Os Legados de Hogwarts - A Varinha do Poder escrita por Hannah Mila


Capítulo 16
Old - Presentes e Conversa Entre Amigos


Notas iniciais do capítulo

Ficou um capítulo curto, mas vai...



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FOSSE POR CAUSA do azar de Alvo, fosse por mera coincidência, a manhã do aniversário de doze anos do garoto estava o completo oposto da de Tiago: chuvosa e fria, no dia de aula de Poções, História da Magia, e Herbologia.

– Veja pelo lado bom – disse-lhe Rosa naquela triste manhã de 10 de maio, quando as meninas foram se encontrar com Alvo, Michael e Tiago no dormitório dos meninos.

– Qual? – resmungou Alvo – Que eu vou aprender sobre Boodle, o Estranho ou o que quer que seja? – os meninos deram uma risada nervosa, com medo da cara que Rosa iria lhes dar se rissem muito alto.

– Antes de tudo, é Mudlee, o Estranho – corrigiu Rosa, e Michael e Tiago não puderam aguentar: caíram no chão de tanto rir – E em segundo lugar, o lado bom é que você tem alguém com quem compartilhar a tristeza.

– Quem? – indagou Alvo.

– Escórpio – respondeu Mary com simplicidade – Hoje é aniversário dele também.

– É mesmo – murmurou Alvo – Me esqueci.

– É a maior ironia – comentou Hannah empoleirada no criado mudo de Alvo – Os filhos de Harry Potter e Draco Malfoy nascendo no mesmo dia.

Todos riram sem graça. Já se haviam passado alguns meses desde que Escórpio se tornara amigo deles. O sonserino havia formado um vínculo mais forte com Alvo, que era uma pessoa boa para conversar, dizia Escórpio, e com Rosa, que era simplesmente maravilhosa de acordo com o louro. Tiago vivia a zombar dos dois, dizendo que era amor. Rosa corava e brigava por horas com o primo, mas Escórpio não ligava e ria com os outros. Àquela altura, ele já era digno de confiança e sabia de todas as coisas que eles haviam descoberto em primeira mão. Parecia que eles eram amigos há muito mais tempo do que realmente eram.

Tio Rony tivera um troço quando Alvo e Rosa lhe informaram que Escórpio Malfoy era o mais novo amigo deles. Ao menos fora isso que o sr e a sra Potter haviam escrito na carta que mandaram em resposta.

E em meio a tudo isso, os centauros da Floresta Proibida não haviam permitido que os Aurores revistassem a floresta, o que significava que o Caliginem continuava à solta e que tio Rony saíra da floresta semanas antes com o cabelo ruivo cortado por flechas.

A única coisa com a qual Rosa se preocupava eram as provas que seriam realizadas no início junho. Portanto, ela estava acampando na biblioteca, por vezes levando os amigos à força. E entre tudo isso chegava a final de quadribol, Grifinória e Lufa-Lufa, o que queria dizer que Tiago e Michael estavam treinando quase sempre que podiam.

– Vamos, anime-se – disse Tiago ao irmão. O ruivo pegou um dos presentes na enorme pilha ao lado da cama de Alvo – Aqui, este é o meu – e estendeu-lhe um embrulho verde limão – Pode pegar, não é uma bomba.

Alvo sorriu de leve e pegou o presente. Desembrulhou-o. O presente era algo que ele não esperava ganhar de Tiago: um agasalho vermelho e dourado, com um ASP em preto bordado no peito e um leão também preto bordado atrás, nas costas.

– Brilhante, hein? – perguntou Tiago – Vi o modelo na Trapobelo de Hogsmeade – não comece, Rosa – umas três semanas atrás, e pedi uma ajudinha para vovó Weasley, a rainha dos bordados. E aí, gostou?

– Se eu gostei? – repetiu Alvo, incrédulo – É claro que sim. Como você disse, é brilhante!

– Eu sei que eu sou o máximo – disse Tiago.

– O máximo de ego que existe no mundo – disse Hannah. Tinha uma caixa envolvida em papel prateado nas mãos – Pegue o meu.

Alvo pegou o presente da amiga. Era um globo de neve, ou ao menos era o que Alvo achou que era. Tinha o formato e o estilo de um globo de neve, mas não tinha nada dentro.

– Pense em algo – disse Hannah – Qualquer coisa que já lhe aconteceu.

