Os Legados de Hogwarts - A Varinha do Poder escrita por Hannah Mila


Capítulo 2
Nuvens tempestuosas




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TODOS OS ROSTOS estavam em Mary Ann.

Ela não parecia conseguir controlar a transformação e a raiva. Pareceu que se passaram anos até que os olhos de Mary Ann retomassem a cor e o fogo apagasse lentamente de seu corpo. De volta ao normal, havia uma expressão de medo em seu rosto agora, quase a mesma dos outros alunos que a observavam. Mas era um medo diferente – o medo de ser temida.

Ela saiu correndo antes que pudessem dizer qualquer coisa. Quando Hannah tentou ir atrás, Mary Ann lançou-lhe um olhar perturbador, que congelou Hannah. Alguns segundos depois, Hannah sacudiu a cabeça e foi atrás da garota. Rosa também se levantou a correu. Alvo resolveu ir atrás, e Tiago e Michael também. Enquanto corriam para fora do Salão Principal, ouviram a diretora gritando que ninguém mais iria sair.

Rosa e Hannah estavam paradas no Hall de Entrada, procurando qualquer sinal de Mary.

– Se ao menos pudéssemos ver o castelo inteiro...

– “Pudéssemos”, você disse? – disse Tiago com um tom de voz divertido – Peguei isso da mesa do papai ano passado. – remexeu no bolso e tirou um pergaminho velho e dobrado.

– Um pergaminho? Em branco? – perguntou Hannah, olhando para Tiago como se ele fosse lunático.

Tiago apenas riu e, colocando a varinha sobre o pergaminho, disse:

– Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom.

O pergaminho começou a formar palavras, lentamente. Até que ficou:

Os Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinha e Pontas,

Fornecedores de recursos para feiticeiros malfeitores,

Têm a honra de apresentar

O MAPA DO MAROTO

Quando Tiago abriu-o, o pergaminho já não estava em branco: havia um mapa do castelo – muito bem feito, sendo que as Grandes Escadas se moviam constantemente – e pontinhos rotulados. O Salão Principal tinha uma chuva de pontinhos, cada um com o seu rótulo, onde estava escrito o nome do pontinho. No Hall de entrada estavam cinco pessoas: Alvo Potter, Rosa Weasley, Tiago Potter, Michael Davies e Hannah Sothern...

– Mary Ann está no terceiro andar, na sala de troféus – disse Tiago como se não fosse nada demais. Alvo deu um sorriso torto para si mesmo. Era muito a cara de Tiago roubar o Mapa do Maroto do pai deles.

– Como é que você...? – começou Rosa, mas Tiago interrompeu-a.

– Depois eu explico. Se você quer ver a Mary, vamos logo pra sala de troféus.

Sem dizer mais nada, eles foram para a sala de troféus, onde encontraram uma Mary Ann andando nervosamente de um lado para o outro. Ao perceber a presença dos outros, ela estacou, tremendo.

– Mary... – começou Hannah, estendendo a mão.

– Vocês deviam ir embora – disse, tão baixo que foi preciso ler os lábios de Mary para entender. – Vocês viram. Eu sou perigosa. Achei que ia conseguir me controlar, mas... Como sou estúpida! – sussurrou desabando no chão de joelhos, as lágrimas caindo.

Os seis ficaram em silencia por alguns segundos. Hannah fez menção de abraçar Mary, mas esta se encolheu ainda mais.

– Você não é estúpida – quem falou, surpreendentemente, foi Michael – Os Zabini são idiotas, já percebi isso. Se eu fosse você também não... – Michael não terminou a frase, pois sentiu um olhar feio de Rosa em sua direção.

– Se você fosse um monstro também não se controlaria? – Mary disse, com uma dor palpável na voz.

– Você não é um monstro – disse Hannah.

– Eu sei que sou.

– Pare com isso – todos levantaram os olhares para o dono da fala. Até mesmo Alvo surpreendeu-se com as palavras que saíram de sua boca. Mas continuou: - Você não é um monstro. Os Zabini são. E é verdade, ninguém conseguiria se controlar. Não é algo ruim. Mostra que você se preocupa com os amigos – ele deu o que esperava que fosse um sorriso calmante e estendeu a mão a Mary.

Ela olhou de Alvo para a mão estendida, e então para Hannah e os outros. Fungou um pouco e por fim segurou a mão de Alvo, dando o mais diminuto dos sorrisos. Hannah apressou-se em abraçar a amiga.

– Você é incrível, May – ela disse enquanto apertara Mary em um abraço de urso.

– Aposto que os Zabini nunca mais vão incomodar – disse Tiago – Mary acabou completamente com eles!

– Tiago, rude! – sussurrou Rosa, mas Mary deu uma risada.

– É, acho que sim – concordou a loira, cessando de vez as lágrimas.

– Vamos lá – sugeriu Alvo, e os seis saíram da sala de troféus para encarar as reações dos alunos no Salão Principal.

