Rise Again escrita por Fanie_Writer


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!!! Antes de tudo: FELIZ NATAL!!!
E de presente pra vcs, eis aí mais um cap de Rise Again!
Deixo aqui meu abraço meeeegaaaa especial para a Angel Aloene que foi a primeira a comentar aqui na fic!
Nos encontramos nas notas finais...
Boa leitura!



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O papel em meus dedos estava enrugando com a umidade de minhas mãos. Depois de tomar mais um banho para me refrescar das memórias que minha visita à floresta me trouxeram – e também escoar as imagens que Katniss fez o favor de marcar para sempre dentro de mim -, eu estava sentado relendo a carta que chegou para mim há uma semana.

Eu estava com Plutarch e a presidente Paylor em uma sala de reunião na reconstruída Noz, no Distrito 2. Depois da Grande Revolta, Panem se reergueu com dois centros de estratégia militar: o subsolo da Noz e o subsolo do Distrito 13. E eu participei ativamente dessa reconstrução, já que estive presente quando elas foram quase destruídas.

Agora, como comandante chefe das Forças Armadas, tinha como residência oficial o Capitol. Mas gostava de estar em contato direto com as tropas, então revezava períodos de moradia no 2 e no 13.

Plutarch havia sido eleito duas vezes como presidente de Panem, mas era Paylor quem assumia o favoritismo da população e por isso se manteve no cargo praticamente todos esses 15 anos. Mesmo quando o diretor de comunicação assumia, Paylor era uma das principais secretárias e conselheiras. O mesmo acontecia na gestão de Plutarch.

Enquanto analisávamos o Holo gigantesco da mesa, projetado para a inserção das novas tecnologias de segurança nos distritos, um mensageiro abriu a porta da sala de reuniões e rapidamente caminhou em minha direção para me entregar um envelope.

Agradeci seus serviços e olhei o pedaço de papel, sem realmente vê-lo. Mas, durante uma explicação para Paylor de como funcionaria o novo sistema de armadilhas criado por mim e Beetee, meus olhos caíram involuntariamente nas letras que indicavam o remetente e eu perdi a linha de raciocínio.

Plutarch, que estava ao meu lado, acabou vendo o motivo para meu longo minuto de silêncio e então pediu para que a reunião fosse adiada para o dia seguinte. Preocupada com minha estranha reação, mas sem questionar nada, Paylor concordou.

Não sei quanto tempo se passou até que fiquei completamente sozinho na sala de reuniões, mas quando finalmente decidi abrir a carta de Peeta, senti meus dedos suarem mais do que o normal. Eu não sabia por que, mas meus instintos me diziam que aquela carta seria a última que ele enviaria para mim.

Gale,

Em seu último contato percebi sua preocupação com o meu relato de como Katniss ainda acorda sobressaltada nas noites. Confesso que, a princípio, não gostei do seu excesso de preocupação. Mas fatos recentes me fizeram passar a admirar seu gesto.

Vou direto ao ponto crucial dessa carta e espero que você não se irrite ou se ofenda, por isso, peço que leia atentamente as linhas a seguir.

Eu não estou bem.

Claro que, nunca voltei a ser o mesmo, mas pelo visto, meu coração ficou mais atingido pelo choque contra o campo de força no Quarter Quell do que eu imaginava. Ao longo dos anos, tive mal estares e meu condicionamento físico sofreu um declínio. Sei que Katniss percebeu algo, mas não contei a ela a gravidade de meu estado de saúde.

Depois de um... digamos incidente... que tive sozinho na floresta, decidi procurar secretamente por orientação médica e descobri que não tenho muito tempo.

Nunca falamos aberta e diretamente, mas sua preocupação em saber como Katniss está demonstra o quanto ainda a ama. Nunca falamos com todas as letras, mas seu contato selou um pacto silencioso entre nós de mantê-la sempre segura.

Você sempre foi excelente para ela, sempre se mostrando protetor e apaixonado. Sei que a Grande Revolta deixou marcas em todos nós, inclusive em você, mas peço que, quando eu não estiver mais aqui, que cuide dela.

Ela não assume, claro, mas ela precisa disso. Suas marcas vão além das queimaduras em sua pele, ficaram incrustadas em sua mente. Ela precisa de um abraço protetor para se sustentar ou então se perderá para sempre.

