Rise Again escrita por Fanie_Writer


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Conforme prometido, capítulo para vocês, meus leitores Mockingjays rebeldes!!!

E mantenham seus corações firmes no peito!!!

Boa leitura!



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Após uma hora de tentativas depois que a transmissão pirata da sessão de tortura de Plutarch saiu do ar, um dos soldados-técnicos informou que conseguiu uma fraca localização após isolar os canais.

Era fraco, mas parecia que tinha sido transmitido do Dois.

Não era exatamente uma grande revelação, mas já era alguma coisa.

Paylor retornou para o Capitol com sua comitiva e, naquela noite, eu pretendia retomar os treinamentos com os tributos na madrugada.

A tensão era tão saliente que estava quase palpável, mas ninguém parecia disposto a comentar sobre os detalhes que todos fomos obrigados a ver.

- Pensei que teríamos uma folga diante de tudo isso que aconteceu. – Johanna interveio.

Eu terminava de programar o computador da cúpula de cristal da AC Quatro para fosse disponibilizada uma mesa com assentos para nós.

Não me preocupei em responder Johanna, porque a compreensão de que aquele não seria um treino de combate como nos outros dias passou por seu rosto.

Todos me seguiram e se acomodaram à mesa e então, o computador disponibilizou mapas digitais diante de cada um.

- O treinamento hoje será um pouco diferente. Já estava na grade de programação o Módulo de Políticas e Estratégias, mas justamente por causa de tudo o que vem acontecendo, vou adiantar essas aulas para vocês.

Depois de apresentá-los aos mapas digitais que continham todas as informações que eles precisariam para aquele módulo, acionei um controle portátil que funcionava como um acesso remoto ao computador da cúpula de cristal – que agora estava invisível – até que a mesa desapareceu. A paisagem digital de simulação que surgiu para dar início à minha explicação deixou a todos, exceto Beetee, impressionados.

Depois de explanar sobre as teorias básicas – e dispensáveis – de política e algumas regras técnicas de estratégia, dividi os Mockingjays em dois grupos e expliquei como funcionaria o exercício.

A ideia era fazer com que eles pensassem de maneira diplomática e agissem de maneira militar. Ou seja, ao enfrentarem a simulação digital de terrorismo que criei, eles deveriam pensar em uma maneira de proteger os civis e ao mesmo tempo coletar pistas na paisagem que os levaria aos responsáveis pelos ataques ao distrito simulado.

Tudo isso colocando em prática também tudo o que já havíamos visto sobre combate frontal e com armas, além de uma pequena introdução ao Módulo de Interrogatório e Técnicas de Extração de Informação, que veríamos nas próximas sessões de treinos.

Ao final de duas horas na paisagem digital, todos estavam cansados, mas eu via que a experiência na simulação digital afetou a todos de uma maneira que parecia deixá-los ansiosos para enfrentar tudo aquilo na realidade.

O fato é que todo mundo queria que aquela situação de terrorismo que vivíamos acabasse logo.

- Permissão para falar. – Nereu pediu de um jeito formal que me fez sorrir, enquanto eu desativava tudo pelo computador da cúpula de cristal para liberá-los.

- Diga, Nereu. – autorizei num tom leve, para mostrar que eu não estava muito afim de formalidades hoje.

- Eu ainda não consegui entender direito a sua ideia de como atrair informações para nós.

Ele se referia ao plano que eu expliquei superficialmente ainda na mansão da presidente, no Capitol, sobre como conseguir um informante que pudesse nos revelar o máximo de informações sobre os responsáveis desses ataques.

Assim que terminei de desativar tudo, deixei apenas o campo de força da cúpula acionado e puxei de um dos bolsos do meu colete o dispositivo embaralhador de sinais que eu ainda não tinha devolvido ao arsenal.

Só depois que o acionei, me senti seguro para explicar a armadilha que eu bolei que nos traria uma boa vantagem. Caso desse certo, na melhor das hipóteses, essa ideia garantiria pelo menos um peão a menos no tabuleiro de peças de quem estava jogando conosco.

