Rise Again escrita por Fanie_Writer


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amados tributos rebeldes!!!!

Prontos para mais um capítulo???

Já adiando que nesse capítulo teremos momentos de tensão e muito estresse...

Muito obrigada pelo apoio, pelos comentários e por todo o carinho!

Tenham uma boa leitura!



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Conforme o dia do jantar de ano novo se aproximava, mais eu estava odiando aquela ideia.

Além de todo mundo estar cego por essa espessa nuvem de expectativa ao evento, Effie nos fez experimentar uma série de roupas, de maneira a nos deixar o mais apresentáveis possíveis. Para mim, apenas um terno e uma gravata já seria suficiente – e já seria um sacrifício e tanto –, mas ela tinha uma cisma irritante com cores vibrantes e smokings.

E então, a situação que já não estava me agradando, ficou ainda pior quando eu soube do detalhe que estava fazendo todo mundo ficar alvoroçado: haveria uma entrada especial com acompanhante.

Quando Nereu me disse aquilo durante o café da manhã, finalmente compreendi por que as mulheres por onde eu passava pareciam ficar me rodeando – mais que o comum – como abelhas famintas por mel.

Enquanto seguia para a AC Quatro, por exemplo, fui abordado por cinco soldadas, todas muito mais arrumadas que o normal em suas fardas – algumas pareciam ter perdido alguns botões de suas camisas por causa do tamanho do decote – e todas muito mais gentis e solícitas que o necessário.

Como se não bastasse eu ter que me preocupar com a segurança do país, agora eu teria que enfrentar um batalhão de mulheres que queriam ser escolhidas para serem rainhas no baile da presidente!

Quando consegui me desvencilhar da investida da última que cruzou meu caminho, finalmente voltei a seguir até a AC Quatro. Estava meio distraído verificando algumas informações na agenda do meu Holo, quando uma risada familiar chamou minha atenção.

Rapidamente meu coração reconheceu a dona daquele riso. Segui o som dentro da paisagem holográfica projetada para o treino de camuflagem e então meu sorriso de curiosidade murchou.

Como eu imaginava, Katniss ria descontraidamente de um jeito que me faria rir junto. Isso, claro, se ela não estivesse ao lado do tenente Iran Blake, sendo entretida por algo que ele continuava relatando com gestos empolgados.

Me aproximei deles, cumprimentando Annie que estava por perto. Johanna apareceu ao meu lado de repente, saindo de seu disfarce de tronco de árvore e eu tentei educadamente ignorar o fato de ela estar nua sob as camadas de madeira e terra.

- Tenente, achei que estivesse ajudando no descarregamento de munições. – olhei para meu Holo, depois de procurar discretamente pela programação de Blake. Na verdade, tentava não olhar para a mão dele tão cômoda na cintura de Katniss.

- Fui dispensado. E adivinhe? O Capitão Ross me recomendou para esse módulo de treinamento dos tributos!

- Tenho certeza que o Capitão Ross vai entender se eu te encaminhar para o descarregamento de munições, Tenente Blake.

- Mas o Tenente disse que tem especialização em Tecnologia de Camuflagem. – Katniss argumentou e eu apertei a mandíbula para conter a raiva, especialmente quando Blake sorriu vitorioso por Katniss ter lhe defendido.

- É, Comandante. Eu tenho especialização em Tecnologia de Camuflagem. Para quê desperdiçar seu precioso tempo, que todos nós sabemos ser realmente escasso, sendo que pode se livrar de uma responsabilidade e passá-la para um especialista, huh?

Droga. Maldição. Inferno.

- Tudo bem. – fiz minha melhor cara de paisagem – Mas eu vou ficar supervisionando o treinamento para garantir que todas as normas de conduta serão seguidas. E para o seu bem, é melhor que elas não sejam quebradas, Tenente.

- Sim, senhor. Comandante.

Pisei firme até a cúpula de cristal, passando a próxima uma hora e meia me segurando para não explodir com o que eu via.

Era nítido que Iran Blake se aproveitava de todas as oportunidades possíveis para tocar em Katniss. Mas o que me deixava com mais raiva e consternação era a falta de resistência dela.

O que tinha acontecido para ela permitir que ele a fizesse rir tanto? E desde quando ela ficava tão descontraída ao lado dele?

No final do treinamento, os dois permaneceram conversando algum tempo e, quando ele foi se despedir, depositou um beijo no rosto dela.

Assim que ele deu as costas, fui até Katniss, ignorando uma pergunta de Annie e Haymitch sobre o treinamento de combate às três da manhã, no meio do caminho.

- O que foi isso?