Olhos se arregalaram como nunca quando Alvo, Rosa, Tiago, Hannah e Michael entraram no Salão Principal acompanhados de Mary Ann Duprée. Eles sentaram-se à mesa da Grifinória como se nada tivesse acontecido. Patrícia e Vincent Zabini cochichavam um com o outro, lançando olhares. Escórpio Malfoy ficou mais pálido do que já era ao vê-los e desviou o olhar.

Uma jorrada de aplausos surgiu da mesa da Grifinória, e logo, os alunos da Lufa-Lufa e da Corvinal também aplaudiam. Algumas pessoas assobiavam e outras gritavam:

– Isso aí, Duprée!

– Grifinória um, Sonserina zero!

– Esse idiotas mereceram!

O sorriso de Mary se alargou, juntamente com os dos amigos. Todos da mesa da Sonserina se encolheram, alguns por má vontade de reconhecer a derrota e outros por vergonha de estar naquela Casa. Slughorn, o diretor da Sonserina, olhava feio para seus alunos da mesa dos professores.

Por fim a diretora McGonagall se levantou e disse com um sorriso:

– Acho que já está na hora de vocês irem dormir. Boa noite! Monitores, por favor, levem os novatos para as salas comunais.

– Aqui, primeiranistas – chamaram um menino e uma menina do quinto ano. Bernardo Peterson e Margareth Harrington, soube-se depois.

Eles os conduziram por uma escada de mármore, e alguns alunos nascidos-trouxa se surpreendiam com os retratos que se moviam; havia, por exemplo, um grupo de professores vestidos de preto, e também um homem que sussurrava para eles “Vocês tem algum besourinho cozido? Ou alguma pena de águia frita?”. Mas o retrato que ninguém quis nunca mais ver foi o de Sir Cadogan, um cavalheiro montado em um gordo pônei cinzento, que correu com eles pelo castelo de quadro em quadro. Mais tarde, Tiago comentou que “o problema da cabeça dele é pior do que o dos Zabini”.

– Oba, calouros! – exclamou uma voz maldosa e espalhafatosa, seguida de uma gargalhada igualmente irritante. Margareth Harrington explicou:

– Pirraça, um poltergueist – um garoto lá atrás chamado Paulo Priolli perguntou:

– Uma espécie de espírito agourento, não é?

– Exatamente – respondeu Bernardo Peterson. E virando-se para Pirraça, disse: - Pirraça vá embora, ou eu vou contar ao Barão Sangrento.

Pirraça saiu com a língua para fora.

– O Barão Sangrento, o fantasma da Sonserina, é o único de quem o Pirraça tem medo – disse Bernardo – É melhor vocês ficarem longe dele. É muito imprevisível. Alguns de nós tiveram que aprender isso da pior maneira possível – ele fez um careta.

– Crianças, nós chegamos – falou Margareth, apontando para um retrato de uma mulher bem gorda que vestia um vestido rosa.

– Qual a senha? – pediu a Mulher Gorda.

– Garra de hipogrifo – disseram Margareth e Bernardo ao mesmo tempo.

– Certamente – disse a Mulher Gorda, enquanto o quadro se movia, revelando um buraco redondo na parede, por onde eles subiram e chegaram a um lugar grande e redondo cheio de conjuntos de poltronas e de mesas, com uma lareira grande onde o fogo crepitava feliz.

Os dormitórios das meninas e dos meninos eram acessíveis por uma escada em espiral de pedra. Margareth levou as meninas para seus dormitórios e Bernardo levou os meninos para seus dormitórios.

Alvo estava mais cansado que seus colegas de quarto, então desabou na cama assim que pôs o seu pijama. Ouviu os colegas conversando sobre o ocorrido da noite, mas o cansaço fez ele ignorar tudo. Sonhou com coisas indistintas, rostos flutuando à sua volta, palavras que haviam lhe dito naquele dia, os sentimentos que sentira naquela noite. Acordou no dia seguinte com um pressentimento de que algo daria errado. Mas então, sacudiu a cabeça para livrar o pensamento e levantou-se para se arrumar.

***

– Então, é um fato que a Batalha de Hogwarts foi uma das maiores batalhas do mundo bruxo – dizia Binns, o fantasma de voz monótona que ensinava História da Magia.

Alvo não se importava com a Batalha de Hogwarts. Não precisava ler livros como Acontecimentos que mudaram o mundo bruxo para saber sobre a Batalha. Bastava algumas palavras de sua família para saber muito mais do que aquele livro.

– Agora, quero uma redação sobre a Batalha de Hogwarts e todo o seu impacto na comunidade bruxa atual – pediu Binns.

Alvo pegou pena e pergaminho e começou a escrever:

A Batalha de Hogwarts ocorreu em 1 e 2 de maio de 1998, em obviamente Hogwarts e teve o objetivo de derrotar Voldemort e seus seguidores, os chamados Comensais da Morte, e também de atrasá-los a entrar em Hogwarts. Alunos, professores, funcionários, e algumas criaturas que viviam na Floresta Proibida lutaram a noite inteira, e

Alvo parou. E o que? Olhou para os lados procurando ter idéias.

Ao seu lado direito, Hannah tinha a cabeça apoiada nas mãos e olhava para um ponto fixo do quadro cheio, parecendo estar distante do mundo material. Do lado esquerdo de Alvo, Mary Ann olhava para o pergaminho em branco enquanto enrolava os cabelos dourados distraidamente.