- Sensores holográficos. Tá aí, gostei. – Haymitch disse depois que expliquei tudo – Isso com certeza vai atrair a atenção de quem estiver interessado em nos atingir. Mas como você pretende descobrir quem está trabalhando para esses terroristas com uma multidão que também será atraída ao souber de uma possível aparição pública da Katniss?

- Não se preocupe com isso. Beetee e eu temos o dispositivo ideal para isso. – assegurei, me lembrando de uma engenhoca que desenvolvemos há cinco anos, apenas por falta do que fazer durante as noites de nevasca que nos impediu de trabalhar por dias e pela necessidade de caçar os ratos que roíam as fiações do laboratório no Treze.

- Tem certeza de que isso não vai oferecer risco nenhum? Katniss parece que ficará tão exposta... – Annie perguntou com um olhar sinceramente preocupado.

- Eu te garanto que antes de atingirem Katniss ou qualquer um de vocês, vão ter enfrentar os soldados que vão ficar à paisana e a mim mesmo, se for preciso.

Só de pensar em levar outro tiro, eu sentia minha costela emitir leves vibrações de dor e o ferimento, já cicatrizado, queimar com a memória do sangue escorrendo por minha pele. Mas eu levaria quantos tiros fossem necessários para manter todos ali vivos, principalmente Katniss.

Quando busquei por seu olhar, pensei ter visto ela espantando um calafrio, mas nesse instante ela atendeu a um chamado em seu comunicador.

Por causa do nosso último desentendimento, ela tinha pedido para que os soldados que faziam a escolta de seus filhos se comunicarem diretamente com ela, para evitar ao máximo que ela precisasse me procurar.

Provavelmente eles estavam lhe informando que as crianças já se dirigiam a mais uma aula experimental que os mantinha entretidos e longe de todo esse tumulto.

Beetee veio falar comigo sobre as pesquisas que vinha realizando baseado no material que ele se focou analisar e explicar que voltaria ao Treze naquela tarde, então não prestei mais atenção ao que Katniss fazia.

Quando dei por mim, a conversa com Beetee terminou e ele me deixou sozinho com ela no hangar.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei logo que percebi que Katniss torcia os dedos, ansiosa.

- Não, não... É que... – ela umedeceu os lábios – Eu sei que você é muito ocupado, mesmo sem toda essa situação que aconteceu, mas você está muito ocupado hoje?

Minhas sobrancelhas arquearam enquanto as engrenagens do meu cérebro giravam aceleradas tentando entender aonde Katniss queria chegar.

- Bem, eu realmente estou ocupado com as investigações e tudo o mais. Por quê?

- Ah, deixa pra lá então.

Ela começou a andar, mas a curiosidade me fez correr para alcançá-la.

- O que foi?

Ela jogou a trança por cima do ombro numa tentativa de esconder o rubor em seu rosto.

- Prim fez um dos soldados da escolta deixar que ela falasse pelo comunicador comigo. – sorri junto com Katniss ao imaginar a pequena conseguindo persuadir o militar – Ela está entediada com o período de férias e, apesar de ter deixado bem claro que não gosta de você, quer muito retomar aquelas aulas de sobrevivência que estávamos dando a eles. Nas palavras dela, qualquer coisa é melhor do que passar o dia fazendo desenhos com os soldados a vigiando o tempo todo.

- Katniss... Sabe que é perigoso demais ficarmos zanzando na floresta.

- Eu sei. Sei bem disso. Mas é que... Não poderíamos fazer como no laboratório do Beetee?

Seu olhar vacilou para a cúpula de cristal atrás de mim.

- Bem... Até dá, mas... – olhei para ela e senti uma guinada no meu peito. Deixei meus ombros caírem ao perceber que eu já queria aquilo tanto quanto Prim – Eu vou dar um jeito.

- Não. Se for te atrapalhar tanto...

- Vai ser bom para Prim e Fin. Não sei o que pode acontecer comigo amanhã ou depois... – não quis terminar a sentença. Puxei o ar com força para meus pulmões – Pode ser hoje à noite, depois do jantar?