- Hã?!

- Virou amiguinha do Blake?

Katniss retirou uma folha que tinha sido esquecida em seu cabelo, com um ar despreocupado.

- Ele não é tão ruim.

- Não é tão ruim? Você já esqueceu o que ele tentou fazer com você? E o que aconteceu com o fato de ele ser nojento?

- Ele já me pediu desculpas. Duas vezes. E eu entendi que ele apenas se manifesta de maneira impulsiva às vezes. Assim como você.

- Aah, não... Você não está me comparando com ele!

- Qual é o seu problema, Gale?

Eu não queria caras como Blake perto de Katniss.

Na verdade, eu não queria cara algum perto de Katniss. Ponto.

- É melhor você voltar para o alojamento. – desconversei, não querendo admitir que eu estava com ciúmes.

- Por que você tem que estragar tudo?!

- Não sou eu que saio por aí dando trela para qualquer um.

- Você está insinuando que eu e o Blake... Oh, por favor, Gale. Não seja ridículo!

- Ser preocupado com sua segurança agora ganhou outro nome. Ótimo! Talvez se você fosse mais prudente, eu não precisasse ser ridiculamente protetor!

Katniss puxou seu braço para longe de mim e só então eu percebi que eu o havia segurado, a trazendo para perto.

- Quantos anos você tem afinal?

Ela sibilou entredentes e me deu as costas, pisando firme. Bufei ao perceber a plateia de Mockingjays que nos observava, com os olhos arregalados e curiosos iguais aos de corujas. Antes de chegar à porta da AC Quatro, Katniss se virou de volta.

- Só para constar, Blake será minha companhia no jantar de ano novo, então é bom você voltar a agir como um adulto até lá, Gale!

O baque seco das portas de titânio ecoaram pelo hangar silencioso, fazendo eu me sentir ainda pior.

Se é que era possível.

- Arrependido de não ter explodido a cabeça dele quando teve a chance? – Haymitch riu ao passar por mim. Ele era irritante quando estava bêbado, mas quando estava sóbrio era simplesmente insuportável.

- Cala a boca, Haymitch. – bufei e marchei direto para o alojamento E120.

Passei por todos os quartos, ignorando completamente a porta aberta de Katniss, que tentava prestar atenção em alguma coisa que sua mãe falava.

Parei dois quartos à frente, batendo na porta.

- Eu já disse para avisar que eu vou assim que... Oh. Oi, Gale. – a sargento Chelsea Cliff penteava o longo cabelo loiro, quando atendeu à porta enrolada em uma toalha de banho.

- Olá, Chelsea. – falei mais alto que o necessário.

- Quanto tempo que você não me faz uma visita surpresa dessas, hein?

- Pois é... Escuta, você tem algum compromisso no dia 31 de dezembro? – fui logo ao ponto, tentando me controlar ao máximo para olhar para Chelsea e não para a direção de duas portas adiantes.

- Eu ia passar o ano novo com minha família, mas...  Espere... Você não está me convidando...

- Sim, estou. Gostaria de ser minha acompanhante no Jantar Presidencial?

Chelsea deu um gritinho e pulou no meu pescoço, salpicando vários beijos em meu rosto e dizendo alguma coisa sobre deixar as amigas com inveja e sobre qual vestido usaria.

Apesar de estar segurando o corpo de Chelsea enrolado apenas em uma toalha, eu só prestava atenção na maneira como Katniss deixou a mãe falando sozinha e andava até o elevador, fazendo muito mais barulho do que era necessário.

Nos dias seguintes, estar na Noz se tornou um inferno.

Quando nos cruzávamos pelos corredores, ou no refeitório, ou na troca de escolta das crianças, não havia mais sorrisos amigáveis e trocas de olhares confidenciadas. Muito menos piadas antigas que só nós dois ríamos. Katniss me evitava ao máximo e, quando era impossível não nos olharmos, ela me dirigia sua expressão mais distante e fria possível.

Ótimo. Voltei à estaca zero.

Faltando três noites para o jantar, durante o treinamento de combate que tínhamos de madrugada, novamente a escolhi assim que terminei o Módulo de Dispositivos Explosivos para demonstrar técnicas de uma luta marcial antiga que aprendi nos meus primeiros anos na Noz.

Assim que ela pegou o jeito, nos enfrentamos tentando demonstrar as técnicas para os outros tributos. No começo foi como em qualquer outra noite em que nos enfrentamos, mas então as coisas saíram fora do meu controle.

Ela parecia focada, embora uma chama diferente fervilhasse em seus olhos, e ela executava bem seus movimentos, atacando e se preocupando em se defender com boa postura, exatamente como eu havia ensinado.

