A Vida Secreta Dos Imeros escrita por Kalyla Morat


Capítulo 20
Mudança


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho de drama, pessoal! E uma verdade revelada! Boa leitura!



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- Nós precisamos conversar Luíza! – surpreendeu-me Victor assim que passei pela porta da casa onde eu morava ultimamente. Eu estava distraída e por isso não tinha percebido sua presença ali. Analisei sua fisionomia que demonstrava que teríamos uma conversa nem um pouco fácil.

- Onde está Sofia? – perguntei tentando mudar o rumo de suas ações. Eu não estava pronta para conversarmos sobre Laura. Não ainda.

- Ela foi ajudar Chang com os feridos. Não tente mudar de assunto Luíza, você me ignorou o dia todo e eu quero saber o que está acontecendo.

Quando eu nada disse ele continuou:

- Você está brava comigo? Eu espero que não, porque de hoje em diante eu terei que passar mais tempo com você.

Eu estava pronta para dizer-lhe que eu não estava só brava, estava furiosa, se não fossem suas últimas palavras que me distraíram.

- O que você quer dizer com mais tempos juntos?

- Bom, eu tenho que continuar com meu trabalho. E depois do que aconteceu em Venezian, eu tenho que ser muito mais cuidadoso.

- E qual é seu trabalho exatamente?    

- Proteger você. Achei que você já soubesse. É por isso que eu tenho estado o mais perto possível de você. Com minha irmã você estava segura, eu sabia disso, só que agora não tenho mais certeza, então, eu vou te manter bem debaixo dos meus olhos. Será mais fácil se você me explicar o porquê você está me ignorando.

- É por isso que eu tenho estado o mais perto possível de você. – repeti desdenhando – Mas é claro, como eu não percebi isso antes? Você só esta fazendo o seu trabalho!

- O que você está querendo dizer?

As coisas tinham ficado bem claras agora. Finalmente eu entendi. Por isso nós nunca conversamos sobre o que estava acontecendo entre nós. Porque não havia NADA acontecendo entre nós! Ele estava perto de mim só porque eu era o seu trabalho, e os beijos eram a parte da diversão, um pequeno intervalo. Eu não sei se eu estava chateada, furiosa ou irritada, vai ver eu estava as três coisas ao mesmo tempo.

- Não se preocupe Victor, as coisas vão ser mais fáceis pra você agora – disse debochada- Eu não sou mais sua responsabilidade, estou partindo hoje.

Deixei-o sozinho na sala e subi correndo as escadas. Mas é claro que ele veio atrás de mim, só que eu fui mais rápida e me tranquei no quarto. Peguei minha mochila e comecei a guardar as minhas coisas enquanto ele batia na porta pedindo que eu a abrisse.

- Pra onde você vai Luíza? Abre essa porta e me explica o que esta acontecendo! – berrou ele.

- Não Victor, eu estou arrumando as minhas coisas, me deixe em paz!

A telecinese era algo muito legal, mas já estava passando dos limites. Eu estava de saco cheio das pessoas a usarem pra tudo. Tive vontade de voar no pescoço de Victor quando ele usou suas habilidades para escancarar a porta do quarto. E como se isso não bastasse ele fez questão de deixar bem claro o que tinha feito:

- Você sabe que eu não preciso que você realmente destranque a porta pra eu entrar, não é? – ele disse dando um sorriso sarcástico.

- Então por que você perdeu seu tempo pedindo pra eu abrir?

Ele veio até mim e segurou gentilmente meus braços, me forçando a olhar pra ele.

- O que está acontecendo? Onde você está indo Luíza?

- Cassia me quer na casa principal. Eu estou me mudando. Vou passar um tempo com minha irmã querida, ou eu deveria dizer sua amante? – cuspi as últimas palavras de raiva.

- Mas de onde você tirou isso? Não existe nada entre Laura e eu Luíza. – ele disse incrédulo.

- Eu aposto que na noite passada você não se lembrou disso.

- Eu não dormi com ela se é isso que você está pensando Luíza, eu nem sei de onde você tirou isso. Você só está com ciúmes é isso não é?

- Não Victor! Eu só cansei das suas mentiras, cansei dos seus joguinhos, cansei de não saber o que está acontecendo entre nós, cansei de todo esse mistério! Está na hora de eu começar saber das verdades.

- Você não pode se mudar Luíza, você não pode, eu não vou conseguir te proteger lá.

- Você não tem que me proteger e eu não estou pedindo sua opinião, já está decidido – eu disse colocando a mochila em minhas costas.

- Se você soubesse Luíza!

- Então me diga Victor!

- Eu não posso, não são meus segredos. Eu jurei que não diria nada. Sinto muito, mas você tem que confiar em mim.

- Tudo bem. Eu vou descobrir o que de tão errado acontece aqui nessa cidade com meus próprios meios. Posso te fazer uma pergunta?

- Sim?.

- Foi por ela que você estava apaixonado quando aceitou a missão de me buscar não foi? Por Laura. Você queria tira-la de sua cabeça, por isso me odiou no mesmo segundo em que me viu. Por que não tinha como esquece-la quando você olhava pra mim.