- Mas depois do jantar não é o toque de recolher?

- O toque de recolher vale das nove da noite até às seis da manhã. – Pisquei para ela, relembrando-a do treinamento que havia acabado de acontecer. – Eu encontro com vocês no alojamento.

Passei por ela, sorrindo com entusiasmo. Sua mão em meu antebraço me surpreendeu e estancou meus pés no lugar.

- Obrigada, Gale.

Encontrei seus olhos acinzentados, que olhavam diretamente para mim. Minha principal fraqueza, e mais segura fortaleza.

- Sabe que eu nunca vou ser capaz de dizer não para você, não é?

- Consigo me lembrar de você dizendo não... Ou quase isso. – quando franzi o cenho em confusão, ela entortou o canto da boca em um sorriso fraco - Havíamos combinado de atirar um no outro, lembra-se?

Ela se referia ao nosso acordo de poupar um ao outro de uma morte lenta e dolorosa como a de Plutarch Havensbee, acabando com a vida do outro com um tiro certeiro e limpo. Mas quando eu a pedi para o fazer, ela não fez. E quando ela me implorou, eu também não tive coragem.

- Sim, eu me lembro. – toquei em sua mão sobre meu antebraço, prendendo seus dedos nos meus – Acho que eu nunca vou ser capaz de fazer nada que possa te machucar.

- Mesmo que a minha vida dependa disso?

- Me chame de egoísta ou covarde, se quiser. – dei de ombros.

- Então somos uma bela dupla de egoístas e covardes. – ela sorriu e pressionou sua mão na minha antes de soltá-la.

O que ela queria dizer com aquilo? Aliás, ela quis dizer alguma coisa com aquilo ou era minha estúpida esperança doentia que estava me fazendo imaginar coisas?

- É melhor eu ir. Tenho que passar no arsenal e tudo o mais.

- É... Eu também tenho o dia cheio. Essa coisa de Mockingjay e tudo o mais. – ela deu de ombros, com um sorriso leve.

- Se precisar de alguma coisa, sabe em que frequência me achar. – bati com o indicador no meu ponto de comunicação.

- Tudo bem.

- Certo.

Acenei com a cabeça uma vez antes de me virar de um jeito meio robótico, me sentindo muito idiota por ter feito aquilo.

Mas acho que foi melhor do que avançar até seus lábios como eu realmente queria fazer.

Enquanto eu seguia até o arsenal, não conseguia parar de repassar o beijo que Katniss me deu na noite do assassinato de Plutarch.

Por mais que eu tentasse, menos eu conseguia entender o que a levou a fazer aquilo.

Quando eu pensava que já a conhecia completamente, ela me surpreendia com atitudes como tomar o lugar da irmã nos Jogos Vorazes, assumir um falso namoro com o tributo do nosso Distrito, me salvar de um açoite público, propor fugir comigo para então me dizer que não sentia o mesmo que eu sentia por ela e então se casar com Peeta Mellark. E, claro, simplesmente me dar um beijo do nada.

Tá legal... Não foi tão do nada. Eu tinha acabado de dizer a ela que a amaria para sempre. Isso era alguma coisa, não?

Mas baseado na última vez que me abri para ela e expus o que sentia, não esperava nada além do tradicional discurso de somos apenas amigos, eu ainda amo Peeta e toda a mesma história que eu já sabia de cor.

Juro que, depois que eu disse aquilo, esperava que ela até tentasse me acertar com o joelho de novo.

Qualquer coisa que ela tivesse feito teria mais sentido e seria mais compreensível do que me beijar.

Sim, eu queria isso. Eu queria muito isso.

Mas as palavras de Haymitch, por mais odiosas que fossem, eram verdadeiras. Se tivesse que acontecer alguma coisa além da amizade entre mim e Katniss, a atitude deveria partir dela.

Ela teve uma vida longe de mim, teve marido, filhos e ainda lidava com todas as feridas do passado.