Katniss desferiu uma sequência de chutes e socos na minha direção de uma maneira tão precisa que meus movimentos tornaram-se automáticos e eu precisei estar mais atento do que antes. Ora evitando um chute, ora evitando um soco, mas cada movimento me cansando mais e mais já que eu ainda estava me recuperando do tiro.

E então, ela fingiu que iria executar um golpe, quando na verdade fez outro. Se eu não tivesse me jogado para trás e segurado seu joelho no último instante, ela teria acertado minha virilha em cheio.

Olhei perplexo para o que quase tinha acabado de acontecer, mas ela bufou irritada e saiu da arena de treinamento, como se pretendesse deixar o hangar.

- Volte para a arena, Everdeen.

- Ou o quê? Vai lançar uma bomba na minha cabeça?!

Se eu tivesse levado um tiro direto no peito ou se fosse chicoteado quarenta vezes na cara, não teria doído tanto quanto aquelas palavras.

Quando ela fechou a porta de titânio atrás de si, dei alguns passos para a frente para segui-la, mas Johanna ficou no meu caminho.

- Deixa que eu falo com ela. Continua com o treinamento.

Mas eu não estava mais com clima para ensinar e ninguém estava mais com clima para absorver o que quer que fosse.

Nas duas noites antecedentes ao jantar, liberei os tributos da programação de treinos e aulas, a pedido de Effie. Ela queria que a equipe de preparação adiantasse o máximo de serviço possível antes do evento. E isso foi como um sopro de ar na situação toda.

Decidi deixar a Noz e ir para o Capitol antes dos tributos. Combinei por telefone com Chelsea de pegá-la no hotel aonde ela se hospedaria.

Essa decisão de mudar um pouco os ares surgiu depois que eu finalmente me enchi de coragem e empurrei o meu orgulho para o fundo do meu cofre de emoções para procurar por Katniss e pedir desculpas, mas acabei encontrando ela colada no Blake, almoçando como se fossem velhos amigos de infância.

Eu queria retomar as investigações a respeito dos atentados, mas eu sabia que, se continuasse confinado na Noz sob o barril de pólvora que era o humor de Katniss – e o meu próprio humor –, iríamos colocar aquela montanha abaixo a qualquer momento e eu não conseguiria me concentrar o suficiente para fazer o que eu precisava.

Já no Capitol, consegui acessar o Centro de Arquivamento de Dados, aonde consegui uma lista criptografada com todos os colaboradores, assessores, secretários e partidários de Snow.

Já que todas as pistas a respeito de uma das pontas desse mistério haviam sido roubadas, então recomeçaria a partir da outra ponta dessa trama.

No dia do ostentoso evento – anunciado em todos os veículos de comunicação de Panem –, fiquei a tarde inteira no apartamento militar que eu tinha no Capitol, eliminando da lista todos que já estavam mortos.

Quando o telefone tocou e a recepcionista informou que meu traje havia chegado, respirei fundo, alongando minhas costas doloridas por horas de trabalho e guardei todos os papeis. Dessa vez em um local que seria impossível invadir sem que eu descobrisse a identidade do infrator porque se as câmeras escondidas não o captassem, a armadilha que instalei me daria amostra de DNA suficiente para ser analisada.

Tomei um banho, me barbeei e vesti a roupa escolhida para mim. Até que, no final, não achei tão ruim a escolha de Effie de conjunto preto com discretos e minimalistas detalhes dourados.  Ao que parece, alguém conseguiu convencê-la a deixar de lado um pouco sua cartela de cores e optar por algo mais sóbrio e elegante.

Depois de passar uma colônia, tranquei todo o meu apartamento, acionei os dispositivos de segurança e peguei as chaves do carro para buscar Chelsea. Da janela da minha sala era possível ver os holofotes de luzes que giravam no céu, como se fosse um grande alvo luminoso indicando a localização da mansão presidencial. Isso me fez voltar e carregar dentro do paletó uma arma escondida e meu comunicador.

A sargento já me esperava na recepção do hotel que ficava próximo ao antigo prédio aonde os tributos recém chegados da Colheita recebiam treinamento antes dos Jogos Vorazes começarem.

Chelsea Cliff usava um vestido dourado que abraçava bem as curvas naturalmente destacadas do seu corpo e dava leveza ao seu caminhar sedutor.

Ela veio em minha direção, jogando seus braços em meu pescoço para me capturar em um beijo, mas eu virei o rosto o mais educadamente que consegui.

Sem se abalar, ela limpou a marca de batom vermelho que ficou entre minha bochecha e a boca.

