Rendendo-se escrita por Jajabarnes


Capítulo 5
Boa Noite...


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo grandinho pra vcs a pedido da eliza ;D



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Idiota! Idiota! Idiota!

Mas que merda, Caspian, por que você tem que ser tão impulsivo?! No momento, me achei o dono da razão, mas agora percebo que perdi a cabeça. Idiota!

Você tem que pedir desculpas a ela. - disse minha consciência.

Eu sei. - resmunguei para ela. Abrindo a porta da geladeira e pegando uma lata de refrigerante. Foi quando Susana desceu pela primeira vez desde a discussão, ela não almoçou, passou o tempo todo lá em cima, trancada no quarto e eu aqui em baixo me sentindo um idiota. Ela sentou no sofá cruzando as pernas em borboleta e ligou a TV. Respirei fundo, fechei a geladeira e fui para a sala, parando próximo ao sofá. Fiquei lá parado pelo que pareceu uma eternidade, olhando para ela, tentando engolir meu orgulho. Susana não se deu ao trabalho de olhar para mim.

-Você não vai almoçar? - perguntei suavemente.

-Não estou com fome. - respondeu ela, direta, sem desviar os olhos da TV. Mais uma eternidade se passou em silêncio. Suspirei, desistindo de persistir no orgulho.

-Desculpa. - falei de uma vez, o que a fez olhar-me, mas logo voltar a dar atenção a programação da tarde. - Eu fui um idiota... Agi por impulso... Perdi a cabeça por um momento... - pus a lata na mesinha de centro e sentei ao seu lado no sofá, olhando-a e esperando uma resposta. Susana suspirou, baixando os olhos para suas mãos.

-Tudo bem... - ela parecia pensar em algo. Eu tratei de ocupar-me bebendo o refrigerante, como uma desculpa para não falar. Mais silêncio e a TV perdeu todo o encanto. Então, Susana finalmente quebrou o silêncio. - Sou mesmo uma visita indesejada?

-Não! Claro que não! - apressei-me em responder. - Eu disse isso da boca para fora...

Ela sorriu fracamente, assentindo, o olhar ainda direcionado para suas mãos.

-Estamos bem, então? - perguntei.

-Claro. - ela sorriu levemente outra vez, agora olhando para mim. Sorri de volta.

[…]

A noite, eu estava parado próximo a porta de casa, esperando Susana descer para irmos até o cinema onde os outros estavam nos esperando. Quando ouvi passos na escada, automaticamente meus olhos focaram lá. Vi Susana descendo os degraus, mexendo na bolsa, quando chegou ao fim da escada, olhou para mim e sorriu.

-Vamos?

Preciso dizer que ela estava deslumbrante?

-Claro. - acordei do breve transe, abrindo a porta para ela e saindo em seguida.

Seguimos pela calçada naquela noite fria, conversando sobre bobagens enquanto eu indicava alguns lugares a Susana, como a padaria e os nomes das ruas. Chegamos ao cinema Baco, na Avenida Queens. Lá na frente, próximo aos cartazes, estavam Pedro e Edmundo conversando.

-Pedro, Ed. - falei.

-Caspian! Acordou cedo hoje? - perguntou Edmundo sorrindo maroto.

-Claro, um infeliz me acordou. - resmunguei. Ele riu.

Houve um breve silêncio constrangedor.

-Ah, claro! - me liguei. - Deixe-me apresentá-los. Pedro, Edmundo, esta é Susana. - gesticulei quando dizia os nomes. - Susana, estes são Pedro e Edmundo.

-Muito prazer. - ela sorriu apertando a mão de Edmundo.

-O prazer é todo meu. - ele sorriu cordialmente.

-Caspian falou muito de você! - disse Pedro, a abraçando.

-Espero que tenha falado bem. - disse ela, retribuindo o abraço. Pedro não respondeu.

-Onde estão as garotas? - perguntei, tentando mudar de assunto.

-Elas estão comprando os ingressos. - disse Pedro, apontando com o polegar para a bilheteria não muito longe. Pouco depois, Lúcia e Lilliandil chegaram contando os bilhetes. - Meninas, olhem só, a famosa Susana existe mesmo! - brincou Pedro, fazendo a mesma rir e as meninas erguerem o olhar. Lúcia sorriu.