Sei o que você deve estar pensando nesse momento, sobre não poder protegê-la após o que aconteceu com Prim, mas acredite quando digo que não foi sua culpa. Katniss sabe também que não foi sua culpa, só não consegue exprimir isso.

Mas um dia ela vai conseguir. Se você estiver por perto para ouvir.

Nunca te pedi nada, e também não sei se tenho o direito de pedir agora, mas meu medo grita mais alto que meu orgulho. Então cuide dela por mim, Gale. Se ela estiver bem, meus filhos estarão bem também, então peço apenas que cuide dela, porque sei que cuidar de minhas crianças seria pedir demais para você.

Providencie para que ela esteja o melhor possível, ou o melhor que sua condição mental lhe permitisse ficar. Eu só confio em você para dar isso a ela.

E obrigado. Por entrar em contato comigo apenas por se preocupar com ela. Obrigada por amá-la.

Peeta Mellark.

A princípio ignorei a carta, achando que Peeta havia ficado louco de vez. Num segundo momento me senti irritado e ofendido, como ele mesmo teve a ousadia de qualificar. Mas uma semana depois da carta chegar em minhas mãos, Greasy Sae, minha segunda informante sobre a situação de Katniss dentro do Distrito 12, me ligou avisando que Peeta tinha morrido de enfarte.

Reli mais uma centena de vezes as palavras dessa carta e eu tinha certeza que podia recitá-las de cor.

Dobrei o papel enrugado pela umidade de minhas mãos, guardei no envelope e voltei a colocá-lo num compartimento secreto de minha mala de armamentos, junto com todas as outras cartas que eu e Peeta trocamos ao longo desses anos.

Em algum momento, eu queimaria todas elas, mas agora eu tinha um jantar para ir.

Depois de me arrumar com minhas roupas comuns, deixei a pousada, caminhando com passos lentos em direção à Vila dos Vitoriosos.

Quando passei pela confeitaria de Peeta, voltei e fiquei longos minutos admirando suas obras de arte feitas com glacê.

Me lembrei de quando Katniss foi para a arena a primeira vez e Peeta se manteve camuflado por dias até que ela o encontrasse. Mas balancei a cabeça afastando as memórias seguintes, de como ela cuidou dele, de como o beijou...

Pensei em continuar meu caminho até a Vila dos Vitoriosos, mas comecei a pensar nos filhos de Peeta.

Realmente, como ele mesmo disse, eu não precisaria me preocupar com nada além de Katniss. Mas eu me preocupava com aquelas crianças.

Na primeira vez que ele me disse que ela estava grávida, há cinco anos, tive vontade de rasgar a carta em vários pedaços e incinerá-la. Era mais um ato de inveja do que de raiva.

Mas então percebi o quanto ter um filho iria fazer bem para Katniss. E se era bom para ela, eu precisava ficar feliz.

Por meses fiquei sem responder à carta de Peeta até que ele entrou em contato comigo numa mensagem simples, mas que dizia tudo:

Gale,

Caso te interesse, a criança nasceu. É uma menina. Katniss está bem.

Peeta.

A mesma mensagem chegou três anos depois anunciando o nascimento de um menino.

Naquele momento em frente à padaria de Peeta, desejei que estivesse aberta para que eu pudesse comprar uma das tortas, mas como isso não era mais possível, fui para a mercearia ao lado e comprei algo que fosse o mais próximo possível de agradável aos olhos e doce ao estômago. Não deveria chegar nem perto das delícias que seus filhos estavam acostumados a comer, mas já era melhor do que chegar com as mãos abanando.

Eu não precisava e não deveria, mas estava me preocupando com aquelas crianças que eu sequer conhecia.

Conforme eu me aproximava do conjunto de casas verdes, meu coração batia mais rápido. Comecei a acreditar que eu teria um enfarto também e que não seria capaz de cumprir o último desejo de Peeta, então respirei fundo para me acalmar.

Mas o fluxo de memórias que aquele lugar me trazia não estava ajudando. Eu suava frio e tremia ao mesmo tempo. Temi pela vida da torta em minhas mãos.

Ignorei o formigamento que senti nos lábios ao me lembrar do beijo que ganhei quando fui trazido para cá depois de ser açoitado. Um passo de cada vez, pensei continuamente até alcançar a porta. Com a mão livre, toquei a campainha.

