Rendendo-se escrita por Jajabarnes


Capítulo 6
Por que?


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente, eu gostei desse capítulo ;) Acho que vocês também vão gostar ;)



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No dia seguinte, acordei tarde, eram por volta das 11 da manhã. Desci ainda sonolento para a cozinha para comer alguma coisa. Susana estava lá, escorada no balcão, com o celular colado na cara, digitando velozmente.

-Bom dia, Bela Adormecida. - cumprimentou ela, divertida.

-Bom dia, Bela Que Nunca Dorme. - sorri de lado e ela riu. Escutei um som, como se algo vibrasse, e logo Susana riu, digitando.

-É o Pedro? - perguntei abrindo a geladeira, fingindo indiferença, enquanto pegava a caixa de leite.

-É, sim.

-Pergunta se ele não tem o que fazer. - resmunguei, bebendo o leite da boca da caixa.

-Que nojo, Caspian! Isso é muita falta de educação, sabia?! - reclamou ela, referindo-se ao meu modo de beber leite.

-Pedro faz isso frequentemente. - resmunguei, pegando uma tigela para pôr o resto do leite que havia na caixa.

-Caspian... É impressão minha... Ou você está com ciúmes do Pedro? - perguntou ela, olhando-me com um suave sorriso e com os olhos estreitos.

-Eu? Com ciúmes? Por que faria isso? - falei indiferente, colocando distraidamente a caixa vazia dentro do armário.

-Não sei, realmente não sei, mas você está agindo estranho...

-Estranho como?

-Estranho tipo guardando a caixa de leite vazia no armário. - sugeriu. Só então me dei conta do que havia feito. Tirei a caixa vazia o armário e joguei-a no lixo como se nada tivesse acontecido. - E além disso, você não parece a vontade com minha amizade com Pedro.

-Amizade? Vocês se conheceram literalmente ontem e já são amigos? - brinquei.

-Estamos nos tornando. Pedro é um cara muito legal... E interessante. - disse ela. Essa ultima parte me irritou, levemente, mas irritou.

-E mulherengo. - falei, rabugento.

-Mulherengo? - não acreditou.

-É, pode perguntar ao Edmundo ou a Lúcia, eles vão te dizer a mesma coisa. Principalmente Lúcia que é irmã dele. - falei comendo.

-Ele não parece ser assim. - defendeu.

-Mas é. Vai por mim. Fique só na amizade.

-E se eu começar a gostar dele? - perguntou.

Quase engasguei-me.

-Como é que é?! - bati levemente na mesa, tossindo, como se bater lá fosse aliviar. - Está dizendo que está interessada nele?!

-Não! Foi apenas uma suposição. Mas já vi como você reagiria. Mesmo não sendo da sua conta. Afinal, Caspian, por que está tão irritado? Vai continuar mentindo dizendo que não sente ciúmes?

-Não há motivos para eu sentir ciúmes de você. - expliquei. - Você praticamente ainda cheira a leite, criança. E além disso, estou muito bem relacionado com Lilliandil.

-Vai me desculpar, Caspian, mas não foi o que pareceu.

-Como assim?

-Espero estar errada, mas vocês não são o que eu chamaria de um casal feliz. - disse, em tom brando.

Aquele fora um golpe duro, fiquei sem resposta. Eu nunca havia parado para pensar naquilo e receber tudo na cara de repente me fez perder a capacidade de agir.

O assunto que Susana despertara martelava em minha cabeça e a cada segundo que se passava o que ela havia dito parecia fazer mais sentido. Lilian e eu não éramos... Felizes, como os casais dos filmes, e os que víamos andando pela rua, de mãos dadas, entretidos num papo bom cheio de risadas e baboseiras românticas.... Para falar a verdade, não lembro a ultima vez que eu disse a Lilliandil que a amava... Sinceramente, comecei a chegar na conclusão de que nunca havia dito isso a ela.