-Susana, esta é Lúcia. - indiquei a moça que já abraçava Susana com um sorriso enorme. - Ela teve a sorte de nascer como irmã do Pedro.

-Coloca sorte nisso! - disse ele, maroto.

-Muito prazer em conhecer você, Susana! - disse Lúcia.

-O prazer é todo meu. - Susana sorria largamente.

-E está é Lilliandil, minha namorada. - indiquei a loura que se limitou a trocar os dois beijinhos com Susana.

-Muito prazer em conhecer você. - disse Susana. Lilliandil apenas assentiu antes de se voltar para meu lado.

-Gente, aqui estão o ingressos. - Lúcia entregou um ingresso a cada um. - Vamos ver um filme de terror, Susana, espero que goste desse gênero.

-Não tenho preferência quanto a gêneros. - disse ela.

-Ótimo! Vamos, o filme vai começar daqui a pouco! - chamou Lúcia indo com Edmundo na frente, conversando animadamente sobre o trailer do filme. Entramos na sala do cinema que já estava escura, mas infelizmente não encontramos seis lugares numa mesma fileira.

Lilliandil e eu sentamos lado a lado numa fileira, Edmundo e Lúcia sentaram numa fileira acima, quase atrás de nós, e Pedro sentou com Susana duas fileiras abaixo da minha. Eles conversavam e me incomodou o modo como ela sorria fácil para ele.

O filme começou e passei o tempo todo com um olho no telão e outro no Pedro e suas mãos bobas. Não sei por que estava fazendo isso... Instinto de mais velho, será? Deve ser isso, eu a magoara e, instintivamente, colocava sobre ela meus cuidados para que não fosse magoada de novo.

Quando o filme acabou, nos encontramos novamente na saída do mesmo. Edmundo e Lúcia foram os primeiros a chegar em nosso ponto de encontro e quando os vi estavam comentando o filme animadamente, Lilliandil e eu chegamos até lá calados, e logo em seguida chegaram Susana e Pedro, ela estava com o braço enfiado no dele enquanto ambos riam gostosamente parecendo estar se dando super bem. Fiquei inquieto.

-Então, o que achou do filme, Susana? - perguntou Lúcia assim que eles nos alcançaram e começamos a andar, seguindo juntos caminhando lentamente pela calçada.

-Foi ótimo! - disse a mesma. - Obrigada por me convidar. - disse docemente.

-Não foi nada! - disse Lúcia.

-Podemos fazer isso mais vezes. - disse Pedro como se falasse com todos, mas seu olhar se dirigia a Susana.

-Claro, seria ótimo...! Se vocês concordarem. - disse ela.

-Soube que daqui a duas semanas vai estrear outro filme, muito bom por sinal. - disse Edmundo.

-Podemos marcar de virmos aqui de novo. - disse Lúcia e nós assentimos, quando chegamos a esquina. - Bom, foi um prazer conhecer você, Susana! - Lúcia abraçou ela. - Espero que possamos nos encontrar de novo.

-Claro! O prazer é todo meu. - Susana sorriu. Edmundo a cumprimentou também, ele e Lúcia se despediram de nós e seguiram seu caminho.

-Então, se quiser posso levar você para casa. - disse Pedro a Susana, ignorando completamente minha presença. Ela ia responder quando eu me intrometi.

-Não precisa – falei sério. - Ela vai comigo.

Houve segundos de silêncio.

-Então, até a próxima, Suzzie, foi um prazer. - Pedro lhe deu um beijo no rosto seguido de um abraço.

-Que história é essa de “Suzzie”? - questionei, mas ambos me ignoraram .

-Tchau, Lilly, tchau, Caspian! - ele já se dirigia para atravessar a pista.

-Até logo!. - disse Susana sorrindo. E logo restara só nós três ali. - Er... Bom, eu posso voltar sozinha para casa, acho que eu lembro o caminho. - ela sorriu timidamente e eu sorri de leve por seu gesto gentil em querer deixar Líllian e eu sozinhos.

-Não precisa - disse Líllian. - Eu pego um táxi. - ela, por incrível que pareça, sorria levemente, talvez tocada pelo gesto de gentileza de Susana. - Até logo, Susana. - disse ela. - Até logo, Cas. - e ela me beijou, fazendo Susana desviar o olhar para o trânsito.