Enquanto esperava, a brisa quente inundou meu nariz com um cheiro doce de algo que pensei existir apenas em minha memória. Rosas.

Olhei para o lado, e um exército de Primroses batia continência para mim embaixo das janelas. Seu perfume era tão aterrorizante quanto as memórias que me atormentavam. A maneira como elas se moviam, como se quisessem me alcançar, era terrivelmente ameaçadora.

Um fluxo de imagens de Prim tomou minha mente e senti minhas pernas falharem ao me lembrar da explosão.

Já estava quase virando para ir embora, fugindo das acusações das Prims à janela de Katniss, quando a porta se abriu. Minha mente agora lutava contra uma nova onda de emoções contraditórias e eu tive medo de entrar em colapso mental.

Mas eu precisava deixar a culpa e o terror de lado. Precisava me fortalecer e passar segurança àqueles olhos acinzentados que me encaravam na porta.

- Eu trouxe uma torta. – disse numa voz medíocre, contrariando minha força de vontade.

Estendi o doce para Katniss, que esboçou um sorriso.

- Muito gentil de sua parte. Entre.

Dei uma última olhada para as Prims que balançavam em discordância com minha presença ali, como se, a qualquer momento, fossem se erguer e me atacar com seus espinhos para vingar a morte daquela a quem deram o nome. E para me manter longe de Katniss.

O cheiro de cozido, batatas e algo mais que não soube identificar, clareou um pouco minha mente.

Por dentro, a casa parecia quente e acolhedora, exatamente como eu me lembrava. Alguns móveis haviam sido trocados, e algumas fotos acrescentadas, mas, no mais, tudo permanecia igual.

- Decidiu dar uma folga para o uniforme? – a voz de Katniss me fez desviar os olhos de um quadro na parede, acima da lareira. Peeta havia conseguido captar cada detalhe do rosto dela, como se fosse uma fotografia.

- Não queria que suas crianças me conhecessem como Gale, o comandante. Mas Gale, o melhor amigo de sua mãe.

Por um momento, meus olhos viram um rubor no rosto de Katniss. Mas tão rápido como veio, foi desaparecendo. Foi uma ilusão minha?

- Eles já estão na cozinha... venha. – disse simplesmente. Quase ríspida.

A segui pelos cômodos e foi inevitável não olhar para ela. Trajando uma calça que parecia quente demais para o clima e escondida em uma blusa de mangas longas com a gola levantada. Apesar disso, conforme ela se mexia, era possível ter vislumbres de seu pescoço e nuca, eternamente marcados pelas chamas que a consagrou. O sinal eterno de sua força e luta.

Seus cabelos não estavam mais ralos e chamuscados como da última vez que a vi, há 15 anos no Capitol, antes de ela voltar para cá. Eles cresceram novamente, fortes e vistosos o suficiente para que ela voltasse a ajeitá-los na tradicional trança. Pude perceber que eles ainda estavam úmidos pelo seu banho no lago e, só de lembrar, me senti com mais calor.

A cozinha estava exatamente como eu me lembrava, com a mesma mesa onde um dia fiquei estendido e sangrando. A diferença estava nas duas cabecinhas sentadas de costas para mim, aguardando ansiosas por comida.

A menina, de cabelo escuro e olhos azuis, foi a primeira a virar em minha direção e logo o irmão, de cabelos loiros e olhos cinzentos, me encarou também. Por um momento, eles permaneceram com a agitação natural que acredito que toda criança tem, mas quando o reconhecimento varreu seus olhos, eles abriram largos sorrisos para mim.

Droga, era impossível odiá-los.

- Crianças, quero que vocês conheçam...

- Sabemos quem ele é! – a menina de cinco anos disse.

- Ele acabou de passar na TV! – completou o menino, aparentemente mais esperto que seus três anos de idade demonstravam.

- Sim, vocês o conhecem da televisão. Mas hoje, ele é apenas o nosso amigo Gale. Gale, esses são meus filhos: Fin e Primrose.

Foi impossível conter meu olhar exasperado para Katniss. Isso foi de propósito?

Ela deu de ombros, como se lesse minha mente e estivesse se desculpando.

