Rise Again escrita por Fanie_Writer


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá tributos rebeldes!

Prontos para mais um capítulo?
Gostaria de agradecer a todos que têm me mandado reviews. Eu ando na correria para tirar minha CNH e correndo atrás do MTB de jornalista para concorrer a vagas de emprego, mas assim que der eu respondo àqueles que ainda não respondi ok?

Boa leitura!



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Quando consegui me encontrar com Beetee, fomos juntos ao encontro dos outros no antigo Prédio da Justiça. De acordo com a programação de Effie Trinket, os tributos almoçariam lá.

Isso, claro, se alguém estivesse com apetite depois do que aconteceu.

Quando alcancei a porta, ela foi aberta sozinha e Katniss trombou em mim.

- Me leve até eles, Gale. – Ela segurava meu braço com a mão que não estava detida por Haymitch.

- Quem?

- Meus filhos! Eu quero vê-los! Eu preciso vê-los!

Eu sabia que isso aconteceria. Ela foi forte diante da nação, mais em algum momento as imagens transmitidas nos telões a faria desmoronar. Não seria nada bom se Fin e Prim presenciassem isso.

Olhei para Haymitch e ele balançou a cabeça para os lados me dizendo para não ceder.

- Se você entrar e comer alguma coisa, posso verificar com a minha equipe como eles estão.

- Não! Eu não quero comer, eu não quero me acalmar! Eu quero ver os meus filhos! Você não pode me proibir! – ela tentou passar por mim, mas Beetee já havia fechado a porta atrás de nós.

Katniss tentou lutar e um de seus murros reverberou pelo colete e me fez arquejar de dor quando atingiu bem na minha costela ferida. Mas via em seus olhos cinzas que, igual a uma parede de tijolos quando é atingida por uma bola de demolição, Katniss começava a desmoronar a cada segundo.

- Saiam daqui, eu cuido dela. – disse a todos os outros tributos, toda a equipe que nos acompanhou, além do prefeito e seus assessores, que agora lotavam o saguão de entrada para assistir o ataque de histerismo de Katniss.

Como apenas Haymitch se moveu para fazer com que todos voltassem para a sala onde seria servido o almoço, conduzi Katniss até a primeira saleta que encontrei aberta, afastando-a dos olhares de pena ou de curiosidade.

Quando soltei seu braço apenas para fechar a porta atrás de nós, ela arrancou o colete de neoprene, seu casaco e ficou apenas com a camisa do uniforme, desabotoando os dois primeiros botões. Ela se recostou em uma parede e imitou a posição de Annie durante a exibição das imagens dos tributos sofrendo nos Jogos e durante a Grande Revolta.

Suas mãos empurravam a nuca coberta por uma fina camada de suor para baixo, mantendo a cabeça apoiada nos joelhos. Sua respiração era irregular, mas mesmo assim ela cantarolou num sussurro uma canção que eu não conhecia.

Por um momento pensei em deixar Haymitch assumir meu lugar. Era insuportável ver Katniss sofrendo daquele jeito.

Mas tão rápido a ideia surgiu, desapareceu. Haymitch não era a melhor pessoa para estar ali naquele momento porque em algum momento ele também desmoronaria. Cada um dos tributos reagiria àquela tortura psicológica ao seu tempo e sua maneira, mas não poderiam impedir de serem afetados.

Me livrei de meu colete também para ficar mais confortável. Desliguei o comunicador e o deixei sobre a mesa. Caminhei lentamente até Katniss e me sentei ao seu lado. Não sei quanto tempo passou e também não queria saber. Fiquei em silêncio apenas esperando que ela colocasse para fora todos os seus demônios.

Até que ela finalmente mudou de posição. Mas ela não estava mais calma quando saiu de sua posição quase fetal e se sentou mais confortavelmente ao meu lado.

- Eu sou uma fraude! Não vou conseguir fazer isso! Olha o meu estado!

- Olha para mim.

Quando ela o fez, segurei seu rosto entre minhas mãos. Foi impossível não ser inundado por uma onda de memórias de todas as vezes que a tomei assim. A primeira vez em uma saleta muito parecida com essa em que estávamos, há uma vida atrás, no dia em que ela me mostrou por que eu a amava tanto ao assumir o lugar da irmã nos Jogos Vorazes.

- Você é a mulher mais forte que eu conheço. Se você fosse fraca, não teria sobrevivido a tudo o que passou e ainda estaria aqui, disposta a lutar de novo para proteger seu país.

- Eu sinto que a qualquer momento vou cair, Gale. Essa gente não está para brincadeira!