- Vamos?

- Vamos. – ofereci meu braço para que ela se segurasse.

Eu só estive na mansão presidencial em eventos formais, mas, mesmo assim, não costumei participar em todos aos quais fui convidado. Em nenhuma das vezes, a mansão onde agora funcionava também a sede do governo parecia tão gloriosa e cheia de vida como naquela noite.

Câmeras estavam estrategicamente posicionadas para captar todos os ângulos possíveis da chegada dos convidados e da recepção no grande saguão e as pessoas, todas bem vestidas, pareciam felizes como eu nunca vi na vida.

Passei por uma repórter que comentava sobre os vestidos das convidadas e que fez uma cara teatralmente surpresa ao me ver com Chelsea.

- ... E parece que as surpresas dessa noite não param! – ouvi ela dizendo enfática para a câmera, mas apertei o passo para ignorar aquele circo armado pela imprensa.

Duas grandes mesas estavam dispostas com comida, que era constantemente reposta por uma equipe de garçons – que, dessa vez eu fiz questão de verificar pessoalmente a procedência de um por um –, e algumas mesas estavam espalhadas ao redor de uma ampla área aberta sob um gigantesco lustre de ouro e cristais.

Em frente à área destinada à dança, existia um tapete vermelho que escorria por toda a grande escadaria por onde os tributos desceriam.

Olhei ao redor, me sentindo incomodado com tanta gente desconhecida. Aquela sensação de frio no estômago que me indicava que algo estava errado começou a me dominar.

- Que tal uma bebida? – Chelsea soou de algum lugar distante, me oferecendo uma taça.

O excesso de dourado na arquitetura e nos convidados estava me deixando enjoado.

E então minha atenção foi captada por um holofote que se acendeu no palco revelando uma Effie Trinket que reluzia mais que o lustre acima da minha cabeça.

Ela ficou posicionada no canto esquerdo, com um púlpito de cristal à sua frente. Ela saudou os convidados, introduzindo-os à temática da noite: Um ano novo cheio de luz.

Agora o excesso de dourado em tudo ao meu redor fez sentido.

Effie fez algumas piadinhas que a maioria das pessoas se forçou a rir por educação. Com certeza muita gente a achava tão sem graça quanto eu achava, mas poucos tinham coragem de ignorá-la com seus excessos como eu fazia.

Depois de anunciar a execução do Hino de Panem, vi ela mexendo os lábios. Certamente fazendo uma prece muda para que nada desse errado dessa vez.

Fiquei atento à grande imagem holográfica em alta definição da bandeira do Capitol que tremulava acima da escada, com uma imagem tão nítida que dava a impressão de que o tecido se desprenderia do mastro e voaria sobre nossas cabeças com uma rajada de vento a qualquer momento.

Quando o hino acabou, um efeito que imitava fogos de artifício tomou o lugar da bandeira, surpreendendo a algumas pessoas que acreditavam que aquilo era real e se perguntavam como conseguiram explodir os artifícios em um local fechado.

- Senhoras e senhores, com vocês, presidente Paylor! – Effie anunciou com sua voz meio cantada, meio eufórica, e bateu as mãozinhas cobertas por um tecido dourado chamativo, motivando as pessoas a iniciar a salva de palmas.

Paylor desceu as escadas de braços dados ao seu braço direito no governo, Garry Collins. Ela era uma mulher bonita, quando sabia se arrumar e destacar seus pontos fortes, inclusive quando sustentava sua postura firme em sapatos de salto alto com a mesma elegância que sustentava com as botas militares que usava no dia a dia.

A presidente se posicionou ao centro da área aberta e, quando falou, sua voz foi amplificada por um moderno sistema de microfone à lapela que ficava quase invisível à distância.

- Boa noite! Sejam bem vindos à minha casa! Essa é uma noite de comemoração pelo término de mais um ano de lutas e conquistas e pela chegada de um ano promissor. Que nessa noite possamos esquecer um pouco nossas aflições, certos de que estamos bem guardados por nossos eficientes soldados, não é Comandante Hawthorne?!

Ela sinalizou na minha direção e um grande holofote ofuscou minha visão. Estendi a taça de bebida que Chelsea tinha conseguido para nós e forcei um sorriso para confirmar as palavras de Paylor, embora não concordasse plenamente.

- É com você Effie! – A presidente devolveu a palavra para a organizadora, que ajeitava sua peruca dourada. Quando o holofote finalmente deixou meu rosto e focou na direção para onde Paylor se sentou com Garry, respirei aliviado.

