorri largamente. Susana sorriu.

-Tem algo ótimo para você fazer. - disse.

-O que?

-Supermercado. Não esquece do chocolate.

Encarei-a.

-Eu estou falando sério. - disse ela.

-Você acha mesmo que eu vou?

-Claro.

-Isso é tarefa feminina... - argumentei.

-Não me venha com esse machismo. - estreitou os olhos.

-Não é machismo. - disse, fingindo mágoa.

-Então o que é?

-Eu não sei.

-O que?

-Fazer supermercado. - confessei. Susana gargalhou. - Era Eliana que fazia, a antiga faxineira. - justifiquei.

-Eu não estou ouvindo isso... - falou para si mesma.

-Está sim. E é você quem vai.

-Nem vem!

-O.k., então se arruma, vou estar esperando você lá embaixo. - falei, levantando-me e saindo do quarto antes que ela pudesse dizer que não.

[…]

Eu sinceramente não esperava que ela fosse se trocar para irmos ao supermercado, por tanto não me dei ao trabalho de me trocar. Fiquei sentado no sofá, apenas com uma calça de moletom, e estava assim quando ela apareceu.

-Estou pron... - ela parou ao me ver mordendo um sanduíche. - Eu não acredito, Caspian!

-Hm... Bela roupa. - falei pouco depois de engolir. Ela jogou a bolsa no sofá ao meu lado.

-Não me arrumei para nada. Anda, levanta e vai se trocar. - disse, tentando expulsar-me do sofá batendo-me levemente com a almofada.

-Sabia que eu posso denunciar você por violência doméstica? - falei. Ela soltou a almofada e caminhou elegantemente até parar na frente da TV. Susana cruzou os braços e pôs-se a me encarar. - Hey, eu falei que estaria esperando aqui, não que eu ia com você. - eu estava adorando aquilo, ela ficava ainda mais linda zangada...

-Você me fez parar de ler, levantar da minha cama e me arrumar para acompanhar você ao supermercado. Já estou pronta e agora você vai ter que ir. - falou séria.

-Qual é, Su? Está na melhor parte, sai daí! - pedi, quase choramingando por estar perdendo uma das partes mais importantes de um episódio inédito.

Ela limitou-se a continuar me encarando.

-Eu não disse que ia com você. - ergui as mãos na altura do rosto, com as palmas viradas para frente.

-Mas deu a entender que ia. - insistiu ela.

-Mas eu não quero ir... - continuei.

-Eu posso ficar aqui o dia todo. - disse ela, sorrindo de lado.

-Não pode, não. Vamos, Su, por que você não sai daí e senta pra assistir comigo?

-Por que não tem comida? - sugeriu ela.

-Podemos pedir pelo telefone, eu não vou sair.

-Então por que disse que estaria me esperando?

Levantei e caminhei até estar de frente a ela.

-Foi uma brincadeira. - falei. - Eu não esperava que você realmente levasse a sério.

-Você é péssimo para fazer brincadeiras... Quando éramos crianças vo... - começou ela, sem se dar conta, mas eu calei por impulso, pousando o indicador em seus lábios, ato que a deixou ligeiramente nervosa, e a mim também.

-Não vamos falar do passado. O que você fez com a conversa de ontem?

-Desculpe. - pediu ela. - Mas não me troquei à toa, Caspian, por que não aproveitamos e vamos de uma vez àquele supermercado?

-Como você consegue ser tão teimosa? - estreitei os olhos. - Não lembro de nenhum de seus pais sendo teimosos desse jeito.

Ela deu de ombros.

-Deve ser uma das poucas características que temos em comum... - pensou.

-Talvez... - concordei. - Agora, se me der licença, eu estou assistindo TV.

Ela olhou por cima do ombro e voltou a me olhar com um sorriso torto.

-Está nos comerciais.

-Então ainda dá tempo de subir, trocar de roupa e vir assistir comigo. - convidei.

-Mas e se eu voltar e você disser que era uma brincadeira? - ela não estava zangada, estava provocando. Encarei-a ao mesmo tempo em que pude ouvir o fim dos comerciais.

-Susana, por favor...

-Eu estou bem aqui. - deu de ombros.

-Você pediu. - disse por fim, avançando até ela e passando o braço por sua cintura para carregá-la dali.

-Me solte, Caspian! - ela ria quando a ergui nos braços e comecei a andar para longe da TV, disposto à sentá-la no sofá e mantê-la ali até o final do episódio.

Mas, quando estava quase chegando lá, Susana estava esperneando, e a ponta levantada do carpete me fez tropeçar. Caímos no sofá, rindo, sem sequer nos dar conta da proximidade de nossos rostos, pelo fato de eu ter caído sobre ela. Porém, à medida que me dei conta de estar sentindo sua respiração contra meu rosto, o riso foi se desfazendo e o mesmo pareceu acontecer com ela.

Eu nunca tinha visto seus olhos tão de perto. Eram mais bonitos do que eu pensava, mais hipnotizantes também. Eles passavam tanta ternura, embora, naquele momento, estivessem um pouco assustados; Foi inevitável não notar seus lábios tão próximos. Nenhum de nós dois ousou se mover e quebrar o campo magnético que parecia nos manter ali.

A ponta de meus dedos deslizaram por sua face e eu pude sentir a respiração dela acelerar levemente. Então, movido por algo que desconhecia completamente, levei meu rosto em direção ao dela, lentamente.

Susana não fez nada para me impedir e eu, surpreendentemente, não queria que fizesse. Senti nossos narizes roçarem um no outro pouco antes de nossos lábios se tocarem, lentamente, e foi como se o mundo tivesse parado. Não nos movemos, como se estivéssemos em choque, até que decidi tentar acabar com aquilo.

Com um estalo suave, interrompi o beijo. Olhei rapidamente para Susana, vi que ainda mantinha os olhos fechados, e, como se eu não comandasse meu próprio corpo, meu lábios retornaram aos dela. E dessa vez não foi igual.

Para meu completo assombro e deleite, Susana correspondia numa sintonia perfeita. Não demorou muito para se tornar um beijo profundo. Meus braços a abraçaram fortemente, em reposta, senti os dedos de Susana subindo dentre meus cabelos, seu outro braço estava preso contra o encosto do sofá, se bobear, eu devia estar machucando-a com meu peso, mas naquele momento eu não pensava em mais nada senão o doce gosto de seus lábios.

Mas quando o beijo tomou proporções maiores do que eu esperava, Susana o interrompeu e como se tomássemos outro choque, nos sentamos, completamente desconcertados.

Susana murmurou, ainda ofegante, que iria trocar de roupa e subiu a escada aos saltos. Eu, ainda tentando controlar a respiração e acalmar a batida do coração, permaneci sentado ali, desesperado para entender o que tinha acontecido.


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Notas finais do capítulo

Então?! Ah, gente, esse capítulo merece reviews, vai! Faça sua parte para que poste mais hahaha
Reviews!
Beijokas!!



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