Pouco depois chamei um taxi e paguei-o para que levasse Lillian até em casa. Logo chamei outro que levou Susana e eu para casa; normalmente iriamos a pé, afinal não era longe, mas estava tarde para irmos sozinhos e a pé, além do frio que fazia.

Ao chegar em casa, entramos em silêncio, Susana deixou a bolsa aberta sobre o sofá e foi para a cozinha pegar água, tirei o casaco e joguei-o no sofá, mas ouvi um som diferente, como se algo vibrasse. Peguei o casaco de volta e abaixo dele estava o celular de Susana vibrando, era uma mensagem.

-Su. - chamei, estendendo-o para ela. Ela veio correndo da cozinha e o pegou de minha mão.

-Obrigada.

Fingi estar tudo bem, mas quando o peguei, não li a mensagem, mas pude ver que era de um certo cara chamado Pedro. Susana se sentou no sofá e ficou mandando mensagens para ele, rindo ao ler as dele. Fui para a cozinha e servi-me com um copo de leite, enquanto ela continuava rindo. Foi quando vi as luzes da secretária eletrônica acesa. Aproximei-me dela e apertei o “play”.

-“Oi, Caspian, tudo bem? Sou eu, a tia Lena, bom, só liguei para saber como vão as coisas. Susana está se comportando bem? (risos). Quando puderem, me liguem, não importa a hora. Beijos!”. - era tia Helena, mãe de Susana. (Lena era como eu a chamava quando era criança, sempre fora minha “tia” preferida.).

-Era mamãe? - Susana entrou na cozinha.

-Era sim. Quer ligar para ela? - perguntei, vendo que ela não iria pedir.

-Quero sim. - ela já foi para o telefone. Segurei seu braço delicadamente.

-Sei que eu fui muito rude hoje cedo e falei que deveria obedecer minhas regras e tal... Mas eu não estava falando sério, não completamente. Não precisa me pedir permissão para usar qualquer coisa daqui de casa. Ela é sua agora também, fique à vontade. - falei. Ela sorriu, como se agradecesse e foi ligar para sua mãe.

Fui para o segundo andar, tomei um banho e vesti a calça de moletom. Saí do quarto para ir a cozinha e dei de cara com Susana. Ela estava saindo do banho, enrolada numa toalha; por segundos, não soube o que dizer. Ela pareceu estar corada.

-Er... Mamãe mandou beijos para você. - falou seguindo para seu quarto. Assenti e fui para as escadas, de lá para a área de serviço, atrás de uma camisa. Ali, ao lado da máquina de secar, havia uma cesta com roupas dela. Ao encontrar a camisa, voltei para meu quarto e encontrei de novo com Susana, só que agora, ela estava sem a toalha...

Vestia um pijama e estava indo em direção ao banheiro para estender sua toalha. Era o mesmo pijama de hoje cedo, mas só agora o notei. Era um short com listras finas na vertical de várias cores claras, como rosa bebê, azul céu, verde água, branco... e na parte de cima usava uma camiseta de alças finas, rosada.

-Boa noite, Caspian. - ela sorriu, passando por mim, fazendo-me sentir o suave aroma de lavanda.

-Boa noite... Opa! - falei quando Susana tropeçou no tapete e teria caído se eu não a segurasse. Ela começou a rir.

-Obrigada, Caspian. - ela ria, enquanto eu permanecia segurando-a, meus braços dando a volta por seu corpo. Ajudei-a a se equilibrar sobre os próprios pés. Ela pôs a mão em meu peito, apoiando-se.

-Você está bem? - eu estava sendo contagiado por sua risada.

-Estou, acho que só bati um dos dedos. - ela se pôs de pé e um silêncio se instalou quando percebeu nossa proximidade. Susana pareceu encabulada, mas eu não conseguia soltá-la. - Er... Obrigada de novo... Boa noite. - disse gentilmente, sorrindo levemente, antes de deslizar por meus braços e minhas palmas roçarem a pele alva e macia de seus braços enquanto eu sentia seu calor se afastar de mim.

-Boa noite...


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam dos reviews, ok? Mandando os reviews os próximos capítulos saem mais rápidos ;D
Beijokas!!



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