- Obrigada, presidente. Bom, e para não restar dúvidas de que essa noite é para comemorarmos, eu vou chamar os nossos bem preparados diplomatas! Os Mockingjays! – ela disse eufórica e então olhou para a lista holográfica que aparecia apenas para ela – Vestindo um modelo exclusivo de seu estilista, Erich Deriem, Annie Odair e seu acompanhante e filho, Nereu Odair.

Olhei surpreso para o topo da escada. Da maneira como vi Nereu rodeado de garotas durante as semanas em que a notícia do jantar correu, pensei que ele viria acompanhado por uma das soldadas ou alguma sargento da Noz, como eu. Mas achei bonito ele ter dispensado todas para entrar com a mãe.

Aliás, os dois estavam impecáveis. Annie usava um vestido de um ombro só que era grande parte preto e então, do joelho para baixo, se estendia em um efeito dourado como se fosse feito de ouro líquido que escorria a cada degrau. E não pude deixar de reparar no quanto Nereu era parecido com Finnick de longe e com os braços dados daquele jeito amoroso ao de Annie.

Os dois se posicionaram um pouco para a lateral do local aonde Paylor discursara.

- Magníficos! Nereu, seu pai sentiria orgulho de ver você. – Effie disse com uma mão sobre o coração e a outra apoiando o rosto. Apesar de parecer meio forçado, era o mais próximo de autêntico que eu tinha visto ela chegar até hoje.

Logo em seguida, Effie anunciou a entrada de Beetee, que parecia um pouco desconfortável com seu terno inteiro dourado. Ele trazia como acompanhante uma engenheira nuclear do Treze que há anos eu via ele paquerando. Quando ele se posicionou no lado oposto ao de Annie e Nereu e os holofotes o deixaram, fiz um discreto sinal de positivo para ele e ele piscou, sorrindo de um jeito que era uma mistura de nervosismo, triunfo e timidez, para mim.

 E assim, um a um, cada tributo foi sendo chamado com seus respectivos acompanhantes. Effie comentava cada detalhe das roupas e acessórios deles, mas eu não conseguia absorver muito. Tomei uma taça de uma bandeja que passava por mim, esperando que o líquido diminuísse a tensão do meu corpo pela entrada de Katniss.

Não sei se aguentaria vê-la de braços dados com o petulante Tenente Blake, mas eu tinha plena consciência que a culpa disso era única e exclusivamente minha. Não poderia culpá-la por tê-lo convidado, da mesma maneira que ela não poderia culpar Chelsea de ter aceitado meu pedido.

Katniss estava certa: eu fui um idiota imaturo. De novo.

Mas isso não justificava a maneira como ela me atacou, trazendo à tona acusações que ela havia assegurado estarem enterradas no esquecimento. Acusações do passado que ela me garantiu ter perdoado, mas que fizeram nossas antigas feridas voltarem a latejar.

Johanna deslizou em seu brilhante vestido preto, salpicado de pontos dourados que criavam um efeito estroboscópico conforme ela se movimentava, e parou com seu acompanhante ao lado do acompanhante de Enobaria. Havia um vão entre ela e Haymitch, que havia convidado uma mulher que eu não conhecia.

- Linda, Johanna. Muito linda... – Effie comentou e então sorriu para a multidão como se estivesse prestes a revelar um segredo que não suportasse mais manter apenas para si – Por último, mas não menos importante, Katniss Everdeen, a eterna Garota em Chamas.

Prendi a respiração e senti algumas pessoas ao meu redor fazendo o mesmo. Katniss tinha esse poder de convergir o ar atmosférico por onde passava, mas eu não fazia ideia do efeito que ela causaria em mim e naquelas pessoas naquela noite.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam dessa briga dos dois? Sinceramente, dá vontade de socar os dois por tanta teimosia, tanto orgulho e, como vimos, tanta mágoa que ainda permanece guardada.
E essa súbita aproximação entre Katniss e o tenente Iran Blake, que acabou gerando toda essa tensão com Gale?

Bem, vocês saberão no próximo capítulo.

Eu tinha prometido para mim mesma que colocaria o ponto de vista da Katniss apenas no Epílogo. Mas, quando a inspiração para esse momento tenso desse capítulo surgiu, decidi criar um capítulo com a visão de Katniss... Então o 18 será com os pensamentos dela a partir da descida dela pela escadaria nesse jantar da presidente.

E preparem suas emoções, porque vem cenas fortes e recomendo que, quem tem estômago fraco, não leia!

Tá, parei de dar dicas do que vem por aí!

Comentem e recomendem bastante, porque semana que vem tem mais de Rise Again!!!

Um grande abraço!!!