- Mas nós também não. – ela engasgou em busca de ar quando finalmente sentiu o peso da escolha que ela havia feito de entrar nessa luta - Me escuta... – acariciei seu rosto para enxugar as lágrimas, mas me mantive firme – Você não vai cair, não vai fraquejar e não vai recuar. Não vai, porque você não é assim.

- Então por que eu estou tão apavorada?

- E quem te disse que eu também não estou? – quando eu disse isso, ela envolveu seus braços ao redor de meu pescoço e eu a apertei contra meu peito. Se eu pudesse, a manteria ali para sempre. – Nós vamos vencer isso, Catnip. Juntos. Um protegendo o outro, como sempre fizemos, ok? – disse com minha bochecha pressionada contra sua testa.

Depois de alguns minutos, Katniss parou de chorar e, muito antes do que eu gostaria, se libertou dos meus braços. Era no momento que eu sentia esse frio que ela deixava ao se afastar de mim que eu odiava o quanto ela conseguia ser tão forte, não me dando a mínima chance de tê-la sempre sob minha proteção por ser tão independente.

Mas eu sorri.

- Sente-se melhor?

- Me sinto bem o suficiente. Obrigada.

Me pegando totalmente de surpresa, ela ergueu uma de suas mãos e tocou na cicatriz do meu pescoço. Seus olhos acompanharam o desenho torto e feio que a sua sutura desajeitada deixou em minha pele, num risco que ficava metade escondido pela gola da farda.

Geralmente as pessoas achavam aquela cicatriz feia. Meu irmão Vick perguntou certa vez por que eu não pedia a algum médico do Capitol consertar. Fechei a cara para ele e na hora ele entendeu que não era mais para sugerir um absurdo daqueles.

Isso porque, além de ser uma lembrança imutável e eterna de Katniss, quando ela me abraçava e beijava naquele local sem restrição, daquele jeito que nenhuma outra mulher sequer teve coragem de fazer, eu tinha a certeza doentia e viciante de que eu a pertencia, e que aquela cicatriz simbolizava a marca que ela havia deixado profundamente em mim para sempre. Katniss não era dona apenas do meu coração, mas de todo o meu ser. Ela conquistou esse direito mesmo quando eu lutei todos esses anos para negá-la a isso.

E agora, ali, sentindo os dedos quentes dela arrepiando minha pele, eu percebi isso.

Mesmo se tudo tivesse sido diferente, mesmo se Peeta estivesse aqui nesse momento, não mudaria o fato de que eu pertenço a Katniss.

Infelizmente, por mais que eu quisesse, eu não poderia dizer o mesmo a respeito dela. E sequer poderia dizer o que esse conhecimento me adiantaria, além de sofrer ainda mais com o fato de ela ainda amar Peeta.

Haymitch é que estava certo e eu odiava admitir: Aquele não era o momento, e ela não estava pronta para aceitar o que eu tanto queria oferecê-la.

Tomei sua mão na minha e levei aos lábios do jeito que ela fez no hospital quando acordei após o tiro.

- Você precisa comer alguma coisa.

- Não estou com fome. Não tem como eu ver meus filhos? – desconversou.

- Tem certeza? Não seria bom que eles...

- Eu estou bem o suficiente, Gale. – ela repetiu soltando sua mão da minha.

Katniss se levantou e foi até a mesa aonde eu tinha deixado o meu comunicador. Ela o estendeu na minha direção.

- Por favor?

E eu conseguia recusar alguma coisa a essa mulher que me fazia voltar no tempo e ser um adolescente de novo?

Coloquei o comunicador e ajustava a frequência dele quando Beetee abriu a porta com duas batidas na madeira.

- Me desculpe interromper... – ele olhou preocupado para Katniss, mas quando viu que ela estava melhor, sorriu aliviado e ela lhe correspondeu – Gale, tem uma coisa que você precisa ver.

- Te encontro lá fora em um minuto. – ele acenou concordando e fechou a porta. – Comando para Equipe Delta, na escuta?

Levou alguns segundos até eu ouvir a resposta do outro lado e Katniss contorceu os dedos com ansiedade.

- Equipe Delta na escuta.

- Atualize situação da Operação Bê-a-Bá.

- Delta para comando: Giz de Cera Rosa e Giz de Cera Azul realizam suas tarefas conforme planejado.

Sorri para Katniss, mas ela permanecia aflita e com uma ruga de dúvida na testa. Tampei o comunicador com a mão.

- Prim e Fin continuam na escola, em uma sala reservada, seguindo a programação que a professora passou para eles.

Katniss suspirou aliviada.

- Posso vê-los?