Mas por quê ela estava se desculpando? Eu é que deveria pedir desculpas e sair daquela casa o mais rápido possível e esquecer que um dia fui o causador de tanta dor à mulher que amo. Ou talvez, ficar me lembrando continuamente o fato de ela ter dado o nome da irmã à sua filha como castigo pelo o que fiz.

- É um prazer conhecê-los. – ao invés de fugir, eu disse meio gago e com a voz arrastada, mas com um sorriso – Onde eu posso colocar a torta?

Desviei meus olhos das crianças no instante em que a imagem de Finnick e da antiga Prim assumiam seus lugares.

- Deixe que eu cuido disso. Fique à vontade. – Katniss ofereceu, mas isso seria pior do que passar por um exercício de treinamento com pods e sem um Holo para me guiar.

Me sentei à mesa junto às crianças e me sentia como se estivesse no banco de réu em um tribunal.

Seus olhinhos curiosos em mim eram minha sentença de morte. O sussurro das rosas na porta da frente eram o depoimento das testemunhas de acusação em minha mente.

Se eu sobrevivesse ao julgamento dessa noite, era sinal de que eu deveria meter uma bala em minha têmpora, dando a mim a sentença que merecia pela dor causada a Katniss.

Mas então, um aperto quente em meu ombro e as palavras sussurradas “Relaxe” me fizeram perceber o quanto eu deveria estar parecendo assustador diante das crianças.

Katniss sorriu fracamente para mim enquanto me servia um punhado de carne cozida, batatas assadas e pão – o alimento que meu nariz não tinha identificado antes –, antes de servir seus filhos e a si própria.

Ela sentou-se ao meu lado. Na ponta da mesa, a cadeira vazia era extremamente gritante no ambiente e eu me senti mais uma vez um intruso.

A culpa é única e exclusivamente sua Peeta, que me pediu para estar aqui. – pensei para mim mesmo enquanto eles passavam aquele longo segundo olhando para a cadeira em silêncio antes de começarem a comer.

Na metade do jantar, as crianças começaram a contar em como se divertiram com a neta de Greasy Sae durante o dia, dando detalhes do concurso de desenhos e das histórias que ela contou. Pelo visto, Katniss não tinha levado elas para o enterro.

Quando as crianças ficaram com as bocas livres, fui bombardeado com perguntas sobre meu trabalho nas Forças Armadas. E me surpreendi em como tive paciência para responder todas, especialmente as de Prim.

Há anos eu não convivia mais com crianças tão ativamente. No Capitol havia muitas, mas no Distrito 2 e 13, a população era basicamente militar.

Meus irmãos já não eram mais crianças e a última vez que eu me diverti com uma foi enquanto o Distrito 13 foi evacuado após o aviso público de Peeta de que seriamos bombardeados. A última criança com a qual me permiti conversar e me diverti estava morta por minha culpa.

- ... Não é difícil de entender o mecanismo, mas quando você tiver idade, talvez eu possa te mostrar. – saiu espontaneamente de minha boca. Apesar do brilho de encantamento nos olhos de Fin, Katniss me lançou um olhar atravessado – Bem, eu acho melhor eu ir andando se quiser estar bem amanhã para viajar.

Me levantei com meu prato, mas Katniss se levantou junto. Quando percebi o encontro de seus dedos nos meus, já era tarde demais e as correntes elétricas daquele contato me fizeram arrepiar.

Uma onda de protestos cortou as correntes elétricas, assim que Katniss voltou a sentar.

- Ah não!

- Fica mais um pouco!

- Você nem comeu a torta com a gente!

- A torta que você mesmo trouxe!

A enxurrada de reclamações de Prim e Fin me mostraram que a característica mais marcante de Peeta estava presente na personalidade dos dois: o poder com as palavras.

- Crianças, Gale é muito ocupado e não pode...

- Está tudo bem... – cortei Katniss - Se eu ficar mais um pouco não é como se uma guerra fosse explodir no Capitol.

Minha tentativa de piada não teve graça para nenhum de nós dois, mas fez as crianças saltarem animadas em seus assentos.

