Rendendo-se escrita por Jajabarnes
Na manhã daquela terça-feira, questionei-me o que estava acontecendo comigo. Eu sentia algo diferente, certo... Certo nervosismo. O que estava acontecendo comigo? Eu estava... Ansioso?
Talvez isso explique o motivo de eu ter me acordado duas horas antes, me arrumado com uma calça jeans e camisa polo branca, jogado aromatizante de lavanda na casa, dado os últimos retoques na arrumação e sentado no sofá mudando a TV de canal freneticamente, batendo o pé.
Uma hora e meia depois, a buzina de um carro apitou na frente de casa, fazendo-me pôr de pé num salto. Caminhei até a janela e afastei a cortina para espiar; vi um táxi amarelo com uma faixa nas laterais onde se lia o nome do aeroporto. A porta do motorista se abriu e o taxista desceu indo para o porta malas. Destranquei a porta de casa e abri a mesma com o coração aos saltos.
Vi a porta de trás do táxi se abrir e de lá, como se eu estivesse vendo em câmera lenta, desceu a mais bela moça que eu já vira. Ela usava botas de cano curto, meia calça, shorts, uma camiseta e um casaco, trazia uma bolsa preta, óculos escuros e tinha o cabelo liso e comprido. É, ela não era mais propriamente uma menininha...
Tratei logo de “desembasbacar” e assumir uma outra postura. Desci os degraus em frente a porta, atravessando a calçada. Me aproximei dela.
-Susana? - surpreendi com o tom doce de minha voz. Ela virou para mim e tirou os óculos, dirigindo a mim um par de belos olhos azuis, mais bonitos do que os que eu me lembrava. Ela sorriu fazendo meu coração vacilar, mas me impedi veementemente de dar atenção a ele.
-Caspian, quanto tempo, você cresceu! - sua voz era calma e doce, uma melodia para meus ouvidos. Pigarreei.
-Parece que eu não fui o único. - dei um sorriso fraco. Olhamo-nos nos olhos por alguns segundos, até o taxista nos interromper colocando as malas propositalmente perto de nós, para nos tirar do transe.
-Dá 25 leões. - disse ele. Susana já remexia a bolsa, quando eu saquei a carteira do bolso de trás tirando de lá o valor correspondente. Susana olhou, estranhando. O taxista agradeceu, desejou bom dia e logo retornou ao banco do motorista, saindo com o carro.
Peguei as duas malas grandes que ela trazia, Susana pegou a pequena e nós entramos. Deixei as malas ao lado da porta e ela passou por mim, deixando a bolsa sobre o sofá, olhando em volta.
-O que achou? - perguntei, meio nervoso com o que ela iria achar, afinal de contas, arrumar aquela casa deu trabalho...
-Sinceramente? Achei que iria encontrar uma zona... Mas estava enganada.
-Redondamente enganada. - concordei. - Como sempre. - resmunguei por fim.
Ela ignorou esse comentário.
-Parece ser uma casa bema conchegante, principalmente com esse perfume... - ela sentiu o cheiro. - É lavanda, não é? Meu perfume preferido, como você adivinhou?
-Na verdade, não adivinhei, era o que eu tinha aqui, quer dizer, esse aromatizante nem é meu. - dei de ombros lutando para não me atrapalhar com as palavras.
-E de quem é?
-Da minha namorada.
Ela ergueu as sobrancelhas.
-Você tem namorada...?!
Peguei as malas novamente, levando-as para cima.
-O que foi? Acha que só você pode se relacionar? - era para ser uma brincadeira, mas saiu como uma provocação.
-Eu não tenho namorado. - respondeu ela, pacientemente, me seguindo escada acima com a mala pequena.
-Não? - parei no meio da escada, voltando-me para ela.
-Não. - afirmou.
-Melhor assim... - resmunguei, voltando a subir.
-O que você disse?
-Nada. Venha, vou mostrar seu quarto. - arrastei as malas até a última porta do lado esquerdo (só haviam duas portas do lado esquerdo, uma ao lado da outra, espremidas no corredor de pouco mais de 1,70m). Abri a mesma e entrei, colocando as malas ao lado da porta, Susana passou por mim e eu senti o suave cheiro de lavanda. Ela olhou o quarto. - Espero que goste, deu trabalho arrumar isso.
-Você não tem faxineira?
-Não mais. Quer se candidatar ao cargo?
-De jeito nenhum.
-Foi o que eu pensei. Bom, vou deixar você a vontade, ali é o banheiro. - apontei para a única porta no fim do corredor. - Qualquer coisa é só perguntar. - eu já saia.
-Obrigada. - ouvi-a dizer antes que eu fechasse a porta. Fui para a cozinha e abri uma lata de refrigerante, apoiando-me no balcão. Sim, foi realmente um choque vê-la novamente; eu já imaginara várias vezes em como ela estaria, mas me surpreendi. Ela não se parece me nada com o que imaginei....
Isso não quer dizer nada! É absolutamente normal! Afinal, fazia muito tempo que eu não a via e tudo o mais...
Deve ser isso...
Não é?
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