Forçar alguma coisa nessas circunstâncias não seria apenas egoísmo, seria crueldade.

Mas quando ela me beijou...

Foi tão breve, tão superficial, mas foi o suficiente para desmontar todas as minhas defesas, construídas milimetricamente por anos.

Parei diante da porta de acesso ao arsenal da Noz e apresentei minha credencial aos soldados que a guardavam. Eles digitaram uma sequencia numérica no controle quase invisível na parede e então um leitor biométrico apareceu.

Depois de registrar minhas digitais e fazer a leitura óptica, entrei no grande galpão repleto de gavetas e armários que preenchiam tudo como um imenso labirinto bélico.

Enquanto caminhava pelos corredores procurando pela gaveta aonde eu deveria guardar o dispositivo embaralhador de sinal, tentava deixar o meu emocional de lado e racionalizar tudo o que estava acontecendo entre mim e Katniss.

Mas o som de uma voz abafada me distraiu.

Guardei o mais silenciosamente que pude o dispositivo e tentei seguir o som.

Parecia que alguém estava falando no telefone ou em um comunicador, mas não dava para ter certeza.

As paredes do arsenal eram reforçadas e o som não se propagava com facilidade, além de formarem um emaranhado de corredores que realmente imitavam um labirinto.

- Depois nos falamos. – ouvi o sussurro dizendo. Poderia ser um homem, mas também poderia ser uma mulher falando uma oitava a baixo, não dava para saber ainda – Não é seguro agora. Já disse para deixar que eu cuido disso.

Tirei minha faca de um dos compartimentos traseiros do meu cinto e virei o corredor que eu pensei que me levaria até à pessoa.

Pude jurar ter visto o calcanhar de uma bota militar, mas foi muito rápido e havia uma lâmpada falha bem no local aonde supostamente eu vi a pessoa entrar.

Caminhei até o final do corredor e virei a esquina, atento à movimentação do outro lado.

Me virei, mas o som de algo me fez voltar a ficar de frente para a bifurcação que eu havia acabado de deixar para trás.

E foi então que meu rosto foi pressionado contra algo grande que me impedia de respirar.

Não, não impedia. Eu até conseguia respirar, porque aquilo era um tipo de máscara de oxigênio.

Tentei me livrar do equipamento assim que o reconhecimento me encheu de pavor.

Aquilo não era uma máscara de oxigênio.

O meu agressor acionou o botão do dispositivo e uma nuvem de fumaça amarela encheu meu rosto, nublando minha visão e queimando minhas vias aéreas.

Senti a fumaça descer por minha garganta como ácido e entupir meus pulmões. Tentei me defender com a faca que segurava, mas havia alguma coisa errada com meus dedos.

Tentei mover minha mão para tentar tirar a máscara de gás, mas ela já não respondia mais aos comandos do meu cérebro.

O chão parecia instável e minha visão apagava e voltava como se eu estivesse prestes a pegar no sono.

Lentamente meus músculos foram cedendo ao efeito do gás e senti meu corpo ceder sobre meus joelhos antes da minha cabeça bater com força no chão.

- Descansa um pouquinho, comandante. – ouvi a voz muito perto.

Forcei meus olhos a abrirem, mas tudo o que enxerguei antes da escuridão me abraçar num aperto sufocante foi o reflexo trêmulo de botas que se afastavam no chão que parecia balançar para cima e para baixo, como um barco em um mar revolto.


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Notas finais do capítulo

@_@

Me corta o coração fazer isso com o Gale! Mas tive que fazer ele sofrer de novo!

No próximo capítulo teremos mais detalhes desse ataque e a participação de um personagem super importante e que estava aparecendo apenas subjetiva ou indiretamente... ;)

Tentarei postar no feriadão, dia 8 ou 9. Se não conseguir, postarei até sexta-feira que vem, ok?

Tenham uma ótima semana e não esqueçam de deixar seus reviews! Eu tenho lido e, sempre que possível, respondido todos e adoooooro ver os comentários de vocês!!!

Abraços Galeciosos!