Alvo pensou na primeira coisa que lhe ocorreu: sua primeira briga com Tiago. De repente, uma névoa começou a se formar dentro do globo e ele viu com um sobressalto um garotinho de cabelo vermelho (devia ter pouco mais de três anos) tomando um urso de pelúcia de outro menino, cabelos pretos, talvez dois anos. O menino de cabelos pretos esperneou enquanto o outro lhe dava a língua. O sr e sra Potter chegaram e fizeram Tiago devolver o ursinho para Alvo, mas este deu um chute no irmão.

– Puxa, Al – disse Tiago entre gargalhadas – Tantas coisas para lembrar e você lembra justo daquele dia?

Alvo corou enquanto os outros riam do bebê Tiago chorando de dor.

– É um globo de lembranças – explicou Hannah – Mostra qualquer lembrança da pessoa que o segura, mesmo que ela já tenha esquecido como fora exatamente. Era meu, mas eu tenho dois, então...

– É incrível, Hannah – disse Alvo – Obrigado.

Hannah sorriu enquanto Rosa dava o seu presente.

– Uau – murmurou Alvo. O presente de Rosa era um álbum de fotos de capa de veludo vermelho, com a palavra Amigos escrita com um fio de ouro que serpenteava como uma cobra. Alvo abriu o álbum. Na primeira página havia uma foto que eles haviam tirado n’A Toca. Lá estavam todos os Potter/Weasley, Teddy Lupin, os Scamander, os Longbottom, Hannah, Michael e Mary... Era tanta gente que mal cabia na foto. Todos sorriam radiantes e acenavam para Alvo. No fundo, estava o enorme forte de neve feito por tia Audrey, tio Jorge e tia Hermione, quase se desmantelando. Louis e Dominique brigavam por um pedaço de bolo. Fred e Roxy incentivavam os dois. O Alvo real sorriu. Passou a página.

Havia várias outras fotos na outras páginas: na segunda, uma de apenas Alvo, Michael, Tiago, Hannah, Mary e Rosa tirada no Largo Grimmauld 12. Na terceira, uma de Hannah e Mary nos jardins de Bridget Ville – talvez Rosa tivesse a pedido às duas. Na quarta, uma de Michael e Tiago no primeiro ano dos dois, ao fundo um caos de cores e explosões – a primeira travessura dos dois. Na quinta, uma de Rosa e Alvo no Beco Diagonal, segurando montes de sacolas e admirando as novas varinhas. Na sexta, uma dos seis mais Escórpio, tirada no dia em que eles se tornaram amigos, em um corredor de Hogwarts. E seguiu-se. A partir da décima quinta página, não havia mais fotos.

– É pra você completar – disse Rosa – Acredite, vamos ter muita coisa para registrar aí.

– Acredito – disse Alvo – Vejam só isso – e estendeu o álbum aos outros.

– Demais – comentou Michael depois que viram todas as fotos –, mas não como o meu. Pegue aí – disse, e jogou uma caixinha azul do tamanho de um punho fechado para Alvo, que o pegou de primeira. Não era bom para catar coisas montado numa vassoura, mas era ótimo quando estava com os dois pés no chão.

O presente de Michael era um rádio portátil, minúsculo o bastante para se por no bolso, mas que crescia quando se apertava certo botão.

– Está adaptado para a carga mágica de Hogwarts – explicou Michael enquanto o rádio crescia para um tamanho comum nas mãos de Alvo – E eu consegui incluir um sistema de gravação – quando os outros olharam com cara de ponto de interrogação para ele, ele explicou – Assim, eu consegui fazer com que ele também grave coisas para ouvir depois. É só apertar esse botão – ele apontou para um botão vermelho na parte de trás do rádio – Pode ser útil.

– Vai ser útil, Cabeludinho – comentou Tiago.

– Não me chame assim – reclamou Michael, embora sorrisse.

Mary Ann não havia falado muito, mas finalmente dissera:

– Agora só falta o meu – ela deu a Alvo uma caixa dourada. Dentro, havia um par de All Star vermelhos.

– Tênis? – perguntou Tiago – Pouco criativo, Mary.

Mary, porém, sorriu misteriosa, e pegou os sapatos.

– Calce – disse ela. Alvo, meio desconfiado, calçou-os – Agora... Déploie tes ailes!