Eu procurava lembrar dos motivos que me fizeram começar a namorá-la há tanto tempo atrás, ainda no colégio e o que encontrei não foi muito animador. Lembrei que ela era a garota mais bonita da turma e que todos as caras queriam namorar com ela; e eu meti na cabeça que conseguiria passar por cima dos mauricinhos e conquistá-la para esfregar na cara deles que o “suburbano” era muito melhor que eles.

No inicio foi uma maravilha, demonstrávamos ser apaixonados o suficiente e tudo transcorria normalmente. Até que começaram as discussões, brigas, idas e vindas, ciúmes... (da parte dela)

[…]

-Onde você vai? - perguntei, vendo Susana chegar a sala pronta para sair.

-Conhecer a cidade, onde mais?

-Eu vou com você. - falei levantando-me e subindo para tomar um banho rápido.

-Não precisa. - disse ela.

-Precisa sim.

Não demorei muito em tomar banho e trocar de roupa. Quando desci, Susana estava sentada no sofá, com as pernas cruzadas, a bolsa ao seu lado, e o celular no colo.

-Vamos? - chamei.

-Vamos. - ela se pôs de pé e caminhamos para a rua. Fomos andando pela calçada calmamente. - Lilliandil não vai ficar chateada com nós dois saindo sozinhos?

-E por que ela ficaria? Não há nada demais nisso, estou apenas levando você para conhecer a cidade... Ou parte dela... Não há nada de errado nisso.

-Não sei, talvez ela não goste.

-Eu não vou deixar você andando por aí sozinha. - falei de uma vez, sem pensar.

-Está preocupado comigo, Caspian? - provocou.

-Apenas dei minha palavra ao seu pai, devo entregá-la para ele sã e salva.

-Mas eu só ia dar uma volta... - argumentou.

-Mas você não conhece a cidade. Poderia se perder, ser assaltada, atropelada, sequestrada...!

-Cair Parável é a cidade mais segura de todo o país, você vive se gabando disso para os moradores da “perigosíssima” Ermo. - provocou com um sorriso brincalhão, colocando-me contra mim mesmo.

-Mudei de ideia. - falei por fim e ela sorriu.

[…]

Estávamos passeando pelo parque, estava fazendo uma tarde linda e Susana caminhava ao meu lado, ambos em silêncio. Até que ela falou.

-Desculpe.

Olhei-a confuso.

-Pelo que?

-Pelas coisas que eu disse sobre você e Lilliandil... Eu não devia me intrometer desse jeito...

Eu teria dado um sorriso e desculpado-a, mas o assunto trouxe de volta os motivos desastrosos do meu namoro, deixando-me irritado.

-É, não devia mesmo. - falei, ríspido.

Ela percebeu minha irritação e baixou o olhar para o chão que pisava, logo me arrependi de transferir para Susana a frustração que tinha com Lilliandil.

-Não tem problema. - acrescentei, de forma mais descontraída, dando-me a liberdade de esticar a mão e bagunçar-lhe o cabelo. Se fosse antigamente, ela ficaria furiosa e sairia correndo atrás de mim até o rio, que havia na fazenda em que morávamos em Ermo, mas as circunstâncias agora são outras e ela apenas riu, tentando ajeitar a bagunça. Nós rimos, ainda andando calmamente.

Foi quando um barulho irritante soou. Susana que parecia prever o som, caçou algo na bolsa cinza, tirando de lá o celular. Ela riu com algo que viu nele e eu rolei os olhos.

-É o Pedro? - perguntei inocentemente.

-S... - antes que ela respondesse eu passei a mão no celular, arrancando-o das mãos dela e dando passos mais largos.

-Vamos ver o que ele quer dessa vez... - falei, abrindo a mensagem.

-Caspian, me devolve isso! - ela tentava pegar o celular, vindo atrás de mim, mas eu adentrei o gramado, quase correndo dela.