- Comando para Delta: Coloque os Giz de Cera bem guardados na caixa e entregue-os para a mamãe pata. E mantenham vigilância. Comando desliga.

- Mamãe pata? – Katniss se fez de ofendida, mas não conteve a risada.

- A morfina me deixou sem muita criatividade para criar termos secretos para as operações. – ajustei o comunicador em minha orelha – Eles vão trazer as crianças em segurança. Você vai ficar bem?

- Vou sim. Obrigada, Gale.

Caminhei até ela e tomei seu pulso para ajustar o comunicador na sua orelha.

- Se precisar de alguma coisa, me chame nessa frequência. – mostrei o visor para ela.

Antes de me afastar, não contive o impulso de depositar um beijo em sua testa.

Quando abri a porta, Beetee me esperava, mas Effie, Haymitch, Annie e a equipe de preparação da Katniss também se mexeram atentos à movimentação.

- Como ela está? – uma mulher de pele cor de creme, cabelos cor de ferrugem e expressivos olhos verdes foi a primeira a perguntar. Ela era muito bonita e, apesar de ser estilista, não se vestia de maneira exagerada como os outros e tinha uma voz suave, que amaciava o ouvido e acalmava nossos sentidos.

- Ela vai ficar bem. Podem entrar para vê-la, mas não a sufoquem com programações, cronogramas ou deveres, ok? – olhei para cada integrante da antiga equipe de preparação de Katniss que estavam ao lado da estilista e então fixei meu olhar em Effie.

Assim que me afastei da porta, Beetee me puxou para um canto afastado.

- Conseguiu captar o sinal de transmissão do vídeo?

- Não. – eu respirei fundo, tentando conter minha vontade de socar a parede ao meu lado, quando Beetee sorriu – Mas conseguimos capturar um elemento que tentou fugir pelo mercado com um transmissor portátil.

Imediatamente Beetee me conduziu para fora do Edifício da Justiça, me atualizando sobre cada detalhe da captura enquanto voltávamos para a Noz.

Parece que, assim que a transmissão foi encerrada, a equipe de uma das zonas de segurança percebeu a movimentação de um sujeito que tentava abrir caminho na multidão com uma mochila. A suspeita inicial era a existência de artefatos explosivos, mas, após perseguirem-no pelo mercado do Dois, foram encontrados um computador e um aparelho de transmissão portátil de última tecnologia, capaz de invadir qualquer sistema criptografado.

No andar 123, um dos mais profundos da Noz, funcionava um complexo prisional. Infratores graves dos distritos eram trazidos para ficarem sob custódia no Corredor, um dos antigos centros de tortura de Snow.

O lugar era úmido e, pelo cheiro, soube que estávamos próximos do sistema subterrâneo de esgotos do Dois.

Caminhei com Beetee até a cela com escolta reforçada. Permiti que o leitor biométrico me identificasse e entrei na sala blindada onde um homem descamisado estava acorrentado ao canto.

Ele ergueu a cabeça em minha direção e havia sangue escorrendo por seu nariz, além de um olho estar fechado.

- Comandante. – o oficial responsável pelo interrogatório bateu continência para mim. Vi algumas escoriações e sangue em seu punho. – Encontramos tudo isso com ele.

Ao canto, vi uma mesa com a mochila preta aberta, algumas facas, um computador, o transmissor que Beetee me falou a respeito e as peças de vestuário que foram arrancadas dele.

Peguei a jaqueta e não fiquei surpreso quando vi o símbolo que estava começando a ficar cada vez mais frequente: o leão alado.

Caminhei até o homem e me coloquei em cócoras com a jaqueta nas mãos.

- Qual é o seu nome? – ele ficou me olhando como se não tivesse entendido – Olha, eu estou tentando facilitar as coisas para você. E é tudo muito simples: quando eu perguntar, você responde. Então, vamos tentar de novo? Qual. É. O. Seu. Nome?

O homem não parecia ser muito mais velho do que eu, mas sua postura petulante e seu olhar desafiador me dava a imagem de um adolescente birrento.

Fiquei encarando ele tão firme quanto ele me encarava. Então ele disse alguma coisa num idioma que eu não reconheci e cuspiu em mim.

Passei a mão no rosto para limpar o sangue misturado ao cuspe e forcei um sorriso para ele.

Ele queria brincar? Eu tinha um ótimo brinquedo para ele.