Ele baixou a cabeça decidindo o que falar, enquanto procurava pelas palavras adequadas.

- É verdade – confirmou derrotado – Era por Laura que eu estava apaixonado quando sai em sua missão. Mas isso não significa que... Como você soube disso?

- Isso não importa. – respondi cabisbaixa. Todos os meus medos se tornando realidade, era por minha irmã que ele sempre fora apaixonado. Essa era uma batalha perdida. – Tchau Victor, obrigado pela estadia.

- Laura espera não é.... – ele se interrompeu percebendo o erro.

- É Luíza, Victor – corrigi – Nós somos idênticas, mas nem um pouco parecidas. É uma pena e caso você não tenha notado, você beijou a pessoa errada!

Eu não esperei que as lágrimas começassem a cair, parti correndo antes que ele pudesse notar que estava chorando por sua causa. Eu era orgulhosa demais pra isso. O que ele estava pensando? Que podia suprir a falta dela, comigo, por que eramos iguais? Pensei que talvez ele viesse atrás de mim, no fundo era o que eu desejava, mas ele não o fez. Diminui os passos quando notei que ele não viria de qualquer forma e continuei sem pressa, com lágrimas nos olhos, em direção a minha nova casa, me sentindo muito mais que traída.

Uma vez na casa de Cássia, guardei minhas coisas em meu novo quarto e deitei em minha cama, desejando ficar um pouco sozinha pra colocar meus pensamentos em ordem. Hoje tinha sido um dia difícil, daqueles que pareciam durar o dobro do tempo, mas já estava terminando, o que era um alívio. Só mais algumas horas e esse dia ficaria no passado. Tentei de todas as formas não pensar em Victor, e eu quase consegui, pensando em tudo o que eu precisava descobrir. Eu começaria logo no dia seguinte a investigação, mas então eu me lembrei de que no dia seguinte eu poderia topar com Victor por ai....

Tomei um banho rápido e me arrumei para o jantar. Um jantar em família, eu, Cássia e Laura. Seria perfeito se minha mãe não fosse praticamente uma desconhecida, e se minha irmã gêmea não fosse a garota por quem o cara que eu estava gostando, era apaixonado. E como se isso não bastasse, Laura parecia repudiar minha presença. Força, pensei, mais algumas horas e esse dia será só uma lembrança e nada mais. Desci as escadas me preparando pra mais uma batalha.

- Seja bem vinda Luíza! – desejou Cássia, logo que me juntei a ela e a minha irmã à mesa de jantar – É muito bom ter você aqui!

- Obrigada – respondi sem jeito, eu não gostava de ser o centro das atenções.

- É maninha, vai ser ótimo ter alguém de manequim pra eu ver como ficam as roupas em mim, sem precisar de espelho. Se ficarem boas em você, ficarão perfeitas em mim.

- Laura! Não seja desagradável com sua irmã. – repreendeu Cássia.

- Ora mamãe, é só uma brincadeira... Diga-me Luíza, como é descobrir que existe uma cópia sua andando por ai?

- Diga-me você, já que você também é uma cópia minha.

- Eu acho o máximo, deve ser ótimo quando te confundem comigo, aposto que você se sente honrada.

- Já chega Laura! – ralhou Cássia mais uma vez.

- Mas até Victor saiu ganhando nessa. Você sabia mamãe, que ele e Luíza estão saindo?

- Victor?- perguntou minha mãe – O seu Victor Laura?

- É.

- Nós não estamos saindo – interrompi antes que as coisas piorassem. O “seu” Victor, tinha dito ela, como um tapa na cara, bem dado – Será que podemos jantar agora? Estou um pouco cansada.

- É uma ótima ideia – concordou Cássia.

Finalmente pude ter um pouco de paz, a comida, deliciosa por sinal, parece ter mantido a boca da minha querida irmãzinha ocupada e assim a noite terminou sem mais estragos. Céus, como alguém podia ser tão extremamente irritante? Como Victor podia estar apaixonado por ela? Bloqueei meus pensamentos nesse momento, se eu começasse com isso já sabia onde poderíamos terminar: chorando numa cama, me sentindo humilhada e com a autoestima baixa. É assim que as coisas são com um amor não correspondido, primeiro vem a raiva, depois você procura defeitos em si mesmo pra justificar o não interesse do outro, você se rebaixa e no fim acaba colocando a culpa em si mesmo. Eu não ia passar por isso, não mesmo.

Naquela noite, uma Luíza cansada, triste e desejando que o dia terminasse logo, foi para seu quarto, em sua nova casa, com o resto de uma família que ela mal sabia que existia a algumas semanas, torcendo para que ela pudesse dormir um sono sem sonhos. É, realmente, minha vida parecia ser a vida de outra pessoa ultimamente. Adormeci me sentindo estranhamente esperançosa, sabe-se lá o porquê. Mas é assim que são os sentimentos, às vezes você sente coisas que não pode explicar e que não pode controlar. 


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