Comi um pedaço de torta enquanto tentava contar uma história engraçada para os pequenos perguntadores. Era de como fiz um pelotão inteiro ocupar uma ala hospitalar, quando tentei fazer algo mais sofisticado para comemorar meu aniversário. Quando eles terminaram de comer, Katniss mandou eles se despedirem de mim e escovar os dentes para dormir.

Assim que eles deixaram o cômodo – após miados e manhas - comentando entre cochichos audíveis sobre minha presença, me levantei novamente com a louça e caminhei em direção à pia.

- Deixe que eu cuido disso. – Katniss veio me deter novamente, mas dessa vez tomando todo o cuidado para não encostar em mim.

- É o mínimo que eu posso fazer.

Apesar de eu tentar ter sido gentil, não sei o que Katniss ouviu de minha boca que a deixou tão irritada ao ponto de lançar um prato com força na pilha de pratos que eu tinha assumido.

- O que há com você? – questionei ignorando o corte que um dos cacos de vidro fez em minha mão.

- O que foi que ele te disse?! Para fingir que estava forte o suficiente para vir aqui e avaliar o quanto eu estava demente? Ou para esfregar na minha cara o quanto você estava bem depois de tantos anos?

- Do que você está falando?

- Eu sei que vocês falavam um com o outro em segredo. Primeiro as cartas que chegavam e obrigavam Peeta a se trancar por horas no escritório. E então você apareceu logo depois que ele...  – ela não terminou a sentença, preferindo massagear a área acima de sua sobrancelha como ela costumava fazer desde a primeira vez que esteve nos Jogos – As peças não tinham se encaixado até eu ver você com aquela maldita torta, parado na minha sala, observando o meu retrato na parede. Um intruso com olhar de culpa e compaixão.

Respirei fundo, peguei um pano de prato que minha visão periférica localizou e pressionei o ferimento em minha mão, que começava a manchar a água de espuma da pia com meu sangue.

- E então, vai me falar há quanto tempo vocês se tornaram amiguinhos às minhas costas? Vai me falar o que Peeta andou falando de mim nesses anos? Ou eu vou ter que descobrir sozinha?

Eu queria gritar com ela também, queria desafiá-la para descobrir tudo sozinha, já que ela se mostrava tão ingrata e insatisfeita com minha presença. Mas seu gesto seguinte me desarmou completamente.

Ela se lançou para frente, primeiro me esmurrando a esmo, me obrigando a esquecer meu corte para evitar que ela mesma se ferisse, para depois envolver seus braços ao meu redor. Então lágrimas jorraram de seu rosto.

Seu corpo era sacudido por espasmos violentos e eu não sabia bem se era consequência dos soluços ou se era uma reação física ao seu estado emocional. E mental.

A apertei contra meu corpo, deixando que ela desabafasse o tempo que quisesse. E então as palavras da carta de Peeta vieram à minha mente, finalmente me fazendo entender o que ele queria dizer.

Katniss era forte, nós sempre soubemos disso. Mas não era forte sem uma causa. Não era forte sozinha.

Primeiro eu lhe tirei aquela por quem Katniss estava sempre disposta a sacrificar a vida. E agora Peeta se fora também.

- Fui eu quem comecei a escrever para ele. Não fui corajoso o suficiente para procurar diretamente por você, mas precisava de notícias suas.

- O que... ele disse? O que... vocês... disseram um para... o outro? – ela perguntou entre os espasmos.

- Admitimos um ao outro aquilo que você já sabe e sempre soube: que te amamos. Isso me fez confiar nele, acreditar que você realmente poderia seguir em frente.

Ela ergueu a cabeça, saindo do abrigo em meu peito e olhando em meus olhos. Vi a pergunta brilhar no fundo deles. A pergunta não veio, foi contida por uma sombra antes dela voltar a se aninhar em meu peito, mas eu sabia o que era, embora nem mesmo eu tivesse resposta.

Ela seguiu em frente. E quanto a mim?


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Notas finais do capítulo

Quantos sentimentos confusos hein??? Eu não sei vcs, mas eu acho que Katniss e Gale precisam, nessa fic, de uma boa terapia de casal para por pra fora todas essas confusões e memórias acumuladas.... Mas garanto que vão acontecer coisas que vão ser melhores do que uma sessão no divã.
Espero que tenham gostado e aguardem pelos próximos caps.
E então, mereço ou não alguns comentários??? Hohoho
Beijuuuus