Imediatamente, um par de asas brotou dos lados de cada All Star, e em um segundo, Alvo viu-se flutuando a dez centímetros do chão, subindo, até que sua cabeça batesse no teto do dormitório.

– Tênis que voam? – exclamou Tiago – Agora sim!

– Agora sim? – repetiu Alvo – Agora sim que eu vou parar em um túmulo! Eu não sei voar de vassoura, quanto mais... Assim!

– Relaxe – disse Mary – Eu também não sou um gênio na vassoura, mas eu sei muito bem voar com isso.

– Você já voou nisso? – murmurou Alvo batendo a cabeça novamente no teto.

– É claro que sim! – respondeu Hannah antes que Mary pudesse abrir a boca – Eu já voei nisso. Demetria que criou, quando tínhamos, o que, uns oito anos? Enfim, é muito fácil voar nela, não é como vassouras, que precisa-se montar direito, inclinar direito, dar impulso direito, etc., etc., etc. Você só precisa pensar no que quer e deixa o tênis fazer.

– E como eu faço para fechar as asas? – perguntou Alvo.

– Bem, os comandos básicos são todos em francês, depois eu ensino eles para você – disse Mary – Para fechar, é: fermer leurs ailes.

Na mesma hora, as asas, voltaram para dentro do tênis, sumindo de vista. Alvo caiu de bunda no chão, e Michael e Tiago riram enquanto as garotas o ajudavam a se levantar.

– Vamos, temos que tomar café– comentou Alvo – Escórpio vai ter um infarto quando ver tudo isso.


– Demais! – exclamou Escórpio, tão alto que o professor Slughorn olhou feio para ele.

Eles estavam na aula dupla de Poções com a Sonserina. Depois de muita insistência, Alvo conseguiu convencer Slughorn a deixar Escórpio sentar-se com ele. O louro estava olhando fascinado por baixo da mesa para o globo de lembranças que Hannah dera a Alvo. Escórpio havia feito um corte no indicador sem querer, mas parecia não se importar. Ele se inclinou para Hannah, à sua frente e disse:

– É incrível! Se arranjar mais um, pode me dar?

– Claro Scor – disse ela, sem tirar sua concentração das pétalas de beladona que precisava cortar em medidas exatamente iguais – Agora, concentre-se em sua Solução Para Impedir Sangramentos, porque acho que vai precisar dela em algum momento – ela acenou com a cabeça para o dedo sangrando de Escórpio, que finalmente o percebeu.

– Ah, e aliás... – sussurrou Escórpio para Alvo, enquanto limpava o dedo – Aqui está o seu presente – ele deu uma cesta de doces magicamente diminuída a Alvo por baixo da mesa. Uma gota de poção caiu nela – Ah... Acho que um pacote de feijõezinhos de todos os sabores não está mais em condições de comer, mas ainda assim... Feliz aniversário! – ele sorriu.

– Pra você também – murmurou Alvo com um peso na consciência – Olha, Scor, desculpe, eu me esqueci do seu aniversário, sinto muito...

Mas Escórpio lhe deu um peteleco na testa.

– Ai – disse Alvo – Você tem andado muito com o Michael.

– Relaxa, Al – disse Escórpio – Tudo bem. Eu nunca recebi muitos presentes mesmo...

Nesse mesmo momento, ele abaixou a cabeça e tirou um elástico do bolso, que ficou a torcer nervosamente por alguns segundos. Alvo sentiu que o amigo deixara aquela última parte escapar, mas não disse nada. Tinha tato, ou ao menos mais tato do que Tiago e seu tio Rony.

Neste instante, Vincent Zabini deixou cair algo em sua poção que a fez explodir. Todos os outros riram. Aquilo pareceu desviar a atenção de Escórpio a respeito do que dissera.

A sineta tocou lá fora.

– Por favor, todos coloquem uma amostra de sua Solução Para Impedir Sangramentos em um frasco e deixem-no na minha mesa – pediu Slughorn. Alvo e Escórpio colocaram um pouco da Solução em dois frascos e as levaram para o professor. Quando Alvo chegou lá, o professor disse:

– Ah, Alvo, meu rapaz, estive pensando em dar uma pequena festinha, daqui a uma semana, no meu escritório... – Alvo tentou não demonstrar desânimo. Já sabia onde aquilo iria dar – Não se importaria de ir, creio eu?

– Hã, vou ver, senhor – respondeu Alvo. Escórpio o esperava na porta, mexendo em seu elástico. Slughorn olhou inexpressivo para o louro.