Puxei uma granada articulada que mantinha em um bolso do meu cinto, no lado oposto ao coldre com minha arma. Projetei esse tipo de explosivo com a ajuda de Beetee. Elas eram um pouco menores que bolas de baseball, mas pesavam como uma bola de ferro. Pelo programador, era possível armar o tempo que eu quisesse e a intensidade de explosão. Ela poderia apenas arrancar a mão de alguém, como poderia colocar a Noz inteira a baixo. Isso quando a pessoa permitia que ela chegasse até o final do cronômetro, porque se alguém que não conhecesse o sistema do aparelho tentasse desarmar, ela explodiria do mesmo jeito.

Coloquei o dispositivo na mão do prisioneiro e ele pareceu assustado pela primeira vez. Ele ameaçou soltar a granada, mas ela tinha o nome de articulada por um motivo: depois de acionada, ela liberava alças de ferro que se prendiam no alvo como garras.

- Você tem dois minutos para responder minhas perguntas, ou todos nós morreremos. E a julgar pela maneira como você correu quando foi identificado, não parece que você está disposto a morrer, não é? Bem, eu também não estou. Então, qual é o seu nome?

- Gareth Dalton. – seus olhos saltavam de mim para o cronômetro da bomba em sua mão. Uma camada de suor brilhou em sua testa.

- Para quem você trabalha?

- Uma organização secreta.

- Qual o nome dessa organização secreta?

- Mas eu não sei!

- Como não sabe?

- Eu sou apenas um técnico de informática. Saí do Distrito 7 para trabalhar no Capitol e recebi um telefonema de uma mulher que explicou o que queria que eu fizesse. Achei que fosse loucura, mas ela ligou de novo, me passando um ponto de encontro. Quando fui ver o que era, havia essa mochila com muito dinheiro dentro e todo esse equipamento. Tudo o que eu tinha que fazer era invadir o sistema hoje e transmitir o vídeo que estava no computador.

- Mentiroso!

- É verdade! É tudo o que eu sei! Por favor, tira esse negócio de mim!

Faltavam quinze segundos até a explosão da bomba.

Me levantei para me afastar dele.

- Se é tudo verdade, então que idioma foi esse que você usou para me xingar?

- É uma tradição de família! Tira esse negócio de mim!

O homem se encolheu o mais longe que as grossas correntes lhe permitiam, mas o cronômetro apontava apenas três segundos para a detonação.

Protegi meus ouvidos e todos os outros ao meu redor se encolheram, buscando abrigo. Quando a densa cortina de fumaça se dissipou, vi alguns soldados verificando se ainda estavam inteiros.

O prisioneiro olhou para sua mão, procurando pelo jorro de sangue, mas se assustando ao encontrar todos os seus dedos intactos enquanto seguravam fragmentos da granada.

Eu havia programado ela para se desintegrar ao invés de explodir. Não causava dano algum, além do som que poderia ensurdecer e muita fumaça tóxica.

O homem acorrentado olhou para sua mão ainda sem acreditar e então olhou para mim. Seus dentes cobertos de sangue foram expostos em uma risada mórbida.

- Você é bom! Você é muito bom, cara! – ele riu se divertindo da situação e a risada ecoou pelo Corredor, rebatendo nas celas vazias e deixando o som com uma nota fantasmagórica. E, então ele ficou quieto. Seu olhar de súplica e divertimento desapareceram, dando lugar para um brilho sombrio em sua íris negra – Mas você não tem ideia de com quem está lidando.

O homem se contorceu, fazendo uma careta torta com o rosto. Demorou demais para eu perceber que ele estava tentando arrancar um dente.

Quando avancei para ele para impedi-lo de engolir, seu corpo já estava sendo sacudido por espasmos e uma espuma de sangue escorreu por sua boca e narinas.

- O que foi isso? – Beetee ajeitou os óculos ao meu lado, olhando perplexo para o prisioneiro morto.

- Uma distração. – respondi enquanto observava os soldados removerem o corpo do prisioneiro - Não foi ele quem transmitiu aquele vídeo e, a essa altura, o sinal já deve ter sido desligado, acabando com qualquer chance que tínhamos de rastrear.


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Notas finais do capítulo

Woooooooow!!!

#GaleDumal

Quem disse que ele também não sabe fazer uma tortura psicológica hein??? Ele ainda vai nos mostrar muita coisa que aprendeu nesses quinze anos de treinamento militar viu!!

Bem, como vocês puderam ver, os tributos - ou Mockingjays, já que Katniss dividiu publicamente o título -, ficaram realmente abalados com tudo o que viram.

Mas e esse prisioneiro? Gale não ficou nada convencido com o que ele contou, mesmo sob pressão. Mas será que era realmente mentira?

Comentem, analisem, sondem, palpitem... Esse mistério vai ficar ainda mais cheio de ação a cada capítulo!

Prometo postar o próximo cap ainda essa semana, ok?

Um grande abraço!