-Oh, parece que você ficaram até tarde ontem conversando! - falei, com tom cínico, quando abri a caixa de entrada de seu celular.

-Caspian, pare com isso! Devolve meu celular! - agora ela tentava alcançá-lo pois eu ergui-o acima da cabeça, usufruindo do poder de ser bem mais alto.

-Deixe-me ver... - teclei na única mensagem que não fora aberta, ainda com o tom cínico, ignorando as reclamações de Susana e o fato de ela estar quase escalando meus ombros para pegar seu celular.

hahaha me divirto muito com você, Suzie! Podemos marcar para sairmos algum dia desses. Vou adorar a sua companhia... ;D”

-Caspian, devolve o celular! - exigiu ela. Mas do cinismo eu passei a indignação.

-Mas o que...? - resmunguei para o celular. Movido pela revolta causada por aquela mensagem, eu luguei para Pedro do celular de Susana.

-Caspian, o que está fazendo?! - indagou ela. - Deixe de ser infantil, pare com isso! - numa ultima tentativa ela pegou o celular da minha mão. Ela bufou, desligando a ligação.

-Já lhe falei que Pedro não tem juízo, por que ainda dá bola pra ele?! - questionei meio zangado, sem saber exatamente por que.

-Argh! Você é muito irritante! - ela saiu andando, me deixando falando sozinho.

-Onde pensa que vai? Eu estou falando com você! - eu a segui. Susana continuou andando pelo parque fingindo que não me ouvia. - Quem é que está bancando o infantil agora?! - perguntei. Ela parou e voltou-se para mim, encarando-me zangada. - Muito bem, comporte-se, não estou a fim de pegar vexame na rua.

Nós seguimos para casa e Susana me ignorou o caminho todo.

[…]

-Ah, quer para com isso?! - perguntei, fechando a porta de casa, ela jogou a bolsa no sofá. - Por que tudo isso?!

-Você não tinha o direito de mexer nas minhas coisas! - reclamou.

-Deixe de drama, eu só vi uma mensagem! - disse com desdém.

-Não! - ela parou e voltou-se para mim. - Você invadiu minha privacidade! Minha relação com Pedro não lhe diz respeito!

-Ah! Então já evoluiu de uma amizade para uma relação? Vejo que você não perde tempo, não é? - provoquei, novamente tomado por aquele sentimento de sempre querer ter razão.

-O que quer dizer com isso? - perguntou ela.

-Você chegou aqui sem namorado, posando de moça comportada, mas não está aqui nem há um mês e já fez sua primeira vítima. - provoquei. - Aposto como deve ter deixado um rastro enorme de corações lá em Ermo!

-Você não sabe do que está falando! - vociferou ela.

-Sei do que estou vendo. Aposto como fazia a mesma coisa em Ermo, por isso meus tios devem tê-la mandado para cá, para não passar vergonha.

-ARGHT! - Ela jogou contra mim a primeira coisa que conseguiu encontrar, por sorte foi uma almofada, e subiu as escadas pisando duro.

Então aconteceu. De novo. E como da ultima vez, poucos segundos depois, comecei a me sentir o maior idiota do mundo.

Sinceramente, não sei de onde tirei aquilo tudo, apenas veio na cabeça. Eu sequer sabia se isso tinha algo de verdadeiro, mas do que importa agora? Eu já banquei o idiota. De novo.

Quando isso vai parar? Por que perto dela eu fico tão inseguro ao ponto de ficar tão idiota, inseguro e impulsivo, o que acaba magoando-a? Por que fico tão incomodado com a proximidade dela e Pedro? Com certeza não é medo de que ele a machuque, ele pode ser mulherengo, mas não é de magoar as garotas. Então, se não é por medo de ele machucá-la, por que é?


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Notas finais do capítulo

Que tal? O que estão achando do "relação" entre o Pedro e a Su? E os ciúmes do Caspian?

Reviews!
Beijokas!!



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