Os outros alunos também não estavam muito interessados em escrever. Jason Finnegan parecia a ponto de desmaiar.

A frente de Alvo, porém, Rosa escrevia agitadamente. Alvo espiou por cima do ombro da prima. Ela havia escrito a mesma coisa que ele, mas acrescentara:

E ao fim, Hogwarts vence, graças aos muitos alunos membros da Armada de Dumbledore, aos professores, aos aurores, e principalmente, Harry Potter, que aniquilou Lorde Voldemort e pôs fim ao seu reino de terror.

As mortes que ocorreram durante a Batalha são motivo de luto até hoje, e todos os falecidos ganharam títulos do Ministério honrando seus trabalhos e esforços. Houveram enormes mudanças na sociedade bruxa desde então...

Alvo relaxou e escreveu a mesma coisa, tomando cuidado para que Rosa não percebesse que ele a copiava. A sineta lá fora tocou assim que ele terminou de copiar a conclusão. Binns desapareceu pela parede, e parecia nem saber que um novo bruxo das trevas aparecera em Hogwarts alguns minutos atrás.

De noite, na sala comunal da Grifinória, o clima estava horrível. Os grifinórios, normalmente barulhentos, pareciam num torpor e havia uma aura de terro pairando na sala. Todos foram dormir mais cedo, ao fim. Só ficaram na sala Mary Ann, Rosa, Tiago, Michael, Alvo, e Hannah, que conversavam sobre a aparição do tal “novo senhor das trevas”.

– É tão bizarro – comentou Michael – Quer dizer, as pessoas não parecem perceber que se tornar um vilão não é o jeito certo de conseguir o que quer.

Eles deram uma risadinha mórbida.

– É por isso que vilões existem, Mike – respondeu Tiago – Eles são tapados.

– Quem vocês acham que é? O traidor? – perguntou Hannah, olhando para o teto. Houve um pequeno silêncio.

– Bem, eu tenho um palpite – disse Alvo incerto.

– E...?

– Bom, acho que é o Staples – arriscou.

– Staples? – disse Rosa, se arrumando na poltrona – Por quê?

– É que, lembra o tal Caliginem disse “até essas crianças inexperientes”? E o Staples também?

– Não é possível. Ele é um professor! – disse Rosa.

– É, mas os professores de Defesa Contra Artes das Trevas dos nossos pais também não eram lá muito confiáveis, eh? – retorquiu Tiago.

Rosa abriu a boca, mas recuou. Todos ali sabiam as aventuras que os pais de Tiago, Alvo e Rosa tiveram nos tempos de colégio, até porque havia saído em tudo quanto é publicidade.

– Não é bom assumir coisas assim – disse Mary – Pode ser desvio de atenção; podem estar tentando incriminar o Staples. Seriam preciso mais provas.

– Eu acho que é alguém da Sonserina – comentou Michael – Vejamos, os Zabini tem cara de idiotas e Malfoy também e aquela Vogue não parece ser tão bonita por dentro quanto é por fora.

– Ela é uma veela – disse Mary com desprezo na voz – Charlotte Vogue. É fácil perceber.

– Mas de novo, isso não é suficiente – apontou Alvo – Quer dizer, ser idiota é bem diferente de ser maligno.

– E além do mais, as pessoas são medrosas – disse Tiago sombriamente - Se alguém se aliou ao Caliginem, ou é por pura adoração, por medo ou vontade de ir para a prisão.

Mary olhou torto para ele. Todos agora olhavam para o chão.

Então Hannah falou:

– Mas sabe, pode ser alguém que ninguém espera. Alguém com uma fachada de pura bondade por fora e de que nunca nos desconfiaríamos – ela torceu a boca para a própria idiea.

– E aquela varinha? – disse Alvo – Digo, não é algo comum, é? Não é possível roubar magia, é? –ele olhava para Rosa, que fez um gesto que dizia claramente: “Não sei!”.

– Seja o que for aquela varinha, é poderosa – disse Rosa abraçando os joelhos – Nunca ouvi nada sobre aquilo. Pode ser algo inteiramente novo. Mas se comparado ao que já aconteceu por aqui antes – ela olhou significamente para os outros – isso vai ser um desafio pequeno.

Eles se encararam como se pudessem ler a mente uns dos outros.

– Vou dormir. É muita coisa pra minha cabeça de onze anos de idade – disse Rosa.

– Eu também já vou pra cama. Até amanhã. – disse Mary.

– Nós também já estamos indo. Vemos vocês no café da manhã. - completou Michael, e subiu as escadas com Tiago, enquanto Rosa e Mary subiam as escadas para o dormitório das meninas.

Alvo e Hannah se olharam por um segundo. Os olhos de Hannah brilhavam como se tivessem esperança. Alvo retribuiu olhar. Hannah sorriu de leve e subiu as escadas, deixando Alvo sozinho na sala comunal da Grifinória, morada dos corajosos e destemidos, morada do grupo de seis alunos que um dia enfrentariam mais do que esperam.


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