– Pode levar um amigo se quiser – disse ele gentilmente.

– Ahn, obrigado senhor – falou Alvo. Escórpio olhou para ele como quem diz Vamos logo, estou cheio daqui – Tenho que ir, senhor.

E apressou-se para junto de Escórpio, para não dar ao professor a chance de falar algo mais.


– Eu? Numa festinha do Slughorn? – murmurou Escórpio.

– Não faz sentido mesmo – comentou Michael – Ele? Naquela festinha chata do Slughorn?

– Eu sou filho de um Comensal da Morte, cara – disse Escórpio – Deve ter doído tanto quanto levar uma facada ele dizer aquilo.

– Não ligo se doeu – disse Rosa – Pelo menos você vai.

Todos olharam desconfiados para ela.

– Caso não se lembrem, eu sou uma Weasley – argumentou ela – Senso de humor é natural na família, com exceção, é claro, de tio Percy.

– É, como tio Rony diz, “Percy não reconheceria uma piada nem que ela dançasse pelada na frente dele” – disse Tiago, e todos riram.

Estavam no pátio, um intervalo de cinco minutos entre as aulas Poções e História da Magia para os primeiranistas e Transfiguração e Herbologia para os segundanistas. Rosa havia improvisado um guarda chuva gigante e flutuante para eles, o que de certa forma os protegia da chuva intensa que caía. Além deles, no pátio haviam alguns primeiranistas da Lufa-Lufa brincando na chuva, certos de que depois iriam conseguir se secar com magia. Um trovão ribombou e um raio atingiu a floresta.

– Estive pensando... – murmurou Hannah olhando para o céu – Sobre... Vocês sabem... Ele.

Todos olharam para o chão. Havia algum tempo que eles não falavam sobre aquilo. Os últimos dois meses haviam sido tão felizes e relaxados que eles falavam pouco sobre esses assuntos. Escórpio tomou palavra:

– Bem... Os Aurores vão conseguir detê-lo, não é? – ele olhou nervoso para os outros.

– Acho que sim – disse Tiago – Quer dizer, estão comandados por papai, e vocês sabem, ele nunca ligou muito para os centauros.

Ninguém riu.

– Mas e se não conseguirem? – perguntou Hannah. Seus olhos brilhavam intensamente, misturando medo, insegurança e ansiedade. Foi um olhar que atingiu a todos com uma enorme sensação de medo, insegurança e ansiedade também.

– Os seus pais... O seu irmão... – murmurou Michael. Não sorria.

– Vão morrer – completou Hannah – Eu não posso deixar isso acontecer. Estou assustada. Eu sei o que fazer... Mas também não sei.

– O que você sabe, Aravis? – perguntou Mary finalmente.

– Sei que há uma trilha – disse ela – Marcada pela traidora. Eu tive... Um sonho. Há duas semanas. Alguém cantou:

A floresta negra vocês tem de adentrar

A traidora de todos vai mostrar

Qual caminho repleto de armadilhas a seguir

Vida ou morte, vós irás decidir

Luz e trevas a lutar

Nesta noite ele matará

Todos a miraram. Ela pedia loucamente por alguma fala. Talvez esperasse que eles dissessem que ela estava louca, ou que fora só um sonho. Porém...

– Já há muito aqueles que ouviram as histórias de meu pai aprendemos que sonhos podem não ser apenas sonhos – disse Alvo – Temos que entrar na floresta. Seguir a trilha da traidora. Passar pelas armadilhas. Lutar contra ele. Impedi-lo de matar.

Dessa vez os olhares se fixaram nele.

– Mil coisas podem dar errado – disse Escórpio. Havia tirado seu elástico do bolso, e o torcia e lhe dava nós, distraído – Mas é o único plano que temos.

– E vamos conseguir – falou Tiago.

– Vamos vencê-lo – concordou Michael.

– Juntos – murmuraram Mary e Rosa.

Hannah olhou hesitante para eles. Parecia cansada... Como uma mãe que explica pela vigésima vez ao filho que não se pode comer giz de cera. Mas, por fim, seu olhar se suavizou, e ela sorriu para os outros.

– Vamos pessoal – ela tamborilou os dedos pelo seu cinto de poções. A sineta tocou – Temos que treinar o nosso instinto.


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Notas finais do capítulo

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